fuyuka_hideki Adrielle Victória

Uchiha Sasuke e Uzumaki Naruto são estrelas da aclamada série de televisão e internet chamada Road to Ninja. E aproveitando-se da fama que o casal de amigos protagonistas têm entre os fãs, por meio de seu bromance, a Konoha Entertainment decidiu tirar proveito dessa relação na vida real. Se eles querem um casal, vamos dar a eles, foi o que com certeza disseram na reunião de decisão. E a partir disso, Sasuke e Naruto se tornaram aquilo que o mundo mais queria: um casal de namorados. Mas estariam ambos felizes com isso?


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18.

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Konoha Entertainment

—“Foi divulgada hoje pela manhã uma nota oficial dada pela empresa Konoha Entertainment que os atores Uchiha Sasuke e Uzumaki Naruto, da série de TV e Internet de nome Road to Ninja, estão em um relacionamento amoroso. Não foi comunicado há quanto tempo, entretanto podemos especular que o suficiente para fazer a diretoria se manifestar sobre o assunto. Até então o -" — foi o que consegui escutar antes de a televisão ser desligada.

— Vocês estão em todos os lugares— disse Kakashi quando entrei na sala onde ensaiaríamos o script. — Desliguei, porque em todos os canais só vemos suas caras, não há outra coisa rolando.

— Eles conseguiram o que queriam. — Iruka deu de ombros.

Hoje mais cedo à empresa decidiu que levaria a público o nosso suposto relacionamento. Suposto, já que tudo isso não passa de uma encenação proposta por ela.

O que acontece é que há mais ou menos três meses, Sasuke e eu fomos convocados pelo nosso empresário, a mando do diretor e produtor da série, para uma conversa particular. Contou-nos que a ideia era usar do nosso já tão famoso couple para aumentar a divulgação do programa. Nós não precisaríamos mudar nosso comportamento, apenas incluíramos em nossos currículos de interações em entrevistas coletiva algumas coisas mais provocantes para o público que adora uma teoria. Não posso negar que meu coração deu vários pulinhos com a informação, já o Uchiha deixou claro que não era totalmente a favor do que fora proposto, precisei de muito esforço para não demonstrar a frustração que sentia nas feições. Assim como não preciso dizer também que nosso relacionamento mudou um pouco, e não foi bem para melhor, como cheguei a sonhar que seria. Apesar de que com os meses passando parece que voltamos a perto do que já fomos.

Meu parceiro de cena ainda não havia chegado para o começo do ensaio, porém, foi apenas o tempo de conclusão do meu pensamento para escutar a porta ser aberta e o moreno entrar por ela. Usava óculos escuros, blusa branca e uma bermuda por conta do calor. Ainda não havia tirado os fones de ouvido, e carregava algumas sacolas plásticas com guloseimas. Acenou para todos agora presentes enquanto retirava os plugs das orelhas. Ninguém comentou nada com ele, sabem que não foi tão receptivo a essa ideia quanto eu fui.

No intervalo do ensaio para a próxima gravação resolvi que talvez fosse um bom momento para verificar como o mundo virtual havia recebido a notícia. Afinal, era primeira vez que dois atores — homens, claro — de uma série tão famosa se assumiam para o público; se não fosse trágico seria até cômico para mim ver os surtos de pessoas gritando em letras maiúsculas “EU SABIA!”, “O OTP é real!”, e entre eles um ou outro comentário tentando promover a família tradicional, claro.

Com todos esses acontecimentos dos últimos meses, houve remodelamento dos nossos quartos nos hotéis, para quando precisamos filmar em outros estados. Atualmente sempre dividimos uma suíte, para dar o que falar quando fôssemos fotografados pelos paparazzis através das janelas. No começo houve bastante chateação por conta dessas mudanças por parte de meu namorado. Em sua visão, isso era uma parte desnecessária do acordo, não havia motivo para trocas, e nesse quesito, concordo. Recordo de tê-lo escutado reclamando sobre o que viria a seguir, uma cama de casal?, perguntara. De qualquer maneira, se tornou um pouco difícil a nossa convivência quando o assunto era muito explorado em encontros com fãs, entrevistas ou algo parecido. Não podíamos ser óbvios, mas também não tão sutis, precisávamos dar dicas subliminares àquelas pessoas que faziam a suposição convicta de que estávamos juntos. Agora com essa bomba jogada na vida de cada um deles, imagino o alvoroço que será na nossa próxima comitiva. Deus me ajude, quando já é complicado namorá-lo sem realmente cumprir os supostos básicos do que deveria ser um relacionamento saudável.

