nicansade Franky Ashcar

Em vários momentos de sua vida Marianne se viu morta… Em vários momentos ela quis estar morta.


Drame Interdit aux moins de 21 ans.

#machismo #feminicidio #violência #boo #depressão #transtornopóstraumatico #ansiedade #suicidio #original
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Olá, tudo bão?

História escrita para o desafio Monstros Ink (#boo). Aqui lido com alguns monstros do nosso cotidiano. De olho nós gatilhos! ;)


Sem mais delongas, boa leitura!

***






As mãos trêmulas de Marianne foram jogadas para frente no reflexo pela queda. Seu sangue sujava as vestes, os olhos injetados estavam desfocados na escuridão encoberta pela noite. A respiração entrecortada, saia pelos cantos dos lábios enquanto Marianne tentava controlar a sensação, o medo. O sangue bombeou mais rápido para o coração, pulou sem trégua.

A garota com o rosto machucado fugia sem pausas, e mesmo agora no chão frio aos tropeços esquecendo sua veste suja, os joelhos ralados ou o novo hematoma em sua boca, formado pela queda, se ergueu, manca e cheia de adrenalina e voltou a correr com pressa ignorando a dor e a fadiga.

Precisava escapar do ser vil e monstruoso que lhe perseguia, precisava dar um jeito em sua vida, precisava voltar aos eixos, precisava de paz, porém não pelas mãos frias de morte como há pouco fora quase submetida. Pelo seu bem, lhe disse.

Lembrou-se dos anos, escravizada, da violência, do psicológico abalado, de sua vaidade esvair, da alegria deixar-lhe, de suas energias serem sugadas, das noites mal dormidas ao ser forçada, de todos os dias infernais nos últimos três anos. O monstro agia de forma traiçoeira e a pobre Marianne jovem e inocente foi atraída por sua teia cheia de flores coloridas e palavras bonitas.

Um dia foi desencorajada a continuar seus estudos, quando lhe recordou sobre esse ocorrido, a resposta veio como um “é para seu bem”. Assim como a primeira agressão ele a fizera acreditar ser para seu bem.

Desenhar, para que?

Eu não te desencorajo, apenas penso em seu bem!

Perda de tempo, não há dinheiro, não é a hora, não é o lugar, não me desobedeça, você pediu por isso, eu fiz pensando em ti, desempenhei pensando em nós. Provoquei porque você mereceu!

Os amáveis olhos, de cor avelãs, um dia ganharam coloração avermelhada, enquanto o de Marianne perdia sua alegria e vivacidade.

Fúria, gritos, humilhação, violência, anulação. Essa era sua vida. O papel de uma mulher como ela era o de obedecer, servir, todavia nunca em nenhuma hipótese questionar

Enquanto sua vida era sugada, nunca em voz alta sequer reclamou, até aquele dia em questão, quando a agressão revidou, quando o berro escapou entre os seus lábios e quando o pesadelo se tornou cruel e real.

Como havia escapado, os flashes lhe dizia, como conseguiria escapar num lugar vazio como aquele, não conseguia sequer imaginar. Apenas tentava em vão na rua escura, com a roupa ensopada de seu suor e sangue, a visão turva pelo corpo castigado e com a garganta ardendo por segurar as lágrimas.

Parecia que ninguém a via, ninguém estava ali para lhe tirar daquele pesadelo. Quis gritar ser perseguida, gesticular palavra de baixo calão, voltar para trás e acabar com seu algoz.

Mas não era forte, não era o suficiente e nem capaz, ele sempre dizia que Marianne não possuía o necessário, até virar realidade. Uma inverdade sussurrada em vários momentos, torna-se real.

O vento gélido tocou hostilmente sua derme, lhe arrepiando as costas desnudas pelas vestes molhadas. Ela tremeu! Logo as mãos em temperaturas mais baixas que o tempo ao ar livre lhe tomou o pulso.

Marianne fechou os olhos, assustada como nunca antes, soube na hora. Apenas um milagre a salvaria.

