schumanntina Tina Schumann

Tudo o que Naruto sentia, era que aos poucos a escuridão o estava engolindo e que o ódio agora era parte de si fazendo com que se tornasse o próprio demônio das sombras. Quando você ama está propenso a ser machucado e quando acontece isso faz com que você sinta ódio e logo isso entra em um ciclo vicioso em que há justiça, e no fundo dela terá a vingança. Engatilhando um ciclo de ódio. Não poupando ninguém. - Tento apagar tudo de todas as maneiras, mas eu ainda me lembro de tudo. Eu ainda sinto o mesmo de algum tempo atrás. Não é preciso viver muito para perceber que o mundo é cruel. - A voz rouca e embargada fez com que seu coração se partisse em tantos pedaços, que duvidava se um dia conseguiria consertá-lo. "Onde quer que haja luz, haverá escuridão. Pessoas se machucam apenas vivendo". • Personagens pertencentes a Masashi Kishimoto; • História de minha total autoria • Não autorizo qualquer tipo de adaptação, plágio é crime


Fanfiction Sólo para mayores de 18. © Direitos autorais

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00 - Prólogo

Imensurável era a felicidade de seus pais. Enfim estavam aposentados e colocando em prática o sonho tão desejado: voltar enfim para a cidade onde nasceram, cresceram e se apaixonaram. Formando laços inquebráveis.

Mas, não poderia dizer que compartilhava da mesma felicidade que seus genitores, para sua mãe estar ali era uma realização sem tamanho, como se até então esse sonho fosse apenas algo distante e inalcançável, algo impossível. Mas para Sasuke era apenas um castigo, uma forma de deixar bem explícito que ele não tinha uma posição de fala ali, sequer tinha direito à oposições ou discussões.

Uma cidadezinha pacata do interior com nada mais que 20 mil habitantes, aquela cidade que quando o sol se põe, os adultos se sentam na calçada para conversar, as crianças entram em casa depois de tanto brincar, e a cidade adormece.

Um local rural, rodeado por florestas e isolado de qualquer modernidade que o mundo a fora poderia oferecer, esquecida pela pressa da capital em meio à evolução, onde o maior fator econômico era abate de porcos. Estava acostumado com a cidade grande, com tantas luzes que você não saberia distinguir o dia e a noite, havia crescido em Tokyo e estar em um lugar como Konoha era apenas mais um lembrete do que tinha acontecido mês passado.

Com tédio observou através da janela à paisagem passar com velocidade, tudo em um borrão. Andar de ônibus era uma coisa que sempre havia detestado, às paradas intermináveis, a lentidão com que parecia andar e também o fato de que dava a impressão que o tempo passava mais lentamente. Se locomovia em Tokyo através dos metrôs, que era totalmente o oposto dos ônibus e sabia exatamente como e onde descer para seguir seu rumo.

Mas ali, ainda estava aprendendo e era um saco ter que lidar com coisas novas, odiava mudanças. Sasuke sempre havia gostado de rotina, seguir em círculos, saber exatamente o que fazer, gostava do previsível. Odiava mudanças repentinas que o obrigava se adaptar a novas regras.

Prova disso foi a reação completamente negativa que tivera ao descobrir que se mudariam, de qualquer forma, havia pedido para continuar por lá juntamente com Itachi, seu irmão mais velho.
Mas tentar debater com Fugaku era o mesmo que lutar em uma batalha já perdida. A única razão para Itachi ter continuado em Tokyo era por estar cursando a faculdade, o primogênito era o orgulho dos pais. Com as excelentes notas e o currículo impecável, além da evidente responsabilidade desde muito novo.

Ao contrário de Sasuke que havia crescido como uma criança "normal". Brincava e levava as coisas no seu tempo, mas ao crescer começou a dar-se conta da preferência que Fukagu tinha por seu irmão mais velho, e isso acabou com qualquer lado infantil que houvesse em si e então começou a incansável jornada para conseguir chegar ao mesmo patamar do irmão, o que sabia ser impossível pois Itachi era um gênio com o QI elevado, carregava um fardo que Sasuke concluiu jamais conseguiria suportar. Era um peso e uma responsabilidade muito grande e Sasuke não queria ter essa cobrança em sua consciência.

