schumanntina Tina Schumann

Aquele havia sido o ultimato de Kushina, Naruto tinha noção daquilo. Entendia por completo à reação da matriarca ao dizer que não queria um dia chegar à receber à notícia de que seu filho havia sido morto em uma briga de rua. E era por isso, apenas por esse motivo, que havia aceitado as condições impostas por ela, que era: morar com seu pai e a nova família.


Fanfiction Sólo para mayores de 21 (adultos).

#naruto #sasuke #lgbt+ #+21 #drama #drogas #sexualização #preconceitos #homofobia #brigas #palavras-de-baixo-calão #bromance #romance-gay #SasukeXNaruto
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Prólogo

Kushina sabia muito bem que Naruto seria dor de cabeça constante quando viu seu rosto pela primeira vez, os olhos azuis transmitiam isso: Problema!
E como toda mãe tinha seu instinto, ela tinha o dela, mas ela não imaginava que a rebeldia de seu filho chegaria à aquele ponto. Tinha noção que o lugar na qual eles viviam podia ter uma certa influência sobre o menor, mas jamais havia sequer passado por sua cabeça, que ele se deixaria ir tão fácil. E, quando recebeu à ligação dando à notícia do que havia acontecido, sentia que seu coração fosse parar naquele instante.
Mas não parou, coração de mãe é aprova de tudo, era isso que sua tia dizia e bom, aquilo havia acabado de ser comprovado.
Quando se viu sem saída, quando a possibilidade de seu filho ser tirado de si começou à ser cogitada, quando enfim caiu à ficha, quando percebeu que poderia nunca mais vê-lo, resolveu que seria ali que iria recorrer à uma pessoa que jamais achou que chegaria à pedir ajuda novamente. Mas seu orgulho estava sendo pisado com força, porque aceitava qualquer coisa, menos perder à única razão de seu viver.
Às orbes azuladas percorriam por cada canto do ambiente, pairavam sobre à mancha sobre o carpete para em seguida ir para o teto e ver a infiltração que se instalava ali. Engoliu seco enrolando o dedo no fio do telefone, chamava e chamava, sentia que à qualquer momento seu coração pularia pela boca, mas não aconteceu.

- Alô? - A voz em meio à um suspiro soou do outro lado da linha, sentiu seu estômago torcer.

- Hã... eu poderia falar com Namikaze Minato? - Por fim falou, após uma longa pausa em busca de coragem.

- É ele. - Respondeu à voz do outro lado, impaciente. - Quem gostaria?

- Minato, sou eu, Kushina. - Pousou os olhos sobre os próprios pés descalços no carpete.

- Há, oi! Tudo bem? Aconteceu algo? - Questionou surpreso.

- Na verdade não, e sim, aconteceu algo. - Falou, à coragem não aparecia.

- O que houve? - À voz soou desperta e curiosa.

- Hãn... O Naruto...- Esfregou os dedos dos pés constrangida, mesmo que não pudesse ser vista, sentia-se envergonhada por recorrer à esse meio e sabendo às consequências disso.

《》

Ao atravessar à porta giratória, Naruto sabia que à situação não estava boa para o seu lado. Kushina o esperava do lado de fora, dentro da picape do tom amarelado. Ao adentrar no veículo, à mulher sequer dignara à olhá-lo. Os olhos presos à frente, no nada.
Inspirou fundo esfregando os fios loiros, bagunçando-os mais. Estava deplorável, de bermuda e camiseta. Roupas do basquete, à uma semana com a mesma roupa. Precisava de um banho. Deixou-se cair no encosto do banco, afundando ali. Se tinha uma coisa que o assustava era a quietude da matriarca e aquilo nunca era sinal de boa coisa.
O caminho todo até sua casa, foi silencioso e mortificante, fazendo à ansiedade se instalar em seu estômago e o fazendo rodar. Moravam em um bairro não muito movimentado, mas também não era o dos mais seguros, as pessoas que ficavam na rua era apenas por um motivo: Tráfico.
Morar na Filadélfia nunca havia sido um problema para Naruto, mas para sua mãe nunca havia sido motivo de orgulho. O emprego dela era de diarista, recebia menos que um salário e aquilo significava não poder ir para um lugar melhor e seguro, e bom, Kushina detestava o modo como havia se adaptado à aquele lugar.
Entrando em sua casa, à primeira coisa que fez foi remover os malditos tênis de esporte e então se espreguiçou. Kushina jogou às chaves sobre à mesinha ao lado da porta e removeu o próprio casaco, jogando-o sobre o corrimão da escada. Observou em câmera lenta à mulher virar-se e disferir-lhe um tapa ardido em seu rosto.

- Uma arma, sério? Em que lugar você estava com essa maldita cabeça de merda? - Kushina estava com os olhos lacrimejados, transbordando não apenas lágrimas mas também mágoa. Nada podia fazer naquele momento à não ser abaixar à cabeça, estava errado de tantas maneiras que entendia completamente como sua mãe se sentia. - Por quê? - Questionou passando às mãos sob os olhos deixando uma vermelhidão ali.

- Não sei, para proteção talvez. - Murmurou esfregando a nuca, não conseguia fita-lá diretamente nos olhos.

- Por alguma razão, você acha que isso é jogo, isso não é um jogo, Naruto! - Naruto tentou justificar-se, mas Kushina não permitiu. - Você está carregando uma arma nas ruas, para se proteger?

- De caras perigosos mãe! Você sabe como são às pessoas desse bairro. - Protestou.

- Isso não é motivo Naruto! Você foi preso, sabe como eu fiquei desesperada? - Bradou Kushina, impaciente. - Se continuar com esse pensamento, de que uma arma resolve tudo, você vai acabar morto!

- Eu sei, eu sei! Me perdoa, isso não vai se repetir. - Murmurou, estava arrependido era fato. Não havia pensado nas consequências no momento em que aceitou a arma de Kiba.

- Claro que não vai se repetir. - Kushina falou enquanto inspirava fundo, sentia seus pulmões arderem por falta de ar, não conseguia respirar.

- Como assim? - Indagou confuso, enfim olhando à mulher diante de si, que agora passava às mãos pelo rosto, impaciente. - Mãe, como pagou à fiança? - Perguntou desconfiado.

