sapphire Saint Sapphie

É Copa do Mundo, meus bacanos! E nada melhor do que cachaça, Raça Negra e beijo na boca enquanto o hexa não chega. KiriBaku | TodoDeku | UA!Brasil. Cr à imagem original: Ana Martini.


Fanfiction Anime/Manga No para niños menores de 13.

#bnha #boku-no-hero-academia #kiribaku #bakushima #kirishima #bakugou #Copa #yaoi #bl #comédia
Cuento corto
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Tainha, vinho e muito HEXA



Alô! 

A fanfic é postada originalmente no Spirit Fanfics, mas agora está sendo postada para outras plataformas também por alguns motivos. Como já visto na capa, a Rikka-chan escreveu em conjunto comigo(Sapphire), e nós duas nos divertimos muito na época, mas ela não possui uma conta por aqui então infelizmente eu terei que apenas citá-la, mas os créditos também são todos dela. 

A fanfic foi dedicada a Nyao Kuro e Nikkiyan. 

O hexa não veio, mas em 2022 se DEUS QUISER EH FIRMINO BATENDO O GOL DA VITÓRIA CHEGA EU ME ARREPIO

×××××



Meus amigos, é Copa.

Frase que estremece até a alma e o espírito volta pro defunto. É Copa! Foram aguardados quatro anos para isso, fodendo quatro anos para que finalmente você, caro leitor, você mesmo do outro lado desse computador cheio de aba aberta ou por trás desse celular conectado na wi-fi roubada do vizinho, sentar a bunda na cadeira, pegar aquela Itaipava gelada e inventar aquela dor de barriga no trampo só pra assistir um monte de macho correndo atrás de uma bola; porque você merece. Foram quatro anos de preparo intenso. Afinal, não é fácil esperar pela delícia que é passar pelas ruas da cidade e deparar-se com a decoração espalhada por aí, as bandeiras, o verde e amarelo estampado em cada canto, em cada estampada de camisa, em cada pele... O fluir dos jogos, os memes, as expulsões, o churrasco, zoar os Argentinos, Copa! É bom demais.

E Bakugou sempre deu o maior valor à Copa. Fazia questão de espalhar sua euforia por aí, esse ano não seria diferente.

- Bro, a gente vai fazer uma farra com pagode e pinga.

Estavam na casa do loiro naquele dia. Ele e o ruivo, Kirishima Eijirou Zebedeu, seu "bro", mais conhecido como peguete nas horas vagas e às escondidas, estavam passando o tempo livre fazendo sabe-se bem o que: juntando boca com boca e mandando ver, porque é disso que o Brasil gosta, é isso o que o Brasil quer ver. O comentário de Katsuki logo chamou a atenção do outro, que piscou algumas vezes, o encarando.

- Oxe. – Suspirou. – E pra quê essa bagaceira toda?

- É Copa, desgraça. Tem que ter uma farra em dia de jogo.

- Puta merda, verdade. – Concordou, sorridente. Queria festa sim. Queria beber sim. – Quais os planos?

- Chamar uma galera, tipo Deku, Mina, bem torcedor raíz mesmo, sabe? Comprar uns foguete pra soltar na hora do gol, tá ligado? Comprar salgado pra comer, no final bota o paredão pra tocar com Raça Negra, põe uns espetinhos com farofa, Pitú, aí vai.

- Se o Brasil perder?

- KIRISHIMA VOCÊ VIRE ESSA SUA BOCA PRA LÁ.

- DESCULPA! – Pediu rapidamente. – Vai ganhar, se Deus quiser vai ganhar! E tu sabe que eu concordo, bro, eu sou o primeiro a dar cambalhota na hora do gol.

- Tu é top. Mande logo aí uma mensagem no zap zap pro grupo do "Água com Gás é HEXA", diz que se não vierem eu jogo bomba na casa deles.

- Irei ameaçar, pode deixar.

- Exatamente.

- Ô DE CAAAAAAAAAAAAAAAAAASA! – O grito vindo lá de fora pega ambos de surpresa e Bakugou corre até a porta para abrí-la. Suspira fundo, irritado como sempre. Era Aoyama, um dos vizinhos.

- Tem campainha, viu, inferno!?

- E vai morrer porque não toquei ela? Kirishima, amor! - Cumprimentou.

- Oi, bebê! – Mandou um beijo. Bakugou fez careta.

- Eca, bicho.

- Deixa de besteira, porco-espinho.

- Que que tu quer, porra?

- Eita como ele tá gentil hoje. Tava passando bem fino aqui na rua e vim te visitar, coração. – Entrou na casa, jogando os cabelos loiros para trás. – Aqui é Seda, meu bem.

- Não basta vim, tem que vim se achando.

- Eu sou um luxo.

- Luxo? Aoyama de Osasco, eu te conheço há mais de dois anos e sei que tu faz as unhas fiado.

- Esses detalhes a gente releva, meu anjo...

- Relevo é meu pau.

- Enviei! – Kirishima comentou. – Aí, já que o Aoyama tá aqui... A gente vai assistir o jogo do Brasil contra a Costa Rica todo mundo junto. Tá afim?

- Ih, vou assistir com meu boy.

- Outro? – Bakugou indagou. Recebeu um tapão do rapaz.

- Tsc. Voltando, vou bem pleno assistir com o meu boy.

- Pena. Vai perder o festão aqui em casa.

- Deus me defenda. Assistir jogo com Bakugou é pedir pra morrer.

- Fique sabendo que somos torcedores raízes e vamos estar de pé às sete cantando o hino nacional, no mínimo assistir ao nosso lado deveria ser sinônimo de orgulho.

- Eu duvido vocês acordarem setes horas da manhã só pra ver jogo.

Ah, pois.

Sete horas da manhã em p o n t o. Casa dos Midoriya. O garoto de cabelos esverdeados dormia de maneira tranquila no silêncio de seu quarto, quando o inesperado – ou não – ocorre.

- ACOOOOOOOOOOOOOOOOOORDA CARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI!

Katsuki Bakugou entra de voado batendo panela que por um acaso havia roubado dos armários da casa de Izuku, devidamente trajado em sua camisa da seleção brasileira, o rosto pintado com tinta verde e amarela, os cabelos bagunçados e a chinela no pé. E como se já não bastasse, Kirishima ainda brota atrás dele dando um mortal enquanto assoprava um apito.

- BOOOOOOOOOOORA DEKUUUUUUUUUUUUU – Bateu a colher na panela sem dó. – OUVIRAM DO IPIRANGA ÀS MARGENS PLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAACIDAS.. – Kirishima apitava no ritmo do hino nacional, arriscando alguns passos de dança. – DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTEEEEEEEEEEEEEEEEE... KIRISHIMA SOLTA A VOOOOOOOZ!

- Macho, eu sou o tocador. – O ruivo pôs a mão na cintura.

- A gente não combinou que tu é o back vocal, desgraça?

- Combinamos uma porra. Eu toco o apito e tu canta.

- Tu é muito é um vacilão, ruivo.

- Tu me chamou pra ajudar ou foi pra ficar me dando sermão sem necessidade, meu querido?

