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Teriam os Gregos a resposta?

Eram 21h45 de uma quarta-feira. Eu estava sentado na carteira, ouvindo um dos melhores professores do meu curso falar sobre os gregos e a importância deles para algum processo que hoje eu já não lembro mais. Enquanto ele dissertava, eu tentava entender o meu papel naquele lugar. É lógico que não era apenas naquele lugar, mas meu papel dentro de uma sociedade que rejeitava o tipo de pessoa que eu gostaria de ser.

Sendo bem sincero aqui, eu nunca tive a certeza completa do que realmente eu gostaria de ser. E acredito que muitas pessoas devam passar pelo mesmo problema que até hoje eu enfrento. Ser algo vai muito além de realmente ser aquilo que você gostaria de ser. Ser algo é sobre ter auto relevância, sobre se sentir pertencente e, principalmente, sobre gostar. Simplesmente gostar. Há pessoas que conseguem se ver em um ou dois desses pontos que eu trago. Há outras que apenas em um. E também há aquelas, que assim como eu, buscam entender por que continuam fazendo algo se não conseguem chegar perto de algum desses pontos que eu trouxe.

Eu sei, há coisas que não sabemos explicar, e acredito que nem deveríamos tentar, já que muitas delas não possuem respostas concretas ou que agregariam algum valor a quem somos hoje. Questões que lá atrás nos machucaram; questões que julgamos importantes, mas apenas servem para mascarar aquelas que realmente são; questões que não são importantes para nós, mas acabam se tornando imprescindíveis por causa do contexto em que nos encontramos. Não há necessidade de entender o passado se não quisermos usar isso para nos prepararmos para o futuro.

Essa reflexão surgiu a partir do momento em que eu percebi que nunca me senti validado dentro da minha profissão, se é que eu sei qual é a minha profissão. E calma. Não estou falando da validação externa, eu sei que isso também é importante, porém, tenho certeza de que muita gente entende meu trabalho como um TRABALHO de uma forma muito mais verdadeira do que eu mesmo. Pensando sobre tudo isso, acabei encontrando, sem tanta dificuldade, evidências que me mostraram por que hoje eu sou assim.

Dentro de um processo de validação interna, em meu ponto de vista, existem vários passos e sei que os passos são absurdamente diferentes para cada pessoa, por isso seria um desserviço da minha parte criar uma lista ou simplesmente dizer quais são os passos para que você se sinta validado. Os meus, lá em cima eu citei, e até hoje eu ainda corro atrás deles. Mas existe um. Aquele que mais me machuca. Que mexe com a minha forma de trabalho e na forma como a sociedade (não conseguimos escapar dela) também vê. Sem generalizar, mas qual é a simbologia que colabora para você se validar? O produto final.

Quando você tem um produto final, é o ápice a que você poderia chegar. Você vê seu trabalho pronto, bonito, cheiroso. Você olha para ele com orgulho, mostra para as pessoas, mostra para seus pais, para sua família, para seus amigos, mas principalmente mostra para o seu cérebro. Você o avisa e faz ele entender que todo aquele processo que vocês fizeram em conjunto, aquelas árduas horas de trabalho, crises e todas as outras coisas que vocês sentiram, finalmente acabaram. Seu trabalho está lá. O ponto final foi dado.

E o que acontece se você não tem isso? Não sei com os outros, mas para mim, talvez seja o motivo de eu ter tantas dúvidas se trabalhar com escrita, seja da maneira que for, é o que eu realmente gostaria de estar fazendo. Após um breve exercício de análise, percebi que nunca tive um produto final em mãos. Nunca finalizei o processo de mostrar para o meu cérebro que nós, juntos, terminamos algo. Aí vocês me perguntam: tá, mas e a faculdade? E a pós? Etc e etc… Não tive. Não peguei meus diplomas, não imprimi meus trabalhos de conclusão, não tive simbologias que são importantes, sim, para a validação do meu trabalho. Isso é bobagem? Não. É exposição? Sim. E não tem problema. Esse espaço é justamente para isso. Para que possamos discutir sobre coisas que poderíamos sentir. Mas enfim, essa reflexão me levou lá para a disciplina de história da arte, onde discutíamos o valor que a arte tem para um artista. E aí eu tive um choque: esse questionamento me trouxe o outro lado da moeda. Que valor tem a arte de um artista que não se considera um artista? E gente, quando falo sobre valor, evidentemente não é sobre valor em espécie, e muito menos valor da arte para as pessoas que a consomem. Estou falando sobre o valor que tem para quem a faz.

