Seu forte nunca fora realmente o escuro, mas achava bonito, no entanto, o contraste produzido pelas luzes naturais que o rodeavam, então acendeu poucas velas para que estas o guiassem o suficiente em suas pinturas. Taehyung era uma pessoal noturna, de uísque e música clássica; para adicionar, deixava sempre a janela aberta para que o vento soprasse sua franja da frente dos seus olhos e ele não precisasse largar os pincéis ou sujar a face com tinta para isso, e de fato, se empolgava tanto em suas curvas e tons que o mundo parecia um borrão no campo fora do seu foco.
Desajeitadamente, sem cuidado algum — com o andado, as maneiras ou o silêncio—, Yoongi adentrou o cômodo, fazendo parte daquela tela alaranjada ao sentar-se no divã à frente do Kim.
— Insônia?
— Desejo— sorriu. Pela sombra Taehyung diria que soava malicioso, mas não queria arriscar.
A porta estava aberta.
—Do quê?
Yoongi relaxou, esticou-se no estofado e apoiou a cabeça no braço dali, encarando o teto como se fosse o próprio céu estrelado. Taehyung fez o mesmo ao observá-lo, enxergando na maneira como suas pernas estavam cruzadas, os pontos exatos entre uma estrela e outra que formavam tal constelação.
— Sempre tive medo de ser muito óbvio, Tae— sugeriu.— Eu gosto de mistérios.
— Imaginei— confessou.
— Mas as suas pinturas, elas...— Em um suspiro,se direcionou ao pintor,sorrindo ao constatar o olhar atento do outro sobre si. Gostava de ser deslumbrado.— São tão nuas, tão... expostas. As meninas, se deitou como alguma delas?
— Algumas— deu de ombros, tentando soar firme.— Para conhecer melhor seus corpos.
Firme quem será ao ser despido pelos olhos tentadores do Min? Taehyung quase sente a pele ser arrancada de si, o coração apertando em seu peito e a respiração se tornando mais pesada. Laranja ficava bem sobre a pele clara do moreno, era uma tonalidade que o Kim tinha na paleta e adoraria usá-la pintando-o.
— Quero perder esse medo— Yoongi falou, levantando-se de supetão para arrancar um ofego de surpresa do mais novo ao abrir o primeiro botão da camisa.
Taehyung se concentrava em arte: música, pintura, Yoongi. Na ocasião, o terceiro citado era obra-prima, desafivelando o cinto para que as calças caíssem aos pés, revelando toda a extensão da pele pálida, coberta pelos contornos matizados das luzes acesas na sala, e o membro solto entre as pernas assim como o sorriso cortês em lábios, como se fizesse um favor ao propor aquela aventura de descobrimento; por último, um certo rubor lhe adornava a face. Completamente nu.
— Vergonha?— Taehyung perguntou, sorrindo. Nas mãos, o pincel tremia.
— Incerteza, quero sair tão bonito quanto as francesas que você pinta.
— Você estará mais bonito do que qualquer francesa quando terminar, Yoongi— prometeu.
Achou difícil, no entanto, cumprir tal promessa com o calor que lhe fazia suar e grudar os cabelos na testa, talvez por conta das velas espalhadas pelo local ou talvez fosse o desejo. E o olhar carnal que não conseguia desviar do corpo de seu muso, o rendendo um endurecimentonas calças que era melhor esconder por ora.
— Qual curva é sua preferida?— Yoongi perguntou, fingindo desinteresse o que o deixava ainda mais excitante.
— As perigosas em que tenho que me arriscar,na estrada, na vida ou no seu corpo.
Ele estava certo, afinal, aquele tom gélido do laranja combinava perfeitamente com o contorno que pintava para o corpo do mais velho e o pálido da sua pele oassemelhava a uma tela em branco, pedindo para ser preenchida de cores.
— Não vejo você em risco daí— riu, mordiscando o lábio em uma provocação visual àquele que de si, não tirava o olho.— Se está tão difícil, por que não se deita comigo?
— Yoongi...
— Tem algum problema com homens?— Yoongi franziu o cenho, saindo da posição em que estava para caminhar até o pintor, sentando-se em seu colo.
— Tenho um problema maior com você—Virou o rosto e retirou os óculos, suas palmas automaticamente se instalando na cintura do outro homem, prendendo-o firme ali como cimento.— Sua boca não me deixa em paz. Quando fala,sou nocauteado, quando fica em silêncio, desejo beijá-la.
Só ali percebeu que ele mesmo fazia parte da pintura alaranjada e agora não definiria forma pois era árduo tentar explicar o que estava acontecendo ao ver a figura dos dois tão próximas. Yoongi raspou os lábios pela face do Kim, beijando-o demoradamente em certos pontos que fizeram este suspirar. Sua nudeznão o incomodava, e nem a Taehyung, tinha certeza.
— Então beije.
O raspar inocente deixou de ser inocente para se tornar um contato curioso entre os lábios amigos, e disso para um beijo selvagem que envolveu Taehyung na luxúria que deixara de sentir há muito tempo julgando má, mas Yoongi era a maldade em corpo humano. Tocou-o com força, querendo tirar a própria camisa para se dar ao Min, deixar que ele brincasse consigo. Sabia o tipo de desejo que tinha levado o outro para aquele quarto escuro naquela noite, e sentia o mesmo.A paleta de cores caiu das mãos quando agarrou o menor pelas costas, fazendo com que esse o abracasse com as pernas em um convite implícito para fazerem amor no divã que estava na frente de ambos. Taehyung aceitou a boca e o convite, acabando por raspar a palma suja de tinta na pele nua de Yoongi.
— Sinto muito— sussurrou.
— Essa cor não combina comigo?— sorriu o mais velho ao passo que o Kim descia com a boca para seu peito, mordiscando-o.— Faça de mim sua obra-prima.
Arrancou do menor mais um beijo avassalador apenas porque gostava dos favores de troca do oxigênio, daquela forma deliciosa e submissa de Yoongi.
— Pintarei você com os mais belos tons, não se importe, Yoongi. Em minhas mãos, você será uma obra de are.
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