Suspirou resignado ao perceber que o ônibus fazia outra parada, olhou para o pequeno papel preso entre seus dedos, onde estava anotado o local que deveria descer e seguir a pé, constatou que era ali ao olhar a placa do outro lado da via de duas mãos. Jogou a mochila por cima dos ombros e se levantou deixando o automóvel e o vendo se afastar em seguida.

A caminhada do ponto de ônibus até o colégio era bem curta, não mais que dois quarteirões. E justamente por ser uma área estudantil e muito movimentada, era fácil encontrar vários estabelecimentos, uma forma de lucrar com os estudantes. Nas ruas tinha não só mercearias, mas também casas de chá em uma distância razoável para que os alunos fizessem uma parada no fim do horário acadêmico.
Torceu os lábios em uma careta ao analisar o colégio em que havia sido matriculado. Havia três prédios de não mais que três andares posicionados lado à lado, um extenso pátio na entrada assim como no interior deles. Segundo Mikoto era um dos mais renomados da cidade, mas ainda assim era inevitável não fazer uma leve comparação com seu antigo e novo local de estudo.
Revirou os olhos antes de puxar o pequeno pedaço de papel de dentro do bolso e suspirou ao ler as letras cursivas perfeitamente desenhadas no papel "Falar com Haruno Sakura, co-presidente do grêmio estudantil. Irá lhe ajudar com tudo que necessitar".

Teve que se segurar para não praguejar o nome de Mikoto, afinal era sua mãe. Mas seria de grande ajuda que a matriarca estivesse ali para guiá-lo em seu primeiro dia, já que era tão familiarizada por ali, justamente por ter se formado naquele colégio.

Era necessário a ajuda dela para a sua adaptação, afinal havia sido idéia dela retornar ao interior.

Atravessou por fim o portão cumprimentando os porteiros com um leve maneio de cabeça.

Estava incomodado. Se sentia fora da casinha, como se aquele lugar não fosse para ele, ou melhor, como se ele fosse um intruso ali e todos o julgassem por isso. Atraía olhares, sabia que sim, pois todos ali pareciam notar um rosto novo na multidão. E uma coisa que detestava era ter muita atenção sobre si. Se sentia constrangido.

Mas nada o deixava mais constrangido que o uniforme que faziam com que usasse, nas cores azul, vermelho e verde. Meninas usavam blazer, gravata e saia, a única diferença do uniforme masculino era a calça, de restante todos ali usavam uma saia/calça azul, o blazer verde sobre a camisa social branca e a gravata vermelha, detestava camisa com colarinho e gravata, a sensação era de que estava sendo sufocado.

Não que em seu antigo colégio o uniforme fosse diferente, mas por estar no interior pensava que eles não exigiriam tamanha formalidade.

Ao adentrar no pátio escolheu passar reto, não iria distribuir sorrisos gratuitos cumprimentando a todos por aí só porque eles o faziam, como se estivessem de bem com a vida como se nada desse errado, como se tudo na vida fosse perfeito, um mar de rosas.

O que mais se sobressaía ali era a simpaticidade de todos, sorridentes e prestativos. Na cidade grande era cada um por si e se não tomasse cuidado e escorregasse, não exitariam em passar por cima de você.

Não entendia essas pessoas que conseguiam acordar às sete horas da matina e manter um excelente bom humor. Definitivamente não era um deles.

- Oi! - Uma voz fina lhe arrancou dos devaneios fazendo com que girasse a cabeça e encarasse a dona da voz. Franziu o cenho ao ver que a garota mantinha o cabelo na cor rosa, que ia até na altura dos ombros. Os olhos verdes brilhavam em excitação e o sorriso tão aberto que fazia parecer que o pálido rosto alheio fosse rasgar a qualquer momento. Levantou uma das sobrancelhas e revirou os olhos antes de dar as costas para garota e continuar seu trajeto. - Ei! Espera!

- Eu tenho coisas mais importantes para fazer. Então se possível, me deixa em paz, não estou afim de fazer amiguinhos no momento. - Murmurou escárnio apressando os passos. Desviando da aglomeração de alunos que formava nos corredores e tentando de alguma forma despistar a garota estranha.

- Mas eu posso te ajudar! - A frase fez com que Sasuke parasse bruscamente, resultando na desconhecida colidindo em suas costas.

Girando o corpo pôde ver a garota de porte pequeno se afastar massageando o rosto agredido.

- Como você pode me ajudar? - Indagou com ambas as sobrancelhas arqueadas, desdenhoso.