- Olhe para você, olhe para você! - Kushina apontou antes de empurrá-lo contra o sofá. Naruto abaixou à cabeça. Você só não está na cadeia, porque seu pai pagou à fiança. Ele deu um jeito. - Disse por fim, Naruto arregalou os olhos indignado.

Naruto desviou de todos com precisão, para então acertar a bola na cesta. Se afastou com um sorriso divertido.

- Tão fácil! - Se gabou vendo Kiba revirar os olhos antes de jogar a bola em sua direção.

Esticou os braços para poder pega-lá, mas esta passou reto, acertando em cheio o rosto de um cara que estava próximo dali. Olhou de lado para Kiba e recuava alguns passos e então voltou à fitar o homem, que agora se aproximava com a bola sob o braço.

- Você jogou isso? - Questionou o homem, parando diante de si com o queixo levantado.

- Sim, pode devolver? - Respondeu entre dentes, o fitando de cima.

- Você é estúpido?

O cara jogou o cigarro que estava preso entre os dedos e pisou em cima logo em seguida, amassando-o. Naruto olhou para os lados antes de desferir um soco no rosto do homem, que não demorou para partir para cima.
Quando notou, estava apenas os dois ali. Todos já tinham corrido e seu rosto agora latejava por conta dos socos, quando viu o outro se levantar e levar à mão ao quadril, pensou em correr, mas não correu.
No mesmo momento que o cara puxou à arma, Naruto puxou à sua, presa no elástico do short. Presos na própria realidade, nem notaram que à polícia agora corria até eles e então correram. Naruto para um lado e o cara para o outro, parou apenas um segundo para agarrar à própria mochila, mas aquilo foi o suficiente para um corpo pesado cair sobre ele e imobilizá-lo, as pernas e os braços.

O outro cara fugiu.

- O quê? Mãe, você não tinha que...

- Eu tinha, e sabe por quê? Porque se eu não o fizesse, você iria para uma penitenciária e se isso acontecesse, você morreria lá! - Kushina berrou, despejando tudo de uma vez, Naruto à fitava atordoado. - Agradeça à ele quando for para lá, morar com ele.

- O quê? Você não pode estar falando sério! - Protestou, Kushina o fitava impassível. Aquilo não estava aberto à discussões.

- Essa é a única condição Naruto, seu pai pagou sua fiança com apenas essa condição. Ele não pediu nada em troca e nem devolução do dinheiro. Apenas pediu que você fosse para lá, porque se você continuasse aqui, ia ser disso para pior... - A voz de Kushina estava embargada e trêmula e aquilo partia o coração de Naruto, não gostava de deixa-lá naquele estado.

- Mas, você só está fazendo isso porque não tem saída não é? Só porquê foi o acordo... - Kushina fitou o chão, abaixando à cabeça e deixando que os fios ruivos cobrisse seu rosto. - Não é?

- Na verdade, eu penso como seu pai Naruto. Eu sinto que já não tenho nenhum controle sobre você ou sua vida, e por mais que eu fale, por mais que eu explique, você continua se metendo em problemas, me fazendo parecer uma péssima mãe! Que não educa o próprio filho!

- Você sabe que isso não é verdade, você é a melhor mãe do mundo, à melhor que eu poderia ter!

- Se isso é verdade, por que você vive em problemas? - Kushina agora o fitava, decepcionada. - Um dia briga de rua, no outro você aparece em um hospital e agora você briga com arma no meio? Sem contar as que eu não fiquei sabendo não é? E depois vai ser o que? Preso por assassinato? - Kushina falava desesperada, andando de um lado para o outro, às coisas que poderiam acontecer dali pra frente à faziam enlouquecer.

- Isso não vai acontecer, me perdoa, mas por favor, não me manda pra lá. Eu prometo me comportar. - Suplicou se aproximando tentando acalma-lá, mas Kushina se afastou.

- Assim como das outras vezes você prometeu que não faria de novo? Eu te conheço muito bem Naruto, infelizmente eu te conheço e não confio mais em você. - Aquelas palavras cortaram mais que qualquer soco que já tinha levado em sua vida, e não eram poucos. - Lá ele vai te pôr na linha e você vai seguir as regras dele e da mulher, se você quer me ver tranquila e feliz, faça isso por mim. - Kushina pediu, por fim parando diante de si e um movimento Naruto à puxou para um abraço apertado, iria acatar pela primeira vez, o pedido de sua mãe. - Essa é sua última chance, Naruto. É hora de mudanças Naruto, você vai para o Japão.

Apertando mais o corpo minúsculo contra si, Kushina retribuiu o abraço agradecida.

- Obrigada, filho.

Naruto conseguia se lembrar com muita clareza sua primeira vez, não, não é essa que você está pensando. A primeira vez que havia feito uma promessa.

Foi na mesma época em que seus hormônios começaram à se aflorar violentamente, era adolescente claro, mas ainda assim aquilo não era nenhuma desculpa para fazer Kushina passar por aquilo.
Conheceu Kiba, um garoto das ruas, não que ele vivesse nelas, mas era como se aquilo fosse parte dele, coincidindo em: Ele conhecer à tudo e à todos, saber de tudo e de todos.
Não havia nada que o garoto não conhecesse sobra Filadélfia, ele era conhecido, não só por motivos errados. Kiba, apesar de índole duvidosa, mexia com coisas que fazia com que ninguém o visse como uma má pessoa e foi exatamente por isso que Naruto se tornou muito próximo do garoto que parecia ter presas.
Ele, apesar de usar os meios errados, acabava usando para com o intuito de ajudar animais de rua: cachorros e felinos, e em algumas vezes abrigava moradores de rua e isso era algo tão admirado por todos que nunca ninguém imaginava que Kiba comandava boa parte do tráfico da cidade, mas claro, sem nunca envolver um dedo de fato, afinal tinha quem o fizesse em troca de algumas doses e aquilo o fazia um dos maiores transportadores da cidade.
E foi nesse meio tempo que Naruto começou à encaminhar para o outro lado, começou à "desviar", sair da linha.
Conseguia lembrar da sensação como se à estivesse vivenciando novamente, da dormência no corpo, de sua boca extremamente seca. À primeira visão que teve ao despertar, foi dos fios ruivos espalhados por boa parte do lençol branco, lembrava-se da sensação de dormência na mão, por conta do peso sobreposto pela cabeça de Kushina. A sensação úmida, por conta das lágrimas, o barulho agonizante do televisor posicionado ao lado da cama, monitorando seus batimentos, o silêncio ensurdecedor que o fazia ser capaz de escutar as gotas da bolsa de soro pingar, à sensação incômoda da agulha fincada em sua pele. Mas nada, nada nesse mundo, nenhuma dor era capaz de se equiparar à que sentiu ao finalmente encontrar os olhos de Kushina, à agonia e dor transmitidas através deles era como facas o perfurando e o choro esganiçado que veio em seguida, foi o golpe final.

