lara-one Lara One

Mulder está frio e distante. Scully está desconfiada. Um caso sinistro e cruel aparece e Mulder não tem como escapar de Scully. Mas ele vai contar a parceira ou vai poupá-la dos segredos que descobriu?


Fanfiction Series/Doramas/Novelas Sólo para mayores de 18.

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S03#06 - EM NOME DO ESPÍRITO SANTO

“Eis aqui a serva do senhor: cumpra-se em mim segundo a tua palavra.”

Lucas 1:38


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

Residência dos McFair – 2:18 A.M.

Helen entra na cozinha. O marido Neil está sentado à mesa. Segura os talheres nas mãos, em frente ao prato vazio. Olhar distante, como que hipnotizado.

HELEN: - Neil?

NEIL: - ... (DISTANTE)

HELEN: - Neil, o que está fazendo? Sabe que não pode comer nada fora da dieta!

Helen olha pro microondas que está ligado.

HELEN: - (INDIGNADA) Neil, isso são horas de fazer uma boquinha? Depois você não consegue dormir! Também pudera, não é mesmo?

NEIL: - ... (DISTANTE) Sim.

HELEN: - Quer que prepare um sanduíche?

NEIL: - ... (DISTANTE) Não... Já estou preparando o jantar.

HELEN: - (SUSPIRA) Tá bom, não vou discutir com você. Se entupa com o que quiser, só não me acorde reclamando de dor no estômago.

NEIL: - ... (DISTANTE)

HELEN: - Vou subir e olhar o bebê. Acho que hoje ele conseguiu dormir. Não chorou de cólicas até agora.

NEIL: - ... (DISTANTE) Ele não está lá.

HELEN: - Como assim, ‘não está lá’?

NEIL: - ... (DISTANTE)

HELEN: - Neil, onde está o Phillip?

NEIL: - ... (DISTANTE)

Helen fica nervosa.

HELEN: - Neil, o que está acontecendo?

NEIL: - ... (DISTANTE)

HELEN: - (GRITA NERVOSA) Neil, onde está o Phillip?

[Som: Mark Snow – Iter]

Corta para o visor do microondas onde o tempo finaliza no zero, dando três alarmes seguidos.

Helen olha pro microondas com os olhos arregalados.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ FORA


BLOCO 1:

Academia do FBI – 8:23 A.M.

[Som: Placebo – Taste in Man]

Scully aproxima-se. Mulder, com um tampão de ouvidos, treina tiro com a mão esquerda. A pontaria é horrível, mas ele tenta acertar o alvo. Tomado de ódio. Scully o observa. Coloca a mão em seu ombro. Depois que Mulder descarrega um cartucho inteiro, sem sucesso no alvo, ele tira os tampões de ouvido. Abaixa a cabeça.

MULDER: - Acertei uma pelo menos.

SCULLY: - ... Mulder, os exames chegaram... Você está com uma pequena lesão no músculo adutor do polegar. O cérebro envia comandos, mas a mão direita às vezes não o recebe.

MULDER: - ... (RECARREGA A ARMA)

SCULLY: - Agradeça que o crucificaram da maneira errada. A verdadeira crucificação era feita nos pulsos. Poderia ter lesionado o tendão do músculo palmar longo e isso seria irreversível. Perderia todos os movimentos na mão direita.

Mulder coloca os tampões no ouvido, numa fisionomia de ódio.

SCULLY: - Mulder, por que não me disse antes que estava com problemas?

MULDER: - ... (APONTA A ARMA PRO ALVO, INDIFERENTE)

SCULLY: - Mulder, eu...

MULDER: - Não diz nada, Scully. Não quero que sinta pena de mim.

SCULLY: - ...

MULDER: - Ainda tenho a mão esquerda.

SCULLY: - Mulder, temos uma investigação na Carolina do Norte.

MULDER: - Algum Arquivo X?

SCULLY: - Talvez... É bem provável... Pra dizer a verdade, acho que não.

MULDER: - Então temos um Arquivo X. Quando você acha que não é, é porque é.

SCULLY: - (MAGOADA) Mulder, por que está agindo desse jeito comigo? Tem sido grosseiro desde que voltei.

MULDER: - ... Desculpe, Scully. Estou num péssimo mês.

SCULLY: - ... (PREOCUPADA) Mulder, acho que precisamos conversar... Sobre nós dois.

MULDER: - (RELUTANTE) Tá.

SCULLY: - No seu ou no meu apartamento?

MULDER: - Em nenhum deles, Scully. E preciso conversar sobre isso também.

SCULLY: - ... Onde vamos nos encontrar então?

MULDER: - Saímos juntos daqui. Vamos pra Carolina hoje à tarde.

Scully sai. Mulder começa a atirar no alvo.


Interestadual de Virgínia – 2:22 P.M.

Mulder dirige o carro. Scully lê alguns papéis.

SCULLY: - Segundo o relatório do legista local, a vítima caiu da janela do segundo andar, quebrando o pescoço.

MULDER: - Motivo?

SCULLY: - Como assim ‘motivo’? Mulder, estamos falando de uma criança de três anos de idade! A mãe se descuidou e o menino caiu pela janela. Sabe que crianças nessa idade são ativas, basta descuidar e...

MULDER: - A mãe não poderia ter matado o menino?

SCULLY: - É isso que vamos investigar, Mulder.

MULDER: - ... (GRITA) Droga!

Mulder pára o carro no acostamento. Desliga-o. Abaixa a cabeça sobre o volante. Scully olha pra ele.

MULDER: - ...

SCULLY: - ... (NERVOSA)

Mulder esmurra o volante várias vezes, irritado. Desce do carro. Chuta o pneu da frente sem parar. Scully o observa, suspirando. Desce do carro. Mulder encosta-se no carro. Está visivelmente irritado. Scully aproxima-se.

SCULLY: - (CULPADA) Deve estar achando que a culpa é minha.

MULDER: - (GRITA) Não disse isso!

SCULLY: - (GRITA) Mas está dizendo! O modo como está agindo diz tudo!

MULDER: - (GRITA) Eu não quero falar sobre isso!

SCULLY: - (GRITA) Mas nós vamos falar sobre isso!

Mulder olha pra ela. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Mulder, assim não vai dar. Sabe que estamos nos atrapalhando como profissionais.

MULDER: - (GRITA) A culpa é minha? É isso que está dizendo?

SCULLY: - Não disse isso.

Mulder esmurra o carro, furioso.

MULDER: - (GRITA) Droga, Scully! Cale essa sua maldita boca!

SCULLY: - (GRITA) Eu não vou me calar! Eu não tenho culpa se você está ficando cada vez mais louco! Mulder, você precisa ver um médico! A sua paranoia está piorando!

MULDER: - (INCRÉDULO) Minha paranoia?

SCULLY: - ...

MULDER: - Ora, Scully, você é quem precisa de um médico!

Mulder entra no carro, zangado. Scully também. Os dois ficam em silêncio.


Residência dos Green – New Bern – Carolina do Norte - 3:44 P.M.

Mulder anda pelo quarto do bebê. Observa todos o móveis e objetos. Scully ao lado de Eve, que chora muito.

EVE: - (CHORANDO) Foi um minuto. Um maldito minuto! Fui atender o telefone e o deixei aqui.

SCULLY: - A janela estava aberta?

EVE: - (CHORANDO) Não... Eu sempre deixava as janelas fechadas... Pra evitar que ele... (CHORA) ... caísse!

Mulder aproxima-se da janela. Abre-a. Olha pra baixo.

MULDER: - Como uma criança de 3 anos poderia abrir uma janela?

EVE: - Eu não sei... Eu estava sozinha, só meu filho de 6 anos estava aqui e o meu... (CHORA) O meu bebezinho!

Mulder olha pra Eve, friamente. Está irreconhecível, age mais como um monstro do que como um ser humano. Scully está desabando de tristeza, reconhecendo-se no desespero da mulher.

MULDER: - Se assumir a culpa, senhora Green, talvez consiga uma pena reduzida. E vai nos poupar trabalho. Ou convença seu marido a contar-nos a verdade. Qual de vocês matou Andy?

Eve olha pra Mulder com ódio, enquanto derruba lágrimas de perda.

EVE: - (INCRÉDULA) Está dizendo que eu mataria meu filho? Acha que meu marido mataria nosso filho? Que um de nós dois o jogaria pela janela? O meu filho?

Scully olha pra Mulder. Morde os lábios.

EVE: - Não deve ser pai, não é, agente Mulder? Porque não tem sentimentos dentro de si. Não sabe o quanto os pais amam os filhos!

MULDER: - Não sabe o quanto não amam também.

Eve fica indignada. Olha pra Scully.

EVE: - Olha, eu... Eu não quero falar com ele, está bem? Se tenho de passar por isso é com você que vou falar. Não com esse insensível.

Eve sai do quarto. Scully lança um olhar de raiva pra Mulder. Vai atrás da mulher. Mulder fecha a janela. Enquanto abaixa o vidro, vê o reflexo de um menino. Mulder vira-se. Vê um garoto de 6 anos na porta do quarto. O garoto olha pra ele, desconfiado. Mulder abre um sorriso.

MULDER: - Oi!

LIONEL: - ... (TÍMIDO)

MULDER: - Quem é você?

LIONEL: - ... (SORRI) Lionel.

O garotinho sai correndo gritando ‘mãe’. Mulder sorri.


Motel Angus – 6:27 P.M.

Mulder anda de um lado pra outro no quarto. Scully entra.

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Acho que este caso não é uma coisa interessante pra você.

SCULLY: - Prometi que não me abalaria mais. Não prometi?

MULDER: - ...

Mulder senta-se na cama. Scully desabotoa a blusa, enquanto tira os sapatos.