- Sakura Haruno, muito prazer. A senhora Tsunade deixou como minha responsabilidade ajudá-lo em qualquer coisa que precisar. - Esticou o braço fino para frente esperando um cumprimento, e quando ele não veio a garota o recolheu colocando-o atrás das costas, de maneira tímida. - Sasuke Uchiha certo?

- Como sabe quem sou eu? Se nunca me viu na vida? - Indagou confuso.

- Há isso... sua mãe deixou bem claro sua descrição, principalmente a parte do penteado "bunda de pato". - Sorriu amigável gesticulando com as mãos atrás da cabeça, enquanto inclinava o minúsculo corpo para o lado, tentando ter uma melhor visão do cabelo do moreno.

- Era só o que me faltava... - Resmungou fazendo uma nota mental de que deveria repreender Mikoto, por tamanha inconveniência. - Me leve apenas até a sala de aula, o resto eu me viro. - Girou os olhos ao voltar a caminhar, deixando a garota para trás.

- Mas a tarefa dada é, apresentar todo o colégio para você... - Pontuou a garota levantando o dedo indicador, se esforçando para acompanhar a caminhada acelerada.

- Não quero.

- Mas...

Parou novamente para encarar a garota que o fitou atônita.

- Você é um tanto estranha para uma co-presidente... - Analisou de cima a baixo a garota que vestia o típico uniforme e meias negras que iam até quase o joelho e os sapatos na mesma cor, que em nada pareciam confortáveis, e para ajudar o cabelo rosa. - Isso é permitido? - Segurou uma mecha rosada entre os dedos recebendo um tapa na mão em troca, o afastando.

- Desde que usemos as vestimentas corretas, o restante não importa. - Resmungou a menina olhando para o lado oposto.

- Sala.de.aula.

Reforçou o aviso antes de sair andando novamente, mas uma movimentação fez com que parasse voltasse a encarar sua acompanhante que agora estava caída de bunda no chão. As mãos apoiadas no piso um pouco atrás do corpo, os joelhos dobrados de maneira torta e o olhar aflito. À sua frente estava um cara, grande demais para o colegial, o uniforme completamente desalinhado e a pele extremamente bronzeada para alguém que morava em um país como o Japão.

Mas a peculiaridade mesmo era os fios loiros e bagunçados na cabeça, soltando um resmungo o garoto fechou as mãos com força.

- Não olha por onde anda? - Esbravejou impaciente antes de abrir a mão novamente e esticar para ajudá-la. Sakura permaneceu imóvel e ambos ficaram nessa mesma posição por o que pareceram ser longos minutos.

A evidente recusa por parte de Sakura fez o loiro enfiar as mãos no bolso dianteiro da calça, desconcertado.
Olhando para os lados vendo toda a atenção sobre si ele virou-se bruscamente saindo dali.
Mas não antes de lhe fitar com os olhos azuis intensos, que o fez recuar um passo.

Engoliu seco, totalmente desnorteado. Aqueles olhos transmitiam uma frieza que jamais vira em toda sua vida. Transbordavam tantas coisas e nenhuma delas eram boas, já tinha visto olhos como aqueles uma vez e não foi uma das melhores experiências de sua vida e esperava não ter que passar por aquilo novamente.
Se aproximou de Sakura com receio, a mesma já estava de pé alinhando a saia amarrotada, as mãos mesmo que involuntariamente estavam trêmulas.

- O que foi isso? - Indagou confuso, Sakura agora o encarava receosa.

- É, esse é o Naruto. - Murmurou com a voz falhando. - Um aluno como todos os outros e nosso colega de classe.

- Um aluno como todos os outros? - Novamente questionou e logo foi repreendido pelo olhar aflito da garota.

- Vamos, vou te levar para a sala... - Dito isso Sakura saiu andando na frente desta vez, o deixando para trás completamente confuso.

Decidindo ignorar o acontecido, seguiu a garota que se manteve calada o restante do caminho.


- Essa é nossa sala, se quiser pode se sentar comigo eu pedi para que a Ino se sentasse com o Shikamaru. - Pela primeira vez depois de minutos silenciosos, Sakura se pronunciou. Jogando a mochila vermelha por cima da mesa de madeira.

- E por que isso? - Indagou confuso, porém imitando a rosada.