Nesse caso, eu trouxe para minha realidade e exemplifiquei com a dúvida que tento responder nesse momento. Mas é claro que podemos trazer isso para qualquer ponto de discussão. A questão é tentarmos encontrar nosso valor dentro daquilo que fazemos. Encontrar o porquê de talvez não conseguirmos nos sentir pertencentes ao universo que muitas vezes criamos sem saber como. Nada é por acaso. Você gastou seu tempo, sua vitalidade, sua força de vontade para lutar até agora. Para tentar encontrar o caminho do labirinto que é nosso dia a dia. Essa resposta está escondida em algum lugar por aí, basta você não parar de procurar, até porque, na maioria das vezes, saber o que você está procurando é a maneira mais fácil de não se perder. Se você sabe quais perguntas você quer fazer, naturalmente você encontrará o caminho das respostas. E sabe qual é a graça disso tudo? É que novas perguntas estão prontas para quando você encontrar as respostas que procura.

21 Juillet 2023 13:37 6 Rapport Incorporer 10
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Em busca do "estar pronto"


Eis que eu estava pensando em algo interessante para trazer nesse nosso espaço, que inclusive, essa semana, bateu vinte mil visualizações. Inacreditável. Nunca, mas absolutamente NUNCA, o Hígor do passado iria se dar ao luxo de pensar que um dia isso aconteceria. Existe tanta gente boa, tanta gente que também merece se sentir bem como eu me sinto quando deixo de ficar atônito ao observar esse número tão valorosos…


Então, pensei: E se eu trouxesse um texto de agradecimento? Nã... Acho que teremos outro momento para isso. Afinal, vi se tornar necessário falar sobre a gênese desse processo. Algo que é muito mais importante do que um número. Algo que parte de todo um contexto. Aos que chegarem até o final do texto, acredito que entenderão.

O fato que trarei aqui, aconteceu no máximo na semana passada (11.07.23). Algumas semanas atrás, antes desse dia 11 citado, minha cabeleireira, brasileira e ótima, por sinal, sugeriu que fizéssemos algo que é a nova moda entre os escandinavos. Um tal de: corte “Mullets”. Aceitei sem dúvida, ela é a profissional e disse que ficaria bacana em mim. Não ousei renegar. E digo de antemão: fiquei realmente satisfeito. Enfim. No final do evento do corte de cabelo, após falarmos por algumas horas em português, ela disse: “Daqui a duas semanas passa aqui pra gente retocar ele. Coisa rápida...”

Aceitei novamente, sem pestanejar. Estaria lá daqui a duas semanas para retocar o corte mullets.


Ok, até aí tudo perfeito.


Eu tive muita sorte desde que cheguei aqui na Suécia, não posso negar. Encontrei amigos brasileiros, uma cabeleireira brasileira, comida brasileira, inclusive erva-mate, e até mesmo um grupo para jogar futebol, algo que eu nunca sonharia. Tudo isso, me deixou bem confortável, principalmente em relação à língua. A Suécia é um país que tem como língua principal, obviamente, o sueco. Mas, praticamente todas as pessoas possuem o inglês, deixando o país muito confortável para imigrantes e pessoas que não sabem falar sueco. A questão é que quando vim para cá, eu não sabia absolutamente nada de inglês. Para dizer que eu não sabia, eu tinha um vocabulário “ok” já que sempre consumi muitos conteúdos de língua inglesa, mas, eu estava muito longe de conseguir me comunicar usando inglês. E não estou falando de coisas como sotaque e errar tempos verbais. Estou falando de formular frases. Quando cheguei aqui, então, este foi meu foco e ainda, por um tempo, continuará sendo. Hoje já consigo me virar muito bem, eu diria. Já é possível sair sozinho sem ter que me preocupar caso eu precise ajudar alguém ou ser ajudado, o que certamente é uma grande conquista. Porém, vamos com calma. Ir a uma cafeteria e pedir um café, é muito, mas muito diferente de tu se sentar com alguém em algum lugar e conversar sobre qualquer assunto. E tenho plena noção que isso é algo que ainda sei que faltam alguns passos para chegar. Porém, nada me impediria de tentar, não é?