MULDER: - O que está fazendo?

SCULLY: - Tirando a roupa.

MULDER: - ...

Mulder levanta-se. Entra no banheiro e tranca a porta. Scully suspira. Atira-se na cama.


6:47 P.M.

[Som: Placebo – Taste in Man]

Scully, sentada na cama, reclinada contra a cabeceira. Com um beiço enorme. Olha pra TV enquanto muda os canais no controle. Mulder sai do banheiro.

MULDER: - Acho que vou investigar mais um pouco.

SCULLY: - (IRRITADA) Investigar o quê?

MULDER: - ...

SCULLY: - O que há pra investigar agora? Não temos provas, não podemos incriminar aquela mulher! Se visse o estado mental dela e do marido, veria que foi um acidente, não um crime!

MULDER: - Mesmo assim...

Scully levanta-se furiosa. Põe-se na frente da porta. Mulder olha pra ela.

SCULLY: - Não vai sair daqui enquanto não conversarmos.

MULDER: - ... Não estou a fim de conversar.

Scully tranca a porta. Olha pra Mulder, segurando as lágrimas, mas com ódio.

SCULLY: - Enjoou? Eu sabia que isso iria acontecer. Eu fui com muita sede ao pote. Eu me entreguei demais!

Mulder fecha os olhos.

SCULLY: - (REVOLTADA) Fala. Fala de uma vez! Ou está pensando que eu sou um clone? Ou que mudei por causa do que aconteceu?

MULDER: - ...

SCULLY: - Eu me lembro de tudo, Mulder. Só peço desculpas por não lembrar do que eu fiz depois do acidente.

MULDER: - ...

SCULLY: - (CONFUSA) Eu sei que tentaram me matar. E eu sei que alguma coisa aconteceu, porque meu corpo flutuou. Não posso explicar porquê não o fizeram. Porque me pouparam. E nem pra onde me levaram...

MULDER: - ...

SCULLY: - Mas isso não te dá o direito de me evitar! Mulder, está me culpando pelas desgraças que te aconteceram? Ou está com nojo de mim como mulher? Por isso está me evitando?

Mulder desabotoa a camisa. Senta-se na cama. Abaixa a cabeça.

MULDER: - Não estou te evitando.

SCULLY: - Mulder, há uma semana, desde que voltei, você não tem sido mais o mesmo... Você se afasta de mim, me evita, e nem sexo nós fizemos mais! Se minha memória não falha, a última vez que você tocou em mim foi antes de eu ir pra Knoxville! Não subestime minha capacidade de percepção.

MULDER: - ...

SCULLY: - Sabe o que eu acho? Acho que esta é a nossa maior crise desde que estamos juntos. Porque você não fala, não se manifesta, não me toca e fica me evitando como se eu fosse um bicho repulsivo!

MULDER: - Scully, eu... (SUSPIRA) Eu... Eu estou passando por uma crise pessoal.

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, você nasceu com crises!

MULDER: - (GRITA) Você sabia quem eu era quando resolveu dividir a cama comigo, portanto não me culpe!

SCULLY: - Ah, é assim? Pois você também sabia quem eu era!

MULDER: - Mas eu avisei pra me deixar antes que se arrependesse! Eu disse pra você arranjar um homem decente pra você!

SCULLY: - Ah, tá bom. É assim? Age como uma criança também em seus relacionamentos?

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, você sempre disse que confiava em mim. Por que não me conta o que está acontecendo?

MULDER: - ...

SCULLY: - Foi o jantar na casa da minha mãe. Eu sei que foi. De lá pra cá você tem me jogado coisas na cara, sob forma de ironia. Depois desse incidente, você tem me evitado... Pensando melhor, acho que a cabana foi o problema. Ou o casamento. Ou talvez as duas coisas. Ou talvez devamos ir pra outra cabana. Começamos numa, tivemos a certeza em outra e vamos terminar em uma próxima.

MULDER: - Scully, eu não quero terminar com você. Eu só estou pedindo pra ter paciência comigo, tá legal? Me dá um tempo, por favor.

SCULLY: - Está assim por causa do que aconteceu com sua mão?

MULDER: - Não, Scully. Estou assim porque estou perdido, confuso e atordoado! Eu...

Mulder levanta-se.

MULDER: - Scully, eu nunca me senti desse jeito, entende? Isso está me deixando doido. Afeta toda a minha vida.

SCULLY: - E eu não posso saber o que está deixando você doido?

MULDER: - Scully, por favor... Eu não quero falar sobre isso.

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - ...

SCULLY: - Alguma coisa a ver com aquela maluquice de me arrastar pra fora da cabana no meio da madrugada e vir pra Washington? Mulder, o que está me escondendo? Por que veio com aquela história de que não quer me contar porque quer me poupar?

MULDER: - (GRITA NERVOSO) Scully, não insista!

Mulder tira a camisa. Vai pro banheiro. Scully suspira. Começa a chorar. Vai até a porta do banheiro.

SCULLY: - Mulder, eu sabia que um dia tudo ia terminar. Eu sabia que eu não era o suficiente pra você. Sabia também que mais cedo ou mais tarde o nosso envolvimento iria atrapalhar os Arquivos X.

Mulder abre a porta. Atordoado.

MULDER: - Scully, eu confesso, tá legal? Está. O nosso relacionamento está nos atrapalhando no Bureau. Não conseguimos mais distinguir nosso trabalho da nossa vida particular. Agora me diga, dá pra fazer isso? Dá pra separar as coisas, quando nós dois não temos nem privacidade pra fazer amor de luzes acesas porque há câmeras e escutas nos nossos apartamentos? Dá pra ficar fugindo ao meio dia, pra almoçar juntos, num lugar distante do FBI? Dá pra ficar escondendo o tempo todo lá dentro que nós dois somos apenas parceiros?

SCULLY: - ... Mulder, eu não me importo! Eu já disse que se isso ficar afetando nossa vida eu saio do FBI. Tenho outros horizontes.

MULDER: - Me deixa em má situação, Scully. Por que eu não saio então?

SCULLY: - Porque aquilo é seu. Você construiu! Você tem obsessão por seu mundo, Mulder. Aquele mundo eu não criei, eu apenas ajudei a construir. As bases são suas, eu não me importo...

MULDER: - Scully, me faça um favor. O maior favor de todos, o maior favor que eu poderia te pedir. Se você me ama realmente, saia do FBI.

SCULLY: - ... (ENTRA EM CHOQUE)

MULDER: - (GRITA) Saia da minha vida! Vá pra bem longe, pelo amor de Deus! O mais longe que puder!

SCULLY: - (SEGURANDO AS LÁGRIMAS) Mulder... Acabou?

MULDER: - ...

Mulder olha pra Scully, com lágrimas nos olhos.

MULDER: - Scully, poderia entender o que é amar tanto pra ter que renunciar esse amor?

SCULLY: - (MAGOADA) Não, eu não entendo. Mulder o que aconteceu com a gente? Achei que aquele mês em que estávamos afastados do trabalho nos provaria que a gente foi feito um pro outro... Tudo estava perfeito...

MULDER: - E foi perfeito. Scully, eu nunca amei uma mulher de tal forma que colocasse os interesses dela na frente dos meus. Scully, eu perdi meu amor próprio por você. Eu aprendi a ser mais humano com você. Eu descobri o significado da vida com você. E eu te devo tanto, que você jamais compreenderia o porquê eu me sacrificaria em te perder.

SCULLY: - Não vou deixar minha carreira por você, Mulder.

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Scully, por favor. Eu nunca gostei de provas de amor, mas eu preciso apelar pra isso. Se você me ama, vai embora.

SCULLY: - Se você me ama, mostra que me ama.

MULDER: - ...

Scully chora. Mulder olha pra ela com piedade. Pense em tocá-la, mais desiste.

MULDER: - Eu...

SCULLY: - (CHORANDO) Estou tão carente, Mulder... Passei por dias horríveis, estou tentando me recompor, e agora que caí e preciso de você, você simplesmente me manda embora? O seu pilar cansou, Mulder. Agora eu tô precisando do seu carinho, do aconchego dos seus braços e você me destrata! Não quer dormir do meu lado, não faz amor comigo... Perdeu a atração que sentia por mim?

MULDER: - Scully...

SCULLY: - Fala! É isso? Apenas se divertiu comigo?

MULDER: - ...

SCULLY: - (GRITA) Fala! Fala seu desgraçado! Fala alguma coisa!

Scully começa a dar tapas nele. Mulder segura os pulsos dela.

SCULLY: - (GRITA COM ÓDIO) Eu te odeio, Mulder! Eu te odeio! Você não é humano! Você não tem sentimentos por ninguém, por nada! Você é apático, frio, insensível!

MULDER: - ...

SCULLY: - (GRITA) Eu te odeio! Você não pode nem ao menos falar o que aconteceu! Você não me respeita! Você nunca me respeitou!

MULDER: - (PRA PROVOCAR ÓDIO NELA) (GRITA) Não! Eu não respeito você. Aliás, me desculpe se pensou que eu iria ficar caído por você, coisa sem graça! Você não é mulher pra mim, tá entendendo? Não temos nada a ver um com o outro!

Scully desata a chorar.

MULDER: - (GRITA) Agora vê se cria vergonha nessa sua cara e vai embora da minha vida! Sua vadia barata! Foi tão fácil conseguir você! Pensei que seria fácil te descartar também!

Mulder sai do quarto atordoado, segurando as lágrimas. Bate a porta.

Scully se atira na cama e chora convulsivamente, encolhida, agarrada num travesseiro.

[Som: Jon Secada – Angel]

Corta pra Mulder, entrando em seu quarto. Mulder atira-se na cama e chora de dor. Murmura o nome de Scully, agarrando-se nos lençóis.

