Uma hora animal, outra é uma linda moça, mas sabe-se que no fundo não passa de raposa. Olhar oblíquo de intenções vis. Um a um eles se vão, caem em suas mãos e por vontade própria respiram o veneno que é o seu amor. Nunca tantos morreram felizes. "Ao menos fui amado uma vez". Meu trabalho é pôr um fim nisso antes que ela ponha-me um fim.

"Aqui jaz o vaso teu. Quem um dia cagou você, Hoje cago eu."

Estou saltando de um prédio sem paraquedas e isso é novidade pra mim. Geralmente estou dormindo em minha concha esperando o rio me levar para algum lugar. Queria que tudo tivesse sido uma metáfora, mas agora é só um até mais.

Um fio de merda separa a navalha do pulso. O acidente na esquina me lembrou de que nem sempre há morte. Por isso, de que adiantam os cortes se terei que ter forças para limpar a privada?

Oi! Eu sou momento, estou aqui e sei que duro menos que o sopro do vento. Sou personagem que mal chega aos Kilobytes, quem dera estivesse num conto. Sou início, meio e fim em mim mesmo. Quero, enfim, ser memória, pois sem isso não há glória. Sendo memória teria eu o final prorrogado, muito além dos 500 caracteres e que nem tudo foi usado.

... olhei pra ela como nunca havia antes e não foi porque ela ficou mais bonita, mas porque eu mudei. Pela primeira vez senti a carne tremer e era o mesmo velho short que a vi usar uma centena de vezes. Há muito tempo estava morto, mas não é que ainda tenho forças? Estava tudo igual, mas era diferente. Eu mudei, mas era tarde demais. Por que levei tanto tempo?

Acordava pela manhã fazendo o que mais gostava de fazer durante as manhãs. ligar a televisão e resmungar "Vida tá uma bosta". Ia trabalhar e sem tardar dizia "Trabalho de bosta", mas também, quem ia querer o trabalho dele? Passou diante da sua padaria favorita sem pestanejar. De longe viu que a fila estava grande. Chegou em casa e só viu no noticiário a morte do dono da padaria. "Cansado da vida, Alfredo disse Adeus", era a manchete. Refletiu por alguns segundos. "Sonho realizado meu amigo..."

outra vez vem a história como tantas vezes ficou na memória outra vez está na história caneta, papel, momento minha glória meu vizinho, a namorada, inquilino alvorada tudo está lá inclusive eu onde estará assim nasceu assim morreu só memória? ou virou história? alguém leu? ou simplesmente desapareceu?

... vieram para resolver problemas que não existiam antes dessas porcarias", completou enfaticamente o idoso diante do caixa eletrônico. "Não é culpa do caixa eletrônico seu vício em jogos e suas dívidas", logo completa aquela que poderia ser sua filha. "Meu dinheiro se vai e nem vejo. Antes era só olhar a carteira". A moça dá uma risada de deboche deixando o idoso um tanto desolado enquanto em suas roupas provicantes voltava ao seu trabalho noturno.

"Duas Vezes fui ver você e por duas vezes você me amou, mas, meu amor, acabou. Nos vemos mês que vem".

Ninguém escreve uma microficção nas microficções. Nem mesmo eu. Alguém lê isso aqui?!?

Foi durante o seu encontro. Comprou uma caixa de bombons finos com o resto do seu vale e agora entregava nas mãos daquela que considerava a mais perfeita mulher que já aceitara sair com ele. O céu estava iluminado e naquele momento. Aviões e bombas povoavam o lindo céu noturno.

Maya esperava no parque, o mesmo em que conhecera Beto. Ela era romântica. Disse para si que se entregaria inteiramente para aquele que a conquistasse, mas infelizmente Beto era casado. “Não podemos continuar”, foi o que Beto disse logo que se acomodou no banco do primeiro encontro. “Estou grávida”, disparou Maya logo em seguida. O clichê, o maldito clichê, mas Beto não se abala. “Foi você quem pediu por isso”, disse Beto segundos antes de esfaqueá-la diversas vezes e então sumir com o corpo.

Asas de borboleta em tom azul-claro adornava as costas de um lindo corpo humanoide feminino nu que olhava para o céu como quem aproveitava os raios do sol num dia de inverno. Perto de onde ela estava ouve-se um estampido. Dá tempo de virar o rosto na direção do som e então seus miolos voam para trás manchando de azul as águas calmas do lago. Tão belo ser faria ótimas bolsas, pomadas e adereços para casa.