- Me desculpe. - Pediu com dificuldade, sua garganta ardia por falta de líquido e sua voz soava rouca por falta de uso. - Eu prometo, que isso não vai se repetir. - Falou com firmeza, sentindo à visão embaçada para em seguida uma lágrima silenciosa deslizar por seu rosto e então ser seguida por muitas outras.

- Você não tem noção do medo que eu senti, não sabe como eu fiquei apavorada com a possibilidade de você nunca mais acordar, de nunca mais abrir os olhos e eu não poder ter à sensação de alcançar o céu através deles. Naruto, você como meu filho é o único farol capaz de me guiar, você é o fio de esperança que me mantém de pé e se você morre, eu vou junto entendeu? - Kushina falava desesperada enquanto deslizava à mão por seus fios e rosto, como que para ter certeza de que estava ali. - Nunca mais faça isso, eu te peço.

Havia entrado em coma alcoólico, ou melhor, tinha sido induzido ao coma. Depois de três paradas cardíacas e muitas doses de adrenalina, à melhor opção foi apagá-lo e claro sem uma previsão para despertar, ou alguma noção se voltaria à despertar.
Não tinha muito que os médicos podiam fazer por ele, já que havia ingerido uma grande quantidade de álcool e misturado com drogas ilícitas e caso usassem outros tipos de medicamentos, correria o risco de cair em um vício, talvez incontornável.
Foi decisão de sua mãe, ela decidiu que nenhum medicamento seria aplicado em último caso e também foi ela quem decidiu que podiam induzir ele ao coma, e a culpa à corroía por dentro, porque à chance de que Naruto morresse, não eram pequenas.

- Isso não vai acontecer de novo, eu prometo. - Pediu apertando com dificuldade à mão minúscula sob a sua.

Claro que aquilo não tornou à se repetir, havia adquirido um certo trauma com bebidas e drogas, mas aquilo não o impedia de beber com moderação e fumar um ou outro cigarro, claro que Kushina não tinha ciência daquilo.
Mas claro, com à falta da "anestesia" que às drogas causavam, coincidiu nas brigas de rua, porque mesmo sem saber o motivo, Naruto sentia uma dor dilacerante dentro de si que nada era capaz de alivia-lá e bom, o loiro só sabia lidar com à dor de uma forma, causando ela dez vezes pior em alguém.
E como havia prometido à Kushina que nunca mais iria ingerir drogas e bebidas à ponto de morrer, encontrou outra forma de lidar com à dor, não que isso tivesse diminuído alguma preocupação da matriarca. E então começaram às brigas, e isso fez com que surgisse inimigos e foi aí que Kiba o alertou que socos não seriam suficientes para se proteger de certas pessoas e foi exatamente ali que decidiu que aceitaria à ajuda de Kiba, aceitando inconcientemente uma arma.
E isso aumentou seu ego consideravelmente, era não só bom nas brigas mas agora tinha algo à seu favor, tornando-o inalcançável. Entendia que Kiba havia lhe dado aquilo por proteção, e apesar de sempre estar sendo alertado pelo amigo, para que tomasse cuidado, nunca havia o escutado de fato. Até o dia em que fora preso por pura prepotência, e foi ali que se deu conta que não era ninguém, era apenas uma pessoa ingrata que estava dando preocupações desnecessárias para sua mãe.
Não havia recebido um esporro de Kushina, como também tinha levado uma boa bronca de Kiba quando o outro se interara da situação.
O fato era que a matriarca não tinha conhecimento da existência do castanho, e bom, Kiba não mediria esforços para ajudar, afinal ele tinha meios e contatos. Eram amigos, e um defende quando o outro está sendo ameaçado.
Mas Kushina não sabia, e recorreu à última pessoa que Naruto desejava.

Você vai viver com seu pai, essa é a condição.

Minato era uma pessoa detestável, e todos sabiam disso, bom, todos que o conheciam de fato. Um político corrupto com falsas promessas e que achava que à única coisa que importava era aparência, e foi por isso, que mesmo amando Kushina, à abandonou grávida. Porque sua carreira estava sendo ameaçada por se envolver e amar alguém que classe média baixa, ele a amava e sempre tinha deixado aquilo bem claro.

Mas, que bela prova de amor, abandonar à mulher e filho, por puro status.

E então surgiram manchetes, Naruto ainda pequeno, admirava o pai de longe, através da TV e dos tablóides, colecionava jornais que continham as fotos do homem. Esperando ansiosamente pelo dia em que o homem viria buscá-los e tirá-los daquela vida tão ordinária. Kushina sempre havia feito questão de mostrar quem era seu pai, e quando Naruto foi crescendo e tomando consciência das coisas, percebeu que Minato não era o herói de arma-dura que viria resgatá-los.
Era só mais um dos vilões engravatados, como nos quadrinhos. E quando viu o homem exibir uma família perfeita em foto, sentiu que era dado um soco em seu estômago à ponto de roubar-lhe o ar. E foi à partir dali que sua mãe passou à explicar os acontecidos do passado. E todo o amor e admiração, tomou lugar à ódio e rancor. Tudo que tinha do homem foi queimado, a chama refletia em seus olhos e eles transmitiam apenas uma coisa: Ódio por uma pessoa que agora considerava morta.

Kushina teve medo à princípio, mas ficou tranquila quando Naruto continuara igual à sempre, adorável e amável. Carinhoso como nenhum filho era com à mãe, sempre preocupado em deixar bem claro que a amava mais que tudo, e aquilo a reconfortava, porque não precisava demais nada. Todo o amor que recebia de Naruto, servia apenas para transbordar sua completude.
Mas quando os problemas minúsculos começaram à tomar forma, e ganhar espaço, notou que não estava igual. Naruto não estava bem, o ódio que redirecionava à apenas uma pessoa, o estava deixando doente, mesmo que o outro negasse e afirmasse que não precisava de Minato, ela sabia que era mentira.
O loiro havia materializado o pai perfeito, amava-o platonicamente e aquilo foi destruído de forma tão brutal, a decepção foi tão grande que, acabou afetando mais do que imaginava ser possível. Por mais que dissesse que não, o garoto sentia falta de algo e também carregava uma mágoa, porque o pai preferia assumir filhos ilegítimos do que assumir à um que não só era legítimo, mas também que chegara a amá-lo incondicionalmente.
E aquele amor que estava sendo negado à ele e estava sendo recusado nitidamente por Minato, estava matando Naruto de forma indireta.

