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Magreeoth Pseu


Desperto com uma sensação de extrema felicidade. Olho para o lado e ele ainda dorme em na mesma posição inusitada de sempre. De bruços e com a perna esquerda na altura da cintura, seu rosto repousa de forma serena, o que é uma doce ironia já que é quase impossível imaginar qualquer delicadeza vindo daquelas feições tão másculas. Sorrio. Hoje faz dez anos que estamos juntos, e nesse tempo eu aprendi e posso dizer que também ensinei o amor. Encaro-o novamente e acaricio sua cabeça. Penso um pouco na nossa história e no quanto vivemos nesses anos. Alguns podem chamar de conto de fadas. Mas não foi tão perfeito. Na verdade, nossa história não passou nem perto de ter sido perfeita. Talvez eu possa defini-la como “um conto de fadas imperfeito”. É isso. Em meio a essa onda de pensamentos e como todo bom jornalista faz, sinto uma vontade inusitada de contar essa história nos seus mínimos detalhes.


LGBT+ Sólo para mayores de 18.

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Prólogo

Admito que a minha época do colégio não foi a mais legal do mundo, considerando o que adolescentes têm em mente ao categorizar “legal”. Eu não fui o aluno mais popular da escola, eu não saía, não me envolvia com ninguém, não namorava ninguém. Tá, tá. Isso é comum na vida de muitos adolescentes, mas a minha somente passava. Até conhecer o Ian, eu não tinha protagonizado nada na minha própria vida. Não tenho certeza se gostava de “atuar nos bastidores” ou se apenas tinha me acostumado com isso.

Ele era meu completo oposto. A estrela do colégio. O estereótipo perfeito do adolescente bonitão que faz sucesso com as meninas, é fera nos esportes e terá mil histórias pra contar aos filhos. Ian era tudo o que eu não era: Popular, pegador, rico, musculoso, bonito, desejado, hétero.

E minha paixão platônica há pouco mais de dois anos

Lembro perfeitamente da primeira vez que o vi. Era o primeiro dia de aula do primeiro ano do ensino médio, animação definia aquele momento. Eu sempre gostei de conhecer pessoas e criar novos laços. Apesar de toda a narração melancólica sobre a minha adolescência, as pessoas gostavam de mim. Diziam que eu era engraçado. Talvez eu fosse mesmo.

No colégio, todo aquele cenário soava cativante, dezenas e dezenas de adolescentes disputavam o pequeno espaço dos corredores. Subi as escadas correndo para procurar a minha sala no primeiro andar e tomar um copo d’água, até que, sem querer, preguei os olhos em alguém e nunca mais tirei.

Ele estava sentado numa mesa com alguns amigos e umas três garotas ao redor. Vestia uma camisa xadrez roxa e uma bermuda branca (lembro dessa roupa nos mínimos detalhes). Esse alguém era um moreno claro de cabelos pretos cortados bem curtos num estilo militar e dono do sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Por alguns segundos eu o encarei descaradamente, não sei o que deu em mim, eu só não consegui tirar os olhos dele.

Novas sensações invadiram meu peito, eu senti um calor forte queimar lá dentro, senti meu coração bater com força, senti uma atração iminente. Tudo aquilo era uma completa novidade para mim.

Só havia um pequeno problema: ele era hétero e isso era mais que visível.

E mesmo que não fosse, eu não ia despertar o mínimo de atração nele. De cabelo castanho-escuro que não se decidia entre crespo ou liso, óculos pretos de muito grau e um corpo no ápice da normalidade, seria difícil qualquer pessoa olhar pra mim, seja homem ou mulher. E admito que nem sei se queria que alguém me olhasse.

Naquele ano e no seguinte nós estudamos em turmas separadas. Resultado: eu fiquei dois anos nervoso toda vez que estava perto dele, sempre o observando no intervalo ou na saída, sempre pensando nele, completamente apaixonado. Nesse tempo eu cansei de ouvir histórias do tipo: “Ian saiu com fulana”, “Ian pegou fulana”, “Ian comeu fulana” e assim por diante. Toda vez que isso chegava aos meus ouvidos ou eu via com meus próprios olhos, ficava um pouco triste por saber que eu nunca, jamais, nem nos meus maiores sonhos, teria qualquer chance de ter o que quer que fosse com ele. Nós éramos completamente diferentes e distantes, ele era inalcançável.

Inclusive, seu grupinho de amigos até fazia certo bullying comigo. Não que eu fosse afeminado ou nada do tipo, mas por eu sempre andar muito com meninas e não me envolver com o grupo popular do colégio, às vezes rolava uma ou outra gracinha. Apesar de não ser nada muito sério, era desnecessário e me irritava muito.

Independente disso, o sentimento por ele continuava lá, guardado e em silêncio. Pelo menos ficou assim por dois longos anos.

No terceiro ano do ensino médio, meu colégio tinha a tradição de juntar as duas turmas, e foi graças a isso que a minha vida, até então banal e rotineira, virou de ponta-cabeça.

Ah, eu me chamo Timóteo. Muito prazer.

22 de Abril de 2020 a las 06:46 0 Reporte Insertar Seguir historia
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