- K-Kazinho! O que diabos você tá fazendo aqui!? – Finalmente Midoriya deu o ar da graça, envergonhado. Bakugou suspirou.

- Tem jogo, inferno. Vim te acordar.

- Kazinho, o jogo é de nove horas. São sete horas da manhã, cara. Quem te deixou entrar aqui?

- A tia, ué. E Deus ajuda quem cedo madruga. Então levanta essa bunda da cama e se veste, vamo lá pra casa botar as cervejas pra gelar e esquentar os salgadinhos.

- Midoriya, que barulheira é essa aí no qua...

Ah, mas se tinha algo no qual o loiro amava mais do que a Copa do mundo era caçoar de seu amigo de infância. Já fazia parte do seu eu interior e culpou-se fortemente por não ter percebido o babado fortíssimo bem ali, debaixo do seu nariz, tão nítido quanto o rubor da face de Deku; afinal, era uma das cores do cabelo de Todoroki Shoto, o rapaz deitado ao lado que acabara de acordar, atordoado por conta do barulho, saindo debaixo daquele monte de cobertores, bocejando preguiçoso.

Como se diz? A cobra fumou.

- Tô é mooooooorto! – Kirishima já pôs logo a mão na boca, arregalando os olhos. – E o pintinho piu, viado!

- Rapaz...

- N-não é isso! – Deku tentou se explicar. – É só que... A gente dormiu junto...

- Claro. Depois de ter feito o pau dele de trampolim, né?

- Kazinho!

- Que que cês tão fazendo aqui mesmo? – Shoto piscou, sonolento. – São sete da manhã, cara.

- Dia de jogo. Acorda, Shoshota. – Katsuki suspirou. – Bora. É hoje, porra! VEM COSTA RICA, VEM CARALHO!

- WOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! – Kirishima se anima, dando uma estrelinha no quarto, desesperando Midoriya.

- Cuidado com meus colecionáveis do All Might!

- Tsc, sinceramente. – Shoto suspirou, coçando a nuca enquanto sentava-se na cama. – Só vocês pra me fazerem acordar cedo por causa de futebol.

- Cê não tá entendendo, ô "metadinha". É Copa do mundo. Cê, ó, pê, á. Isso é motivo de feriadão e churrasco em família.

- Uhum, e eu quero dormir.

- Deku, manda teu macho se cuidar senão eu meto a bicuda nesse troço que ele chama de nariz.

- Kazinho, violência não. – Choramingou o rapaz, balançando o braço do maior ao lado. – Todoroki, combinamos de ir...

- E eu vou. Te prometi, não prometi? – Estalou a língua no céu da boca, beijando-lhe a bochecha. – Só não tenho camisa da seleção ou coisa assim.

- Pois não seja por isso. – Bakugou logo meteu-se no papo. – Kirishima! Trás pra cá os bagulho!

- Tá na mão, bro. – O ruivo puxa um saco mediano, tirando dali de dentro uma camisa, jogando para Shoto. O rapaz piscara algumas vezes em resposta. Segurou o tecido em mãos, o ergueu, observou-o.

- Essa merda é da Copa de 2010.

- Sendo da Copa, tá valendo. Tá devidamente fardado.

- Jesus Cristo...

- Jesus no céu, Neymar na terra. – O loiro bateu palmas. – Vamo que vamo. Se troquem, vou tomar café lá embaixo.

- Café?

- A tia chamou a gente pra comer. – Eijirou respondeu, sorridente. – Dona Midoriya é a rainha do mundo.

- Cês acham que eu vou negar um cafézinho da tia? Mas nem fodendo. – Bakugou estalou os dedos. – Fui. E se apressem, que eu quero botar o paredão pra acordar vizinho.

Certo, nenhum dos dois tinham por onde fugir.

E nem como enrolar por muito tempo, mesmo que este fosse o desejo de Todoroki, se é que entendem. Então, o fizeram. Trocaram-se, como o loiro apaixonado pela Copa do Mundo bem o havia pedido. Todoroki não entendia bem toda essa paixão por ver uma bola rolando em um gramado e um bando de machos correndo atrás dela como se fosse ouro ou algo assim, mas Midoriya poderia dizer que conhecia Katsuki desde quando estavam no ventre de suas respectivas mães, desde quando comiam terra e quando ralavam o joelho depois de brincarem de pega-pega. Eram amigos de infância. E Deku sabia o gosto que ele tinha por jogos de futebol, em especial a Copa do Mundo; inclusive, nem podia negar que parte de si sentia-se ansioso o suficiente para assistir os jogos com o intenso Katsuki Bakugou. Então, não reclamou enquanto vestia a sua camisa velha da seleção brasileira, enquanto coloria as bochechas com tinta azul, amarela e verde. Seria divertido. Era Copa do Mundo, cara! E Todoroki também trajou a tal camisa da Copa de 2010. Zoado, mas muito que bem. Estava no clima, e logo ambos desceram, dando de cara com os dois amigos sentados à mesa, desfrutando do café, junto à mãe de Izuku que papeava tranquilamente com ambos.

- Chegou as bonita. – Katsuki já foi logo dando o ar da graça, arrancando uma risadinha da mulher ao lado.

- Bakugou é tão animado.

- Tia, ele fez uma playlist pra Copa, acredita? – Kirishima comentou.

- Eu? Foi tu! Tu que veio com "pipipi bota Exaltasamba" eu disse "tá bom, bota" aí ele fez foi encher o pendrive de música.

- E seus pais, Katsuki? Mitsuki odeia ser acordada cedo...

- Relaxa, tia. A velha e o velho viajaram pra não sei onde. – Suspirou. – Aproveitaram essa folga e vazaram.

- Muito que bem. Achei sensato.

- Pois é. Aí vou lascar com os ouvidos dos vizinhos.

- E lascou com o meu fazendo panelaço. – Todoroki interrompeu. – Bom dia.

- Bom dia! – Dona Midoriya abriu um largo sorriso ao ver o rapaz e o filho. – Como dormiram?

- Maravilhosamente bem. – Shoto foi educado, beijando o topo da cabeça da mulher. – E a senhora?

- Do mesmo modo. Mas não foram dormir tarde, não é?

- Ih. – Bakugou murmurou. Kirishima riu.

- Aí, lembrei de uma música.

- Qual?

- Lá em casa tinha um galo, lá em casa tinha um galo, e o galo cocorocó e a galinha có... – Katsuki sorriu largo. Kirishima o fitou. Ambos seguiram em uníssono.

- ... E O PINTINHO PIIIIU E O PINTINHO PIIIU.

- VOCÊS DOIS! – Deku os repreendeu, envergonhado. Todoroki mordeu o lábio inferior.

- Nossa senhora...

- Eu estou tentando entender...

- M-mãe! Não precisa..

- Aí, vamos logo com isso antes que eu desista. – Todoroki suspira. – E antes que dê ruim por aqui.

- Já tô ficando preocupado, meu Deus. – Katsuki se levanta. – Será que Neymar tá bem? Já tomou café? Um homem daquele tem que se hidratar.

- Tô preocupado é com meu bolão. Se não meter de três à zero hoje eu me ferro.

- Vai dar bom. Bora, bora. Todo mundo pra moto, vamo.