Roberto e Luana se amam, mas fazem isso de longe. Nesse mundo de relacionamentos próximos, porém distantes e relacionamentos distantes mesmo estando próximos o melhor é não mexer na dinâmica. Resolveram entre eles da melhor maneira que encontraram. O amor deles teria o corpo que quisessem deixando que a carne se alimente do que quiser. Sendo assim... Ainda é amor?

Seriam meus pensamentos matéria bruta? Pulsos, impulsos, momentos. Seriam todos tão sólidos como uma pedra? Bem por fim estou preso no meu crânio e tudo aqui dentro é real. Dos vilões dos vilões aos mocinhos, tudo existe e eu estou preso aqui com eles.

Sou nada mais que um texto mal escrito e sem título. Arrumo minha história lá pelo meio e, depois de vários "plot twists", começo a fazer algum sentido. Depois de tanto se ralar bem no final, mas bem no finalzinho mesmo, recebo um título em minha lápide.

Minha filha mudou. Eu mudei e isso foi ontem. Ouvi a frase "antes tarde do que nunca" vindo da minha filha que estava de saco cheio de toda a situação. Eu também estava. Fomos juntos ao hospital ver minha esposa e desligamos os aparelhos. Pude ver uma ultima lágrima. Fui pego no meio do ato. Livrei minha filha da lei e agora posso descansar em paz.

Marluz chega chorando para Melinda. "Achei uma calcinha que não é minha lá em casa". De saco cheio, Melinda logo confronta: "OUTRA, você quer dizer. Sabe muito bem que ele não presta e esta não é a primeira calcinha que tu acha". "Mas... Mas... Dessa vez ele vai me largar!". "Ué, por quê?". "Olha isso", fala Marluz enquanto brande a calcinha da amante na mão. "Desta vez é uma calcinha boa, é uma de marca, não aquelas xexelentas que geralmente eu encontro".

"Ou faça ou não faça. Não existe tentar". Essa frase se repetia em sua cabeça enquanto estava dentro de uma cela na prisão. Ouviu de um filme certa vez e achou que realmente era algo importante a se seguir. Fez muita coisa errada na vida e por isso foi preso, mas não aconteceria outra vez. Faria o certo. Mataria seu antigo vizinho só que desta vez não o pegariam.

Sentado em sua cadeira de praia, dentro de um escritório que não era mais do que um quarto cheio de caixas empilhadas e lixo, bebericava sua vodca com limão enquanto comia vagarosamente uma cenoura. Terminando isso não haveria mais nada. Ainda sonhava acordado com dias melhores. Respirava fundo e tomava outro gole.

Sempre há aquele prazer que não é compartilhado com ninguém. Aquele que você não admite por ser proibido ou vergonhoso. Francis cultivava o seu prazer no escuro do seu porão. Acariciava, alimentava, limpava e mais que tudo amava. "Você me ama, eu sei. Pode deixar que cuido de você". No escuro algo se movia e o que havia era somente um torço. Sua boneca querida.

Mais uma vez distante. Henrique observa Joana sempre por uma fresta. Tão próximo e mesmo assim silêncio, mas não é segredo nem para um, nem para o outro, mas sim para o mundo. Não se olham, não se cumprimentam e ainda assim conhecem intimamente seus corpos. Uma fresta. É tudo o que eles tem. Um acordo silencioso. Joana outra vez olhava. Nunca se falaram, mas esse era um momento de êxtase. O prazer de olhar nunca foi tão saciado por alguém do que por esses dois. Agora observo os dois. Meu segredo

Olho no para mim mesmo e não me reconheço, mas por quê? Esse que vejo sou eu? Não tem como ser. Está tão velho. Parece alguém que se preocupou demais. Ou foi Johnny quem fez isso comigo. Ele seria bem capaz, mas por que não me lembro. Ahhh... Agora vejo. Meus olhos não eram verdes. Que bom... Lembrei de algo. Agora... Onde estou?... on... Olho para mim mesmo e não me reconheço...

... John era comido por seus vermes. Ao fim do dia ele está oco e só em seus pensamentos. Mesmo quando não há mais nada da carne para os vermes devorarem ainda assim se esgueiram e devoram a alma. John já tentou sufocálos com remédios, drogas, mas seus vermes internos se alimentam também dos pensamentos. John, por fim, quis se matar. Seus vermes permitiram, Dora não, porém agora são Dora, John e seu vermes.

No mundo cabe tudo inclusive eu e você mesmo estando eu no fundo sem conseguir te ver No mundo cabe tudo até o que tenho pra dizer mesmo sendo soturno vendo sem se ver Tudo cabe no mundo e num poema cabe eu mundo nossa casa você