Que eu amo Uchiha Sasuke não é mais novidade para ninguém do elenco. Muito menos para o alvo desse sentimento. Nunca me declarei, mas é mais do que transparente em todas as minhas ações quando se trata de encenar para o fãs, e fora dessas atuações também. Nunca fui muito bom em disfarçar, e quando se trata dele parece que minhas habilidades caem para menos um — não deveria ser tão difícil, afinal, sou ator.

Todos estavam de stalkers nas redes sociais. Ninguém havia tido a coragem de tomar o primeiro passo, com certeza já havia se passado em suas cabeças que as menções do Twitter iriam estourar caso publicassem um mísero “OI”. Assim como era claro também quem deveria dar o braço a torcer e se manifestar; o Uchiha e eu.

Ao final do ensaio, o moreno entrou em silêncio no cômodo que estamos dividindo, o acompanhei com os olhos até quando deitou na cama — de costas para a borda. Rolei os olhos, sentindo o aperto no peito de imaginar o quanto ele está desgostoso com as notícias. Abri a boca para tentar puxar papo, percebi não ter voz. Tsc. Eu sempre fui o primeiro a ajudá-lo independente do que houvesse acontecido, fosse numa cena o qual suas emoções não estão bem expressas ou um simples aborrecimento dele com ele. E no exato momento não sei como me aproximar nem abrir um dialogo.

Quando a notícia foi dada, o Sasuke havia ido em algum lugar comprar muitos dos seus salgadinhos e dos outros. Logo, não sabe do tanto de nós que passou na TV. Exceto se algum dos outros tiver aberto o bico, ou a televisão dos estabelecimentos estava ligada.

— Você quer postar uma foto ou algo do tipo?

— Como? — estava tão imerso em pensamentos que não entendi metade de sua frase.

— Alguma coisa pra oficializar o que a Konoha falou. — olhou por cima do ombro.

A minha maior surpresa era a proposta não partir de mim. Estou piscando feito louco, e talvez a minha boca esteja um pouco aberta.

— Está confortável com a ideia? — questionei.

— Estou propondo, não é? — levantou, sentando ao meu lado abriu a câmera frontal, pondo o dedo no obturador. — Pronto? — afirmei com a cabeça.

Apoiei a testa na curva de seu pescoço, fechando os olhos quando senti seu perfume, seus dedos entraram pelos meus fios. Ouvi o som da captura, abri os orbes para ver a foto, um típico casal cute estava lá, ele olhava para a câmera com um sorriso sem dentes. Até um risinho me escapou, o moreno atua bem, claro. Sasuke deixou a mão onde havia pousado, fazendo um discreto cafuné enquanto digitava com a outra. A legenda era apenas um emoticon de coração.

— Todo mundo está surtando. — afastei um pouco, recostando a cabeça na parede.

— A empresa também. — seu celular vibrava com as notificações, com uma careta ele as desativou, voltando a prestar atenção em mim.

Pensei o quanto seria invasivo esticar as pernas por cima das dele, afinal sempre quando rola algo sobre nós suas atitudes mudam, mas estamos conversando sobre algo que não tem em nada a ver com o noticiário, então o fiz; é inevitável não olhar seus lábios enquanto fala e não desejá-los profundamente. Nunca tivemos qualquer contato romântico além de abraços ou mãos dadas aqui e ali. Admito que durante um tempo foi suficiente. Foi, não tento me enganar dizendo que ainda é. Haha. Sinceridade é excepcional na vida.