Brigas, coma, álcool, drogas.

Kushina sabia que tinha criado um bom garoto e aquilo não era resultado de sua criação, era resultado de algo muito maior e foi por isso que tomara à terrível decisão: Naruto iria morar com Minato, e quem sabe assim, ter o que sempre sonhou. O amor de um pai. Era um tiro no escuro e sabia disso, mas esperava de coração que Naruto e Minato criassem um vínculo forte, a ponto de nunca quebrar e assim, Naruto se sentir completo e se livrar de tudo que o faz mau.

De todas as coisas que odiava e poderia listar, à que estaria no topo da lista não era exatamente uma coisa, era uma pessoa: Com nome, endereço e sobrenome - Namikaze Minato.
Ao pisar na área de desembarque, no Japão Naruto sentia seu estômago se embrulhar, talvez fosse ansiedade e se fosse ninguém nunca saberia, e ele próprio preferia pensar que fosse de ódio.
Não sabia qual seria sua reação ao ver Minato, talvez lhe desse um soco, mas nunca iria se sentir emocionado ou essa baboseira toda.
Não estava ali por vontade própria, era um pedido pessoal e depois de tudo que havia feito, não podia negar aquilo à Kushina. Podia imaginar o que estariam fazendo agora, talvez teriam pedido uma comida japonesa que era sua favorita, colocariam algum programa de humor cômico na TV e ficariam no escuro, assistindo e comendo, até adormerecem e Naruto carregar a matriarca para o quarto.
Era um dos poucos momentos que teriam juntos, já que Kushina trabalhava todo o dia e nunca estava com disposição para cozinhar e o loiro sempre tinha sido compreensivo em relação à isso. Trabalhar feito uma escrava para ganhar algo que mal dava para se sustentar, e ainda chegar exausta em casa, mas mesmo assim querer passar um tempo com o filho.
Kushina era perfeita, e Naruto ingrato, não conseguia reconhecer os esforços da mulher e ainda assim tinha tempo livre para mágoa-lá e só por isso aceitou ir morar com Minato, para se redimir.
Fazia pouco tempo que estava longe da mulher e já sentia à saudade martelar em seu peito, não gostava da idéia de deixar à mulher sozinha por lá. Faria de tudo para trazê-la consigo o mais breve possível.
Puxou contragosto sua mala da esteira e a repousou no chão com mais força do que julgava ser necessário, estava de mau humor. Havia sido quase 24hrs de vôo e o único banho que tinha tomado havia sido com lenços umedecidos que tinham distribuído durante o vôo.
Detestava ficar tempo demais parado e quando finalmente esticou as pernas depois de horas, sentiu até um certo alívio.
Analisou ao redor sempre lendo às placas em volta, havia estudado o japonês durante cinco anos na esperança de ir morar com o pai, patético!
Claro que tinha placas em inglês, mas estava finalmente colocando em prática algo que havia sido colocado em uma gaveta durante tanto tempo.
Percorreu os olhos por todo o ambiente movimentado, Minato não tinha perdido tempo. Horas depois de tirá-lo da cadeia, havia telefonado dizendo que já tinha reservado uma passagem. E quando soube que teria poucas horas ao lado de Kushina, pela primeira vez ficou cabisbaixo à ponto de chorar. Claro que a matriarca chorava enquanto tentava tranquilizá-lo e que aquilo seria melhor para ele, e só por isso que tinha se controlado na despedida, porque a felicidade de Kushina iria depender da sua.
Buscou por algo que indicasse que o homem estivesse ali, uma placa que tivesse seu nome nela ou talvez uma cabeleira loira que antes era idêntica à sua, Naruto fazia questão de mostrar o quão era parecido com o pai no passado, mas depois de ser brutalmente desiludido, não queria sequer lembrar da existência do homem, e isso não adiantava toda vez que se olhava no espelho e foi exatamente por isso que havia tingido o cabelo no mesmo tom que o de Kushina. A mulher ficou aterrorizada à princípio, mas depois acho até divertido. E foi assim que esqueceu Minato, e de fato só lembrou dele por conta dos acontecimentos recente.
Ouviu um pigarreo atrás de si, fazendo com que se virasse curioso. Pôde ter uma visão de cima, de fios negros espetados, um tanto peculiar já que a maioria ali tinha o mesmo penteado, menos a exceção minúscula diante de si.
Conhecia o moreno, era um dos integrantes da família de seu pai, ou melhor, um dos filhos da mulher que ele havia se casado. Estreitou os olhos quando percebeu que o outro sequer dava-se ao trabalho de levantar à cabeça, olhando-o de baixo.

- Você deve ser o Naruto. - A voz baixa falou com um sotaque puxado, divertindo Naruto. Que resolveu se aproveitar da situação.

- O quê? - Indagou empurrando o gorro do moletom para trás, revelando a cabeleira ruiva para então cruzar os braços. - O que disse?

Por fim o moreno levantou à cabeça, um tanto contrariado, revelando os olhos ônix que o fitaram diretamente, à expressão de indiferença o irritou.

- Eu vim para te buscar, Minato estava indisponível e me fez esse pedido. - Explicou levando às mãos ao bolso, Naruto permaneceu o fitando confuso. - Céus! Meu inglês é tão ruim assim? - Naruto levantou uma das sobrancelhas, fazendo com que o moreno pendesse a cabeça para cima. - Só me acompanha. - Disse por fim enquanto sinalizava com as mãos e Naruto o seguiu.

