DANIEL
"One sip, bad for me
One hit, bad for me
One kiss, bad for me
But I give in so easily
And no thank you is how it should've gone
I should stay strong " - Weak, AJR
A balada tinha aquelas luzes coloridas que invadiam a pista de dança: rosa, roxo e azul, em sequências de alternância, e eu bebia todo o álcool que podia aguentar. Cada vez mais notava você: o garoto com camisa azul, que sorria de canto, envergonhado, parado como um poste na parede. Você me intrigava.
Um gole é ruim para mim.
Fui me arrastando-dançando perto de você, sorrindo com um sorriso malicioso, já pensando nas milhões de possibilidades do que fazer com você em minha cama, como algemar seus pulsos e dar beijos em suas mãos, fazê-lo implorar por um pouco mais de prazer.
Eu sou fraco, e adoro delirar com homens que me tentam, por isso, cedo facilmente. E qual o problema disso? Ninguém vai saber.
Chego perto demais, e só te arrasto pelo meio da pista de dança — esperando que meus colegas de faculdade estejam tão bêbados e interessados nas mulheres, que nem me notem — e você só me acompanha, dando um sorriso tímido.
Movo meu corpo, e você tenta dançar, falhando pateticamente.
— Eu não sei dançar — você confidencia.
— Ninguém liga — eu grito.
— Qual seu nome? -— você questiona, dando um sorriso bobo.
— Daniel, e o seu? — digo.
— Lucas — seu rosto fica vermelho.
Você corando é tão fofo, que eu caio por seus olhos, de modo figurativo, é claro. Azuis profundos me fitando.
Chego mais perto, e sussurro em seu ouvido:
— Posso te beijar? — dou uma leve mordida na parte de cima de sua orelha.
— Você quer? — ouço seu murmurio, tímido de um jeito ousado.
Nossas bocas se encontram e eu puxo sua cintura, cada vez mais próximo de mim.
Suas mãos perpassam meu peitoral e agarram meu cabelo, me puxando ainda mais.
Cada vez mais próximos.
Você me surpreende beijando meu pescoço, devagar, e voltando para meus lábios. Querendo cada vez mais.
— Você não é tão tímido assim — sussurro, mordiscando sua outra orelha.
— Uma pessoa tímida não faria isso — ele fala, apalpando a minha bunda.
— Safado... — mordo seus lábios — quer ir para um lugar mais privado?
Beijo seus lábios e sinto alguém tocar nas minhas costas. Quem é esse desgraçado, empaca foda?
— Daniel — meu colega Felipe aparece e me olha com um olhar indignado — você é gay??
— Que caralho Felipe — esbravejo, empurrando levemente o Lucas — sinceramente, que porra?
— Mas... como assim? — ele questiona, me olhando com um ar um pouco preocupado, feito um idiota — o que sua namorada vai achar disso?
— O que a sua namorada vai dizer de você beijando três mulheres em uma noite, e se afogando de beber whisky? — retruco — o que faço da minha vida não é teu problema não!
— Vai com calma... eu sei, eu tenho que terminar com ela... só não tenho coragem, cara. Mas, você é realmente gay??
Tenho vontade de dar um soco no nariz dele. E se alguém ouvir isso? Em vez disso, fico mudo e corro até um banheiro que fede a urina velha.
Bato a porta da cabine e tranco.
Coloco meus dois pés na tampa do assento.
Abaixo minha cabeça e finjo que não existo.
Um beijo é ruim para mim, Felipe pode contar para todo mundo, e aí...
Aí daria merda.
Aí ninguém mais me veria da mesma forma.
Aí minha namorada vai saber de tudo, e vai terminar comigo, e meus pais vão descobrir.
Ela vai contar para eles, eu aposto.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, e eu soluço.
"Não, obrigado", isso era o que eu deveria ter dito à pergunta se "eu queria", mas, eu sou fraco, e um gole de bebida é ruim para mim.
"Não, obrigado", era isso que eu deveria ter dito...
Ouço batidas na cabine.
— Cara, cê tá bem? Deixa disso, porra — Felipe diz.
— Vai para lá Felipe! Me deixa, caralho — esbravejo com ele.
— Não deixo não! Você vai conversar comigo agora! — ele grita.
Como ele é chato, puta que pariu.
— O que você quer? — grito.