MULDER: - (CHORANDO) Scully... Me perdoa... Mas eu preciso... É pra te proteger...


BLOCO 2:

9:33 P.M.

Mulder sai do quarto, vestido de jeans e com aquela camiseta cinza colada no corpo. Entra no carro. Olha pra janela do quarto de Scully e vê a luz acesa.

Mulder respira fundo. Liga o carro. Desliga o carro. Mulder sai do carro. Caminha até a porta do quarto de Scully. Bate.

[Som: Jon Secada – Angel]

Scully abre a porta, ainda está vestida, olhos vermelhos de chorar. Mulder olha pra ela, segurando as lágrimas. Entra. Scully fecha a porta.

Scully olha pra Mulder, como se esperasse uma palavra, como se as decisões fossem só dele. Naquele momento em que uma mulher apaixonada pouco se importa com a razão, com seu orgulho próprio, com o que pensa.

Mulder, por sua vez, só quer apaziguar a dor que ela sente. Quer dizer o que está pensando, mas quer poupá-la do que ainda não tem certeza.

Mulder só quer protegê-la. Scully só quer entendê-lo.

MULDER: - Eu só queria dizer que eu sou o seu homem.

SCULLY: - ... (COMEÇA A CHORAR)

MULDER: - ... E é meu dever te proteger.

SCULLY: - ...

MULDER: - E eu vou fazer isso. Agora eu vou fazer isso. Porque a criança que você conheceu foi embora. Agora há um homem aqui.

Scully aproxima-se dele. Mulder fecha os olhos. Scully recosta-se nele, deslizando suas mãos pela camiseta de Mulder.

Mulder não a abraça, tem medo. Scully pouco se importa se está cedendo. Sabe que Mulder não vai ceder.

SCULLY: - (CHORANDO) Dane-se o meu orgulho ferido, Mulder ... É muito tarde pra ter orgulho... Eu já te amo demais.

Scully levanta a camiseta dele até o peito. Abaixa-se um pouco e dá um beijo meigo na barriga de Mulder. Mulder fecha os olhos. Scully sobe seus lábios úmidos e semi-abertos pelo corpo dele, desesperada, enquanto abre a camisa.

Mulder segura Scully pelos pulsos. Scully recua, olhando pra ele. Os dois ficam se olhando daquele jeito que só eles entendem, um nos olhos do outro. Mulder solta as mãos Scully. Abre a camisa dela com fúria. Scully fecha os olhos. Mulder desliza as mãos pelos seios dela até seus ombros, despindo-a da camisa. Avança nela, como um desesperado, beijando-lhe o pescoço. Agarra os seios de Scully, descendo seus lábios. Scully se entrega.

Mulder desliza as mãos pros ombros dela, descendo as alças do sutiã. Scully inclina-se pra trás. Mulder a envolve pela cintura com seu braço, segurando-a. Com a outra mão brinca com seu seio, entre beijos e língua. Scully envolve as mãos nos cabelos dele.

Mulder vai descendo pelo corpo de Scully, beijando-a, como um desatinado e louco. Desce a mão pelo corpo dela, até sua coxa. Desliza a mão pra baixo da saia da agente, agarrando-lhe o bumbum, revelando as meias pretas sete oitavos que ela usa.

Scully olha pra Mulder. Mulder ajoelha-se na frente dela, afagando-lhe as pernas. Ergue a perna dela e num desespero, começa a beijar-lhe a coxa, agarrando a perna de Scully com fúria. Scully fica ofegante. Agarra-se mais aos cabelos dele.

MULDER: - (MURMURA) Eu te amo... Eu te adoro...

Scully fecha os olhos e acaricia os cabelos dele.

SCULLY: - (SEGURANDO AS LÁGRIMAS) Mulder... Só me diz por onde você me prende... Por onde você foge... E o que pretende de mimX...

Mulder beija a parte interior da coxa de Scully como um desesperado, deslizando suas mãos por baixo da saia dela. Scully olha pra ele, numa fisionomia de surpresa e felicidade. Mulder tira lentamente a lingerie dela. Scully fecha os olhos.

[Corte]

[Som: Jon Secada – Angel]

Os dois caem na cama nus, Mulder por cima de Scully, a beijando. Scully o envolve em seus braços, entregando-se. Mulder beija o pescoço dela, como se precisasse fugir da realidade, como se ela fosse a fuga. Scully fecha os olhos, agarrando-se ao lençol, sentindo-o entrar dentro de si, com uma ânsia e desespero incontroláveis. Scully solta um grito. Mulder move seu corpo contra o dela, com ímpeto, respirando descompassadamente. Scully geme, ofegante, agarrando-se mais aos lençóis.

Mulder parece fora de si. Ela agarra-se nele, gritando, mordendo seu ombro. Ele respira ofegante, pela boca, de olhos fechados, enquanto Scully sente a respiração dele em seu pescoço. Mulder desliza suas mãos pelo corpo dela, segurando-lhe pela cintura. Mexe seu corpo rapidamente contra o dela. Scully solta gemidos de dor, misturados com prazer. Ele pressiona o corpo contra o dela, num ímpeto. Scully solta um gemido. Mulder repete o mesmo gesto. Scully cerra os olhos. Ele, ofegante e cansado, sai de cima dela, escorregando seu corpo e aconchegando-se nela, a abraçando. Scully continua de olhos fechados.

MULDER: - (OFEGANTE/ MURMURA) Me desculpe... (CANSADO) Não consegui te esperar.

Scully vira-se, abraçando Mulder com força, segurando as lágrimas. Sorri.

SCULLY: - É sinal que estava mais louco por isso do que eu...

Mulder sorri. Beija-a. Os dois ficam ali, abraçados, em silêncio. O medo nos olhos deles é claro.


Rua 46 Este – Nova Iorque – 1:17 A.M.

O Canceroso sai, fechando a porta atrás de si.

Krycek levanta-se da cadeira. Caminha até a janela. Olha pra madrugada agitada da cidade. Olha pro céu. Pega sua jaqueta e sai.

[Corte]

[Som: Placebo – Taste in Man]

Krycek sai do prédio, olhando pra todos os lados. Caminha pela calçada. Atravessa a rua. Entra numa limusine. Fecha a porta.

A câmera focaliza apenas Krycek, que está tenso.

KRYCEK: - Ele está com os Rebeldes. Tenho certeza disso. Armou tudo aquilo pra nos despistar.

Krycek fecha os olhos e respira fundo.

KRYCEK: - Ele não confia em mim. Também não confio nele.

Corta para o outro banco. Marita olha pra Krycek.

MARITA: - O velho inglês também está com ele. Aquela explosão no carro foi uma armadilha. Foi para afastar as suspeitas.

KRYCEK: - Ele está trabalhando ainda pro Sindicato?

MARITA: - Acho que a explosão do carro com o velho inglês foi pretexto para tira-lo da mira da organização. Os dois velhos estão juntos sim, não desconfio o que tramam. Mas o velho inglês está trabalhando por fora, sem o conhecimento dos demais.

KRYCEK: - Nenhum favor vindo daquele fumante é de graça. Vigie o velho inglês, que chamam de Homem das Unhas Bem Feitas.

Krycek aproxima-se dela. Eles trocam um beijo.

KRYCEK: - Vá... Tome cuidado.

MARITA: - Vai seguir os planos?

Krycek abaixa a cabeça, desatinado.

KRYCEK: - Estou confuso, Marita. Muito confuso. Não sei se fiz besteira ou se deveria ter agido de outra maneira. O fato é que Scully ainda está viva.

MARITA: - ... E Mulder?

KRYCEK: - Não confio no Mulder. Não enquanto ele não admitir o que quero saber. Estamos de mãos atadas, porque o imbecil está defendendo o fumante.

MARITA: - Vai matá-la?

KRYCEK: - Eu não sei... Se for preciso, vou ter de fazer isso.

MARITA: - Alex, se isso for inevitável, nada do que fizer vai adiantar. Precisa tentar falar com Mulder.

KRYCEK: - Aquele desgraçado!

Krycek esmurra a porta, com raiva.

KRYCEK: - Mulder é um idiota! Ele não percebe o jogo que está se armando ao redor dele, ele não vê o que vai acontecer. Está desatinado, tentando acreditar que aquele homem tem um pingo de sentimento por ele.

MARITA: - E se tiver? Já pensou que talvez ele tenha algum sentimento pelo Mulder?

KRYCEK: - Se tem, está escondido em algum canto, no fundo daquele coração petrificado. Mas não acredito nisso.

Krycek abre a porta. Marita olha pra ele.

MARITA: - Tome cuidado, Alex.

KRYCEK: - Tome cuidado você. Fique perto do velho inglês. É mais seguro... Eu suporto. Pelo menos está viva. Se eu tivesse tirado você de lá, já estaria morta. Eles não me fariam nenhum favor. Mas o velho é louco por você, aproveite a chance.

Krycek fecha a porta. Sai caminhando pela calçada. Marita o acompanha com os olhos.


3:21 A.M.

Mulder e Scully deitados na cama. Mulder acordado, abraçado nela. Os olhos do agente querem se fechar, mas ele reluta. Scully dorme. Mulder a beija. Olhar perdido. Scully acorda-se.

SCULLY: - Não dormiu ainda, Mulder?

MULDER: - Estou sem sono.

SCULLY: - ... Não quer me dizer o que está perturbando você?

MULDER: - ... Dorme, tá legal?

[Som: Placebo – Taste in Man]

Mulder a beija. Levanta-se da cama, de cuecas. Scully o acompanha com os olhos. Mulder revira as coisas dela sobre o sofá. Scully o observa. Mulder volta com alguma coisa na mão, que esconde atrás de si. Scully ergue as sobrancelhas, curiosa. Mulder enfia-se em baixo dos lençóis.