Queria dizer para o outro que entendia o que ele estava dizendo, mas vê-lo constrangido estava se tornando um passatempo interessante.
O caminho do aeroporto até à casa em que viveria foi um tanto longo, já que o aeroporto era um tanto afastado da cidade e ouvir o garoto ao seu lado falando em japonês, acreditando o outro não estava entendendo nada, era divertido. Ouvir ele falar ao telefone e dizer abertamente coisas como: "ele é um tanto peculiar" "tem cara de babaca" e a pérola "mal chegou e já detesto tê-lo em casa". Só fez Naruto ter certeza de que não era bem-vindo ali.
Sabia muito bem quem era aquele ao seu lado, Uchiha Sasuke, filho de Uchiha Mikoto e do Falecido Uchiha Fugaku. Alguns anos após a morte de Fugaku, Mikoto se uniu à Minato, não saberia dizer se havia sido por sentimentos verdadeiros ou puro interesse. Os filhos da mulher eram pequenos quando tudo aconteceu, e Naruto chutava que Minato não só os tinha criado, como também servia como uma figura paterna, quando o filho dele de verdade, sequer recebera um olá durante toda à vida, e agora o patriarca exigia sua presença ali. Revirou os olhos antes de bufar e cruzar os braços, recebeu um olhar de soslaio do outro.
As imagens do outro lado do vidro corriam, e por mais que achasse que estava se aproximando da cidade, parecia que estava se afastando. Já que o movimento do lado de fora começava à diminuir assim como às luzes, às casas e prédios tornaram-se inexistentes naquela partida do campeonato e às árvores se tornavam mais presentes. O carro atravessou um enorme portão e casas iguais surgiram, era um condomínio de classe alta, completamente afastado da cidade e totalmente distinto da visão que Naruto estava acostumado à ver. Sentiu sua expressão endurecer quando constatou que Minato e os filhos postiços tinham uma vida de luxo, enquanto ele e Kushina viviam em uma casa com mancha no carpete e vazamento de encanação. Compravam comida na janta e almoçava as sobras.
Apertou os nós dos dedos com força, tentando se controlar ao máximo. Aquilo não era para ele, aquela não era sua vida e aquele não era seu lugar.
Inspirou fundo quando o carro estacionou em frente à uma casa, era idêntica à todas às outras com diferença de que tinha um jardim muito bem cuidado e luzes espalhadas com o intuito de iluminá-lo. Abriu à porta puxando sua única mala consigo, não trouxe nada além do básico, que era suas roupas. Não planejava continuar ali por muito tempo mesmo.
Bateu à porta com mais força do que previu, assustando não só o taxista mas também seu "guia". Seguiu o moreno em silêncio, que parecia tão familiarizado e acostumado com tudo, que chegava irritar. Ele tomava uma posição naquela casa que, ao ver de Naruto, parecia injusta.
Entrou quando o outro abriu espaço na porta e aguardou, vendo-o fechar à porta.

- Tadaima! - O outro falou alto em meio à um suspiro, e não demorou para que uma figura quase que uma cópia dele, aparecesse.

Uma mulher de não mais que trinta anos e um sorriso amigável, surgia de uma porta com um pano em mãos. Ao julgar por sua aparência, sabia que essa estava cozinhando.

- Você deve ser o Naruto! - A mulher falou com um inglês tão ruim quanto o do filho, mas Naruto achou graça, porém não demonstrou.

- Eu acho que ele não entende. - O moreno sussurrou enquanto pendurava as chaves em um suporte na parede. - Até porque inglês não é o nosso forte. - Sasuke levou às mãos ao quadril, pensativo.

- Oh...- A mulher o fitava surpresa e sem graça, Naruto optou olhar tudo distraído.

- Itachi e o papai já chegaram? - Questionou o moreno enquanto se espreguiçava, Naruto sentiu o sangue gelar ao ouvir o termo usado pelo outro.

- Itachi está no quarto, ele chegou avisando que Minato se atrasaria. Eu briguei com seu pai por fazer isso justamente hoje, quando o filho está chegando.

- Conviniente. - Sussurrou para si mesmo, atraindo olhares curiosos com uma mescla de confusão.

- Vou chamar o Itachi, ele estudou o inglês bem mais que eu, deve conseguir lidar com isso. - A mulher assentiu para então o moreno se retirar, Naruto a fitou curioso.

- Está. Com. Fome? - Indagou pausadamente enquanto gesticulava e passava à mão sobre o estômago, Naruto conteu o riso, limitando-se a assentir. - Ótimo, vem comigo. Preparei uma comida muito boa. - Falou enquanto indicava o lugar que acabara de sair, Naruto à seguiu.

A mulher indicou à cadeira para que se sentasse e Naruto obedeceu, sendo servido logo em seguida por uma porção generosa de arroz branco, peixe e algas, acompanhado também por uma sopa de legumes.
Agradeceu com um aceno e passou a comer sendo observado por um sorriso satisfeito, detestava admitir que à comida estava boa.
Havia se preparado para o dia em que iria viver com o pai, sua mãe sempre havia dito que ele viva no Japão, e por apenas esse motivo acabou se apaixonando por comida japonesa e como consequência decidiu aprender a língua também, mas eles não precisavam saber ainda.
Depois do que achou ser longos minutos, Sasuke surgiu acompanhado por outro clone, mais velho. A diferença era apenas as marcas de expressão mais dura e o cabelo cumprido, já o tinha visto em fotos. O primogênito Uchiha.

- Oi Naruto, certo? - Limitou-se à concordar e escutou um suspirou de alívio vir da matriarca. - Sou Itachi. - O outro falou esticando à mão e Naruto permanceu imóvel, fazendo-o encolher à mão constrangido.

- Eu sei quem você é. - Disse por fim, limpando à boca com o guardanapo posicionado ao lado do prato. Tanto Mikoto quanto Sasuke, os fitavam sem entender nada do que diziam. - E sei também que não sou bem vindo, aqui. - Olhou de relance para Sasuke que observava tudo com cara de paisagem.

Itachi o fitou por uns instantes tentando entender, para então corrigir à postura e engolir seco.

- Sabe falar japonês? - Questionou o mais velho, receoso.

- Cinco anos de aula, quase fluente. - Deu de ombros vendo o outro assentir. - Mas até então, ninguém se deu ao trabalho de perguntar.

- Podemos falar em japonês então para que todos entendam?

- Claro. - Assentiu.

- O Naruto, disse que não se sente bem vindo. - Falou Itachi enquanto cruzava os braços e lançava um olhar a Sasuke.

- Mas, por que? - Mikoto questionou confusa. - Foi a comida? - Itachi levantou os ombros em resposta e então o olhar de todos caiu sobre si.

