hellicamiranda Hellica Miranda

Eles tinham o próprio paraíso em cada verão. Quando outra pessoa entra no meio e arruina tudo que eles mais amavam, resta saber se eles vão conseguir resgatar o paraíso e fazê-lo durar o ano todo.


Romance Romance adulto joven No para niños menores de 13.

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I

We roll in heavy summer

When there's strength in our numbers

And your breath's hot and gross

But I kiss you like a lover

Legs stick to the seats of the car someone grew into

I forget the knowledge from the lessons that I went to


A casa de praia tem cheiro de mar e lavanda quando chegamos. Depois que todos já correram para a praia e estamos apenas Jamie e eu, Raúl e Luisa, os caseiros, aparecem na varanda. Luisa dá um sorriso tímido antes de entrar na casa.

— Anna! Você está tão diferente da última vez! — ela me puxa para um abraço maternal que só ela tem. — Não é, Raúl? Olha só para ela!

Posso ouvir Jamie rindo baixinho e lanço a ele um olhar de censura.

Luisa e Raúl moram na casa de praia desde sempre, e cresci com os dois por perto todo verão. Luisa sempre servia tortas e sorvetes caseiros, enquanto Raúl garantia que a casa estivesse sempre em bom estado e, sempre que estávamos lá, cuidava dos carros junto com os filhos, Noah, que estava na faculdade militar em West Point, e Nick, que tinha mais ou menos a minha idade.

— Os quartos já estão todos arrumados. — Luisa garante. — Tudo certo nos banheiros também. Na cozinha, a geladeira está cheia e os armários também.

Dou um sorriso de agradecimento a ela e digo que vou subir.

A viagem não era cansativa em si, mas dirigir até lá com outras quatro pessoas cantarolando aos berros no seu ouvido conseguia acabar até com a paisagem na estrada.

Eu não podia reclamar dos meus amigos, para ser sincera. Mas, na maior parte do tempo, conseguiam ser muito exagerados.




Jamie e eu encontramos o resto do pessoal na praia em poucos minutos. Quando chegamos, já estão todos molhados e sujos de areia.

Lauren começa a acenar quando me vê, pulando sem parar com uma garrafa de vodca na mão. Ainda é meio dia. Mas ela já está bebendo há tanto tempo que antes das duas da tarde provavelmente vai estar apagada em algum lugar.

Os meninos, Kate e Maureen estão jogando vôlei do outro lado, rindo escandalosamente toda vez que a bola atinge a areia.

Eles começam a gritar, nos chamando para o jogo, e Jamie não pensa duas vezes antes de correr até lá e se juntar a Paul e Wes.

Dou de ombros, correndo para o time das meninas e cumprimentando-as rapidamente antes do jogo voltar.

Como previsto, às duas da tarde Lauren já está desmaiada numa toalha que não é sua. Wes a carrega no colo até a casa, e nós o seguimos com todas as nossas coisas nos braços. Jamie me agarra pela cintura e me balança de um lado para o outro no ar, como se eu pesasse o mesmo que um papel sulfite.

Ele me gira nos braços e me puxa para um beijo. Estamos os dois cheirando a suor, mas tento não ligar.

Quando nos afastamos, dou de cara com um garoto que demoro para reconhecer, mas que conheço bem.

Nick.


Nick é um garoto legal. Seus olhos verdes combinam perfeitamente com o cabelo castanho claro e a pele morena de sol. Ele é alto e tem aquele físico de surfista de tirar o fôlego, o tipo de garoto para quem as garotas olham e não conseguem disfarçar.

Crescemos juntos, desde sempre o conheço, já passei por todos os verões possíveis com ele e, entre fogueiras à noite na praia ou ketchup no meu tênis — coisa que ele sempre fez na noite da pegadinha — acho que ele nunca, nunquinha, me viu beijando alguém. Pelo menos não alguém que não fosse ele.

Enquanto me encara super sem graça, me lembro do verão dos meus doze anos. O verão do meu primeiro beijo, aquele dia de fogueira costumeira, o gosto de sal na boca e um beijo molhado e escondido de todo mundo. Garotas têm três momentos super importantes na vida: o primeiro amor, o primeiro beijo e a primeira vez. Duas dessas coisas aconteceram com o Nick, e eu estou mais um vez na praia para a viver a terceira, só que com outro cara. Jamie. Meu primeiro namorado oficial.

Jamie é o oposto de Nick em quase todas as coisas. Nick é brincalhão, mas super calmo, super tranquilo. Jamie é o furacão em pessoa, passa do riso incontrolável para gritos histéricos em cinco segundos, arranja mais brigas na escola do que eu acredito ser possível, mas eu gosto dele. Gosto do cheiro dele, do sorriso meio cafajeste quando me encontra, da maneira que ele consegue fazer com que me sinta a mulher mais sexy do mundo. E é por esse sentimento que estamos na praia esse verão.

Acontece que Jamie não é mais virgem, algo que eu inegavelmente sou. Ele já teve outras duas namoradas e muitas outras garotas sobre as quais não quero nem saber. E já faz um tempo que ele quer pular para a fase "essencial" do relacionamento, como ele mesmo diz. Então cá estou eu, com as mãos do meu namorado em volta da minha cintura fina e com meu ex crush na minha frente. Que embaraçoso!

— Oi, Nick. Tudo bem? — digo, tentando quebrar aquela atmosfera péssima. Ele sorri e acena com a cabeça, estendendo a mão para Jamie.

— Eu sou o Nick. E você?

Jamie o analisa de cima a baixo, com o olhar de desgosto que lhe é costumeiro sempre que algum garoto chega perto demais de mim. Eu conheço aquele olhar. Ciumento, possessivo. E o odeio.

— Jamie. — ele diz. Não aceita a mão estendida de Nick. — Você é o quê? Caseiro? — Jamie aperta mais meu corpo no dele, quase como se eu estivesse prestes a fugir.

— Isso mesmo, cara. — a tentativa de Jamie de ofender Nick não tem sucesso algum. — Você é o primeiro cara que a Anna Banana traz aqui. — Anna Banana é um dos apelidos mais odiosos do mundo, e não posso evitar rolar os olhos para ele naquele momento, fazendo-o rir. — Devo te chamar de milagre por desencalhar essa magrela?

Jamie não ri da piada, nem faz menção alguma de achar divertido. Parece mais interessado em analisar meu rosto e o de Nick repetidamente.

— Cale a boca, Nicholas. — digo. Ele entra em casa rindo.

— Mas que porra é Anna Banana? — Jamie pergunta, me encarando. — Não é um pouco de intimidade demais?

— Nós crescemos juntos, Jamie. — ele manteve a cara fechada. — Por que você não me leva pra comprar um sorvete?

Jamie não responde. Bufando, entra em casa. Os cabelos pretos como a noite logo somem escada acima.


Jamie me ignora o resto do dia. Quando anoitece e os garotos sugerem que saiamos para um bar na beira da praia, porém, ele parece se animar um pouco. A ideia de algumas bebidas no tempo refrescante da noite parece perfeita.

Antes de sair, tomo um banho e escolho um maiô simples, que visto com shorts.

Quando chego ao lado de fora, encontro Lauren numa conversa animada com Nick. De cara, não consigo dizer se estão flertando.

Mas logo percebo os sorrisinhos que Lauren lança para ele. E eu a compreendo bem.

Nicholas Whittier é mesmo irresistível.

Tenho certeza disso quando ele sorri para mim e, na mesma hora, sorrio de volta.













Capítulo escrito em parceria com Rafaela Maciel.

21 de Enero de 2020 a las 06:05 0 Reporte Insertar Seguir historia
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