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the things that i've never told you

Nico estava esparramado nos braços de Will, assistindo mais um daqueles filmes irritantemente engraçados — mas que ele não ria. Obviamente. Já com Will, a história era outra. A cada piada sem graça a risada dele preenchia o quarto. Nico gostava de ouvir a risada dele, estava prestando atenção mais nele do quê no filme. Mas Will não se importava.

Aquele ano havia sido excepcionalmente complicado. Calouro na California Northstate University, Will quase não conseguiu acompanhar o ritmo do curso, tendo que conciliar a faculdade com sua vida de semideus. Nunca foi o tipo muito atraente pros monstros, graças às Parcas, mas sempre havia um ou outro. Fora isso, havia Nico.

Di Angelo se dedicou a ajudar Jason, a fortalecer a ligação grega e romana e a honrar de maneira correta todos os deuses pequenos. Ninguém precisava de outros "incidentes" com as maçãs das estátuas de Hebe. E ele também estava estudando. Depois que Hades o fez concluir seu ensino médio, Will o fez entrar pra uma faculdade, juntos.

Enquanto o loiro cursava Medicina, Nico estudava História Antiga. Will tinha certeza que aquilo era trapaça. O moreno sempre saberia mais que os colegas de classe, sempre se sobressairia, já que aquela história não era antiga pra eles. Mas Nico achou que isso o ajudaria em suas tarefas com Jason.

Will lembrava da discussão.

"Vamos todos morrer, Will. Eu e você não precisamos estudar, você já é médico e eu já sou... Eu. Depois algum monstro vai 'acontecer', e ficaremos juntos no castelo do meu pai, já vi que ele fez um quarto pra mim lá. Não tem motivo pra isso!", Nico, na verdade, só queria desculpas. Estava com medo de não saber como agir em meio a uma onda de adolescentes e uma enxurrada de novos problemas, e, simplesmente, não era justo. Mas Will precisava fazer aquilo, e Nico, Will sabia, e como sabia!, precisava de algo fora do Mundo Inferior.

"Nico", ele o chamou. "viver esperando a morte não é viver. Precisamos passar por tudo isso, como pessoas quase normais. Sei que é difícil pra você. Também é difícil pra mim, mas pra você é mais, eu sei disso. Só que... precisamos tentar. Entendeu? Não podemos viver construindo a morte quando tem tantas coisas pra fazer em vida. Por favor. Por mim... Aliás, por você. Vamos juntos, prometo que vou te ajudar com todos os problemas que aparecerem. E você vai ajudar com os meus, eu preciso de você comigo.", e depois desse discurso, Nico não podia mais argumentar.

Hades "deu um jeito" na documentação. Nico concluiu os estudos. Foi ao baile de formatura de Will, e depois, Will fez o mesmo no dele. E agora essa nova gama de problemas estava à frente deles.

Além de ter que lidar com trabalhos, horários e apresentações em ambos os cursos, às vezes, algum deus exigia uma missão estúpida e impossível de negar. Entre tudo isso, aqueles eram seus momentos preferidos: férias. Nenhum seminário, nada pra fazer. Só os deuses não tiravam férias. Quase nunca. Apenas... O Acampamento. Por longos dias quentes de verão, apenas as aulas de equitação e arqueria eram problemas de Will, enquanto os de Nico se resumiam às pessoas. E então lá estavam eles, de noite, muito após a hora de dormir, assistindo filmes ilegais com pipocas ilegais e Coca-Colas ilegais, curtindo a companhia ilegal um do outro.

— Como foi seu dia, raio de sol? — Will perguntou. Nico torceu o nariz.

— Não gosto desse apelido! Você é o raio de sol, não eu. — Nico juntou os lábios em um quase imperceptível bico, com o nariz fino e arrebitado formando sua melhor expressão indignada. Will sorrriu.

— Sei. E o seu dia? — Nico sorriu minimamente, quase satisfeito, e voltou os olhos pro filme. Will, longe de seu olhar, balbuciou "...raio de sol", mas Nico fingiu não ouvir.