- Kazinho, não vai caber todo mundo!

- Quem disse que não? – O fitou. – Se apertar cabe até dez. Bora.

Pois dito e feito. Saíram os quatro na moto. Bakugou pilotando, Kirishima atrás, Deku agarrado no ruivo e Todoroki se esforçando para não se ferrar em um tombo, já que metade da bunda estava fora do banco. A bandeirinha do Brasil presa no veículo balançando contra o vento, a música alta da moto tocando pelas ruas da cidade – mais especificamente, Aldair Playboy – e Katsuki Bakugou ameaçando empinar a moto só para desesperar o rapaz da ponta, algo como um:

"Vou empinar, hein?"

"Bakugou, você não ouse!"

"Eu vou empinar, heeeeein!?"

"Caralho, Bakugou, não faz merda!"

"EU VOU EMPINAR, HEIIIIIIINNNNNNN!?!?!?"

"EU VOU TE MATAR, FILHO DA PUTA"

Não houve empinada de moto, para a felicidade de um certo rapaz. E logo encontravam-se de frente ao portão da casa de Katsuki, já se deparando com o cartaz feito à mão no qual ele e Kirishima desenrolaram noite passada e colaram ali assim que acordaram. No cartaz encontrava-se nada mais nada menos do que as regras do "Plus Hexa", como bem denominavam o evento que estava prestes à começar.

"1. SÓ ENTRA PITÚ E BEBIDAS QUE NÃO CUSTEM O OLHO DA CARA PORQUE AQUI É TODO MUNDO POBRE.

2. SE TORCER PRA ARGENTINA E PRA ALEMANHA É EXPULSO NA PORRADA.

3. TRILHA SONORA É SÓ RAÇA NEGRA, ALDAIR PLAYBOY, KATINGUELÊ, CAVALEIROS DO FORRÓ, CALIPSO, GAROTA SAFADA E FUNK DAS ANTIGAS.

4. SAIR NO SOCO DEPOIS DE BÊBADO PODE, MAS KATSUKI BAKUGOU DA SILVA PEREIRA LOPES NÃO ASSUME NENHUM B.O POR PERDAS E DANOS.

5. SE TORCER PRO OUTRO TIME O PAU QUEBRA."

Abaixo, a assinatura do morador da casa ao lado da belíssima imagem de Santo Péricles. Todoroki não sabia se ria, se chorava ou se corria.

- Serio isso? – Todoroki apontou para o cartaz. – Está animadinho assim por que? É só um jogo como muitos outros que estão por vir.

Escutar as palavras de Todoroki foi como enfiar uma faca no coração de Bakugou e Kirishima. O olhar arregalado e a mão sobre o peito deixava claro o quão ofendido ambos estavam.

- CALÚNIA!

- HEREGE!

REGRA NUMERO 4: ". SAIR NO SOCO DEPOIS DE BÊBADO PODE, MAS KATSUKI BAKUGOU DA SILVA PEREIRA LOPES NÃO ASSUME NENHUM B.O POR PERDAS E DANOS." Um novo recorde para uma quebra de regra havia acabado de acontecer.

Agora sim a porrada ia cantar.

- VEM AQUI QUE EU PINTO SUA OUTRA METADE DE VERMELHO JÁ JÁ. – Katsuki ameaçou ao estalar os dedos.

- POIS DEVOLVE MINHA CAMISA AGORA. – Gritava Kirishima

Antes que um olho roxo acontecesse naquele momento, Midoriya interveio. Tentando acalmar ambos os amigos diante da situação tão constrangedora. O esverdeado, puto com as palavras do namorado, não resistiu em dar um tapa bem em sua nuca com força, e obrigando o mais velho de desculpar contra vontade.

- Ontem você disse que controlaria sua boca. – Deu mais uma cutucada no namorado, e o mesmo apenas revirou os olhos.

- Ontem você também não controlou sua boca e nem por isso estou aqu... – Deu uma cotovelada no estomago do namorado, deixando o mesmo cambalear para trás com a força que o Izuku havia projetado.

- Bro! Ele me magoou, bro. – Choramingava Kirishima no ombro do amigo ao entrarem na casa.

- Eu sei, eu sei. – Acariciou os cabelos do ruivo. – MAIS UMA E VOCÊ TA FORA DAQUI. – Ameaçou, rangendo os dentes para o maldito bicolor.

É aquele ditado. Não seja cu, seja cool.

Por mais que Bakugou gostasse do namorado do amigo de infância, as vezes sentia vontade de puxar no pescoço do mesmo e o balançar loucamente que nem uma boneca de pano só pelas bostas que ele conseguia falar, porém em respeito ao amigo apenas o ameçava. Uma vez ou outra com uma faca, com um garfo, revolver (de plástico, afinal todo mundo ali ainda era pobre o suficiente para não conseguir uma de verdade), e ou até mesmo um balde. Vontade não faltava, mas ele se controlava como podia.

Quase nove horas, o jogo estava prestes a começar e não demorou muito até que Mina e Uraraka finalmente chegassem, e do jeitinho que o brasileiro gosta, gritando e fazendo barulho com as vuvuzela e cornetas que haviam pego de umas crianças da rua debaixo. Em mãos haviam varias sacolas com bebidas alcoolicas respeitando assim as regras, as mais baratas possíveis.

- POR QUE VOCÊS DEMORARAM CARALHO? – Berrou Kacchan já na frente da TV.

- PERGUNTA DO FILHO DA PUTA DO MOTORISTA DO ONIBUS. NÃO TENHO CULPA SE VOCÊ MORA NA PUTA QUE PARIU. – Uraraka colocou as sacolas sobre a mesa e se apossou de uma latinha.

- Onde arranjaram dinheiro o suficiente pra tanta coisa? – Perguntava Eijirou surpreso ao abrir a sacola de plástico e pegar uma das latinhas também.

- Acha mesmo que a gente comprou tudo isso? Caíram de um caminhão ontem a tarde, então só fiz pegar. – Mina abriu a latinha e a tomou toda de uma vez em apenas um gole. – CARALHO BRASIL TEM QUE GANHAR ESSA PORRA.

Ansiedade atacava, coração a mil, mãos tremulas e um sorriso mais aberto que Firmino era a situação atual de todos ali. Olhos vidrados na televisão, rezando e cantando qualquer coisa que viesse a mente para acalmar os ânimos, porém tudo parecia ficar ainda pior com a situação atual da seleção. Brasil necessitava de uma vitória sobre a Costa Rica por dois motivos: o primeiro seria por conta de seu empate na primeira rodada; o segundo seria para honrar o sono de mais de 99% dos brasileiros que acordaram cedo para ver o jogo. O loiro bocejava pela terceira vez desde que todos chegaram, todavia, mesmo com bastante sono e querendo esfregar a cara do goleiro Alisson no gramado ainda puto com o gol pego no último jogo, o mesmo se ajoelhou na frente do aparelho televisor e junto as mãos. Pela primeira vez em muitos anos o Bakugou tentaria algo assim.

- Chega de mentiras, de negar o meu desejo. Eu te quero mais que tudo, eu preciso do teu beijo... – Sussurrava com confiança e garra. Estufou ainda mais o peito e apertou as mãos com mais firmeza.