MULDER: - (SÉRIO) Me dá sua mão.

SCULLY: - (CURIOSA) Pra quê?

Mulder pega a mão de Scully. Algema seu pulso ao pulso dela. Scully dá um sorriso.

SCULLY: - Hum... Que menininho atrevido... Quer brincar de alguma tara em especial, agente Mulder?

Mulder dá um sorriso cansado, sem graça. Fica ali, algemado e abraçado nela.

MULDER: - Pra ter certeza que não vai sumir sem me levar junto.

SCULLY: - ... Acha que eu vou fugir daqui? Eu passei um bom tempo tentando ficar aqui e acha que agora vou fugir dos teus braços?

MULDER: - ... Dorme, Scully.

Scully fica cismada, mas fecha os olhos. Mulder coloca sua mão por sobre a dela. Enlaça seus dedos nos dedos de Scully. Cansado, Mulder fecha os olhos. Coloca a outra mão debaixo do travesseiro pra verificar se a arma está ali. Enfim relaxa.


7:49 A.M.

Mulder acorda-se com o celular tocando. Vai levantar-se e leva o braço de Scully junto. Ela se acorda.

MULDER: - Desculpe.

Mulder pega a chave e abre a algema. Scully olha pra ele, desconfiada. Mulder atende o celular.

MULDER: - Mulder.

DELEGADO (OFF): - Agente Mulder? Aqui é o delegado Corbett. Como está a investigação do caso Green?

MULDER: - Acredito que tenha sido um acidente.

DELEGADO (OFF): - Agente Mulder, gostaria de conversar com você. Há outro incidente que ocorreu no mesmo dia. Não relacionei o fato, porque pegamos o culpado. Mas há uma diferença de horário crucial entre os dois crimes. Ele poderia ter matado o filho da senhora Green.

MULDER: - Estou indo, delegado.

Mulder desliga.

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - O delegado acha que tem um culpado. Houve outro crime no mesmo dia.

Scully levanta-se da cama, enrolando-se nos lençóis. Ergue a mão com a algema pendurada.

SCULLY: - Poderia me dar a chave dessa droga? Isso não combina com a minha roupa.


Residência dos McFair – 9:17 A.M.

O delegado está parado na sala, encostado na parede. Helen chora, sentada no sofá.

HELEN: - Meu bebê... E-estava dentro do microondas...

Scully fecha os olhos, perturbada. As mãos da agente tremem. Mulder senta-se ao lado dela.

MULDER: - (PREOCUPADO) Scully, acho que devia ir dar uma volta. Eu faço isso.

Scully olha pra Helen e sente seu desespero. Mulder começa a ficar nervoso. Observa a parceira.

SCULLY: - Que idade... (ENGASGANDO) ... Tinha o seu bebê?

HELEN: - 28 dias.

Scully sente o corpo amolecer. Mulder levanta-se.

MULDER: - Scully, acho que deixei o farol do carro ligado. Pode verificar pra mim?

SCULLY: - (SEGURANDO AS LÁGRIMAS) Por que seu marido faria isso?

HELEN: - Eu... (CHORA) Eu não entendo! Neil é um bom homem, o Phillip era tudo o que ele mais sonhava na vida... Custamos tanto a ter esse filho...

Scully levanta-se e senta-se ao lado de Helen. Helen se abraça em Scully, chorando. Scully chora com ela. Mulder vai pra cozinha, carregando o xerife.

MULDER: - Pegaram o desgraçado?

DELEGADO: - Está preso, mas disse que não se lembra de nada. Não sabia que tinha colocado o filho no microondas...

Mulder olha pro microondas. Segura as lágrimas.

DELEGADO: - Como um desgraçado pode fazer uma coisa dessas com uma criança?

MULDER: - Ficaria surpreso quantos desgraçados fazem isso com crianças.

DELEGADO: - Mas no microondas?

MULDER: - Existem filhos da mãe pra tudo, delegado. Até pra tirarem crianças de dentro do útero da mãe delas.

DELEGADO: - É, sou contra o aborto também. É um crime covarde.

MULDER: - Não falo de abortos, delegado. Falo de seqüestro.

DELEGADO: - ?

MULDER: - Quero falar com esse homem. Ele não assume a culpa?

DELEGADO: - Não. Disse que não fez isso. Mas a esposa é testemunha!

MULDER: - Acho que há uma ligação por aqui. Vou falar com a senhora Green e depois vou ver esse desgraçado infeliz. Se for culpado, eu mesmo quero assistir a execução, comendo pipocas na primeira fila.

Mulder sai furioso da cozinha.


Residência dos Green – 10:22 A.M.

Eve abre a porta. Ao ver Mulder, faz uma cara de desprezo.

EVE: - O que quer?

MULDER: - Preciso falar com a senhora.

EVE: - Só falo com sua parceira.

MULDER: - Senhora Green, peço desculpas pelo meu comportamento. Acredite, não tive intenção de ferir seus sentimentos.

EVE: - Ah, não teve intenção? Pois espero que nunca passe pelo que estou passando! Espero que nunca tenha um filho levado de você do mesmo jeito que levaram o meu!

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Posso falar com a senhora?

EVE: - Entre.

Eve abre a porta. Mulder entra. Michael, marido de Eve, está no sofá, olhando as fotos do filho no álbum. O filho de 6 anos, brinca na sala com um carrinho. Mulder olha pro menino. Olha pra Michael.

MULDER: - Eu... Eu sei que não fizeram isso. Me desculpe, mas às vezes têm pessoas que fazem essas coisas.

Michael levanta-se. Coloca o álbum no sofá.

MICHAEL: - Sei, agente Mulder. Vimos todo o dia no noticiário coisas assim. Entendo que suas perguntas foram de rotina. Afinal, é seu trabalho, não é?

Mulder sorri mais aliviado. Olha pra Eve, que está séria.

MULDER: - Bom, você disse que estava sozinha com seus filhos.

EVE: - É.

Mulder olha pro menino.

MULDER: - Poderíamos conversar a sós?

MICHAEL: - Lionel, pode ir lá fora um pouquinho?

O menino levanta-se e sai. Mulder olha pra eles.

MULDER: - Lionel é filho de vocês?

EVE: - Claro! Que tipo de pergunta é essa?

MULDER: - Senhora Green, por favor, preciso perguntar.

Michael abraça a mulher.

MICHAEL: - Eve, por favor. Não vai ajudar muito se não respondermos as perguntas, tá bem?

Eve segura as lágrimas e afirma com a cabeça.

MICHAEL: - Lionel é nosso filho... Eu não sei como isto tudo o está afetando... Ele já tem problemas suficientes... Lionel é hemofílico... Contraiu o vírus da AIDS numa transfusão de emergência...

EVE: - Acha que processar alguém trará a saúde do nosso filho de volta?

Mulder fica estranhamente abatido. Parece que tudo que diz respeito a crianças lhe deixa tão vulnerável quanto deixa Scully.

MULDER: - Onde estava Lionel quando você deixou o bebê lá em cima?

EVE: - No seu quarto, ao lado do quarto que era de Andy.

MULDER: - Lionel não viu nada?

EVE: - Não. Felizmente não... (INCRÉDULA) Não está sugerindo que Lionel jogou o irmão pela janela?

Eve afasta-se do marido.

EVE: - Saia da minha casa, agente Mulder! Eu não quero saber se vai ou não nos acusar de termos matado nosso filho, mas não vou tolerar que insinue que meu filho matou o irmão!

MULDER: - Senhora Green...

A mulher sai em prantos pra cozinha. Michael olha pra Mulder.

MICHAEL: - (SEGURANDO AS LÁGRIMAS) Senhor Mulder, não está ajudando muito...

MULDER: - Me desculpe. Senhor Green, não estou dizendo que Lionel fez de propósito.

MICHAEL: - O que está sugerindo então?

MULDER: - Seu filho morreu às duas da tarde. Na madrugada seguinte, um bebê de 28 dias foi ... assassinado.

MICHAEL: - Acha que meu filho foi assassinado? Pelo mesmo sujeito?

MULDER: - Não. Acho que há alguma coisa estranha por aqui. O bebê foi morto pelo próprio pai, que não se lembra do que fez. Talvez seu filho tenha sido morto pelo irmão, que também não se lembra do que fez.

MICHAEL: - Agente Mulder, estou confuso.

MULDER: - Senhor Green, vou mandar a agente Scully vir falar com seu filho. Quero que ele faça uma bateria de exames.

MICHAEL: - Saia daqui, agente Mulder. Não vou mandar meu filho fazer exames. O senhor é quem precisa deles.

O homem abre a porta furioso. Mulder sai. O homem bate a porta.

[Som: Mark Snow – Iter]

Mulder suspira. Vê Lionel no jardim. Mulder aproxima-se. O garoto brinca com uma bola. Olha pra Mulder, desconfiado.

MULDER: - Oi, Lionel. Bonita essa bola.

LIONEL: - ...

MULDER: - Gosta de futebol?

LIONEL: - ... Gosto.

MULDER: - Eu também.

LIONEL: -...

MULDER: - Lionel, sabe me dizer o que aconteceu com seu irmãozinho?

O menino aponta pra janela do quarto de Andy.

MULDER: - Ele caiu?

O menino afirma com a cabeça.

MULDER: - Viu quando ele caiu?

O menino afirma com a cabeça.

MULDER: - Ele caiu ou foi empurrado?

LIONEL: - ...

MULDER: - Lionel, não vou contar pra seus pais. Amigos, tá legal?

LIONEL: - ...

MULDER: - Você empurrou ele?