- Eu ouvi algo como "mal chegou e já detesto tê-lo em casa". - Alfinetou vendo a feição do mais novo se endurecer.

- Sasuke, você tem algo à dizer? - A mulher cruzou os braços, reprovando -o com o olhar.

O moreno mantinha a expressão dura e se ele estava pálido de nervoso, mal daria para notar pelo tom de pele.

- Estou em casa! - Uma outra voz soou, fazendo o estômago de Naruto torcer, e tudo o que tinha acontecido ali, evaporou e o nervosismo o dominou.

Seu estômago estava se revirando, tinha vontade de pôr tudo o que havia comido para fora. Estava nervoso, claro que sim! Mas não em sinal de ansiedade, mas sim em uma explícita vontade de levantar daquela cadeira e socar o rosto do homem recém chegado na casa.
Não saberia dizer em que momento o havia feito, em que instante se levantou em seguiu para à sala. Seu corpo não obedecia seu cérebro e era como se seus ouvidos estivessem desativados, completamente alheio às vozes atrás de si que o chamavam insistentemente.
Como descrever o que estava sentindo? Tinha sonhado com aquilo certo? Há muito tempo atrás, quando ainda admirava Minato, quando ainda o queria como um pai, no tempo em que o via como um herói, mas agora...
Olhou com desprezo à figura estagnada no canto da sala, entre à porta e o sofá, a pasta de couro sendo deixada sobre o assento desocupado. Cruzou os braços, sem tirar os olhos do homem, que agora o encarava com curiosidade.

- Uau! Como você cresceu, está quase um homem! Com quantos anos está? - Minato passou à caminhar em sua direção com empolgação, se era verdade ou não nunca saberia, afinal, quando uma pessoa passa à mentir demais, nem ela mesma consegue distinguir à verdade da mentira.

- Você deveria saber, afinal, enche tanto à boca para dizer que é meu pai, sem ao menos me conhecer. - Respondeu vendo-o parar em meio ao caminho em sua direção, o sorriso se desfazendo aos poucos e a feição passou à endurecer.

- Não está sendo justo, Naruto. - Minato acusou, cruzando os braços com certa ofensa.

- E o que é justo para você? Engravidar minha mãe para abandonar ela ou considerar esses dois seus filhos, mas à mim, sangue de seu sangue, renegar. Isso porque minha mãe não tem uma conta bancária gorda e não vem de uma família de "Elite". - Fez aspas com os dedos, dando um passo em direção à Minato. - Estou errado?

- Sim, você está! Eu não deixei sua mãe por nenhum desses motivos. - Minato rebateu desconfortável.

- Há, é? Então está dizendo que minha mãe é mentirosa? - Questionou dando mais um passo, se aproximando do patriarca.

- Eu não disse isso. - Minato resmungou olhando de relance para à entrada da cozinha, onde continha uma pequena platéia. - Podemos conversar em particular, Naruto?

- Não quer que sua família te conheça de verdade? - Falou olhando de relance para os três que pareciam odiar ainda mais sua presença. - Minha mãe disse que você nos deixou apenas porque, você não seria bem visto com ela. Nos deixou com à promessa de que voltaria, que iria nos buscar, e algum tempo depois você aparece, com uma família recém comprada. Assim como aqueles carros de leilão sabe? Que quem der o lance maior leva, é por isso que está com ele não é? - Virou-se para Mikoto, encarando-a com falsa curiosidade. - De todos, o que mais tinha à oferecer, não é?

- Eu não vou permitir que você insulte minha mãe e meu pai! - Sasuke bradou, posicionando-se em frente à matriarca e o irmão mais velho. - Não vou permitir que venha aqui, e insulte minha família.

- Então é simples, pede para o seu pai me deixar ir embora e o resto se resolve! - Balançou os ombros com um sorriso escárnio, virou-se novamente para Minato. - Posso?

- Mas é claro que não! Se eu te trouxe aqui foi por uma razão garoto. Você estava se matando e se auto-preojudicando. Sua mãe sabe, eu sei e você também, aquele ambiente todo não estava te fazendo bem! - Minato falou exasperado. - Eu tenho o direito de intervir quando necessário!

- Você tem o direito de intervir quando convém à você! É isso que quis dizer não é? - Acusou dando mais dois passos em direção ao mais velho. - Porque você não tem direito nenhum sobre mim! Não depois de dezoito anos, não fode! Por que não interviu quando realmente era necessário? Quando tínhamos que escolher entre jantar ou almoçar porque à grana não iria dar para fazer os dois? Por que não resolveu ajudar, quando minha mãe ficava sem comer para que eu pudesse comer? - Berrou quebrando enfim a distância entre ambos e enfim segurando-lhe a mandíbula. - Nós nunca precisamos de você, e não é agora que vai ser diferente. - Cuspiu às palavras, sentindo espasmos por todo o corpo, em resposta à tanto ódio, raiva e rancor acumulado.

- O que você pensa que está fazendo? - Sentiu uma mão puxando-lhe o ombro para que se virasse, não saberia dizer que tinha nos olhos ônix diante de si, mas sabia que tinha uma acusação muito explícita. - Você é um babaca sabia? Ele está te ajudando e é assim que agradece?

- Há, me desculpe. - Levou à mão ao peito com falso arrependimento, sentia-a latejar por conta do soco, mas à dor era gratificante. - Obrigado, por ser o pai que deixa o filho passar por necessidades, obrigado por deixar à mãe dele trabalhar e mesmo assim não conseguir sustentar ambos, obrigado por fazê-lo viver em um bairro perigoso e aprender se defender da própria maneira, eu disse obrigado? Bom, eu quis dizer, foda-se! - Bradou antes de deixar seu punho acertar a tez pálida de Sasuke, e então vê-lo cambalear.

Itachi e Mikoto olhavam chocados para à cena e Naruto estava esperando, pelo momento em que fossem intervir, mas este não chegou e então supôs que aquele era o momento ideal. Sasuke o olhava por cima, raivoso e Minato apoiava o corpo no encosto do sofá enquanto massageava à própria mandíbula.
Não perdeu tempo ao atravessar à porta da sala e deixar a casa, não deu ouvidos aos gritos que o chamavam insistentemente e muito menos se importou se iria ou não se perder ali.
Puxou um pequeno embrulho do casaco, antes de desfazê-lo e tirar o delicado pingente que havia ali. À corrente de ouro era enfeitada por três bonequinhos, Um homem, uma criança e uma mulher. Unidos em um terno abraço, fechou os olhos com força, lembrando-se que não era mais à mesma pessoa de quando o havia comprado.