- O Shikamaru senta sozinho, mas ele e a Ino se conhecem desde pequenos, cresceram juntos. Então não é um problema...- Sakura murmurou analisando o ambiente em volta, mas parou quando sentiu os olhos ônix sobre si, esperando por respostas. - Fora o Shikamaru, o único lugar disponível é com o Naruto... e todo mundo aqui sabe que o Nara é um gênio, mas muito preguiçoso por isso sempre afunda nas matérias, mas as pessoas preferem afundar do que ter que sentar com o... - A voz de Sakura sumiu no mesmo momento em que a figura intimidadora de minutos atrás surgiu no ambiente até então barulhento.

E de repente a sala caiu em um silêncio ensurdecedor, o garoto seguiu até o fim da sala. Lá havia uma carteira no canto em uma distância de todas as outras, uma distância bastante significante.

- Conversamos depois. - A rosada sussurrou se sentando. Sasuke olhou ao redor e viu todos repetirem a atitude de Sakura, ficando em silêncio e se sentando corretamente, sem questionar Sasuke fez o mesmo, assim como toda a sala manteve o silêncio e quando a professor adentrou, o mesmo foi mantido.

Era ouvido apenas os barulhos emitidos pelo homem de cabelo grisalho, que afastava a cadeira e pousava a maleta sobre a mesa.

- Soube que temos um aluno novo se juntando a nós... - Falou o homem que escrevia o nome da matéria no quadro negro, Literatura.

Os olhos escuros do professor brilharam quando o mesmo girou o corpo para enfim, encará-los. O rosto era coberto pela gola alta da blusa usada por baixo do blazer, se transformando em uma máscara que escondia 90% do rosto. - Se apresente. - Pediu cruzando os braços sobre o peito.

Levantou-se formalmente e girou um pouco o corpo para poder ter uma visão mais ampla de toda a sala.

- Sou Sasuke Uchiha, e é um prazer poder me juntar a vocês nesse ano letivo. - Fez uma breve reverência antes de endireitar-se novamente.

- Seja muito bem vindo Sasuke, o prazer é nosso ter alguém tão inteligente entre nós. Sou Kakashi Hatake, a matéria você já sabe... - Apontou para o quadro atrás de si. - Qualquer dúvida pode me procurar tudo bem? - Indagou e Sasuke maneou a cabeça em concordância. - Sasuke, só quero pedir algo. Quero que forme dupla com o Naruto. - Disse apontando com o indicador para o fundo da sala, onde o garoto que até então se mantinha alheio a tudo levantou a cabeça bruscamente, revelando olhos que transbordavam raiva. Todos agora olhavam de si para o loiro com surpresa, que pela primeira vez se pronunciou.

- Eu não quero e não preciso da sua ajuda, Hatake. - A voz rouca carregada de ódio, fez com que cada parte de seu corpo estremecesse e pela primeira vez sentisse medo. Olhou para Sakura que agora estava com as orbes arregaladas.

- E eu não quero você dando pitaco nas minhas decisões, vá Sasuke você será de grande ajuda para o Naruto. - A ordem veio seguida de um estrondo causado pelo loiro, que tinha o punho cerrado com força na madeira da mesa. - Vá Sasuke. - Repetiu Kakashi que mantinha os olhos vidrados em Naruto. - A partir de hoje você e Naruto Uzumaki formarão uma dupla até o fim do ano letivo. - Sentenciou chocando ainda mais todos ali. Ainda surpreso e sem nenhuma outra escolha Sasuke recolheu a mochila para se retirar, mas antes teve o pulso agarrado.

- Boa sorte. - Desejou Sakura um tanto receosa. E então lhe soltou o braço.

Sem mais nada a dizer acentiu e seguiu até o fundo da sala, arrastou uma carteira encostando-a ao lado da de Naruto. Cada movimento seu era observado, principalmente por olhos azuis que parecia lançar chamas em sua direção, tamanha era raiva que sentia.

Em um movimento o loiro se levantou esticando a mão e como um reflexo em resposta Sasuke se encolheu.

Sentiu seu rosto queimar quando viu que a mão bronzeada estava sobre sua carteira, ameaçando puxar para perto, mas devido sua reação o loiro deixou a mão pender para o lado do corpo e o encarou de maneira incrédulo.

- Achou que eu fosse te bater? - Indagou de forma quase inaudível, Sasuke por sua vez não conseguia formular uma frase sequer.
Fechando os olhos com força Naruto recolheu os materiais e se retirou do ambiente sem olhar para trás, ignorando completamente os chamados de Kakashi que desistente voltou a encarar Sasuke com pesar.