— Apesar de tudo, me sinto um pouco mal no meio disso.

— O que quer dizer?

— Qual é, Naruto. Olha quantas pessoas estamos enganando, nem uma e nem duas, nem os outros do elenco. São milhões— enfatizou. — Milhões.

— Elas estão felizes, não estão?

— Com uma mentira? Sim, estão.

— Não seja tão frio. Para nós nada mudou. Nosso relacionamento particular. — a verdade não era completa, mas também não era uma total mentira.

Bateram na porta antes que o clima ficasse ruim, entrando em seguida vimos quem era, o Kakashi se aproximou devagar da cama, trazia uma sacolinha na mão. Não identifiquei a expressão que tinha na face.

— Vi a postagem de vocês enquanto estava no outro prédio— falava sério, mas não era rígido, ele sempre apoiou tudo, mas achou que se aproveitarem da nossa amizade era o cúmulo. — Fui buscar isso aqui. — balançou a sacola. — O Chefe mandou. Então já sabem— encarava-nos. — Boa sorte, meninos. — bagunçou nossos cabelos quando estava de saída.

Apesar da curiosidade que me toma, o estômago está frio e estou apreensivo. Tomei a liberdade de abrir o embrulho, tomando o primeiro choque do que vi. Um riso nervoso me deixou, Sasuke já havia esticado o pescoço para tomar nota.

— Sério? — pegou a caixinha de veludo, ergueu uma sobrancelha.

— Aparentemente. — dei de ombros, mera tentativa de disfarçar o frenesi interno.

Dois bonitos anéis prateados foram revelados quando ele abriu a caixa aveludada. Ficamos longos minutos encarando-os, ninguém tomando a atitude de pegar e pôr no dedo. Aquilo era a concretização de que estávamos de fato juntos. O tamanho da responsabilidade e da proporção que isso tomou de repente caiu sobre minhas costas. Por mais que seja uma falsa felicidade que estamos passando para o público até eu mesmo consigo me enganar quando estamos engajados a fazer.

E é óbvio que quem pegou o primeiro anel fora eu.

— Não há ninguém gravando, estamos sozinhos, mas vamos fazer isso direito. — sua voz era arrastada, talvez ainda estivesse em transe. Alguém nos ajude. Tomou minha mão e encaixou a aliança no dedo anelar. — Parece até oficial. — deu um risinho mais para ele que para mim.

— Parece. — segurei sua mão, deslizando o aro prateado. — Parece. Só falta o beijo. — o moreno sorria sem realmente fazê-lo, fiquei levemente constrangido pelo comentário que fiz.

Amanhã faremos participação em um programa de TV local. Já estou sentindo os nervos tensionados somente pela imaginação do que possa vir a ser questionado pelo apresentador ou pela plateia. Pela graça não estaremos sozinhos, mas sabemos que seremos o centro das atenções em grande parte da programação.

Estou suando pelas mãos enquanto espero o programa começar a ser rodado. Ainda estamos nos bastidores, porém consigo sentir toda a tensão tomando conta de meu ser à medida que os minutos vão se aproximando.

Quando tudo já estava pronto para a nossa entrada, um a um fomos chamados para entrar, enquanto os gritos alvoroçados da plateia que enche a arquibancada chegam em nossos ouvidos. O elenco principal se colocou sentado lado a lado em uma fileira, e o apresentador começou as devidas apresentações. Sinto o coração em todos os lugares disponíveis.

— E estamos aqui hoje com essas pessoas que estão fazendo o maior sucesso com a série Road to Ninja. — à medida que íamos sendo chamados pelo nosso nome real e do personagem levantávamos a mão em um aceno. — E por último, e um tanto quanto mais importante, Uzumaki Naruto, como Menma.

Houve longos minutos de conversa sobre a produção da série e o que poderíamos esperar para o desenvolvimento de certos personagens. Isso, de alguma forma, me tranquilizou, era sinal de que não seríamos o centro o tempo todo. Mas é claro que uma hora a minha felicidade ia ser pisoteada.