Os olhos azuis percorriam às vitrines completamente fascinados, indecisos sobre qual seria o melhor presente para se dar à alguém, afinal aquelas coisas que faziam na escola não eram nada legais para se presentear alguém, queria algo bonito que pudesse ser usado e que quando à pessoa o olhasse, lembraria de si. Sorriu ao avistar à corrente escondida, atrás de tantas jóias, à que menos chamava a atenção, mas que com certeza, era à mais bonita.
Bateu o dedo indicador sobre o vidro diversas vezes, vendo-o ficar manchado com suas digitais, mas não se importava, havia encontrado o presente perfeito.

- Iruka, eu encontrei! - Sorriu empolgado enquanto puxava à calça do homem, tentando-lhe roubar à atenção, que antes estava na vendedora.

- Sério? Vamos ver o que você achou então. - Disse o maior, enquanto se curvava na altura da vitrine, para que pudesse ter uma visão melhor do objeto que lhe era mostrado. - Oh, é muito bonito, tem certeza que é esse mesmo?

- Sim, é perfeito! E eu sei que quando eu der à ele, sei que vai adorar. - Falou empolgado, fitando os olhos de Iruka com expectativa.

- Tudo bem então. - Disse o homem, voltando à ficar ereto para encarar à mulher apoiada sobre o balcão. - Vamos querer o pingente de família. - Pediu e Naruto viu à mulher assentir antes de se curvar para pegar o objeto.

- Vão querer que embrulhe? - Perguntou ela, se direcionando à enorme prateleira atrás de si, onde havia embrulhos e laços para presentes.

- Sim, por favor. - Iruka respondeu olhando de relance para Naruto, que mal conseguia conter à empolgação.

Iruka podia-se dizer amigo de Kushina, havia conhecido à mulher a muito tempo, quando ainda era um adolescente e a mesma ainda carregava a enorme barriga de grávida. Sabia das dificuldades que passavam e não se importou nenhum pouco em se oferecer como babá nas horas em que à criança não tivesse na escola, e assim foi feito.
Cuidava de Naruto boa parte do dia, e havia criado um carinho especial não só por ele, mas por Kushina também. Conseguia vê-los como alguém da família, à quem amava e cuidava da melhor forma possível. Sempre comprava coisas insignificantes para agradar Naruto e deixá-lo feliz, já que Kushina não o podia fazer. Mas quando o garotinho com olhos tão azuis, parecendo uma cachorrinho que caiu da mudança, fez aquele pedido, sequer pôde negar.
Ele queria dar um presente descente ao pai, e bom, Iruka o ajudaria com isso.

- Aqui está. - Falou à mulher, depositando à minúscula caixa sobre a bancada.

- Obrigado. - Agradeceu dando o dinheiro à mulher e entregando o embrulho à Naruto. - Agora você vai poder dar um presente à ele no dia dos pais. - Incentivou enquanto bagunçava os fios loiros em um afago, e se sentiu realizado ao receber um sorriso tão sincero e aberto em troca.

Como podia ser tão idiota, como podia sequer por um momento, pensar naquele homem como um pai. Tinha um pai e uma mãe, e ambos eram Kushina e se tinha alguém que merecia aquele presente, era ela. Mas como daria um presente à ela que escolheu pensando em Minato? Havia escolhido com o pensamento de que um dia seriam uma família unida, que jamais se separariam.
Não podia dar aquilo à ela, praguejou tornando à enfiar à corrente no bolso, para então, sentar-se na calçada.
Não sabia onde estava e nem queria, havia simplesmente caminhado com o intuito de fugir e deixar aquelas pessoas para trás, não suportava olhar para Minato, não aguentava olhar pra ele e se lembrar de tudo que passou e sentiu um dia, era como se sua raiva ganhasse força toda vez que o via, era como se um muro começasse à ser quebrado com esforço, e pelas rachaduras, como uma fumaça, à raiva escapava.
Fazendo-o perder todo o controle sobre si, e todo esforço que tivera em ser indiferente à ele, fosse todo em vão.
Pegou uma pedra minúscula da calçada e a atirou com o máximo de força que conseguia, e a viu voar longe antes de sair quicando pelo asfalto até enfim, parar.

- Eu acho que a pedra não tem muita culpa da sua raiva. - Uma voz masculina, que pouco conhecia, mas familiar, soou à uma certa distância.

- Veio me buscar ou o quê? Se for isso, não perca seu tempo e vá embora. - Resmungou sem olhar para o homem, que continuava à andar em sua direção.

- Eu vim para conversar e garantir que não se perca. - Respondeu o outro, com indiferença.

- Que gentil. - Naruto revirou os olhos, antes de fitar Itachi, que agora parava diante de si.

- Minato é uma boa pessoa...- Naruto o cortou com o olhar, deixando claro que não queria ouvir ou falar sobre aquilo. - O que eu quero dizer, é...

- O que você quer dizer é, que ele é bom, só que ele foi bom para vocês, mas isso não quer dizer que ele é ou vai ser bom para mim. - Falou, impedindo-o de prosseguir. - Aos olhos de vocês ele é uma excelente pessoa, mas isso não quer dizer que eu deveria enxergar assim, porque vocês pensam que é assim.

- Não estou dizendo que você deveria ter à mesma visão que nós, quero dizer que você deveria ao menos dar uma chance, afinal sua mãe te deu várias não é? - Naruto levantou-se abruptamente, segurando Itachi pela camisa.

- Você não sabe nada, nada! Sobre minha mãe, então cala à porra da boca antes que eu dê o mesmo presente que seu irmão e o seu pai receberam. - Empurrou-o para trás, bagunçando o cabelo em seguida, não iria durar muito tempo ali.

- Ele é seu pai també...

- Não! Ele não tem nenhum direito para ganhar esse título, não de mim! Minha mãe foi meu pai, ela foi minha família, ele é só o cara que fez uma caridade e doou o esperma, é isso que ele é! - Bradou apontando o dedo para Itachi, que recuou. - Pai é aquele que se faz presente, que cria, ensina o que é certo e o que é errado, aquele que vai em suas apresentações da escola, que te compra um picolé ou que te leva no parque para jogar algum esporte. Ele não fez isso! Mas eu tive pessoas que o fizeram, que preencheram o vazio que ele deixou! Então não, eu não preciso dele e ele não é meu pai! - Falou ofegante, dando às costas para Itachi.