LIONEL: - Não.

MULDER: - Quem empurrou ele?

LIONEL: - Ela.

MULDER: - Quem é ela?

LIONEL: - A mulher malvada.

MULDER: - Você conhece a mulher malvada?

LIONEL: - Sim. Ela atravessou a porta e olhou pra mim.

MULDER: - Atravessou a porta?

LIONEL: - ... Ela me fez jogar o Andy pela janela.

MULDER: - Como ela fez isso?

LIONEL: - Olhou pra mim... Depois eu só vi que tinha soltado o Andy.

Mulder respira fundo.


BLOCO 3:

Prisão federal – 11:38 A.M.

Mulder olha pra Neil. Neil chora, desatinado.

NEIL: - Quando eu dei por mim, meu filho... (DESESPERADO AOS PRANTOS) Estava lá, morto! O meu filhinho!

MULDER: - Senhor McFair, lembra de alguma coisa estranha? Viu algo estranho em sua casa? A que atribui o fato de cometer essa barbárie?

NEIL: - ... Eu... Eu não sei.

Neil pega um frasco de remédios e coloca algumas pílulas na boca.

NEIL: - Me desculpe, eu... Eu sou cardíaco.

MULDER: - ... Senhor McFair, não tenha medo de me dizer o que aconteceu. Não pense que vou rir da sua cara.

NEIL: - ...

MULDER: - O que viu, senhor McFair?

NEIL: - ... Há alguns dias eu estava no sofá da minha casa. Estava lendo o jornal. Então, vi aquela coisa com o canto dos meus olhos.

MULDER: - Coisa? Que coisa?

NEIL: - Era uma mulher vestida de negro. Parecia-se com uma mulher.

MULDER: - Pode descrevê-la?

NEIL: - Como disse, vi de relance, com o canto dos olhos. Depois olhei pra ela. Parecia usar um vestido negro, longo, com mangas que esvoaçavam. O rosto não deu pra ver... Estava olhando pra mim...


Restaurante Old Guy – 1:12 P.M.

Scully e Mulder estão sentados.

SCULLY: - (INCRÉDULA) O quê?

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, isso é absurdo! Um assassino insano e hediondo coloca a culpa no fantasma de uma mulher? Uma criança que está seriamente perturbada com a morte do irmão? É esses testemunhos que vai apresentar?

Scully levanta-se.

SCULLY: - (IRRITADA) Olha aqui, Mulder. Chega de fantasmas! Chega de espectros! Eu quero ver aquele desgraçado levar uma injeção letal na veia! E espero que a família Green consiga superar a dor de ter perdido um filho num acidente doméstico!

MULDER: - E a janela aberta? Como explica a janela aberta?

SCULLY: - Talvez Lionel tenha aberto a janela. Talvez estivesse brincando com o Andy e descuidou-se. Mas isso não faz dele um assassino!

MULDER: - Scully, eu... Eu não queria fazer isso com você. Mas só você pode resolver esse caso.

SCULLY: - Como assim?

MULDER: - Não falei de fantasmas, Scully. Falei de espectros. E de um espectro em particular, um que só vemos com o canto do olho.

SCULLY: - Mulder, o que está me dizendo?

MULDER: - Quero que vá até a casa das vítimas. Converse com as mães, se achar necessário. E observe um ponto fixo, tá legal. Depois me conta o que viu com o canto do olho.

Mulder levanta-se. Sai do restaurante. Scully vai atrás dele.

SCULLY: - Por que eu? O caçador de espectros por aqui é você!

MULDER: - Não nesse caso, Scully.

SCULLY: - Mulder, o que...

MULDER: - Você ganhou o dom, Scully. Ganhou o dom daquele fotógrafo! Você pode vê-la, ver sua forma... Eu não posso. Se olhar pra ela eu vou morrer!

SCULLY: - (RELUTANTE) Mulder...

O celular de Scully toca. Scully atende. Mulder a observa.

SCULLY: - Scully... Sim, ele está comigo. Algum problema?

Scully fica em silêncio, escutando. Fecha os olhos. Desliga o celular.

SCULLY: - ... Mulder... O filho dos Green, o Lionel...

MULDER: - Está morto.

SCULLY: - ... Como sabe?

Mulder olha pra ela. Suspira.

MULDER: - Faça o que eu disse, Scully. Mas não olhe pro espectro diretamente. Quando o vir com o canto do olho, não olhe mais. Entendeu?

SCULLY: - ... (NERVOSA)

Mulder entra no carro.

SCULLY: - Onde vai?

MULDER: - Verificar se o senhor McFair ainda não morreu de um ataque cardíaco.


Residência dos Green – 2:35 P.M.

Eve chora. Michael a conforta. Scully olha para o casal, com piedade.

EVE: - Agente Scully, obrigado pelo seu apoio.

SCULLY: - ... Eu... Eu sinto pelo que estão passando... Também perdi uma filha.

Scully fica olhando pra um ponto de fuga. Lembra de Emily.

[Som: Mark Snow – Iter]

Scully, de repente, fica com os olhos parados, imóvel no sofá. Alguma coisa a deixa perturbada. Scully desvia lentamente os olhos e percebe a mulher vestida de negro. Scully fecha os olhos e vira o rosto.


Arquivos X – 5:53 P.M.

Scully olha pra Mulder.

SCULLY: - ... Como sabia?

MULDER: - ... Foi um palpite.

Scully senta-se na cadeira de Mulder, nervosa.

MULDER: - Aquelas pessoas, Scully, em seu inconsciente, sabiam que iriam morrer. Portanto, não queriam morrer sozinhas, tinham medo de ficar longe de quem mais amavam. Lionel queria ficar com o irmão. Neil com o filho. Não foi intencional. O medo sobrepôs a razão. Neil assassinou o filho. E Lionel, matou o irmão. Eles já a haviam visto, Scully. Agiram no desespero, inconscientes.

SCULLY: - ... (AINDA EM CHOQUE)

MULDER: - Aproveite seu dom de viver, Scully. Ainda bem que só vai morrer quando quiser. Imortalidade é o sonho de muitas pessoas.

SCULLY: - Isso não é um dom, Mulder. Isso foi uma troca. E não sei se eu tenho o direito de ter isso.

MULDER: - (SORRI) Pelo menos sei que não vai morrer nunca. Se eu tivesse a certeza disso antes, não teria me descabelado como um louco pra salvar você. Embora seu estado era tão horrível que só ficaria morrendo e ressuscitando, morrendo e ressuscitando...

SCULLY: - Está debochando de mim?

MULDER: - (DEFENSIVA) Não! Estou só fazendo uma análise. E acredito que com esse dom... Você jamais vai envelhecer também! ... Em compensação, vai ter o desprazer de aparentar 35 anos ao lado de um Mulder velho quase virado numa múmia.

SCULLY: - Pois pare de analisar! Isso me dá medo, Mulder. E nunca mais falaremos sobre isso, está bem?

Skinner entra na sala.

SKINNER: - Mulder, quero falar com você...

Mulder sai da sala. Skinner sai com ele. Scully fica desconfiada.

[Som: Mark Snow – Iter]

Mulder e Skinner ficam no corredor, aos cochichos.

SKINNER: - Mulder... Querem falar com você. Tome cuidado, pode ser uma cilada.

MULDER: - ... Não vou. É mais uma pra me afastar dela e a tirarem de mim.

SKINNER: - Ficarei com ela.

MULDER: - ... Faria isso?

SKINNER: - Acha que não faria?

Skinner afasta o paletó com a mão, mostrando a automática na cintura. Mulder olha pra ele.

MULDER: - Por quê?

SKINNER: - Porque precisa acreditar nas pessoas, Mulder. Porque sou amigo. Porque estou do seu lado.

MULDER: - ...

SKINNER: - Preciso falar, mas não pode ser aqui. Nem no meu apartamento. E não confio nem no seu apartamento.

Mulder suspira.

SKINNER: - Acho melhor tomar cuidado... Te encontro no estacionamento, vou pegar minhas coisas.

Skinner sobe as escadas. Mulder volta pra sala.


6:03 P.M.

Mulder acompanha Scully até o estacionamento. Caminham lado a lado.

MULDER: - Não vou pra casa agora. Tenho coisas pra resolver.

SCULLY: - Tá.

MULDER: - Vá pra casa da sua mãe.

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - Porque vocês têm muito pra conversar, desde o que aconteceu com você...

SCULLY: - Mulder, não está me evitando, está?

MULDER: - Vai pra Meg, eu te pego depois. Vamos pra um motel.

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - Porque não vamos mais nos encontrar em nossos apartamentos. Eles sabem de nós, Scully. Eu disse que isso seria perigoso. Não vamos dar mais chances pro inimigo. Não quero que saibam que estamos nos encontrando.

Scully entra em seu carro. Sai. Mulder a acompanha com os olhos. Caminha até o carro de Skinner. Entra. Fecha a porta. Skinner liga o carro.

SKINNER: - Não fale nada. Pode haver escutas no carro.


Residência de Margaret Scully – 7:21 P.M.

Meg e Scully estão na cozinha, lavando louça. Scully pára. Olha pra Meg enquanto segura a esponja nas mãos.

SCULLY: - Mãe, preciso desesperadamente conversar com você.

Scully atira a esponja dentro da pia. Seca as mãos. Margaret senta-se. Scully fica de frente pra ela, segurando suas mãos.

SCULLY: - Mãe, como sabe quando um relacionamento acabou?

Meg fecha os olhos.

MARGARET: - Dana, o que está acontecendo? Vai culpar o Fox de novo?

SCULLY: - Mãe, acho que ele perdeu o interesse por mim. Acredito que foi pelas coisas que aconteceram... Parece que Mulder desconfia de mim, me olha como se eu fosse uma estranha, como se tivesse renascido das cinzas como outra pessoa.