Chegara a tal semana do ajuste do corte mullets. Ou melhor, era o dia. Marcamos o horário ao meio-dia, hora de praxe. Acordei, tomei meu café, li algumas notícias e quando o ponteiro do relógio passava ali pelas 10:30 da manhã, mandei uma mensagem para minha cabeleireira. Essa mensagem de confirmação já é algo tradicional, algo que visa deixar minha ansiedade mais calma. Afinal, como um bom ansioso, quer estar longe das surpresas, não é?


É.


E para minha surpresa, infelizmente, uma parte da mensagem viera assim:

“Oi! Tudo certo, sim. Mas, é meu namorado que vai te atender hoje, ok? Não conseguirei chegar a tempo.”

Uma mensagem simples e de fácil entendimento. Com certeza o namorado dela seria uma grande profissional, e que teria total capacidade de arcar com os deveres que um profissional da tesoura tem. Eu não tenho a menor dúvida disso.

A questão, não era essa. A questão era um problema que o namorado dela não poderia resolver por mim. Que só eu, com minha força de vontade poderia.

O namorado dela era sueco. O namorado dela falava sueco, evidentemente, e...? Inglês.


Gelei.

Escrevendo isso, agora, parece trivial. Porém, não é. E falo com toda tranquilidade que, realmente, não é nada trivial. Todos temos problemas, medos e coisas que nos movem ou não nos impedem de se mover. Muitas vezes lutamos contra isso, parando nessa coisa de: “É trivial. É babaca. Existem milhares de problemas mais graves do que esse.” E é verdade. Porque para cada pessoa do mundo, o problema que está lá atormentando sua vida, é maior do que qualquer outro que existe. Então pare e deixe de bobagem. Se permita sentir. Ninguém tem um problema maior que o seu. O que devemos saber e entender, é que o importante é respeitar o problema alheio e fazer o melhor que podemos para ajudar, isso quando podemos.

Após ter lido a mensagem, eu poderia ter dito para ela: “Podemos marcar outro dia?” E não tem problema. Só nós sabemos o momento que estamos prontos para quebrar as barreiras, sejam elas quais forem. Ao invés disso, falei: “Ok, combinado. Eu estarei lá.”


Eu estava determinado a pular para próxima etapa. Me senti pronto e resolvi apostar, tentar.

Mas aí amores e amoras… A vida não é de brinquedo.

Após ser surpreendido com essa maravilhosa situação, tive um estupendo momento que serviu para jogar na minha cara, um socão que dizia (sim, um soco falante): “VOCÊ NÃO MANDA EM NADA, MEU QUERIDO; VOCÊ É APENAS UMA MARIONETE DAS SITUAÇÕES DO COTIDIANO.”

Antes de sair de casa, me preparei. Fiz um milhão de notas mentais. Simulei assuntos. Criei situações; eu não seria pego desprevenido. Afinal, todos sabem que o ato de ir cortar o cabelo não é algo simples. Eu, particularmente, acho um dos tratos sociais mais complicados que existem: Você fica lá, por no mínimo 30 minutos, tendo que falar sobre algo aleatório. Qualquer coisa. E isso é horripilante. Credo…

Após uma viagem de alguns minutos no metrô. Desci na estação, confiante. Eu transitava com austeridade. Cara fechada, sem sorrisinho. Eu estava pronto para quebrar a barreira. Passei todas as possibilidades em notas mentais, sabia exatamente o que eu queria falar e, principalmente, como eu queria falar. Eu era invencível. Mas, de novo... O roteirista da vida não brinca em serviço.