***


Chegou até aqui deixa o seu comentário para incentivar meu trabalho! Até o próximo capítulo! :*

19 Mai 2020 23:54 16 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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Olá, Verônica! Somos do time de Comunidade da Embaixada Brasileira do Inkspired, responsáveis pelo desafio Monstros Ink., e ficamos muito felizes com a sua participação; é sempre bom ver essa disposição para a escrita. Bom, vamos lá! O tema tratado é interessantíssimo, até porque torna a personagem, infelizmente (e tão somente à situação) verossímil, ficando fácil sentirmos certa empatia por sua história. O início é denso, cheio de emoções que sua escrita consegue transmitir bem. O monstro, oculto, vai sendo distinguido conforme a narrativa flui, e esse elemento é bom de se perceber ao final do primeiro capítulo. O título, ao nosso entender, abarcou bem todas as vítimas desse infortúnio. A frase “Uma inverdade sussurrada em vários momentos torna-se real” é avassaladora pela carga de sinceridade que carrega. Sob a ótica da discussão que seu texto nos traz, é uma afirmação pertinente às muitas mulheres que enfrentam o monstro e a sociedade ao mesmo tempo, quase caindo na cilada de acreditar nas falácias de ambos. Alex, personificado nos machucados visíveis e invisíveis de Marianne, e a tia da vítima são bem enquadrados no palco, cada qual com sua representação; o primeiro a ameaça diretamente, enquanto na segunda há o julgamento de quem está inteiramente por fora. Entretanto, há partes que merecem muita atenção. O que mais se destaca no texto é a presença de períodos longuíssimos, os quais poderiam ser divididos por pontos finais. Há carência de outras pontuações além da vírgula, como ponto e vírgula, dois pontos e hífen. O uso diversificado e correto de tais pontuações traz mais suavidade ao texto, ainda mais quando se está a descrever emoções densas e pesadas; emoções essas que requerem uma transmissão rápida, sem que o leitor tenha tempo para respirar. Afinal, Marianne não teve esse tempo, por que o leitor teria que ter?! Ah, as emoções. Há de ter cuidado com a descrição das emoções das personagens. Você tem um arsenal de palavras para utilizar: certas palavras para a emoção x, outras certas para a emoção y, mas o utilizou todo no início da narrativa. Nos demais capítulos, a descrição desse sentimento de impotência, medo e confusão tornou-se apenas mais do mesmo do que já tínhamos visto nos primeiros capítulos. A melancolia e depressão, mesmo que profundas, de Marianne, depois de “resolvida” a situação com Alex, poderiam ser descritas de outras maneiras, como, por exemplo, apatia e falta de interesse da personagem, momentos poéticos de solidão, uma encarada vazia para algum objeto que antes a alegrava ou ainda pensamentos obscuros, mas quietos advindos da não vontade de viver. Bom, aqui chegamos ao final. Nós, do time de Comunidade da Embaixada Brasileira do Inkspired, ficamos muito contentes com sua participação, pois assim nos concedeu a chance de ler Os dias em que MORRI.
September 25, 2020, 16:40
Karina Zulauf Tironi Karina Zulauf Tironi
Olá, Verônica! Tudo bem? Faço parte do Sistema de Verificação e venho lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Durante a leitura de Os dias em que Morri, senti muito empatia pela personagem Marianne. Vi no seu perfil que gostas de escrever sobre mulheres e esse é um tópico interessante de ser explorado. Feminicídio, abuso, violência, machismo – levando em conta que o Brasil é um dos países que mais matam mulheres no mundo. Há muito para ser tratado sobre isso. Acredito que é através da arte que desmascaramos e direcionamos o olhar das pessoas para as chagas da nossa sociedade, e você fez isso perfeitamente. Na questão de errinhos ortográficos, vi alguns, mas não suficientes para que comprometesse a leitura! Gostaria de pontuar alguns, na intenção de ajudar você a melhorar cada vez mais a sua história (: No começo do capítulo, antes da história propriamente dita começar, há a frase “De olho nós gatilhos”, onde não existe acento no nos, nesse caso. No tópico coerência, em alguns momentos, percebi uma possibilidade diferente de escrita, como em “O sangue bombeou mais rápido para o coração” (como é o coração que bombeia o sangue, talvez o ideal seria “O coração bombeou o sangue mais rápido pelas veias”). O que mais tenho a acrescentar são elogios pela escolha do título, que combinou incrivelmente bem com a proposta da história. Foi bastante interessante para mim a forma em que o primeiro capítulo se desenvolveu, pois no começo eu já estava criando na minha cabeça a imagem de Marianne ter sido jogada de algum lugar, e logo depois entendi que ela havia, na verdade, pulado e fugido. Gostei de o capítulo ter sido curto, principalmente por preferências pessoais, e acho que também foi um ponto positivo, já que teve sucesso em transmitir o que precisava para instigar os leitores. Mais uma vez, parabéns pela história, Verônica. Foi um prazer lê-la. Um beijo!
August 19, 2020, 15:38
Antónia Noronha Antónia Noronha
muito boa narrativa! boas descrições e ambientação! Bom trabalho!
May 28, 2020, 22:05

