matheus-campos1570152299 Matheus Campos

Debaixo de uma árvore isolada, 5 folhas, uma história.


Cuento Sólo para mayores de 18.

#life #message
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Memórias

Quanto tempo já fazia desde aquele dia?

Aquele dia que o vento levou, a tanto tempo atrás. Ou teria sido ontem? A passagem do tempo já não existia mais para mim, o homem que o tempo esqueceu. Os pássaros aqui já não gorjeiam mais como os de lá, lá atrás quando ainda pensava num próspero futuro, aquele tempo lá que vestia um sorriso por dia sempre buscando a grandiosidade.

Ah mas se ao ler meus pensamentos diários pensa que me arrependo de algo está muito errado, caro leitor, arrependimento é algo que não tenho o direito de ter. Se errei ou se erro ou até mesmo se estarei a errar num futuro próspero é pensamento para meus banhos matinais, que o ralo absorva essa água de mim o quanto antes pois a mim não me interessa a vida esponjosa, se sou permitido a escolha vivo de canoa por esses mares. Sem vela nem mastro quão menos um par de leves remos ilusórios de passagem, não há meia necessidade de interferências por minha parte, uma vez que as curvas se amarram como nós cegos nem a mim cabe mais a função de enxergar.

Aqui escrevo, nesta simples árvore num canto elevado que já estava marcada com corações de casais de épocas passadas, nesta simples carta que nem valor mais tem por falta de uma placa de notas sujas coloridas que deram valor a algum tempo atrás. É aqui onde deixo minhas memórias, aquilo que os mais grandiosos denominariam legado, porém a nós camponeses só o que nos resta para partilhar são as famosas migalhas do pão de ontem, dizem que apenas comida estragada não se come então como todo bom samaritano entrego estre prato a sua faminta curiosidade pois a mim, não serve mais.

Quem sabe não tenho a sorte daqueles artistas que ouvia tanto os nomes em minhas aulas em época de escola, aquelas aulas que tantos queriam poder assistir novamente uma última vez quem sabe assim encontraríamos os valores que tanto nos prometiam, ah mas, pessoalmente eu estava sempre com minha atenção grudada em minha professora cujo o nome já me desaparece como muitos outros, a mim interessavam muito às tragédias dos grandes gênios, aqueles que em vida de nada serviram aos olhos julgadores da sociedade, porém na diversidade atual se encaixam na categoria “Heróis que a história esqueceu”. Quem sabe não entro nesta categoria, quem sabe assim mesmo do outro lado do além poderia eu escutar novamente meu pai me dizer o quão orgulhoso está de mim.

Por mais que a uns anos atrás me consideraria nada além de um dos tolos da humanidade percebo hoje que, mesmo durante minha desistência, vejo luz no fim do longo túnel da existência, uma luz clara, porém que não há função de me cegar e acima de tudo me traz a sensação de um cão vendo seu dono e sendo puxado por sua coleira, poderia eu agora fechar meus olhos e seguir na direção em que a vi pois a mim iluminar uma luz de confiança imensurável. Vejo uma luz, porém sei que está a muitos quilômetros de mim, mesmo assim, ando, não corro mas ando, nunca há de se apressar pois paro de andar pela grande floresta da incerteza e encontrar-me-ei com a verdade.

Desde minha infância, bem como qualquer ser humano, tive sonhos. Sonhos lindos, de um futuro distante o qual almejava, sonhos que me faziam abrir os olhos no próximo dia sempre com aquelas imagens em mente. Porém a vida me lembra muito o meu medo de dentistas, que nunca perdi de fato, sempre uma grande espera para uma operação agoniante que mal me satisfaz. Os dias vão passando e a memória o vento vai levando então lhe pergunto caro leitor que me acompanha com tamanha atenção: Se a memória daqueles sorrisos me falha, se aqueles caminhos não passavam de ilusões, se tudo que almejava é tirado de mim sem a menor chance de levantar protesto, o que me sobra?

Sou um homem que nunca se perdeu, nunca fraquejou, porém mesmo assim perdi o que mal tinha, pouco a pouco, até que me olhava no espelho todas as manhãs procurando respostas num rosto de meia idade que nunca viveu nem viverá. Se ainda está a meditar na reposta de minha pergunta eu peço que a deixe de lado e me responda: Quem sou eu? – Eu sei bem do que fiz, tenho noção completa de minha vida, mas quem realmente sou eu?