- Por que caralhos você está cantando "Evidencias"? – Perguntava Uraraka ao cutuca-lo com uma expressão interrogativa. – Depois eu que sou a bêbada da festa? – Revirou os olhos enquanto tomava o restante do liquido na latinha de cerveja que segurava, que por sinal já era sua terceira naquela manhã. – KIRISHIMA, TEU NAMORADO TA FICANDO DOIDO JÁ.

- ELE NÃO É MEU NAMORADO CARALHO. – Jogou a latinha já seca na amiga, porém a mesma desviou.

- Ah ta bom, então eu nunca dei uns pegas na Mina enquanto estava bêbada na balada. Eu acredito Eijirou Kirisihima Zebedeu, caiu no chão e deu. – Ria descontrolada.

- CALA A BOCA FILHA DA PUTA QUE EU TO TENTANDO REZAR AQUI PARA O MENINO NEY E O LITTLE COUTO CARALHO. – Katsuki levantou-se furioso, já com uma sandália havaiana em mãos prestes a correr atrás da morena que apenas ria ainda mais com a situação. – OLHE QUE NÃO SOU TUA MÃE, MAS EU ACERTO ESSE TROÇO NA TUA ORELHA DE ONDE EU TO.

- SHIIII VAI COMEÇAR. – Interrompeu Mina, jogando batendo contra a almoçada fofa que já havia se apossado desde que sentou em uma das cadeiras próximas do sofá.

Ver sua seleção do coração entrando em campo arrepiava qualquer um que tinha sentimentos verdadeiros pela copa. Assim que o hino começou, Katsuki foi o primeiro a se levantar e colocar a mão sobre o peito para cantar bem alto e com vontade. Sentia meu coração batendo ainda mais forte que antes e não se envergonhava em nenhum momento da emoção que sentia, deixando até seus olhos se enchessem de lagrimas.

O hino terminou, todos ali se animaram, tocavam as vuvuzelas e fazendo barulho em comemoração a uma seleção tão apaixonante, menos Todoroki que parecia uma planta e chegou até a bocejar diante da comemoração.

- CALÚNIA!

- HEREGE!

- MAS PRONTO, POSSO NEM BOCEJAR MAIS NESSA PORRA?

- BRIGA, BRIGA, BRIGA! – Provocava Mina ao tomar a quarta latinha.

- Mano do céu, parem de brigar um minuto. – Midoriya revirou os olhos e pegou uma das latinhas sobre a mesinha de centro, entregando para Todoroki. – E você, beba um pouco. Desse jeito vai ser menos chato para você.

- Ownt que lindo. Tão lindo que parece até o nome da bola de futebol da copa, "Telstar 18". – Provocou o ruivo fazendo com que Uraraka cuspisse o liquido sobre o rosto de Mina, ao seu lado, começando a rir.

- MAS QUE PORRA, URARAKA. – Reclamou Mina. – Tá rindo do que? O nome da nossa bola era mil vezes pior que a deles. Pelo menos a deles tem um significado legal, já que é sobre o satélite de mil novecentos e sei lá das quantas. O nome da nossa bola era Cafusa. Quem porra escolhe o nome Cafusa pra uma bola de futebol? Conseguiu superar o nome do mascote.

- Cafusa? – Perguntou Katsuki. – Agora que você falou, nem eu sabia que a bola da copa do ano passado tinha nome.

- Acho que era porque era tão feio que ninguém queria falar sobre ela abertamente. – Kirishima deu um gole na bebida.

- Segundo a wikipedia, a bola une três símbolos do que mais o brasileiro gosta: carnaval, futebol e samba. Eles apenas pegaram as duas primeiras letras das palavras e acabou ficando esse nome mesmo. – Disse Todoroki com o celular em mãos.

- Pufff balela... Se fosse realmente pra juntar o que o brasileiro gosta não ficaria esse nome. – Completou Uraraka. – Brasileiro gosta mesmo é de: bunda, cerveja e tapioca. – Levantou os ombros.

- Mas ai ficaria buceta... – Disse Deku meio confuso.

- Exatamente. – Deu mais um gole na bebida arrancando risadas de Mina.

- Ai amiga, concordo. – Colocou a mão sobre os ombros da morena, rindo ainda mais alto.

Não era de se estranhar que Mina fosse a mais animada onde quer que fossem, porém bastava apenas uma ou duas latinhas de cerveja para Uraraka que logo seu trono era domado pela morena em poucos segundos. Todos ali já haviam se acostumado com a mudança repentina de personalidade da amiga, menos Todoroki, já que mal conhecia a peça, porém sempre buscava ignorar se algo estranho acontecesse.

O bicolor olhou para a latinha de cerveja em mãos e cheirou um pouco o liquido amarelado, sentindo o odor forte de álcool invadir sua mente.

- Acho que prefiro ficar sóbrio essa manhã, afinal, alguém precisa ser responsável nesse lugar e ter certeza de que ninguém vai morrer hoje. – Entregou a latinha para o namorado e levantou o olhar para as quatro pessoas ao seu lado, que gritavam e quase choravam de emoção com apenas alguns minutos de jogo. Suspirou.

- Tem certeza? – Perguntava o esverdeado. – Não gosta? – O bicolor apenas assentiu e sorriu. Rodeou a cintura fina do outro e o puxou mais para perto, dando um leve beijo em sua bochecha como demonstração de carinho.


- x –

Primeiro tempo de jogo havia acabado. Por pouco quase todos os fios de cabelo de Bakugou não haviam sido arrancados de tanta preocupação e frustações pelas bolas a gol perdidas. Chorava, gritava, abraçava qualquer um que estava ao seu lado, mordia os próprios lábios ou até mesmo a mão para aguentar tamanha ansiedade.

Show do intervalo. Melhores lances da partida. Tudo estava a favor da seleção verde e amarela, porém faltava o mais importante. O GOL! Faltava o grito que estava entalado na goela a quase uma semana. Ninguém mais aguentava segurar tamanha pressão.

Katsuki aproximou-se de Kirishima, sentado em uma das cadeiras que havia roubado da mesa de jantar da cozinha, e sem nem sequer pedir ou dar algum sinal, apoderou-se das pernas do amigo, sentando sobre as mesmas e cruzando os braços e pernas. Estava puto.

- O que tá rolando, bro? – Perguntou o ruivo, tirando as madeixas loiras e bagunçadas do rosto de seu amigo.

- Tô puto, bro! Esse gol não sai. Willian não tá fazendo bosta nenhuma e nenhum sinal de Firmino nesse carai. – Rangeu os dentes e apertou mais os braços contra o peito.

- Pois se acalme, bro. Vai sair esse gol sim senão eu não me chamo Eijirou Kirishima Zebedeu, mais conhecido como bro do meu mano Katsuki Bakugou da Silva Pereira Lopes.

- Bro... – Colocou a mão sobre o peito, emocionado com as palavras do outro. – Te amo, bro.

- EU TAMBEM TE AMO, BRO. – Abraçou o loiro, mesmo sabendo que o mesmo odiava tamanho contato em público, mas Katsuki não o impediu e até mesmo retribuiu o abraço.