MARGARET: - ...

SCULLY: - Ele tem me evitado desde que voltei. Ontem nós fizemos amor. Foi maravilhoso sabe, mas... Eu deixei meu orgulho próprio de lado. Antes de irmos pra cama, ele me encheu de desaforos, de coisas estúpidas... Me pediu pra sair do FBI, pra sair da vida dele.

MARGARET: - ...

SCULLY: - Ele quer se livrar de mim. Acho que fez amor por desespero, não pôde se conter... Acho que ele faria o que fez comigo ontem, com qualquer mulher. Entende o que quero dizer?

MARGARET: - (CONFUSA) Entendo, Dana.

SCULLY: - ... Acho que eu era uma mulher ali. Não era a Scully. Ele está estranho, não fala comigo, sei que está me escondendo algo, mas ele recusa-se a dizer o que seja. Acho que não confia em mim. Talvez pense que eu mudei por causa do acidente.

MARGARET: - Está sofrendo, não é, filha?

SCULLY: - Tô, mãe. Mulder nem quer mais se encontrar comigo em nossos apartamentos, alegando que tem medo. Mas mãe, antes ele não tinha. Acho que é pretexto pra me afastar aos poucos. Tornando nossos momentos íntimos mais raros... Ontem, eu... Eu fiquei preocupada. Acho que o Mulder está enlouquecendo. Ele só conseguiu dormir depois que me algemou no pulso dele. Disse que assim ninguém me levaria... Vi que ele escondeu a arma debaixo do travesseiro...

MARGARET: - Dana, não sabia que o Fox era tão doentio assim.

SCULLY: - Mãe, ele é paranoico e acho que a cada dia está ficando mais. Por que fazer isso? Acha que vou fugir dele, que alguém vai entrar no quarto e me levar à força sem que ele veja?

MARGARET: - Falou com ele?

SCULLY: - Ele não quer falar.

MARGARET: - Dana, precisa fazer com que ele fale com você. Precisa saber o porquê dessa loucura toda. Se não fosse minha filha, eu diria que está mentindo! Não faz sentido algum essa reação dele pra mim.

SCULLY: - ...

MARGARET: - Quando você estava morrendo, ele levou você daqui. Ele ficou do seu lado o tempo todo, cuidou de você. Parecia um louco, tentando achar a sua cura. Eu cheguei a ficar com pena do desespero dele. Não entendo porque agora ele quer fugir de você. Ele fez tanto pra te trazer de volta, por que agora te quer longe? E se quisesse, por que as algemas? Isso é redundante!

Scully suspira. Recosta a cabeça em Meg. Meg afaga seus cabelos.

SCULLY: - Mãe, acho que o Mulder mudou comigo. Como se eu fosse culpada por terem me levado. Cheguei a pensar que tinha sido por causa daquele jantar em família. Mas não é. Mãe, quando estávamos de licença, aconteceu alguma coisa estranha. Mulder me tirou da cama, no meio da madrugada, como um louco. Saímos correndo pra fora da casa, ele estava desesperado. Perguntei o motivo dele ter feito aquilo e ele não disse nada com nada. Nunca mais me falou o que aconteceu naquela noite. Disse que é melhor eu não saber.

MARGARET: - Dana, e se Fox quer te proteger de alguma coisa?

SCULLY: - (IRRITADA) Do quê? Mãe, eu não devia ter contado isso a você. Me esqueci que o Mulder é o seu xodó. Ele sempre tem razão, eu é que sou louca!

MARGARET: - Dana, não é isso, minha filha. Estou tentando achar uma lógica. E acho que o comportamento dele é pra te proteger.

SCULLY: - De mais um sonho maluco?

MARGARET: - Dana, talvez ele tenha tido um presságio ruim. E acredite, eu creio nessas coisas. E sempre que tive presságios, todos aconteceram.

SCULLY: - Mãe, isso é besteira! Sonhos são reações do inconsciente...

MARGARET: - Dana, me escute. Quando José interpretou os sonhos do faraó... Por serem reações do inconsciente, eles não aconteceram?

SCULLY: - ... Mas se ele quer me proteger por que quer me afastar dele?

MARGARET: - Porque talvez, Dana, ele seja a ameaça. A presença dele te põe em perigo.

SCULLY: - ...

MARGARET: - Já pensou nisso?

SCULLY: - Mãe, eu não acredito em sonhos, tá legal? Acredito que ele tenha enjoado de mim. Isso é mais racional.

Scully levanta-se.

MARGARET: - Onde vai?

SCULLY: - Não vou esperar por ele. Vou pra minha casa.

MARGARET: - Dana, não pode sair sozinha por aí.

SCULLY: - Por quê? Estou armada.

MARGARET: - ... Dana, eu nunca soube ao certo com o quê você e o Fox estão envolvidos. Tenho até medo de saber. Mas já perdi uma filha por isso. E não quero perder outra. Tentaram te matar, acha que está segura?

SCULLY: - ...

Scully sai da cozinha. Meg fecha os olhos.

MARGARET: - Se uma vez na vida você me desse ouvidos, Dana...


8:33 P.M.

[Som: Mark Snow – Iter]

Mulder pára o carro no acostamento da rua. Desce. Pega o papel. Lê o endereço. Olha pro número do prédio. Caminha em direção a portaria. Aperta o interfone.

MULDER: - Sou eu, Mulder.

A porta do prédio se destranca. Mulder entra. Caminha até o elevador. Entra no elevador. Mulder aperta o número 7 do painel. Tira a arma do coldre e engatilha. Segura a arma na mão esquerda.


BLOCO 4:

8:34 P.M.

Scully aproxima-se da porta de seu apartamento. Skinner está parado ali.

SCULLY: - (CURIOSA) Senhor? O que faz aqui?

SKINNER: - ... Vim conversar, agente Scully.

SCULLY: - Conversar? Sobre o quê?

SKINNER: - Muita coisa aconteceu e acho que gostaria de saber a minha versão dos fatos alucinantes, em que seu eu desconhecido andou se metendo.

Scully sorri. Abre a porta. Acende a luz. Skinner entra. Fecha a porta.

SCULLY: - Quer um café?

SKINNER: - Aceito.

Os dois vão pra cozinha. Scully põe água na chaleira.

SCULLY: - Senhor, eu...

SKINNER: - Skinner, Scully. Não estou aqui como seu chefe, mas como um amigo.

Scully coloca a chaleira no fogão.

SCULLY: - Skinner, o que está acontecendo com o Mulder?

SKINNER: - Está acontecendo algo com ele?

SCULLY: - ... Me desculpe. São problemas pessoais entre nós dois e você não tem obrigação de se envolver.

SKINNER: - Já estou envolvido desde o Himalaia.

Scully sorri. Skinner puxa a cadeira e senta-se.

SKINNER: - O que está havendo, Scully? Brigaram de novo?

SCULLY: - ... Ele tá diferente comigo. Mulheres sentem isso.

SKINNER: - (SORRI) A Sharon só de olhar pra minha cara quando eu chegava em casa sabia se eu estava bem ou se tinha problemas... As mulheres são perceptivas demais. Eu nunca notava se a maquiagem dela estava diferente, se havia cortado o cabelo, se o vestido era novo... Homens não cuidam de detalhes... Nos perdoe, Scully, mas é da natureza masculina.

SCULLY: - E cientificamente comprovado.

Skinner sorri.

SKINNER: - Fala, vai. Conta o que está afligindo você. Não sou bom conselheiro sentimental, mas sou bom ouvido.


8:37 P.M.

[Som: Mark Snow – Iter]

Mulder chega no final de um corredor. Com a arma em punho. Bate na porta. Krycek abre.

KRYCEK: - Está sozinho?

MULDER: - Não, estou com minha arma.

Krycek olha pra todos os lados. Mulder entra. Krycek tranca a porta. É um apartamento vazio e caindo aos pedaços.

KRYCEK: - Pode abaixar essa droga, não estou armado.

Mulder aponta a arma pra ele.

MULDER: - Vou verificar isso.

Mulder revista Krycek, que faz uma cara feia. Não acha nada.

MULDER: - (IRRITADO) Tudo bem, o que quer? Por que quer falar comigo? Mais uma mentira do seu amiguinho?

KRYCEK: - Ele não sabe que estou aqui. Se souber será por você.

MULDER: - Por mim? Acho que não sabe mais quem trabalha pra quem, não é mesmo?

KRYCEK: - Mulder, eu não confio em você! Você e aquele fumante estão muito ligados ultimamente. Recadinhos e favores pra cá e pra lá. Parecem duas comadres!

MULDER: - (DEBOCHADO) O quê? A vodca tá te fazendo mal, russo. Se não tomar cuidado, vai terminar como o Boris Yeltsin vendendo o rabo pros americanos!

KRYCEK: - (IRRITADO) Mulder, preste atenção no que vou dizer e quero que me responda: Ele é seu pai?

MULDER: - Por que diria isso à você?

Krycek esmurra a parede com raiva. Olha pra Mulder.

KRYCEK: - Você é um imbecil! Acha que se proteger o segredo dele vai ficar protegido também? Não há nada pra te proteger, Mulder, muito menos aquele homem!

MULDER: - ...

KRYCEK: - O que ele te disse? Que se essa verdade fosse revelada, vocês dois pagariam o preço?

MULDER: - ...

KRYCEK: - Mulder, sua burrice atrapalha seus passos, sabia?

MULDER: - (IRRITADO) O que quer? Fala logo antes que eu atire nessa sua cabeça inútil! Você matou meu pai! Matou a irmã da Scully! Por que confiaria em você?