Me faltavam uns 40 metros para colocar o plano em prática. E eis que uma mão no ombro me destruiu. Assim que senti aquele singelo toque no meu ombro direito, todas as notas mentais se apagaram, toda a confiança daquela barreira que seria quebrada foi para o brejo, afinal, um toque no ombro, assim, no meio da cidade, seria para perguntar algo, para pedir ajuda, como antes dito, ou simplesmente… para conversar. De fones, demorei para entender que o casal que me parara, perguntava algo… Em inglês. Após perceber minha descortesia, tirei meu fone e lá fiquei. Fiquei conversando com os jovens adultos de uma congregação de uma paróquia aqui de Estocolmo. Era inglês solto. Inglês real. Um vai e vem de perguntas e respostas aleatórias. Algo que eu não estava pronto para fazer ali... Ou melhor, que eu achava não estar pronto para fazer.

E lá fiquei por uns 10 minutos, eu diria. Conversamos sobre o verão; sobre de onde éramos; o que gostávamos. Foram 10 minutos eternos, mas que passaram rápido. Que me obrigaram a quebrar a barreira que eu temia, e ainda temo. Existem momentos, que decidimos ser a hora. Porém, precisamos estar abertos conosco para que realmente seja a hora. Eu queria e precisava ter um momento daquele, e aconteceu, o momento chegou mediante uma situação que fugia completamente do meu controle, mas só aquela situação, da maneira como foi, me daria a chance de perceber que eu consigo, ou conseguirei.


E eu acredito que tudo é assim na vida.


Já parou para pensar o quão comum é entrarmos num ciclo de escolhas e demorarmos para perceber que estamos a um passo de nos desgarrarmos de nossos medos? Aposte, tente, se coloque em xeque e, principalmente, acredite em você mesmo. Você consegue falar; você consegue fazer; você consegue ser você mesmo da forma que você quiser. Você até consegue fugir de seus medos, mas você também consegue passar por cima deles, e assim se encher de orgulho.


Afinal, só nós podemos fazer isso para nós.

Você está mais pronto do que imagina.

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Ah, e sobre o cabeleireiro sueco que só falava inglês...? Acho que vocês já imaginam como terminou, né? 😊

18 Juin 2023 23:58 5 Rapport Incorporer 6
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"3 pra trás entrega os taco, ou não". — Parte 1.2 (UM ADENDO)



E lá estava eu carregando uma pasta cheia de papéis e sonhos. Nela, era possível encontrar algumas comprovações que eu estava cursando meu segundo ano de faculdade de história. Os sonhos se encontravam escondidos nas entrelinhas daqueles documentos. Lembro-me como se fosse hoje. Antes da parte da apresentação dos papéis e dos sonhos, é importante salientar algumas coisas sobre aquele dia. E nossa… que dia. Se eu fechar os olhos e me concentrar um pouquinho, é muito fácil de lembrar o quão calor fazia. Típico de Porto Alegre quando está agarrada nas entranhas do mês de novembro.

O primeiro passo foi a fila. Quente e fedorenta. E como não poderia ser? Éramos centenas de garotos que estavam quase nos 18 anos. O auge da saúde e do fedor. Ainda mais com os 40 graus nas costas. Sentar no chão? Nem pensar. O piso pavimentado com blocos de cimento trazia a sensação do inferno, nunca estive lá, mas não tenho dúvidas que o calor deve ser parecido. Sentar-se ali seria pedir para tostar a bunda e fazer a situação degringolar de vez. Ou seja, impossível.

A dinâmica era bem simples. A fila que se estendia fora do ginásio, servia para que esperássemos a entrevista que decidiria nosso futuro. Pelo menos, durante todo esse período de espera, consegui formular algumas vezes o que eu deveria falar para me safar daquela situação, servir era minha última opção.

Separei a futura conversa em três pontos que eu julgava serem importantíssimos:


1 – Me apresentaria, falaria sobre minha família.