- E vocês ainda tem coragem de reclamar da gente? – Disse Todoroki, arqueando uma de suas sobrancelhas.

- Isso é bem estranho de se ver. – Comentou Mina. – Sempre pergunto, mas tem certeza que não há nada entre vocês dois? – Olhou para Uraraka rapidamente, porém a mesma apenas mexia no celular, vasculhando o mesmo em busca de uma musica ou sei lá o que.

Ofendido com tais palavras de Mina e Todoroki, o loiro levantou-se em um susto do colo do ruivo e colocou os dedos sobre o peito deixando sua boca entreaberta e os olhos arregalados. Olhou para Kirishima por uma ou duas vezes, porém o mesmo não fazia nada, estava apenas estático parado no mesmo lugar e suando como louco.

- Está quente aqui, né? – Comentou ao abanar-se com as mãos. – Vamos beber mais gente, aqui não tem só cerveja não. – Tossiu. – URARAKA, CADÊ OS PITÚS, MULHER? – Gritou.

- E TU PERGUNTA UM COISO DESSES PRA MIM? A CASA É DO TEU BOY, VAI PROCURAR. – Respondeu aos berros, continuando o que estava fazendo.

- ISSO É UM ABSURDO DA PARTE DE VOCÊS. – Reclamou Katsuki. – Só por que a gente se dá bem, não quer dizer que temos algo.

- I-isso ai... – Complementou Kirishima ainda nervoso.

- Cara, vocês dormem juntos, tomam banho juntos, usam a roupa um do outro, vivem sorrindo quando conversam, além de que às vezes o Kirishima esquece que está rodeado de pessoas e taca-lhe o beijão na bochecha de Bakugou. – Suspirou a rosada.

- Não queremos entrar na vida pessoal de vocês, mas nem disfarçar vocês conseguem mais.

- Midoriya tem razão, vocês deveriam se confessar logo. – Concordou Todoroki, escondendo a boca com a mão para disfarçar o riso.

- Ah pronto, agora o Edward e a Bella coloridos querem dar opinião. – Revirou os olhos. – Bora mudar de assunto que o jogo já vai começar e se alguém me fizer perder o gol do menino Ney ou do Little Couto o pau vai comer.

- O pau do Kirishima vai comer quem? – Perguntou Shoto, caindo na gargalhada ao notar o rosto vermelho de ambos.

- Olha, se você tiver sorte, você. – Respondeu Kirishima debochado, jogando um beijo com os dedos.

- Isso tá bem melhor que as brigas do Programa do Ratinho. – Mina apoderou-se do balde de pipoca, continuando a assistir a confusão.

- ACHEI!! – Disse Uraraka, levantando o celular e dando alguns pulinhos para cima.

- Achou o que, demônio?

- Eu tenho provas de que está acontecendo algo entre vocês sim, e tenho print para comprovar isso. – Disse convencida.

- VOCÊ NÃO SE ATREVA. – Ameaçou o ruivo com uma latinha vazia em mãos, prestes a jogar contra a morena.

- Uma vez acabei recebendo uma mensagem de Kirishima de madrugada, bem provável que bêbado ou sei lá o que fosse. Nela continha a seguinte frase. – Ajeitou a voz e tossiu duas vezes, voltando a olhar a tela brilhante. – "Querida Uraraka, gostaria de um conselho..." – Tentou imitar a voz do outro sem sucesso.

- TU NÃO LEIA UMA PORRA DESSAS NÃO, MULHER. – Desesperado, Kirishima levantou-se, indo em direção a morena, porém a mesma era mais rápida e ágil, com isso conseguindo correr pelo cômodo com mais facilidade, deixando que o ruivo tropeçasse nos demais moveis espalhados por ali. – NÃO LÊ ISSO PELO AMOR DE TITE.

- "... É verdade que é gay quando você passa a mão no cabelo do bro quando ele tá te mam..." – Desviou da almofada. – "... ando? Aguardo resposta." – Virou o aparelho em direção aos demais ali presentes e continuava a gargalhar e correr do ruivo.

Katsuki tentava esconder sua face com as mãos, mas nada adiantava.

- Isso é um absurdo. – Kirishima bateu com os pés no chão. – Estávamos bêbados na hora e não sabíamos o que tava rolando. – Cruzou os braços. Voltou a olhar para Katsuki, mas logo desviou o olhar. – Não é, bro? 

- Acho incrível como as bonitas querem cuidar da minha vida sexual com o Kirishima. – Pousou a mão na cintura.

- Ohoho... Então quer dizer que tem algo rolando. – Mina lançou um olhar malicioso para ambos.

- MAS PRONTO, VOU JÁ EXPULSAR VOCÊS DA MINHA CASA JÁ JÁ E VAI TODO MUNDO ASSISTIR O JOGO NO MERCADINHO DO TIO ZÉ. – O loiro bateu com os pés no chão, já sem saber o que fazer naquele momento.

"Se eu bater em alguém eu vou ser preso?" Foi o que Katsuki pensou ao cerrar os punhos.

O jogo já havia começado, mas quem ligava diante de um babado tão forte ocorrendo? Katsuki e Kirishima tiveram que escutar piadinhas por alguns longos minutos que pareciam correr ainda mais devagar que o de costume, porém fingiram não ligar. Por outro lado Midoriya e Todoroki eram os que mais riam e jogavam piadinhas para que ambos ficassem ainda mais constrangidos.

- Bro! – Ditou Mina ao aproximar-se de Uraraka, imitando a voz grossa de Bakugou.

- Bro! – A outra imitou a voz de Kirishima ao segurar o riso. – Eu já disse que você é o melhor bro desse mundo inteiro? EU TE AMO, BRO!

- Eu também te amo, bro. – Puxou a morena pelo braço, deixando com que ela caísse sobre os seus e aproximando seu rosto. – Vamos nos beijar de língua até o amanhecer. – Colocou a língua para fora e fez movimentos sugestivos com a mesma enquanto fazia um barulho cômico, o que fez o restante ali cair na gargalhada, menos, claro, Kirishima e Bakugou.

- CALEM A BOCA PELO AMOR DE TITE. – Gritou Kirishima deixando seu rosto tão vermelho quanto o seu cabelo.

- MAIS UMA PIADINHA E EU TE DENUNCIO PRAS CRIANÇAS QUE VOCÊ ROUBOU MAIS CEDO. – Berrou Katsuki, furioso. Mina olhou para os três restantes ali brevemente, mas sorriu, voltando a fazer os mesmos movimentos com a língua apenas para provocá-lo, isso, claro, antes de levar uma almofadada na cara.

- Parei... Parei... – Disse recuperando o fôlego e se apossando de um pequeno copo com a dose de alguma bebida que ninguém sabia mais identificar o que era.