Sentia sua garganta arranhar, os olhos arderem e o pulmão protestar. Estava sem ar, o ar estava fugindo, era com se aquelas paredes que devessem ser à seu favor, que devessem protegê-lo, estivessem se virando contra si. Se fechando, aos poucos, impedindo que agisse com racionalidade, impedindo que o ar entrasse.
Inspirou profundamente, sentindo tudo arder.
Levou as mãos ao peito, sentindo seus pulmões e a garganta se fecharem.

- Ei! Está tudo bem, respira. - Ouviu à voz atrás de si e uma mão sobre seu ombro.

Estapeou à mão, se afastando, sabia o que devia fazer em situações como aquelas, respirar com calma e não se desesperar, mas porra! Era mais fácil falar do que fazer.
Fechou os olhos se curvando e apoiando às mãos nos joelhos, inspirou profundamente e começou à pensar em coisas que o acalmasse.

A risada ecoando por todo o ambiente era como uma melodia, um som agradável aos seus ouvidos, que o acalmava, o fazia relaxar e ficar tranquilo, o som que dizia que tudo ficaria bem. Kushina agora o encarava, os olhos azuis, não tão claros quanto os seus, mas tão intensos e brilhante quanto. Falava sem parar, explicando mais uma vez o que tinha acabado de acontecer, o rosto fino era iluminado apenas pelo brilho da TV, às mãos gesticulavam divertidas, hora ou outra pousando sobre as mechas ruivas que insistiam em cair sobre o rosto, para que ela então, às afastasse.
A cada pausa, um gole novo no refrigerante era dado, para então ser seguido por uma mordida generosa na fatia de pizza. Sorriu divertido quanto o molho sujou o canto da boca, que ela não pareceu se importar.
Era um programa de alívio cômico, o favorito de Kushina. Era uma tradição, toda sexta-feira, se sentavam em frente à TV, rodeados por muita porcaria e aproveitavam o único dia de folga dela, juntos. Havia ficado mais fácil realizar aquilo quando começara à fazer diversos bicos por aí, servindo mesas e limpando cozinhas, sempre conseguia um pouco que podia ajudar com às refeições, mas não o suficiente para às despesas.
Kushina fazia questão de negar qualquer dinheiro que viesse de seus trabalhos, porque sabia que era pouco e mal sobrava para si, então sugerira aquilo, aproveitar o pouco que tinha para comprar muita porcaria e passarem o dia juntos, e a matriarca recebeu aquilo de muito bom grado.
Gargalhou junto de Kushina em mais uma das diversas partes engraçadas do programa, puxou-a para si, abraçando-a. Tinha que fazer o possível para que momentos como aquele, fossem mais comuns, para que estivessem sempre presentes em suas memórias

Sentiu os olhos marejarem e deixou-se cair sentado no asfalto, finalmente se dando conta que não haveria mais a sexta com pizza, que não comeriam tanto chocolate que passariam mal, que não dormiriam mais no sofá com a TV no último volume, e isso não aconteceria por sua culpa.
Ele havia feito aquilo, ele havia prometido à si mesmo que daria uma vida melhor à Kushina, para vê-la sempre feliz, como naqueles dias. Mas tudo o que fez, fora o oposto.
Fizera com que chorasse, se preocupasse e passasse noites em claro no hospital por sua culpa, havia se metido mais em problemas do que poderia contar, não havia feito sua mãe feliz, fizera o completo oposto, suas ações trouxeram as consequências, que os afastaram, e agora Kushina estaria sempre sozinha naquele lugar, sem sexta com pizza.
Sentiu o grito cortar sua garganta, às lágrimas molharem seu rosto e as mãos arderem em resposta aos socos que desferia no asfalto, sentiu braços ao seu redor, tentou se afastar, mas este se tornou mais forte, tentando de alguma forma, acalmá-lo.

Estava longe de Kushina, culpa sua, ela estava sozinha, culpa sua. Tinha que melhorar, tinha que fazer as coisas corretamente para fazê-la feliz, precisa tira-lá de lá.

2 de Septiembre de 2019 a las 16:17 3 Reporte Insertar Seguir historia
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Buny Uzumaki Buny Uzumaki
MOÇA, CADÊ OS OUTROS CAPÍTULOS??? EU VI ESCRITO 1/20 E ACHEI QUE TIVESSEM 20, COMO ASSIM SÓ TEM UM????? EU PRECISO DO RESTO, MOÇA!!!! AAAAAAAAAAAAAAA Deixa eu falar o que achei, misericórdia socorro. Eu gostei TANTO da sua ideia, mas tanto que ai socorro. O Naruto revoltado eu já vi bastante, mas você colocou algo de diferente, ele não é revoltado por ser órfão, sozinho ou algo do gênero. Ele tem uma mãe foda pra caralho, mas a desilusão com o pai eu achei GENIAL, toda a trama envolta do abandono. E CARA!!! Quando me toquei que a nova família seriam os Uchiha já fiquei tremendo pq pensei que seria o Minato com o Fugaku e eu não curto, mas você colocou a Mikotoooo! Tá tudo me surpreendendo tanto! Eu conseguia sentir toda a raiva, frustração, decepção na narrativa do Naruto, ficou tudo muito incrível e bem detalhado. Eu realmente amei e espero que poste em breve, pois eu vou aguardar ansiosa para o próximo. MUITO OBRIGADA POR POSTAR ESSA OBRA DE ARTE PARA NÓS ❤️
September 03, 2019, 04:06

  • Tina Schumann Tina Schumann
    Oiii então, sobre os capítulos eu não percebi que tinha marcado errado :p E sobre seu comentário, tu não sabe à satisfação que da ver que alguém gostou da sua história, comentou e citou coisas básicas como o enredo e a trama, e o seu comentário melhorou 100% do meu dia, incentivos assim são tão importantes para alguém que está iniciando ou está inseguro com à própria história e o seu me deixou tão alegre e satisfeita por ver que realmente curtiu à história!!! Sobre o próximo capítulo já está quase pronto para ser postado em breve :) Obrigada de novo por esse comentário, fico muito feliz por estar gostando ♡ September 03, 2019, 19:47
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