2 – Falaria sobre meus estudos; sobre o financiamento da faculdade que era absurda de cara; sobre meu estágio no laboratório de arqueologia; sobre a impossibilidade de continuar estudando história caso fosse selecionado para servir. Naquela época na PUCRS, não existiam turmas de história durante o turno da noite. E esse último ponto era, dentro de minha cabeça, a certeza de que o improvável não iria me pregar uma peça. Não naquele dia.


3 – Não mentiria. Aceitaria a situação de peito aberto, porém, eu sabia que ir contra a maré era pior.

O desfecho dessa história vocês conseguem ler na parte um do texto com o título similar que está uns capítulos atrás deste.


Meu objetivo hoje é trazer algo que carrego comigo desde essa época, e que se fez presente nessa introdução. Principalmente no terceiro ponto que destaquei anteriormente.

Certamente já deu para entender que acabei servindo e tendo os sonhos do Hígor daquela época jogados fora, falo sobre isso no primeiro texto. Mas, de certa forma, não posso negar que foi uma escolha minha. Eu poderia ter pedido arrego, eu poderia ter inventado uma doença, ou até mesmo encontrar algo em mim que servisse de justificativa para me safar dessa situação. Porém, a única coisa que eu pensava, era: Se for pra ir pro inferno, eu vou me abraçar com o capeta.

E vocês sabem que tenho orgulho desse pensamento do Hígor do passado? Porque essa foi uma das únicas coisas da minha vida, um dos únicos momentos, que eu não precisei me adaptar a alguma situação. Até aquele dia, sempre precisei ser um camaleão, e estar pronto para me adaptar as situações conforme apareciam. Nunca fui uma pessoa que visa encabeçar e criar movimentos para que minha vida chegue aonde quero, até hoje é assim. “Tá, mas como assim não se arrepende?” Pois é, como assim? Vou tentar justificar: É claro que eu entrando, servindo, etc. Iria perder as coisas que eu havia genuinamente conquistado; a possível bolsa, o financiamento e o tempo. Porém, não era uma escolha não passar por isso da forma mais idônea possível. Essa havia sido minha escolha, e era nela que eu acreditava. Longe de mim querer perder tudo aquilo e, hoje, longe de mim não querer ter tomado outro rumo dentro desse paradoxo de escolhas. Meu orgulho não vem de não ter burlado o sistema de alguma forma, ou de ter me mantido honesto com a situação. Não sejamos hipócritas, todos nós já fugimos de uma situação através de meios que muitas vezes não são os correspondentes para tal. Então, meu orgulho vem de eu ter feito uma escolha. De novo: De EU ter feito uma escolha. A escolha que eu achava que era a correta. A que eu julgava funcionar melhor para mim. Lógico que hoje, é impossível dizer se foi, de fato, a correta. Seria irresponsável dizer em alto e bom-tom: “Hoje, eu tenho certeza que não criar uma situação que me safasse do exército foi a melhor escolha.” Eu não sei, ninguém sabe, e nunca saberemos. E ok. A vida é assim. Precisamos escolher, precisamos acertar, precisamos errar. Se você acha que hoje é o momento certo de tomar uma decisão. Tome-a. Acredite em você e tenha força para arriscar. Errar é do jogo. Arcar com as consequências do erro também. Me arrependo de não ter arrumado uma maneira de não passar por aquela situação, e talvez me arrependeria de não ter passado por aquela situação.

Então, tome suas decisões, acredite em você e aceite que estamos aqui para sermos lapidados através de nossos erros e acertos.



Peço perdão por toda introdução do texto, muitos de vocês já leram algo muito parecido com o que eu trouxe hoje, porém, se fez necessário para que pudéssemos gerar esse raciocínio.

12 Mai 2023 18:42 6 Rapport Incorporer 5
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Quando o inverno vai embora


Qual é a forma mais fácil de levar a vida? Durante alguns anos essa questão martelou o parafuso da sanidade que fica lá dentro de minha cabeça. Somos criados em um mundo que nos desrespeita de todas as formas e encontrar essas respostas, muitas vezes nos trazem mais dor do que conforto.