Mas é claro que estava puto. Tudo bem que aquele era o seu humor costumeiro e todo mundo já sabia que ele era o próprio Canarinho Pistola da Copa, mas veja bem, ele tinha motivos naquele instante. Pô, não havia gastado a grana do bolso, comprando salgadinhos e o "caralho à quatro" e enchido à sua casa com um bando de malucos pra nada, porque não havia nada mais deprimente do que um zero à zero. Santo Péricles. Era pior do que uma topada do dedo mindinho na escada ou cachaça ao som de Raça Negra. Agora havia pesado na consciência, os dias em que a sua mãe insistia para que ele fosse à igrejinha da esquina e ele, teimoso como sempre fora, a trocava fácil pela praça vizinha ou a casa de Kirishima. Quem sabe se não houvesse rezado um "Ave Maria" três vezes o menino Neymar não estivesse se saindo melhor e o loiro não precisasse provar do desgosto? E tome cerveja adentro. Um gole, dois goles, três goles. Puto. Bebia quando estava contente, bebia quando estava triste, bebia quando estava com raiva, era brasileiro raiz, porra. Era manhã e tinha de beber. O ruivo sentado ao seu lado já o observava vez ou outra, as reações intensas de um loiro claramente transtornado por dentro. Ele mordeu o lábio inferior. O jogo seguia firme. O time brasileiro pressionava, tentativas de gol, Neymar caiu de novo.

De novo? Ô caralho.

Neymar cai mais que a auto estima das autoras que tão escrevendo essa merda.

- Num tem jeito. – Bakugou chamou a atenção. – Vamos ter que rezar.

- O quê?

- Só se for de novo, porque eu tô rezando desde as seis da manhã pra essa porra dar certo. – Mina rebateu.

- Tu tá dando é azar.

- Meu ovo.

- Cala a boca, olha o lance!

Mais um. Os olhos vidrados, Galvão falando mais que papagaio. Bola passa pra Marcelo, que passa pra Coutinho, que passa pra num sei quem, que passa pra fulano. Bakugou já tava vendo era três bolas em campo mas fingiu que estava tudo sob controle e tomou mais um gole da cerveja, a causadora das miragens. Chegaram perto da grande área. Tensão. Brasileiro era assim mesmo, mal chegavam perto da trave, já estavam gritando gol, foi o que Deku fez e levou um tapa detrás da cabeça do loiro como repreensão. Entretanto, como se o "Santo Péricles" ouvisse as suas preces íntimas, aconteceu: bastaram poucas palavras de Galvão Bueno para a sala de Kazinho se tornar uma farra: "é pênalti". E se ninguém houvesse entendido em primeiro momento, não tinha importância; Kirishima fez questão de repetir logo em seguida quando se levantou do sofá em um pulo, jogando a bacia de pipoca pro alto.

- É PÊEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENALTI!

- PUTA QUE PARIU, AGORA VAI PORRA – Bakugou nem ligou pra pipoca espalhada no chão. – DEKU, PEGA OS FOGUETE, PEGA!

- K-Kazinho...

- PEGA, CARALHO!

Bagunça. Mina e Uraraka pulavam, Kirishima escorregou nas pipocas – quem caralhos escorrega em pipoca? - e se lascou em uma queda, mas seguiu a vida e gritou ferrado no chão mesmo. "É PÊNALTI, É PÊNALTI!" ô felicidade grande! Todoroki permanecera sentado observando abismado a folia que subitamente tivera início e Midoriya não pensara duas vezes em seguir o pedido do loiro, pegando um dos foguetes na mesa e a caixa de fósforo, o entregando.

- WOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO SAI DO MEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI!

Foi o grito de guerra antes de abrir as portas e sair correndo pra fora. Finalmente ia sair! Demorou mas chegou a hora de perturbar vizinho, nem se deu ao luxo de calçar sua chinela comprada na feira antes. Shoto permaneceu quieto, suspirando fundo, já que não era dessas farras. Privou-se a prestar atenção na tv, logo notando algo de estranho enquanto os outros comemoravam o pênalti; revisão por arbitragem de vídeo. Essa merda que fodeu com o time brasileiro no jogo contra a Suíça, e agora o suposto pênalti estava sendo revisado. Oh, merda. Conseguiu ouvir o "IHI" de Bakugou lá fora e o barulho do foguete após aceso, Mina e Ochako ainda surtavam e agora Kirishima era ajudado por Deku. Foco na tv. Deu ruim. Shoto murmurou um "eita" e colocara a mão sobre o peito quando o pênalti não havia sido aceito após a análise por vídeo.

- Meu Deus do céu. BAKUGOU, CANCELA! VOLTA! – Finalmente gritou. Eijirou foi o primeiro à fitá-lo.

- Que foi?

- FOI CANCELADO, CANCELARAM O PÊNALTI.

- O QUE? – Kirishima arrancou a faixa "100% Jesus" da testa. – Como foi? COMO FOI?

- Passou pelo árbitro de vídeo e deu ruim.

- Quer dizer que hoje a câmera tá prestando? – Mina revirou os olhos, irritada. Kirishima caminhou até a porta.

- BRO!

Kirishima saiu. A conversa era baixa, mas dava para se escutar.

"Moiô o pênalti."

"Moiô por quê?"

"As câmera pegaram."

"E agora?"

"E agora que num teve gol."

"O cu deles que num foi."

"Se acalme, bro"

"Vou pegar esse juiz na porrada."

"Vai nada, tu tá aqui e ele tá lá."

"Eu só tô passando raiva, bicho".

Ambos voltaram. O loiro notoriamente irritado. Kirishima já amarrava a faixa de novo na cabeça.

- Ah pronto, lá se vai dez conto.

- Soltou bomba de besta...

- Cala o bico, Shoshota. – Rebateu no mesmo instante. – Eu devia era raspar esse cabelo "duas-cor" pra deixar de ser fresco.

- Para o seu governo, é estiloso.

- Decadência, viu?

- É impressão minha, ou o cabelo do Todoroki lembra a Costa Rica?

Uraraka tinha razão. Eram claramente as cores da Costa Rica, ou pelo menos duas delas. Uraraka olhou para Deku, que olhou para Kirishima, que olhou para Katsuki. O olhar de que iria dar ruim.

- Kirishima. – Bakugou o chamou após alguns segundos de silêncio. – Pega a tesoura.

- Tá moscando é, bro?

- Eu vou é acabar com esse desgraçado do Shoshota.

- Kazinho! – Midoriya, nervoso, o fitou. – Sem tesoura!

- Ele tá achando que me engana, mas não me engana não. – Remexeu o indicador em negação. – O desgraçado não deu um grito, não deu uma trancada de cu até agora, é claramente torcedor da Costa Rica!

- Eu lá torço pra time ruim feito a Costa Rica!? – Shoto demonstrou estar indignado com as acusações.

- Nem beber tu tá bebendo, INFERNO! – Alterou-se. Olha aí a coisa fedendo. – Tu tá infringindo uma das regras do Plus Hexa, mermão. Tá achando que isso aqui é bagunça?

- .... Eu tenho mesmo que responder?

- REGRA NÚMERO SEIS: SE VIER COM CABELO DA COR DA COSTA RICA EU CORTO À FORÇA.

- Essa regra não tinha na porcaria do cartaz! – Todoroki protestou.

- Agora tem, Shoshota. Se prepara que eu vou foder com tua cabeleira.

- Bakugou...

- BAKUGOU O CARALHO, MEU NOME AGORA É ZÉ BIRIBA.