— Continuo não gostando de pessoas, mas não ameacei ninguém de morte hoje.

— Que progresso! E a quê isso se deve, anjo?

— Minha noite ontem não me deixou ter mau humor pelo resto do dia.

Ele deu um sorriso travesso, fazendo Will corar. O loiro sorriu.

— Sério?

— Aham. Meu namorado é quente, sabia?

— Hmmm... E é ciumento? Porque acho que me apaixonei por você.

— Ele não precisa de ciúmes, eu sou todo dele.

Will o beijou, devagar e com carinho, a boca com sabor de manteiga e refrigerante. Nico fez carinho nos cachos loiros, o que resultou em deixá-los também sujos com a manteiga. Mas, inesperadamente, Will parou o beijo.

— Recebi uma missão.

Você? Como assim? Mas e... — Nico se parou antes de falar "e nós?". Poderia soar muito infantil.

— Não precisa parecer tão surpreso. — Will riu, mas ele também estava como Nico. Era um curandeiro, não o tipo certo pra sair nas missões perigosas como os outros. Sabia se defender, claro, e poderia ajudar os outros com seus machucados, mas em algum momento poderia se tornar um peso. Mesmo assim ele foi convocado. — Rachel teve uma visão e recitou uma profecia pra mim quando fui checar se a mente dela continua em bom estado. Se é que já esteve antes. — o loiro riu outra vez, mas Nico não estava mais no clima de risadas.

— Como foi a visão? E a profecia? Quíron sabe? Você já aceitou?

— A visão... Ela não me disse. Mas já falamos com Quíron, não parece que vai ser perigoso. É um recrutamento, tem dois semideuses em Minnesota e eu tenho que buscar eles com um filho de Ares e outro de Afrodite, não sei o motivo, mas era o que dizia a profecia.

— Como ela era?

— Quem, Afrodite?

Nico revirou os olhos, geralmente Will era o esperto da relação.

— A profecia, Will. Óbvio que é a profecia.

— Ah...

— Ah...?

— Buscando dois o Sol estará... Eu não lembro direito...

— Você não decorou a profecia?

— Eu aprendi ela, é diferente. — Will sorriu. — não dá pra decorar tudo, as vezes não dá certo.

— Então fale o que a profecia diz! — Nico agora estava muito impaciente, voltando ao normal de todos os dias.

— Que eu tenho que ir com um filho de Ares e um filho de Afrodite buscar dois semideuses em Minnesota! — Will riu, mas Nico sabia que nunca era tão simples. Sempre tinha algum enigma e nunca significava tão pouco.

— E o perigo?

— O mesmo de todos os dias, eu acho. É uma cidade de interior, devem ser filhos de deuses menores. A maioria dos outros é convencida demais pra ir até lá...

Um trovão retumbou lá fora, e agora Will quem revirou os olhos.

— Vamos resgatar eles, e é só isso. — ele sorriu, aquele sorriso marcante e enorme que deixava qualquer um por perto mais calmo como se estivesse descansando em alguma praia deserta.

— Nada mais na profecia?

— Vou voltar antes de você sentir falta, prometo.

— Já estou sentindo falta, vai ficar então? — Nico percebeu a reluta de Will em falar da profecia mas não o pressionou. Will só parecia bobo e largado, em algum lugar dentro dele existia um doutor centrado e calculista.

— Espertinho. Quer dormir agora? O filme já vai acabar.

— Bom... Dormir... Não.

***

Nico estava, agora, na Colina Meio-Sangue, encostado no antigo pinheiro de Thalia e abraçado a Will.

— Tem certeza que precisa ir?

Àquela altura o Di Angelo tinha desistido de parecer frio. Estava com um calafrio na espinha, um cubo de gelo na base da nuca. Will não deveria...

— Preciso, raio de sol. — Will, mais alto, deu-lhe um beijo na testa. — mas vou voltar pra você... — ele quis acrescentar "de um jeito ou outro", mas não sabia como Nico interpretaria aquilo. Provavelmente do pior jeito.