KRYCEK: - Não peço que confie em mim! Quero saber se ele é seu pai.

MULDER: - (IRRITADO) Pra quê? Que diferença isso faz? Pra você dizer pra ele que eu abri a minha boca? Ora, Krycek, você e ele tentaram matar a Scully!

KRYCEK: - Não. Ele a salvou.

Mulder olha pra Krycek, ficando confuso.

KRYCEK: - Ele a salvou, Mulder. O sindicato queria matá-la. Ele armou tudo pra que ela saísse viva. Eu troquei o clone por ela. Eu tentei matá-la e fico aborrecido que isso não tenha acontecido!

Mulder o agarra pelo pescoço, encostando-o na parede. Mira a arma nele.

MULDER: - Filho de uma puta! Seu desgraçado, asqueroso!

KRYCEK: - Ela precisa morrer, Mulder!

MULDER: - Vou dizer quem tem que morrer aqui, seu bastardo!

KRYCEK: - Me escute!

Krycek fica com ódio. Empurra Mulder.

KRYCEK: - Abaixa essa droga e acalme-se! Precisa me escutar! Não pense que ele fez isso por boa vontade não. Ele fez isso porque tem um plano em mente que envolve sua parceira. Se ele fizer o que está pensando, você também preferiria matar a Scully com suas próprias mãos!

Mulder fica desatinado. Aproxima-se da janela.

KRYCEK: - Acha que eu podia matá-la? Por isso fiz a troca. Queria que você a matasse. Porque talvez abrisse seus olhos pro que está acontecendo. Um indivíduo ferido pela perda passa a ser um perigo! E eu queria que você fosse uma ameaça pra eles! Que partisse pra luta, ao invés de ficar cego e perdido por aí! Você iria querer vingança! Você ficou cego e burro nos últimos tempos e isso me faz crer que ele te disse algo que te fez repensar sobre ele. Ele é seu pai?

MULDER: - ...

KRYCEK: - Estou tentando fazer com que me escute, Mulder, mas parece que sua infantilidade não ajuda muito. Você não é mais o Mulder impetuoso e arrogante, que não tinha medo de nada! Aquele imbecil armou pra mim! Os Rebeldes mataram todos os velhos do sindicato. Menos o velho inglês...

MULDER: - Claro que sim! Porque o velho inglês morreu antes! Eu estava no carro quando ele disse pra eu sair. Eu vi o carro explodindo!

KRYCEK: - Você viu o que eles queriam que você visse! Viu o que aquele desgraçado queria que o sindicato visse! O inglês está vivo, protegido por aquele fazedor de fumaça!!!!! Eles estão armando uma grande, Mulder! São os dois mais velhos ali dentro, eles sabem verdades e mentiras e tem mais experiência no jogo do que os outros!

MULDER: - Isso é mentira sua, rato! Se ele estivesse vivo como você saberia?

KRYCEK: - ... Porque Marita Covarrubias... Eu e Marita temos um caso. Eles a pegaram... Eu... Por motivos que você não precisa saber, eu a entreguei! Só a salvaram de ser entregue para as experiências porque o velho inglês é apaixonado por ela. Ela dorme com ele, Mulder! É isso que quer ouvir de mim? Tudo bem, eu digo! Ela dorme com ele, assim tem a proteção que eu não posso dar a ela! E assim ela sabe coisas que eles me escondem!

MULDER: - Tá me dizendo que Marita... E você... (RINDO) Ela é sua espiã? Que tipo de cara é você que deixa sua mulher trepar com outro cara?

KRYCEK: - Isso pouco importa! Importa é que eu sei os passos deles! Mulder, eu era pra estar no depósito quando marcaram o tal dia para irmos embora do planeta! Mas eu mudei de ideia e fui pegar o feto alienígena. Advinha se o encontrei? Não encontrei! Os Rebeldes o levaram e mataram todos os velhos do Sindicato!

MULDER: - Por que você roubaria aquele feto?

KRYCEK: - Porque eu tenho meus motivos pra acreditar que a invasão pode ser evitada!

MULDER: - Olha aqui, rato sujo, eu não acredito em você! Isso é só mais uma mentira pra me afastar de algo grande que estão tramando!

Krycek tira a luva da mão. Mostra a mão mal formada.

KRYCEK: - Isso aqui foi um aviso. Ele ainda não me matou porque precisa de mim pra alguma coisa. E eu vou descobrir.

MULDER: - Dane-se, Krycek! Eu não acredito em nada do que está me dizendo! Você fez tantas coisas, quer agora que eu pense que as fez por bondade?

KRYCEK: - Não, eu não as fiz por bondade, eu fiz por meus objetivos! ... (OLHA PELA JANELA) Mulder, eu estou com medo.

Mulder olha pra ele. Krycek está visivelmente nervoso.

KRYCEK: - Mulder, eu... Eu fui usado. Por isso fugi. Quando percebi o tamanho da coisa em que estava envolvido, achei que deveria prosseguir.

MULDER: - Não se faça de bonzinho pra cima de mim!

KRYCEK: - Não sou bonzinho, Mulder! Se quer destruir seu inimigo, fique ao lado dele!

MULDER: - ... Isso se aplica a mim?

KRYCEK: - Mulder, você não entende mesmo. Ou não quer entender.

MULDER: - O que fizeram com a Marita?

KRYCEK: - A Marita está bem.

MULDER: - Bem o quanto? Nas mãos dos alienígenas?

KRYCEK: - Com o inglês! Mulder, eu só preciso saber se ele é seu pai!

MULDER: - ...

KRYCEK: - Eu sei que ele sempre te protegeu! Eu sei porque Marita foi sua informante por muito tempo e a mando dele! Ela mesma me confessou!!! Ele é seu pai, Mulder?

MULDER: - ...

KRYCEK: - (SUSPIRA) Mulder, eu poderia ter ajudado você antes, mas você nunca me deu ouvidos! Te pedi as provas que roubou do Pentágono, mas você me negou! Ele me pediu pra tirá-las de você, mas eu não ia dá-las, nem que precisasse mentir que a Diana as tinha pego, nem que ela tivesse que morrer por isso!

MULDER: - O que houve com ela?

KRYCEK: - Ele a entregou para os alienígenas em troca da Samantha.

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Por que está me dizendo isso?

KRYCEK: - Porque quero saber se ele é seu pai!

Mulder olha pra Krycek, segurando as lágrimas.

MULDER: - ... Ele é meu pai.

Krycek respira aliviado.

KRYCEK: - Mulder, eu sei que não confia em mim e nem eu confio em você. Mas me escute, preste muita atenção no que vou dizer: Eles a levarão, Mulder.

MULDER: - Como se você se preocupasse com isso.

KRYCEK: - Não estou ligando pra ela! Estou ligando é pro maldito filho dela!

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - ... Não foi sonho, não é? Foi um aviso...

KRYCEK: - Sabe o que acontecerá, Mulder. Ele vai pegar o filho dela. E você vai passar o resto da vida procurando por ele.

Mulder olha pela janela, derrubando lágrimas.

MULDER: - Não, Krycek... Você está errado.

KRYCEK: - ...

MULDER: - Ele vai tentar pegar o nosso filho. Mas os alienígenas o levarão primeiro.

KRYCEK: - Como assim?

Mulder vira-se pra Krycek chorando.

MULDER: - Não há nada que possa mudar isso... Nem eu, nem você... Eu ...

KRYCEK: - ... Mulder, acalme-se. Tente raciocinar, tá legal?

Mulder respira fundo.

MULDER: - Eu preciso me afastar dela.

KRYCEK: - ... Mulder, ela precisa morrer.

MULDER: - Não. Eu não quero que ela morra.

Mulder senta-se no chão. Chora. Krycek passa as mãos no rosto, nervoso.

KRYCEK: - Mulder, me escute. Se você se afastar dela, pior pra ela. E pior pra você. Ele vai dar um jeito de isso acontecer, ele sabe que vocês dois se amam demais pra ficarem longe um do outro!

MULDER: - ... Como se você soubesse o que é amor.

KRYCEK: - ... Não sabe das coisas que já fiz por amor, Mulder. Não sabe os sacrifícios que eu passo pra proteger quem me é importante.

MULDER: - ...

KRYCEK: - ... Ele usará qualquer coisa, nem que precise abduzir vocês dois!

MULDER: - ...

KRYCEK: - Ele sabe que você é o escolhido.

Mulder encolhe-se num canto.

MULDER: - Eu não quero ser o escolhido!

KRYCEK: - Mulder, talvez te escolheram porque você foi a experiência que deu certo!

MULDER: - Não!

KRYCEK: - Mulder...

Mulder olha pra ele.

MULDER: - E por que ele não pega outra mulher?

KRYCEK: - Ele tinha um acordo com a Fowley. Mas percebeu que ela não tinha a idoneidade pra ser mãe dessa criança. Ele sabe que é a Scully.

MULDER: - Por quê?

KRYCEK: - Porque já tava escrito, Mulder! Você sabe que a Bíblia não passa de um relato alienígena! Eles a escolheram, eles sabiam que ela nasceria! Se parar pra pensar, a besta do seu pai foi usada também!

MULDER: - Não... Eu não sei mais no que acreditar...

KRYCEK: - Mulder, se o filho dela nascer vai ser a criança que vai unir as raças. A ideia é boa, mas eu não acredito neles!

MULDER: - Não...

KRYCEK: - Tenho medo do que vai acontecer! Não sei até que ponto estamos metidos nisso! Mas eles levarão seu filho, Mulder. É tão inevitável quanto a concepção dele!

MULDER: - Não...