Bakugou avançou e a bagunça piorou de uma vez, tudo isso por conta de madeixas brancas e vermelhas. Foi o loiro pra cima do bicolor, pipoca voou, Midoriya gritou agudo, Neymar caiu de novo e Galvão tagarelava mais que papagaio, uma belíssima cena, ocorre nas melhores famílias. Zé Biriba e Shoshota rolaram pelo chão da sala em um embate árduo, o loiro com a tesoura, o outro usando das mãos para defender-se dos ataques. Kirishima tentou entrar no meio para apartar, entretanto, arrependeu-se no momento exato em que levou um chute na coxa e choramingou de dor. Não tinha nada que despertasse mais o ódio do loiro do que ver alguém torcer pra time adversário, e Shoto, na verdade, não estava era entendendo nada. O que na realidade tirou os dois daquela bagunça toda foi o berro vindo de Uraraka, que os pegara de surpresa.

- OLHUGOL, OLHUGOL!

Pararam subitamente. Bakugou por cima, o bicolor por baixo, os olhos atentos à tv ligada e ao suposto lance. Bola perdida, huh. Que merda! Quantos gols já haviam perdido mesmo? Porém, outra cena havia de chamar a atenção de ambos, que logo desviaram o olhar para tal, permanecendo na mesma posição que encontravam-se. Era Mina, que acabara de arrancar a camisa verde e amarela do corpo, não acanhando-se em permanecer somente de sutiã rosa entre eles, colocando a veste estendida no chão com um terço por cima. Movimentava as mãos de maneira variada por cima dos objetos, fazendo os presentes estranharem o ato.

- O que porra é isso, doida? – Bakugou finalmente deu o ar da graça.

- Tô apelando pra reza, tá vendo não?

- Tá parecendo é que tá invocando satanás.

- Você respeite que eu escolho Deus, eu escolho ser amiga de Deus. – Suspirou.

- Tenho é medo.

- Ao invés de reclamarem, deveriam parar de brincar de lutinha e me ajudarem na reza braba aqui, porque a porra do gol tá difícil.

- Inferno. – O loiro resmungou, saindo de cima do rapaz. – Depois cuido desse desgraçado aqui.

- Aí, bro. Pego a bíblia lá na gaveta?

- Pegue. Agora vai.

Pois foi bíblia, foi a oração do anjo da guarda, foi Galvão Bueno, foi "pai nosso que estás no céu santificado seja o vOLHA O GOL EITA MEU DEUS DO CÉU O GOL", foi tudo. E o tempo passava, os sentimentos à flor da pele só os deixavam agoniados o bastante acreditando que o jogo terminaria em um mero zero à zero, bosta grande. Entretanto, vieram seis minutos de acréscimo ao final, junto à Firmino com quarenta minutos do segundo tempo, uma luz no fim do túnel para Katsuki Bakugou. Seis minutos, porra! Com seis minutos dava pelo menos um.

E saiu. Coutinho era o nome dele. Saiu sofrido, mas saiu. E quando saiu, ah... Teve Bakugou saindo pela porta com Kirishima pra soltar bomba, teve Deku e Todoroki pulando, teve o FUOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOONNNNNNN da vuvuzela de Mina ecoando pela sala e Uraraka Ochako subindo em cima da mesa para rebolar. Gol! Finalmente gritaram! E só deu tempo o loiro e o ruivo voltarem novamente para que saísse o segundo, de quem? Dele mesmo, o menino Neymar, o menino de ouro, Bakugou encheu o olho de lágrima e foi soltar outro foguete. O hexa pertencia ao Brasil; só não via quem não queria.

Jogo encerrado, hora de encher o bucho.

Som ligado, churrasqueira já no ponto, a festa de comemoração teria início do jeitinho que o anfitrião da casa desejava: cachaça e funk.

- VEM HEPTA QUE O HEXA JÁ É NOSSO. – Comemorou Ochako em cima da mesa, rebolando com Mina ao som do tão famoso hino do Brasil versão funk.

Agora sim tudo estava completo. Era bebida para um lado, era churrasco para o outro, rebolar até cair duro no chão por simplesmente não aguentar. Carros passavam pela rua buzinando e gritando sobre a tão esperada vitória merecidíssima do Brasil.

É como dizem né meus bacanos, se não for sofrido, não é Brasil.

Novo lema para as nossas vidas no decorrer desse ano será: "Se a seleção conseguiu salvar a gente nos últimos minutos, então você consegue passar naquela prova ou chamar aquela pessoa especial pra sair."

MOSTRA TUA FORÇA BRASIL E FAZ DA NAÇÃO SUA BANDEIRA, CARALHO.

- Abaixa um pouco... Assim mesmo... – Instruiu Mina para Kirishima e Midoriya. – Agora só coloca a mão no joelho e rebola esse popozão que a mamãe deu. – A rosada mexeu os quadris conforme o funk ao fundo, deixando qualquer um ali de boca aberta com tamanha agilidade.

Curiosos e já bastante bêbados, o ruivo e o esverdeado tentavam imitar a amiga, mas pela falta de prática, apenas conseguiam o básico, mas mesmo assim deixando Todoroki e Bakugou de boca aberta.

Kirishima lançou uma piscadela para o loiro, deixando-o ainda mais vermelho. Nessas horas já haviam tacado o foda-se para as piadas que teriam que escutar. O mais velho se aproximou e o puxou, colando seus corpos.

- Ei, o que é isso na sua boca? – Perguntou o loiro.

- O que? – Passou os dedos sobre a mesma.

- Eu.

Ai, papai.

Essa é a parte boa da cachaça. Ela te faz agir como nunca agiria em sã consciência e Katsuki não suportaria permanecer somente observando aquele ruivo rebolar a bunda enorme para os ares e olhar para si ao longe sem que ele pudesse tocar qualquer cantinho daquele corpo no qual ele já conhecia de cor. Pois que se fodam os presentes, os comentários, qualquer coisa que eles dissessem. Ele sorriu bobo quando sentiu o corpo alheio tocar-se ao seu, os braços dele envolverem-se ao redor de seu pescoço em um recado silencioso: "faça". Seu pedido era uma ordem. Kirishima não tinha a mínima noção do efeito que causava sobre si e o loiro esqueceu-se do mundo quando seus lábios encostaram-se aos dele com ardor. E moveram-se sobre aquela boca molhada em um beijo gostoso, lento, enquanto seus dedos invadiam-lhe os fios vermelhos puxando-os com certa força.

Do jeitinho que eles gostavam.

- E eu não ganho nenhum? – Questionou Todoroki ao encostar a mão no ombro do namorado. O mesmo sorriu e olhou para o copo em mãos ainda com uma boa quantidade de liquido restante.

- Se você está pedindo... – Despejou todo o liquido na boca e partiu para cima do namorado. Beijando-o com todo cuidado possível para passar a maior quantidade de bebida possível para o mesmo.

Essa, infelizmente, era a única forma que Midoriya havia encontrado para que Todoroki bebesse algo que não fosse dolly guaraná ou água da pia.