— Voltamos de mais um intervalo para finalmente falar sobre o que todos estávamos esperando! A bombástica revelação do relacionamento entre o Uchiha e o Uzumaki. — o apresentador virou-se para nós. — Olha, vou dizer que vocês dois esconderam muito bem, devo dar-lhes os parabéns. Mas, por que agora?

— Bem, a empresa decidiu que já havia especulações demais sobre o caso, e já era hora de acabar com as dúvidas de uma vez por todas— Sasuke respondeu.

— Vocês levaram milhões de pessoas à loucura ao postarem aquela foto. Pode pôr no telão, por favor. — viramos a cadeira giratória para o telão no fundo, quando aparecemos, ouvimos um “OOH” coletivo vindo da plateia, sinto minhas bochechas quentes, além do estômago ter desabado.

Respondemos algumas perguntas do público sobre nós dois, e finalmente partimos para a parte lúdica do programa. Foi o que salvou o resto de minha sanidade.

Suados e ofegantes são duas palavras que definem nosso estado atual. Acabamos de nos despedir do palco, Sasuke ainda segura minha mão — já que foi assim que nos despedimos da plateia, que urrou e gritou. Seguimos pelas curvas e caminhos até o cômodo onde estávamos antes de entrar ao vivo. O moreno sentou ao meu lado, os outros se espalharam pelo ambiente. Eu esperava que fosse pior, porém, também, não foi lá essas maravilhas todas.

— Não se fala de mais nada— falei baixo na van, esperando que ninguém escutasse. Seria mais sensato manter em pensamento, Uzumaki Naruto.

— Verdade. — Sasuke me levantou seu celular para mostrar a tela, uma foto nossa, de minutos atrás, se mostrava exibindo um texto logo abaixo.

— Ah, o dia foi cheio! — me espreguicei, tombando para o lado, apoiando a cabeça no ombro do outro. — Dormir é a primeira opção que vem à minha cabeça.

— Pode ter certeza.

Após a entrevista tudo parece que explodiu. A audiência de nossa série, postada também no YouTube, aumentou em números inacreditáveis. O que certamente deve ter feito um sorriso enorme rasgar a boca do CEO da Konoha. Sua ideia foi certeira e genial, se tenho algum direito de dizer. Entretanto, ele não se preocupa com possíveis danos psicológicos causados aos participantes da sua jogada de marketing. Claro que não.

Quando resmunguei que estava cansado não brincava em serviço, estamos acordados desde muito cedo. Experimentamos roupas, tiramos algumas fotos, fizemos maquiagem e ficamos o dia fora de casa, apesar de não parecer, é uma rotina cansativa, mesmo que seja recorrente em nossas vidas.

Deslizando o dedo pela tela do celular, ainda recostado contra o mais velho, uma foto de nós surgiu. Não que estivesse sendo raro, lá se foi à época, haha. Mas essa postagem em específico trazia algumas mais antigas também, pareciam em ordem cronológica. Seria fofo se não me atingisse tanto. “Provas de que Sasuke e Naruto estão juntos há muito tempo”, era o título em negrito no começo do enorme texto, não pude deixar de soltar um riso abafado. É legal ver o quanto as pessoas se preocupam em nos manter juntos apenas para suas próprias felicidades. Tentando acreditar que — mesmo antes sem qualquer resquício de certeza — estávamos em um relacionamento.

Quando descemos do automóvel quase invadimos o hotel e consequentemente nossos quartos à procura das camas. De minha parte, deitei no colchão e abracei o travesseiro por baixo, afundando o rosto ali mesmo. Só de pensar que amanhã será um dia livre a felicidade já bate à porta, mas que quem entrou foi o Kakashi.

— Naruto? — ainda estava na soleira. Olhei para trás, convidando-o para a cama também. Abracei o mais velho, sentindo todo o carinho que partia daqueles braços. — Como as coisas estão acontecendo?