Não sou autor de grandes livros quanto menos um astro de televisão então quem seria eu e por quê “Eu” estaria nesta situação? Seria isso a força divina das religiões aplicando seu julgamento? Seria eu merecedor deste destino? Se há de ter tanta dor em minha vida o que pensar daqueles que cometem pecados grandiosos ao ponto de serem exilados da sociedade? Deveria “Eu” sentir pena de tais seres ou será que, em realidade, nenhum de nós terráqueos mereça pena afinal, ninguém nos força a viver de certa forma.

Mil perdões por descarregar tal quantia de dúvidas em suas contas afinal são problemas meus e não algo que você como leitor deveria se preocupar. É simplesmente difícil pensar em tópicos para alguém que nem sei se irá terminar a leitura. Sei que está aqui para entender a minha história, mas não entendo nem a mim mesmo, o melhor que posso oferecer são relatos. Relatos de fatos que ocorreram a mim e quem sabe assim alguém finalmente compreende quem sou o suficiente para relatar aos demais.

Sempre fui reservado, até demais, ao ponto de meus amigos mal lembrarem de meu aniversário, não que eu o comemore. Já fazem 3 anos que não tenho celebração para fazer, o dia de meu nascimento você diz? Achei que para celebrar isto o nascido teria de ser alguém para se orgulhar não? Que orgulho teria o homem que ninguém nem tem a coragem de tirar a vida na calada da noite por pura pena?

Todavia achei necessário que, enquanto mantenho minha sanidade, deveria relatar minha jornada, por mais desinteressante que esta seja, para no mínimo um indivíduo que queria dar a este homem a escuta. Por menor que seja, agradeço desde já a paciência com a leitura, eu simplesmente tenho muito em minha mente ao mesmo tempo, muita poeira amofumbada no fundo de um cérebro mal utilizado e, apesar da ironia, extremamente inexperiente.

Empregos? Não houveram muitos. Na época de minha juventude, juventude digo algo mais próximo de meus 20 anos, o desemprego estava em alta, mal via meus antigos colegas de ensino médio empregados o que se diz de meus vizinhos em seus 30 e muitos anos, anos quais nem seus estudos chegaram a terminar. Pobres cidadãos de bem olham para o céu azul e veem cinza, e continuam a ver até o fim de suas vidas, vidas longas pois seu próprio instinto de sobrevivência da periferia afinal mal podem pagar por seus caixões. Nesta nota deixo uma pergunta a você leitor, por quê dinheiro é tão importante? Folhas sujas de papel nunca fizeram bem a minha vida.

Mas de fato trabalhei, algumas lojas aqui e ali, porém nunca durei muito por conta de minha própria incompetência. E como sei que foi minha culpa? Oras se até minha própria e falecida mãe me dizia isso vez por vez. O dinheiro que ganhava? Só o suficiente para meu sustento pessoal, as contas de água e luz me saiam cada vez mais baratas conforme minhas porções diminuíam junto a minha baixa estima, nesta nota espero que as páginas não estejam muito molhadas para o seu conforto, se vir um lenço nesta página favor use-o bem, deixei, pois, me importo contigo bem como me importava com meus antigos amigos.

E não ouse sentir pena de minha existência inútil nos olhos da sociedade trabalhadora, a mim deve olhar com desgosto afinal, a única coisa que deixei para trás foi uma cópia deste livro que sinceramente não me vale de nada quanto mais a ti, sua paciência já é algo que estou ocupando a tempo demais não acha? De fato, com o tamanho deste livro não o venderia por nem meio centavo, me deixa abismado o fato de alguém estar a ler minha mini obra neste momento

Ah sim me lembrei a onde estava indo em meus relatos, minha residência oras! Afinal não há quem viva sem casa correto? Principalmente que sobreviva tanto quanto eu sobrevivi para deixar estas páginas para trás. Retornando, herdei a casa de meus pais e o terreno de meu avô, terreno este que seria de meus tios se estes também estivessem vivos até então. Usei-me da oportunidade para me isolar do mundo que tanto me rejeitou, trabalhei em casa por merrecas para poder tomar minha água todos os dias e comer um pouco de arroz. Como pode suspeitar, sim, este foi o momento em que desisti deste mundo podre cheio de sangue, só o cheiro do gás carbônico de minha cidade já era o suficiente para me deixar paranoico com meu sistema imunológico, mesmo que por sua grande maioria meus problemas viessem de minha cabeça ao invés.

4 de Octubre de 2019 a las 01:35 0 Reporte Insertar Seguir historia
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