KRYCEK: - Lembra-se do anjo que anunciou Maria? Lembra-se que Isabel era estéril e já era velha pra ter filhos? Acha que ficaram grávidas por milagre? Não, Mulder, foram eles! E como o fizeram antes, farão agora em nome da humanidade!

MULDER: - Não...

KRYCEK: - Mulder, não pode lutar contra o chamado ‘Espírito Santo’... Eles virão, Mulder. E não há nada que possa fazer. Precisa matar a Scully!

MULDER: - ... Ela não pode morrer... (RI, DESATINADO) ... Até nisso eles pensaram... Ela não pode morrer...

KRYCEK: - Mulder, do que está falando?

MULDER: - ... Não vai conseguir matá-la, Krycek. Ela não morre.

Krycek fecha os olhos.

KRYCEK: - Mulder, eu não sei de que lado seu pai está. Confesso que penso que ele está lutando contra a invasão. Mas às vezes, tenho minhas dúvidas. Dizem as profecias que ninguém sabe a hora e nem quando. Mas isso não impede que inocentes morram por medo de que sejam o novo messias!

MULDER: - E se essa criança vier pra ajudar o mundo?

KRYCEK: - ... Como o Consolador?

MULDER: - ...

KRYCEK: - Que interesse o Canceroso teria em tirá-la de vocês? Se ele trabalha pros Rebeldes eu até entenderia. Mas mesmo assim, se ela trouxer a ajuda que precisamos, por que ele se livraria dela? Pra protegê-la? Mas se ela é necessária pra salvar o mundo? Ou será que ele a quer pra concluir a destruição do planeta?

Mulder levanta-se atordoado.

MULDER: - Eu não quero ouvir mais nada! Me deixe em paz!

Mulder sai porta à fora, desesperado. Krycek fecha os olhos.


Apartamento de Scully – 1:33 A.M.

Scully abre a porta. Mulder entra, com uma cara abatida. Skinner olha pra ele.

SKINNER: - Mulder...

MULDER: - Skinner, eu... Eu preciso falar com a Scully.

Skinner olha pra Mulder, entendendo. Sai, fechando a porta. Scully olha pra Mulder, já com lágrimas nos olhos. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Se quer ficar nos Arquivos X, fique. Se quer permanecer no Bureau, fique. Mas eu não vou facilitar nada pra você.

SCULLY: - Mulder, do que está falando?

MULDER: - Eu não te amo mais! Acabou tudo, você só me traz desgraças! Eu estava confuso e me joguei de cabeça. Mas eu acordei. Não sinto nada por você, Scully. Acabou.

Scully olha pra ele como um animal ferido, derrubando lágrimas que não consegue secar pra disfarçar a dor.

MULDER: - (GRITA) Você é culpada por eu estar cego! Você me faz esquecer o real objetivo da minha vida! Desde que você e eu ficamos juntos, nunca mais fui quem eu era! Vivo por você, respiro por você! Não suporto mais isso! ... Vou pegar as minhas coisas. Quero ser quem eu era! Tenho que acabar com aquele Fumacinha! Mas você só pensa em amor!

Mulder vai pro quarto dela. Scully senta-se no sofá, chorando calada. Mulder sai do quarto, carregando seu paletó. Tenta ser frio e não olhar pra ela.

SCULLY: - Mulder... Pode ao menos dizer por que está terminando comigo?

MULDER: - (GRITA COM ÓDIO) Você é burra? Ou é surda, sua vaca? Já disse que eu amo a mim mesmo! E por isso eu não te amo mais. Você me prende, me faz ficar sufocado!

SCULLY: - Eu te dou mais espaço se é isso.

MULDER: - (CRUEL) Não é só isso não, Scully. São coisas mínimas, que não vou desfiar minha vasta lista agora!

SCULLY: - ... (CHORA)

MULDER: - Sabe de uma coisa? Eu busquei encontrar em você as coisas que eu tinha com a Diana! Mas foi fuga, Scully! Você não é a Diana e nunca será! Você é uma coisa sem graça, um monte de racionalidade e nem pra me dar um filho você presta!

SCULLY: - (CHORANDO) Eu não tenho culpa se me deixaram estéril! Eu queria ter filhos!

MULDER: - Cala sua maldita boca, Scully! Eu estou cansado! Acha que quero ter filhos de laboratório?

SCULLY: - (CHORANDO CONVULSIVAMENTE)

MULDER: - Não, eu não quero! E se não notou, estou te evitando há mais de um mês! Sabe por quê?

SCULLY: - ...

MULDER: - Porque ao olhar pra você, vejo que até o tesão acabou. Eu sempre amei a Diana. Sempre. Só agora é que percebi o quanto não consigo esquecê-la.

SCULLY: - (CHORANDO) ... Isso dói, Mulder!

MULDER: - É a verdade, Scully. E a verdade dói.

SCULLY: - (INCONSOLADA, AOS PRANTOS) Mas eu não fui uma pessoa legal com você? Mulder, a gente tinha algo tão bonito, tão diferente... Até quando transávamos era diferente...

MULDER: - Adeus, Scully. Vagabundas também são assim na cama, não tem diferença. Vou passar o resto da vida que tenho buscando quem eu amo: A Diana. Porque desde que ela se foi, eu não sei mais quem eu sou... Sinto muito que tenha acabado desse jeito... Foi apenas sexo, Scully. Só sexo.

[Som: Mark Snow – Iter]

Corta pro Canceroso, fumando na frente do monitor de vídeo, enquanto observa Mulder sair batendo a porta e Scully chorar como desesperada.

CANCEROSO: - (PASMO) Droga! ... Que diabos está acontecendo agora?

O Canceroso pega o telefone.

CANCEROSO: - ... Quero que preparem a agente Fowley. Não sei o que está acontecendo, mas vamos ficar atentos pra qualquer mudança nos planos.

O Canceroso desliga. Olha pro monitor. Vê Scully correndo pro quarto e pegando algumas roupas, colocando numa sacola. Está desatinada, chorando muito. Pega a sacola.

SCULLY: - (GRITA/ FERIDA) Preciso de ar! Eu odeio você, Mulder!

Scully sai porta à fora, chorando. O Canceroso desliga o monitor, completamente confuso. Fica atordoado.

Corta para a entrada do prédio de Scully. Um carro preto está parado.

[Som: Placebo – Taste in Man]

Scully olha pra todos os lados. Atira a sacola pra dentro do carro preto e entra. A câmera focaliza apenas ela.

SCULLY: - ... (FRIA E SÉRIA) Acho que merecia o Oscar. Nunca interpretei tão bem! Fingi muito bem que aquilo tudo estava me afetando. Pobrezinho, se acreditou que eu sou tão vulnerável assim.

Corta pra Mulder na direção.

MULDER: - (FRIO E SÉRIO) Pra onde nós vamos?

SCULLY: - Comemorar.

Mulder liga o carro. Os dois estão sérios. Trocam um beijo.

Fade out.

X


27/05/2000


NOTA DE AVISO (contém spoilers da oitava temporada de AX):

Sexo é fuga. Essa é uma verdade. Pra conseguir fazer essa fic, tive de apelar pro erotismo inicial. Algumas vezes, as piores ideias que você tem, acabam tornando-se verdade. Vocês estão entendendo o que quero dizer. Portanto, vou tentar mudar o rumo da mitologia da TV que eu estava seguindo. Vou desapegar. Não quero sofrer aqui também e nem causar sofrimento paralelo aos outros nesta minha temporada virtual. Isto é uma fic e a intenção é divertir, mexer com os sentimentos, mostrar o que ninguém viu... Mas enquanto eu não deslanchar o que havia planejado pra esta temporada, vou ter de ir seguindo. A terceira temporada será cruel até eu me desvincular da mitologia da série que ficou cruel. Pra evitar muita dor, vou apelar pro sexo. O meu humor foi pro brejo. Me desculpem. As piadas estão difíceis. Algo dentro de mim morreu desde que soube o que Carter vai fazer na série: Sem Mulder, Scully sofrendo, agentes novos e uma criança que não vejo ter um final feliz. Mato nesta terceira temporada virtual meu vínculo mitológico com a série de TV.

Por isso odeio spoilers. Mas este, eu tive de assistir porque a Weird me deixou nervosa quando entreguei a fic Morpheus pra ela: "como tu adivinhou?". Quase morremos do coração. Antes não tivesse assistido. Pelo menos ficaria um bom tempo iludida com a minha crueldade e causando medo nos leitores com uma ideia que eu pensei ser minha, exclusivamente, jogando uma criança só pra assustar vocês. Mas reza o dito que quem assusta é assustado. E Carter me assustou. Agora não quero causar medo. Eu estou assustada. Se soubesse antes, não teria começado a temporada com aqueles mitológicos. Jamais teria escrito Morpheus.

Carter me ferrou, eu preciso me afastar da mitologia dele e ficar apenas com a minha e isso implica ter que refazer toda a minha trama. Agora é tarde, não posso reescrever e voltar atrás porque já estou muito atrasada e vocês devem estar malucos com isso. Atrasei as fics, a Weird atrasou a página e depois do spoiler achei que deveria esperar e largar mais duas pra apressar esse apuro que me meti. Preciso seguir a ideia, até poder mudar o rumo. Não conseguirei escrever mais se não fizer isso. Já tô até chorando... Ainda tem a coisa da saída do DD. Maldita oitava temporada, eu nunca quis que ela saísse, porque tava com medo de dar merda. E acho que vai dar. Mas eu não vou sumir com Mulder por aqui. Só me deem um tempo pra pensar. Eu saio dessa. Não vou aceitar xeque mate do Carter! Acho que com o final dessa fic, já tô vendo uma luz no fim do túnel.

4 de Agosto de 2019 a las 21:25 0 Reporte Insertar Seguir historia
1
Fin

Conoce al autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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