— Não sei, não quero falar sobre isso. Pelo menos não agora. Mas, acredito que já estivemos pior. — ri de leve. — Parece que o Sasuke acostumou com a ideia. Mesmo sendo sempre um pouco constrangedor ir à frente de todos e nos colocar dessa maneira.

Conversei com o Kakashi até Iruka chamá-lo para dormir. Sempre admirei o relacionamento dos dois, parece tão correto e maduro. É uma pena ter que expor aqueles que não se relacionam de verdade quando temos o prazer de presenciar como eles, Hatake e Umino, são belos juntos.

Sasuke abriu a porta em seguida.

Dobe... — fazia tempo que não me chamava dessa forma. Caminhou lento até próximo, seus dedos passearam em meu rosto, contornando minha mandíbula, nossos olhares fixos. — Desculpa por te negar tantas vezes antes. Mas, você sabe como sou, e preciso dizer quê... — ele suspirou.

— Quê? — havia urgência na minha voz.

— Eu amo você, pequeno.

Um selinho não foi o bastante para mim, por isso logo abracei seu pescoço aprofundando e mantendo o beijo o máximo que se era possível.

— Eu te amo, Uchiha.

— Ei! — uma mão balançava na frente de meus olhos, o dono dela era o que habitava meu lapso de agora pouco. — Você cochilou sentado aí. Vai pro chuveiro. — arremessou uma toalha em meu colo, havia o meu pijama lá enrolado.

— Ah, claro.

No dia seguinte os mais velhos trouxeram algumas sobremesas por volta das quatro da tarde, como havia sido o staff a providenciar a compra, algumas de suas compras pessoais estavam na sacola. Alguém questionou sobre a bebida alcoólica na geladeira. Todos nós lembrávamos de quanto o Kiba resolveu beber pouco além da conta, não foi bom, mas rendeu ótimas risadas. E fotos melhores ainda.

Nós nos reunimos na sala para uma sessão de filmes. Alguns dos garotos estavam largados pelo tapete no chão, outros se espalhavam pelas poltronas, mas Sasuke e eu estávamos no sofá. Aproveitei a deixa e deitei em suas coxas. Assistir um filme romântico não era lá toda essa maravilha. Mas sendo a vez do Inuzuka escolher, não tivemos alternativa. Sasuke foi o que mais bradou quando o nome do longa metragem foi anunciado; o alegre garoto adora Como se Fosse à Primeira Vez. E não perdeu a oportunidade de fazer todos nós assistirmos, enquanto ele via pela milésima.

O deslizar lento de seus dedos em meus fios era gostoso, demonstrava — pelo menos — o carinho de amizade que nós temos um pelo outro; agarrei-me a um enlace de nossos dedos quando senti a carícia descendo pelo longo de meu braço na intenção de descansar lá pela minha barriga. De vez em quando é bom sentir esse aquecimento que percorre meu peito, afinal durante algumas semanas do primeiro mês o outro apenas correspondia minhas investidas, não tomava a frente de nenhuma delas. Mesmo antes de tudo isso começar fico feliz que ele não tentava me afastar ao perceber a essência de meus afagos. Exceto no início, quando eu era ignorado descaradamente, porém tempos depois seu pedido de desculpas ao explicar que não estava acostumado a lidar com esse tipo de iniciativa me fez compreender.

O filme é bonito, apesar de triste, mostra a face de um amor verdadeiro que deveria ser mais cultivado na vida real, mas que parece esquecido por muitos. O Kiba tinha lágrimas nos olhos quando os créditos começaram a subir. Iruka consolava o pobre garoto, já Sasuke não perdoava a emoção do amigo com algumas altas risadas.

E por volta das sete, o real casal do grupo avisou que estava saindo para um jantar, perguntaram quem gostaria de acompanhar, mas era visível ser apenas por educação. Os olhos de ambos gritavam "Por favor, recusem!". E claro que os deixamos livres. Essa foi a deixa para seguirmos para nossos quartos.