Estava eu sentado em um banco de praça na semana passada (semana que antecedeu a Páscoa de 2023) aproveitando os 9 graus que o dia me dava de presente e pensando: Finalmente calor! Pode ser curioso, mas aqui na Suécia passamos a grande maioria do ano em temperaturas negativas, e o simples fato dos termômetros marcarem alguns graus positivos, é, sim, motivo de comemoração. Os pássaros estavam a cantar, as árvores já apresentavam alguns brotinhos e a grama começava a ficar verde. Então, no momento que conjuminei todas essas informações, fui levado por um devaneio. Neste, fui arrebatado para alguns anos atrás, onde eu fugia, ou evitava sentir o que estava percebendo naquele momento: Esperança.

Durante a maioria de nossas vidas, somos empurrados para um universo que suga nossa energia e que nos obriga a nos blindarmos de sentir. Não há tempo para manifestações de cuidado. Não há tempo para prazeres. Não há tempo para se sentir bem, ou até mesmo para entender direito o que é a vida (nem para tentar). Somos programados para servir o cotidiano e fazer a máquina continuar girando. Quando ousamos parar, somos implodidos. E com certeza não é pelo sistema. Afinal, ele não tem tempo para isso, ele segue tentando nos empurrar para dentro dessa coisa disfuncional que rouba nossas vidas.

Porém, lá no fundo, sempre existe algo que nos move.

Demorei alguns dias para aceitar que o que move nossa vida é a esperança.

Temos esperança de que as coisas mudarão; temos esperança de que vamos conseguir pagar a parcela do carro; temos esperança de que, quem sabe, um dia teremos o emprego dos nossos sonhos e, finalmente, temos esperança de sempre termos esperança. Ou seja, não há outro sentimento mais sentido que a tal da esperança.

No passado, eu acreditava que a racionalidade era uma benção. Achava que se afastar da criação de expectativas era o remédio que me vacinaria contra a decepção e a frustração. Então vivia sem esperança. Não confunda com pessimismo, por favor. Eu acredito que não ter esperança difere de ser pessimista. Pessimismo é a máscara que usamos para tentar mostrar o quão forte somos, afinal, precisamos nos proteger, é isso que somos ensinados. Não ter esperança é acreditar que a vida segue apenas de uma maneira, que você não tem direito de ser feliz. Que nada na sua vida mudará. E essa questão passa longe do que tange apenas os bens materiais. Afinal de contas, nunca é sobre “o quanto de dinheiro eu terei na minha conta no futuro?” A questão é muito mais profunda, e cada um sabe a sua.

O ponto, é que hoje, quando o inverno chega por aqui, eu acordo todos os dias com a esperança de que eu novamente possa me sentar no banco daquela praça para ver os pássaros cantarem, para perceber os brotos das árvores nascerem e para sentir o cheiro da grama verde. Um dia o inverno vai acabar.

Mas, eu também sei que muitas vezes a dor machuca mais do que podemos suportar. Na realidade, doer é mais comum do que acreditamos que as coisas podem melhorar. Muitas vezes não há espaço para acreditar que existe algo no mundo que possa nos fazer feliz. Eu sei que o corredor pode ser longo, que parece que nunca chegaremos naquilo que almejamos, e pior! Que não merecemos que coisas boas aconteçam conosco. E sei que nessas horas, então, é difícil ter esperança. Mas o que custa tentarmos, não é? Ou melhor, o que nos resta se não tentarmos? Quem pode ditar o caminho que queremos trilhar somos nós mesmos. Então não custa nada acreditarmos que ele nos levará para onde queremos chegar. Acreditar… Palavra bem próxima da tal da esperança. Então acredite ou tenha esperança, você que sabe. Apenas aceite que não há nada de errado se as coisas derem certo para você, achar que você está perdida ou perdido no mundo, ou que não há mais de um caminho para seguir, não vai te blindar do sistema. Então desista de desistir, continue acreditando e tenha esperança de que algum dia as coisas irão dar certo. E se não der agora, tudo bem… Não custa ter esperança de que a próxima vai dar, né?. :)

11 Avril 2023 23:21 13 Rapport Incorporer 8
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