— Nós estávamos tentando te achar para irmos embora, porque nossa carona tem que devolver o carro para o pai dele. Foi por isso que fui te procurar.
— Maravilha — digo, com ironia — eu vou pegar um uber, então.
— Calma, cara. Não se estressa. Não fiz por mal — ele diz.
— Empacando a foda dos outros, isso sim — digo, com raiva — e ainda dizendo que eu tinha namorada, e me fazendo lembrar dela! — várias culpas me corroíam.
— Eu só fiquei surpreso. Não tenho problemas com você sendo gay, inclusive, tenho conhecidos que são. É só bizarro.
Eu choro mais.
— Caralho Felipe, vai embora.
— Não posso te deixar assim — ele diz, com delicadeza — é só bizarro porque você nunca me disse nada...
— É porque você nunca passou por nada parecido — digo.
Ouço-o suspirar, enfadado.
— Daniel... sim, eu já gostei de um garoto. Mas, faz tempo, aí tentei deixar para lá, mas nunca consegui totalmente...
— É, quem é? — reviro os olhos, duvidando de suas palavras.
— Um dia talvez eu te conte. Por enquanto, o Lucas tá te esperando lá fora para te dar o telefone. Falei para ele que você não fez por mal — ele afirmou.
— Você é gay também? — perguntei.
— Não Daniel, eu não sei o que sou... — ele disse — eu acho que sou bi, talvez.
— Ah — exclamei — ...eu só gosto de garotos — falo envergonhado, nunca tinha dito isso em voz alta.
Quando abro a porta, vejo meu colega revirando os olhos.
—Por isso você tem que terminar com a coitada daquela garota, e é pra já — ele diz.
— E você vai terminar com sua namorada? — pergunto, com ironia.
— Sim, inclusive, já enviei uma mensagem de texto.
— Que maldoso — afirmo, surpreso — isso não é coisa para se falar em mensagens de texto.
— Hoje em dia, o Whatsapp é o novo telefonema. Até dá para fazer chamadas de vídeo, o que é quase ver pessoalmente, portanto, não me venha com essa.
— Seu insensível — rio.
— Seus olhos tão super inchados — ele me olha com preocupação, desviando o foco.
— Tá tudo bem... você não vai contar para ninguém o que te disse, né?
— Óbvio que não. Não tiro ninguém de Nárnia, as pessoas devem sair por vontade própria, sabe? Se perguntarem, vou dizer que um cara te bateu porque você deu em cima da garota dele.
— Ótimo — pigarreio.
O Lucas estava me esperando do lado de fora e me passou seu telefonema, dei um beijo de despedida e ele me puxou.
— Arrumem um quarto, caralho — Felipe falou com raiva, revirando os olhos.
Os outros colegas me esperavam do lado de fora e entrei no carro, sendo levado para minha casa.
As paisagens urbanas me fascinavam, e eu só sentia o beijo de Lucas nos meus lábios, enquanto Felipe me observava com uma cara estranha.
Afinal, por quê?
Dei um sorriso para ele, e ele virou o rosto.
— Já vamos chegar Daniel — ele suspirou.
— Graças a Deus — Alexandre gritou — consegui beijar cinco garotas nessa noite, isso nem foi tão bom! Foi o número mais baixo do meu histórico.
— Só consegui uma... — Saulo fala.
— É porque tu é um baita de um nerd fodidasso, meu irmão — Alexandre gritou — mas, não esquenta não, tu vai ser igual Bill Gates no futuro, e rico! Vai ter que emprestar dinheiro para mim.
Os sons estavam abafando nos meus ouvidos, e percebi que dormi ao recostar no vidro, só acordando para entrar em casa e ir para cama.
Acabei tendo sonhos sexuais com Lucas, do qual, em certo momento, Felipe entrou nu na cama, entre nós dois, e sussurrou no meu ouvido:
— Eu sempre gostei de você, seu imbecil — me dando um tapa forte no rosto — e você nunca percebeu quando eu te disse... — seguido de beijos em minha barriga, indo cada vez mais para baixo...
Eu queria tanto aquilo.
Lucas me dava beijos na boca enquanto aquilo acontecia...e eu arfava.
Acordo com suor gotejando e uma puta ereção.
Tenho que cuidar disso agora.
Gracias por leer!
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