Cada um em seu quarto, segui à cozinha. Com um pacote de doce nas mãos, abri a geladeira, lá dentro a lata vermelha de bebida chamou meu nome. Não faria diferença, não é? Quando o Kiba bebeu todos nós também fizemos, e apenas ele saiu meio fora de si; dei de ombros com duas delas me acompanhando até o sofá. Liguei a televisão em qualquer programa que passava, rindo ocasionalmente de acordo que as piadas foram ficando mais engraçadas e o líquido terminando. Até que em uma das goladas notifiquei ser a última. Segurei no alto, sacudindo para ter certeza, e ainda pus um olho no buraco da tampa, como se desse para enxergar algo lá dentro. Xinguei em mente, amassando o saco de doces e jogando tudo no lixo mais próximo.

Cadê o Uchiha? — resmunguei em pensamento. — No quarto, claro.

— Uchiha Sasuke! — arreganhei a porta, o homem me encarou com olhos assustados. Meu berro lembrava muito a quando reclamei na frente de várias pessoas o fato de ele me chamar de escandaloso. — Aqui está você!

— Algum problema?

— Diversos! E você é o causador de todos eles! — apontei em seu nariz quando me aproximei. A expressão confusa em seu rosto era a melhor.

— Você está bem? — franzia a testa.

— Estou ótimo. E sabe por que não estou melhor? Porque o nosso queridinho não me beija!

Sem pedir licença passou por mim, o segui acompanhando os passos largos dele até a cozinha. O vi abrir a geladeira, fechá-la e observar a lata de lixo ali do lado. Cruzei os braços no peito, um crescente bico em meu lábio.

— Bebeu isso?

— E se sim? — levantei uma sobrancelha.

— Ah! — suspirou, espalmando uma mão na testa. — Kakashi disse para não mexermos. — dei de ombros. — Deveria tomar um banho frio e descansar até que aqueles dois cheguem.

— Sou mais velho que você, senhor Uchiha Sasuke, não me diga o que fazer.

— Eu sou mais velho, Naruto. Vamos, não faça cena e mova-se. — fez um gesto com a mão indicando a direção do banheiro do corredor.

— Não seja mau, meu amor. — aproximei, a nossa diferença de altura, mesmo que eu não admitisse, deixava tudo mais interessante. — Você nunca teve nem mesmo a curiosidade? — abracei seu pescoço, os dedos brincando com os fios curtos de sua nuca. — Me beija e vai matar toda ela. — meus olhos não deixavam o desenho dos seus lábios.

— Você não está em sã consciência.

— De fato não. Já que sempre que estou junto contigo me sinto em órbita. Ou seja, estou bêbado sempre, basta que esteja presente. — havia silêncio ao nosso redor. Talvez eu tenha falado demais, no entanto... Não me importo. Mas por ele preciso dizer: — Desculpa. — sorri de leve, me afastando. — Vou tomar banho e deitar.

Não irei culpá-lo se quiser trocar de quarto com um dos outros por hoje, acredito ser algo que eu faria caso acontecesse comigo. Maldita hora que tomei a decisão de beber e mais amaldiçoada ainda a que me apaixonei por ele. Não vou culpá-lo também se no dia de amanhã estiver distante e cauteloso por uma burrice minha. Não quero ser o senhor do drama e por conta assumo meu erro, só não sei se estou preparado para lidar com as consequências dele. Não vou colocar a culpa no álcool, até mesmo porque ele só nos deixa um pouco mais corajosos, e era exatamente o que eu precisava. Mas poderia ter tomado uma xícara de iniciativa sem causar tudo isso.

Demorei debaixo do chuveiro, sentir a água caindo do alto da cabeça até a ponta dos pés trazia uma incrível sensação de alívio; a torrente jorrando e meus olhos pregados no anel simbólico em meu anelar, girando-o.

Enquanto me secava na frente do espelho, penso em com que cara vou encarar o Sasuke quando sair daqui. E para a minha sorte ele não estava no quarto. O suspiro de gratidão foi profundo, quero dizer, até o som da porta se abrindo soar e sua voz seguir:

— Sente-se melhor depois da ducha?

— Por aí. — não havia coragem em mim ainda para virar e encarar seu rosto, procurei pelo meu celular na cama, ficando por ali mesmo quando encontrei.