- Não tô crendo que você fez uma coisa dessas comigo. – Tentou cuspir, mas nada mais adiantava. Já havia engolido tudo o que estava na boca do parceiro. Meio zonzo, deu alguns passos para trás enquanto tossia e procurava um local mais seguro para se apoiar. O gosto amargo era horrível no primeiro momento, mas bastava apenas um pouco para que sua vontade por mais e mais daquilo se estendesse. Dessa vez, Todoroki teria que se controlar um dobro para não fazer nenhuma merda.

- Deku, vem tirar uma selfie com o gato. – Chamou Bakugou.

- Que gato?

- Eu.

- Misericórdia...

- Tira a camisa.

- Mas Kazinho...

- TIRA, VAI SER MASSA. – Midoriya tira.

- Faz a pose, vai.

- Tô com frio, Kazinho.

- Peitoral lindo da porra.

- Kazinho, eu preciso ir dar atenção pro Todoroki...

- Meu cabelo é top demais.

- Me escuta, Kazinho...

- Se fosse eu jogando, eu metia sete gols nesses filhos da puta.

- Kazinho, tenho fome...

- Sou lindo.

Dedo no cu e gritaria era o lema.

Ninguém segurava a alegria do povo brasileiro na vitória do Brasil. Não seguraram nem o Tite, imagina mais de 90% da nação que acordou antes das 6 horas ansiosíssima para o jogo. ESSE MOMENTO ERA O CERTO PARA JOGAR TODA A ALEGRIA PARA FORA.

Não demorou muito para que Todoroki se apossasse da garrafa inteira de Pitú de uma das mãos das meninas que não paravam um minuto sequer de cantar as músicas que continham na playlist de Bakugou.

- BOTA A MÃO NO JOELHO, DÁ UMA AGACHADINHA, VAI DESCENDO GOSTOSO, BALANÇANDO A BUNDINHA. – Cantavam as duas mais Todoroki em cima da mesa.

As autoras avisaram. Ele era o mais fraco para bebida.

Todoroki, estamos decepcionadas com você, mas rindo muito, porém com respeito.

- GENTE! – Jogou a garrafa no chão, que por algum milagre não se quebrou. – CADÊ A TESOURA? ME DÁ A TESOURA AGORA. – Berrou, totalmente bêbado e começando a puxar a camisa para cima.

- TÁ NA MÃO. – Kirishima entrou o objeto pontiagudo para o bicolor.

- TODOROKI, NÃO FAÇA UMA COISA DESSAS. – Gritou Deku, tentando puxar a tesoura da mão do maior.

- CORTA, CORTA, CORTA! – Incentivavam as meninas.

- Ele aprendeu tão rápido, bro. – Choramingou Bakugou no ombro do amigo. – POIS FAÇA ISSO MESMO PORQUE COM ESSE CABELO TU NÃO ENTRA MAIS AQUI. – Bateu palmas.

Não houve cabelos cortados, não houve vinho, nem tainha e muito menos sexo, mas aconteceram os memes, tanto da copa quanto os internos. Em poucos minutos a casa já estava totalmente de cabeça pra baixo, mas Bakugou estava bêbado demais para reclamar então só deixou que tudo ficasse ainda pior.

Ochako foi a primeira a cair bêbada no chão, ainda com um apito nos lábios e totalmente tonta sem falar coisa com coisa. Todoroki, sem muito o que fazer, aproximou-se da garota e ajoelhou-se ao seu lado, com uma expressão estranha.

- GENTE, O CORAÇÃO DELA TA PARANDO. PRECISO DO DESFIBRILADOR. – Pegou o par de sandália em mãos. – SE AFASTEM, EU ASSISTI AS 14 TEMPORADAS DE GREY'S ANATOMY, ENTÃO EU SEI O QUE EU TÔ FAZENDO. – Colocou ambas no peito da jovem, imitando o tal aparelho, não obtendo resultado. – AUMENTAR PARA DUZENTOS.

- Todoroki, pare... – Midoriya colocou a mão no ombro do namorando, apertando e começando a lagrimar. – Ela se foi... Desista...

- NÃO! ISSO NÃO É VERDADE. – Jogou o par de sandália para o alto e chorou desesperadamente.

Era óbvio que Uraraka estava bem, e Mina tinha total certeza disso, mas a mesma nada fazia para acalmar ambos os garotos, apenas filmava e ria com a situação cômica presente ali enquanto tocava "Cheia de Manias" da banda Raça Negra.

DIDIDIDIDIÊ, CARAIO!

- ME AJUDE A SEGURAR ESSA BARRA QUE É GOSTAR DE VOCÊ. – Cantava Bakugou ao dançar com o suposto companheiro.

Tudo estava em total controle, ou quase, porém algo chato ocorreu depois de algumas horas. A mãe do ruivo, a senhora estraga prazeres atacava novamente pedindo (lê-se ordenando/gritando) para que seu filho retornasse o mais rápido possível.

Moiô pro nosso homem másculo.

Kirishima voltou para casa mais cedo por livre e espontânea pressão.

Dona Zebedeu ligou virada no demônio, mais afiada que Tramontina, e o ruivo não era nem louco de desobedecer os pedidos de sua velha. A farra teve continuidade na casa do loiro sem o rapaz da faixa "100% Jesus", que voltara para casa cambaleando pelas calçadas esburacadas, porém satisfeito. Brasil venceu. Tite se lascou em uma queda e ele riu para caralho. Ele e Bakugou se beijaram na frente do povo e o loiro nem ligou. Foi maravilhoso, deveriam repetir mais vezes. Quem sabe no próximo jogo, sim?

Quando chegara em casa, decidiu tomar um banho depois de levar um sacode da mãe por cheirar à Pitú. Lavou o corpo, molhou os cabelos, secou-se, vestiu-se, deitou-se.... Só quando se aconchegou na sua cama e deu o primeiro suspiro, deu-se conta: seu celular. Puta que pariu, o seu celular! Onde estava? Correu para a bermuda que havia usado e entrou em desespero profundo quando não o encontrou nos bolsos. Tentou acalmar-se; ah, cara, poderia ter deixado na casa de Zé Biriba, certo? Certo. Então correu para o notebook, o ligou, entrou em sua página do facebook para acessar o messenger e poder comunicar-se com o loiro, surpreendendo-se ao se deparar... Com uma mensagem do mesmo. Piscou algumas vezes. Talvez fosse Bakugou querendo lhe avisar de que o celular havia ficado por lá? Clicou com o mouse ali. Engasgou-se com a própria saliva ao ler a mensagem.

"Gato

Aqui é o cara que te assaltou

Li tuas conversa toda"

Kirishima tossiu e piscou novamente. Ele estava de sacanagem?

"Bakugou?..."

"Pô para de render pa esse kaminari que ele não quer nada contigo

Quem quer é eu pô

Me adiciona

Já roubei teu celular, agora vou roubar teu coração"

Ah, puta merda.

Bakugou surpreendia mais do que a vitória da Coréia em cima da Alemanha.



×××××

Deixe aqui sua risada para a Alemanha.

10 de Febrero de 2019 a las 23:30 0 Reporte Insertar Seguir historia
4
Fin

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Saint Sapphie It's Sapphie style; and you can sleep on top of mommy.

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