- Sente-se Sasuke, vamos dar início nas aulas. - Murmurou o mais velho, antes de pegar um livro dentro da pasta marrom sobre a mesa.

Depois dos acontecidos turbulentos, a aula seguiu com normalidade até o fim. Naruto não foi mais visto, mesmo no horário do intervalo, as suposições de Sakura era que ele havia deixado o colégio, já que era o único que conhecia o local como a palma da própria mão, Sasuke preferiu não dizer nada sobre o acontecido minutos antes de encontrar a rosada.

Querendo nada mais que se refugiar daquele lugar problemático, Sasuke seguiu até onde achou ser o terraço e por pura sorte ou coincidência, acertou. Mas desejava que não tivesse encontrado, não depois de ver que não estava sozinho.

Aproximou-se da borda do prédio tendo quase uma visão completa da cidade, que era tomada por muitas árvores mas quando tentou pegar o lanche que havia largado no chão seus movimentos travaram e seus olhos cravaram na figura parada ao lado da caixa d'água do prédio, as pés batiam no chão em um ritmo distraído, mas era como se ele soubesse que Sasuke estava ali.

- Parece que não sou o único que precisa de ar puro às vezes. - Era a voz rouca de Naruto, em um sussurro quase inaudível. Se não fosse o silêncio ali, duvidava que tivesse escutado, depois disso tudo que ouvia era o vento assobiando. - Sabe... Saske, certo? Nem tudo que vocês enxergam é de fato verdade, toda história tem dois lados, assim como a moeda. - Disse erguendo o objeto de metal preso entre os dedos, em nenhum momento o loiro dignara-se a olhá-lo. - Toda ação tem uma reação e por fim... a consequência, e eu sou ela. Sou a consequência da ação de muitas pessoas, eu tive uma reação assim como eles, assim como você minutos atrás... mas agora, não mais. Então não julgue o livro pela capa, ou uma história pelo seu final. Você vai tecendo cada linha de sua história, a cada escolha que você toma, uma nova linha ou então uma nova página é escrita. Então se minha história não está agradando ninguém nesse lugar, foi porque eles me obrigaram a tomar certas decisões....- Cada palavra que saía da boca do loiro, continha um pouco de mágoa, rancor... ódio. - Se o mundo vira às costas para você, você vira às costas para o mundo.

- Timão... - Um sorriso discreto surgiu no rosto de Sasuke.

- Disney sempre passa lições valiosas... - Naruto riu amargo. - Pode comer seu lanche e ficar o tempo que quiser, só não diga à ninguém que estou aqui. Principalmente para o Kakashi.

Sasuke acentiu, mesmo que não estivesse sendo visto. Mas não iria ficar ali, se o loiro precisava de privacidade, acataria seu desejo. Com rapidez, recolheu seu almoço e correu para a porta mas, travou com a mão na maçaneta. - É Sasuke... - Sussurrou ouvindo em seguida um riso seco.

- Tudo bem, Sasuke! - Enfatizou o "su" fazendo com que o moreno girasse os olhos antes de se retirar.

Desde o breve diálogo que teve com Naruto, a mente de Sasuke não parou. Se sentindo culpado por ter tido o impulso de reagir a uma pequena ação do loiro e por acreditar no que lhe fora dito. Sakura podia ser apenas uma mentirosa querendo transformá-lo em mais um contra o loiro, e por hora também pensava no que o loiro queria dizer.

Todos estavam criando uma imagem errada dele?

A conversa que tivera com Sakura durante a saída do colégio até o ponto de ônibus, não abandonava os pensamentos do moreno. Tanta coisa estava preenchendo seus pensamentos.

- Sakura será que pode me dizer, por que todos tratam o Naruto assim? - Indagou tentando parecer casual, mas soara como um completo curioso.