— Não dê uma de Kiba. — deu um riso descontraído apontando meu aparelho.

— Não bebi o suficiente pra algo assim. — acompanhei sua risada.

É muito difícil todos nós escutarmos esse som sair do Sasuke. Por mais brincalhão que seja, — acredito que por essa causa — é mais fácil que o próprio faça as pessoas rirem do que ele se comportar assim. E fico feliz quando sou agraciado a rirmos juntos.

Com os fones no ouvido dei o play na música que sempre me fez fechar os olhos e embarcar pelos mais belos sonhos de casal, — por mais que a letra em si não recorra ao romântico no seu estado mais amável — não me faz gostar menos, e essa é o cover do Sasuke de Paper Hearts. Quando me concedeu o prazer de escutá-lo a sós cantando essa canção, com seus olhos nos meus, e sua voz apenas pra mim, tive a certeza de que o amaria para o resto da vida. De que precisava dele ao meu lado.

But you’ll be good without me and if I could just give it some time

(Mas você vai ficar bem sem mim, só me dê algum tempo)

I’ll be alright

(Eu vou ficar bem)

Foi pensando sobre isso que ativei o botão de repetir, aumentei mais um pouco do volume e fechei os olhos para tentar descansar.

A cabeça lateja um pouco quando abri os olhos pela manhã, mesmo que a bebida ingerida tenha sido em uma quantidade tão pequena. O que o álcool não faz em alguém desacostumado, hein? Ah, me arrependo em larga escala de ter primeiramente olhado aquela lata vermelha. Nada do que aconteceu ontem seria vivido, além de que essa dor de cabeça não seria sentida.

Percebi estar enrolado em cobertor, além de o meu celular e fone estarem sobre o criado mundo perto da cama. O outro não está mais no cômodo, imagino que horas já não são. E não devemos ter recebido nenhuma notificação de compromissos em grupo, ninguém veio até aqui; levantei depois de tomar mais algumas lufadas de ar no peito. Tomei um banho gelado, escovando os dentes. Mesmo sabendo que levei pouco mais de vinte minutos para tudo, não procurei saber do relógio até estar pronto para o mundo lá fora.

O alojamento parecia vazio, franzi a testa diante disso. O silêncio por todo ele. E um pequeno bilhete na frente da tela da televisão.

“Estamos fazendo compras, voltamos em breve.

Há o que comer, aproveite.

Umino Iruka ”

Ficar sozinho foi tudo o que pedi a Deus. Mesmo que não fosse para o resto da tarde. Enquanto esquentava minha comida, percebi que o lixo ainda estava cheio, porém as latas não estavam lá. Abri novamente a geladeira e contei a quantidade, estava correta com a anterior. Ah… Um sorriso curto brotou em meus lábios.

Durante o resto do dia todos foram chegando aos poucos. Exceto Sasuke. Não nego estar ansioso para vê-lo, e para agradecer o cuidado da noite anterior. Mas parece que os afazeres não estavam colaborando muito bem.

— Será que existe alguma possibilidade de o Sasuke gostar de mim algum dia? Ou a Konoha vai encerrar o caso antes que aconteça?

— Não posso responder tudo, mas nada é impossível— Kakashi respondeu.

Meu dedo estava girando o anel em meu anular.

Quando era por volta das dez da noite, o Uchiha chegou. Parecia extremamente cansado quando entrou no quarto. Apenas respondi seu comprimento e tentei não incomodar.

— Tudo bem? — perguntei quando o vi deitando na cama.

— Foi um dia cheio.

Me forcei a levantar da cama e ir até a dele. Fiz com que colocasse a cabeça em minhas coxas, e fiquei a acariciar seus fios úmidos.

— Quer me contar o que fez?

Ele pode não me amar da mesma forma que eu, mas não será por isso que abandonarei nossa amizade. Ou desistirei da possibilidade de um futuro.

12 de Abril de 2020 a las 00:02 0 Reporte Insertar Seguir historia
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