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    AAAAAAAAAAAAAAAA Obrigada pelo comentário carinhoso, tô até me achando hihihi <3 June 08, 2020, 21:23
Rodrigo Borges Rodrigo Borges
Uau, gostei do clima frenético do começo e de como, no decorrer da leitura, se é possível entender que tipo de monstro vil está a falar. Eu acabei de apagar muita coisa do que eu ia comentar kkk, lembrei que tenho que me reservar pra depois; então guardarei meus outros elogios e algumas críticas acerca da história. POSTA MAIS, EU QUERO MAIS.
May 21, 2020, 17:22

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Ain migo, eu entendo muito você por que já estive no seu lugar, queria comentar horrores, mas não podia dar spoiller do que tava acontecendo! Fico feliz que tenha gostado do inicio dela, pq foi onde eu depositei quase todas as minhas bads reais hahahha. Desculpa demorar para responder, mas é como eu disse aqui em baixo gente de humanas estudando exatas dá ruim. Beijinhos <3 June 08, 2020, 21:21
CC C Clark Carbonera
Uhhh, concordo com David Cassab, sinto que esse monstro segue além da ficção... Infelizmente, se for o que estamos pensando, situações como a de Marianne acontecem todos os dias, desde muito tempo! O título da história já nos diz muito sobre o estado psicológico da personagem (que se materializa em diversas mulheres ao redor do mundo) e vejo nele poesia também. Sigo tua história e vou torcer por Marianne!! Parabéns por participar do concurso também! Abraços o/
May 21, 2020, 13:02

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Olá, migo, tudo bem? ^^ Infelizmente lidar com esses monstros do dia a dia as vezes é pior que os ficcionais, na verdade a história toda serviu como um desabafo de muita coisa que estava presa na minha garganta todo esse tempo. Escrever também serve como desabafo, ainda bem! <3 Fico feliz por você torcer pela Mary, por ele é muitas mulheres vitima de relacionamentos abusivos pelo mundo, <3 Obrigas pelo comentário e desculpa por demora para responder é muito difícil para uma pessoa de humanas estudar exatas, hahahah, abraços! <3 June 08, 2020, 21:17
Urutake Hime Urutake Hime
Nica querida ♥ Não podia deixar de prestigiar o seu trabalho, ainda mais que você tem me apoiado tanto. Eu gosto como você constrói uma narrativa que crie uma angustia semelhante ao da personagem, certamente nenhum de nós gostariamos de passar por uma situação dessas. Espero ver a continuação em breve!
May 20, 2020, 23:56

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Olá, Mari meu amor!!! Obrigada, eu sempre fico feliz de ter você aqui, e tô morta de saudades de ver vc pirar loucamente numa história, agradeço imensamente seu apoio tbm, Ngm gostaria mesmo né, infelizmente esse tipo de cenas são tão naturais no nosso dia, as vezes com pessoas que nem imaginamos, mas que são de nosso cotidiano. E muito obrigada por você ter lido e opinado no primeiro e segundo capítulo! <3 May 24, 2020, 19:07
DC David Cassab
Muito bom, meus parabéns! Pelo jeito essa garota foge de um monstro que vai além da ficção né?
May 20, 2020, 20:51

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    obrigada! <3 São monstros reais que estão ao nosso redor e que muitas vezes ainda se tornam a vitima, infelizmente May 24, 2020, 18:59
Melissa Leal Melissa Leal
Uwaa que aflição senti o peso do quão real foram suas palavras para descrever algo tão íntimo da atualidade. Você escreve muito bem!
May 20, 2020, 18:43

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Confesso que nesse dia eu tava muito mal, ai eu escrevi isso, depois fui reler para corrigir e fiquei impactada, espero que o restante da história traga essa mesma linha! Muito obrigada pelos elogios meus bem <3 May 24, 2020, 18:56
Artemísia Jackson Artemísia Jackson
Minha rainha sempre maravilhosa. Nossa, senti a aflição aqui na pele, e com certeza odeio o algoz da Mari, esse é o tipo de monstro que com toda certeza muitas mulheres tiveram o desprazer de conviver, infelizmente. Mana, sua capacidade de trazer temas críticos do dia a dia na sua escrita sempre me surpreendem. Vai que vai e plus ultra, espero ansiosamente pelo próximo, e torço pela Mari.
May 20, 2020, 16:34

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Primeiro a senhora que é uma Rainha, não uma Deusa!!! <3 É a minha zona de conforto cotidiano, mas logico sempre olhando de vários ângulos, real mulheres sempre lidam com esse tipo de coisa e isso sempre me deixa mal, enquanto eu tiver força eu vou lutar por toda mulher, para que vidas como a de Mari sejam poupadas e para que não exista mais esse tipo de violência. Eu também torço por ela! Obrigadinha! Plus Ultra <3 May 24, 2020, 18:52
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