- Está bem... - Murmurou a rosada antes de prosseguir - Existe uma lenda sobre a família Uzumaki, uma lenda que dizia que em uma noite de lua cheia uma raposa se transformou em um homem, e esse homem passou a vagar pelas florestas faminto, adoecido e desidratado. Até que em um desmaio de exaustão, fora encontrado por uma camponesa. Essa que por sua vez era tão linda como uma noite estrelada e iluminada pela luz da lua... o cabelo tão longo que balançava com o sopro do vento e tão vermelho que parecia sangue escorrido. Tão gentil, carregou ele até sua pequena moradia e cuidou dele até que ele melhorasse, e quando o homem acordou se apaixonou por completo e então ambos se casaram em união desse amor que sentiram, ela cuidando dele sem descanso e ele por tamanho amor e cuidado. O fruto desse amor não demorou a chegar, uma menina que era o reflexo da mãe, mas havia uma coisa nela que assustou ambos. Havia um espírito ali, e quanto mais essa criança crescia, mais aquele espírito a dominava. Até aquela noite de lua cheia, a menina inconsciente fora domada pelo espírito da raposa que herdara do pai, e então os matou. E quando voltou a si, percebendo o que havia feito... ela fugiu e nunca mais foi vista, mas dizem que ela teve filhos também, mas nenhum deles com sinal da raposa... até agora, Kushina Uzumaki e Minato Kamikaze, a mais recente geração de Uzumaki teve um filho, Naruto Uzumaki, que pela primeira vez depois de séculos herdou o espírito e matou os próprios pais ainda quando criança. Mas dizem que ele não se lembra de nada e nem Kakashi, seu tio e professor ou Tsunade sua vó, ousam contar. Mas todos sabem... essa é a lenda de que vive uma raposa nele e ninguém consegue se aproximar por medo. - Sasuke olhou indignado para a rosada que realmente parecia acreditar naquilo.

- Essa é a maior besteira que já ouvi em toda minha vida. - Resmungou revirando os olhos.

- É a verdade! - Protestou a garota ofendida.

- Se fosse assim, nem os próprios parentes ficariam perto dele então. - Justificou vendo a garota cruzar os braços.

Desde então Sasuke pensava se havia alucinado ou realmente as marquinhas na bochecha de Naruto eriçaram com a raiva e os olhos ficaram vermelhos com tamanho ódio que sentia naquele momento na sala de aula.

Adentrou em sua casa e empurrou a porta com o pé, pendurando a mochila no cabideiro ao lado da mesma. Mikoto estava sentada no sofá que ficava de costas para a entrada, a cabeça pendida para baixo com toda sua concentração no crochê... - Como foi seu dia? - Ou não.

Suspirou se aproximando da mulher e depositando um beijo na face pálida. - Bunda de pato, huh? - Indagou vendo logo em seguida a mulher rir de maneira divertida.

- É a verdade querido. - E por fim os olhos tão negros quanto os seus o fitou, com um brilho de felicidade. Desde a aposentadoria à felicidade de Mikoto era nítida já que agora Fugaku dava toda a atenção que ela quisesse.

- O dia foi meio turbulento. - Resmungou se sentando ao lado da mulher que deixou o crochê de lado para lhe dar a devida atenção.

- Por que turbulento? A matéria aqui está muito adiantada ou fez tantos amigos que agora está exausto com tamanha atenção? - Foi inevitável não sorrir com a imaginação fértil de sua mãe.

- As matérias estão bem atrasadas para um colégio tão renomado... - Zombou recebendo em troca um tapa na nuca, massageou o local agredido com uma careta no rosto. - Não fiz nenhum amigo... Mas, tem um garoto que me deixou intrigado, o modo como é tratado as histórias que contam...

- Ele é tratado de maneira boa? - Indagou Mikoto, Sasuke negou com a cabeça. - Então suponho que as histórias também não são boas... - Sasuke confirmou à teoria da mulher. - E você acredita nesses boatos?

- Não sei, mesmo que brevemente eu tive uma conversa com ele e isso me faz duvidar bastante dos rumores. - Murmurou vendo um sorriso gentil surgir na face da mulher.

- Então confie nele, se todos lá o tratam de maneira diferente, trate-o como um igual...

- Um igual? - Franziu o cenho, confuso.

- É... seja arrogante, xingue ele e faça o mesmo que faz com Itachi. Se ele ver que você não se importa com os boatos, e perceber que você o está tratando como trata a todos, ele vai sentir que não é diferente de ninguém ali e isso vai ser bom pra ele. - E por incrível que parecesse, o que Mikoto disse fazia muito sentido.

- Vou fazer isso. - Concordou recebendo um breve abraço.

Iria fazer a diferença na vida de Naruto Uzumaki.

29 de Agosto de 2019 a las 14:52 0 Reporte Insertar Seguir historia
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