— É bom mesmo, Solace. — Will percebeu claramente que Nico não reclamou do apelido. Aquilo só o fez se sentir mais culpado. Se até Nico estava sentindo algo... Não. Ele não podia focar nisso, duas crianças precisavam de ajuda.

Pidge, filho de Ares, pigarreou.

— Gente? Eu amo o amor, mas...

Ele e Drew olharam o céu. As nuvens estavam acumuladas, ou iria cair uma tempestade ou o céu estava despencando.

— Claro.

Will sorriu pro namorado. Segurou seu queixo, olhando-o bem de perto.

— Amo você.

Ele o beijou e saiu antes de receber uma resposta.

Nico sequer se moveu. Foi a primeira vez que Will dissera aquelas palavras. Claro, nenhum dos dois duvidava dos sentimentos, nem eles nem ninguém. Mas... Ainda assim... Ele disse. Amo você. E Nico nem teve tempo pra responder, aquele loiro apressado iria pagar por isso! É claro que Nico o amava.

Tudo o que ele queria era beijar ele, dizer quanto o amava e como ele o fazia feliz, como mudara sua vida.

Por uma semana, foi tudo o que ele pensou entre as aulas de esgrima e a caça à bandeira. Dois dias mais, os pégasos agora permitiam que Nico fizesse carinho neles. O que era bom... Considerando que ele estava fugindo do resto do acampamento.

Quatro dias. Uma semana e quatro dias desde aquela quinta feira chuvosa, e ele não recebeu sequer uma mensagem de Íris.

Duas semanas, e algumas dríades acabaram se tornando amigas dele. Viram como estava sozinho, na beira do lago, se escondendo de Percy e Annabeth, de Leo e Calypso. Dos casais em geral. Elas ficaram em silêncio ao lado dele.

Entendiam como era viver em um tempo diferente do que eram acostumadas e ter que ver como o mundo todo mudou, abruptamente. Viviam na era da informação e ainda assim ele não sabia nada sobre seu estúpido namorado loiro.

Na segunda semana, Reyna chegou. Montada em Scipio, totalmente como a rainha que deveria ser. Nico quase correu até ela. Quando se aproximou, sequer percebeu que ele a abraçou.

Foi estranho pra ela ter Di Angelo a abraçando visto que ele era... Ele. Mas as notícias não eram boas. Ela sabia como ele estava se sentindo, então o abraçou de volta.

Os semideuses, que se reuniram em volta do pégaso e da pretora se afastaram. Era um momento constrangedor e íntimo, e ninguém queria a ira do filho de Hades. Muito menos da filha de Belona.

Ela se forçou a falar, a voz passando como lâminas em suas cordas vocais.

— Seu namorado foi muito corajoso.

Ouvir como ela falou no passado sobre Will o acertou como uma adaga de ferro estígio, bem nas costas. Nico nem tentou conter as lágrimas. Reyna não afrouxou o abraço, passando a um nível totalmente diferente, com a mão entre os cachos dele. Se sentia, durante a viagem dos dois, como sua irmã mais velha. Agora achava que era o carrasco, a portadora das más notícias. Ele ficou calado e apenas chorou, mas ela tentou continuar.

— Will recuperou o livro sibilino original. Achávamos que tinha queimado, mas uma família de Roma o escondeu... Passou por gerações, nessa mesma família. Apolo teve dois filhos com a última da linhagem deles, gêmeos como ele e Ártemis. Precisavam ser resgatados, Will fez isso. Mas filhos de Apolo não deveriam atrair monstros como aqueles dois, e ele percebeu que o livro era o que o fazia. Hoje... Uma filha de Afrodite e um filho de Ares apareceram em Berkeley, com os gêmeos de Apolo. Will deu a vida pra proteger as crianças.

21 de Marzo de 2019 a las 22:49 2 Reporte Insertar Seguir historia
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Tamires Castro Tamires Castro
a
May 18, 2019, 17:34

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