lara-one Lara One

Um homem com um único objetivo: Profanar os 10 mandamentos. Mulder e Scully se envolvem num estranho caso, e podem sem saber, fazer parte do objetivo do assassino.


Fanfiction Series/Doramas/Novelas Sólo para mayores de 18.

#mulder #Scully
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S02#13 - AGNUS DEI


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

Chiesa Santa Maria Goretti

Nettuno – Roma – Itália – 1975

8:31 A.M.

[Som: Bach – Jesu, Joy of Men’s Desiring]

Celebração de uma missa. Igreja lotada. O padre ergue um castiçal, atrás da mesa sobre o altar.

PADRE: - (ORANDO) Infondete, o Signore, ve ne preghiamo, nelle anime nostre la vostra grazia: affinchè avendo conosciuto, per l’ anunnzio dell’ Angelo, l’incarnazione di Cristo vostro Figliuolo, possiamo, per mezzo della passione e della croce di lui, arrivare alla gloria della risurrezione. Pei meriti dello stesso Signor nostro Gesù Cristo. Così sia.

Fabrizio, o menino de 8 anos, em pé na primeira fileira de bancos, ao lado de uma velha senhora e de seus pais. A velha está sentada, segurando um terço nas mãos, um véu sobre a cabeça. Tosse muito, está doente. O menino olha para o cálice erguido.

PADRE: - In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Amen.

Fabrizio continua olhando para o cálice. Afasta sua atenção para Cristo crucificado numa imagem de madeira, pendurado na parede. Sua mãe lhe dá um beliscão.

MÃE: - Dio vede e sa tutto, Fabrizio. Dio conserva tutte le cose. Dobbiamo orare per l’ nona.

O menino olha novamente para a cruz. Ajoelha-se, segurando a mão de sua avó. Reza baixinho, pedindo para que ela não morra.

O padre sai do altar. As pessoas saem aos poucos da igreja.

A avó acaricia a cabeça do neto, com dificuldades para suportar o peso de seu braço.

Fabrizio olha para a cruz. Fecha os olhos. Sente o peso da mão de sua avó cair por seu ombro. A velhinha cai morta no chão.

Todos correm para ajudar. Fabrizio, levanta. Olha pra avó morta e para as pessoas erguendo o inerte corpo. Fabrizio olha para a cruz. Olha para sua mãe chorando.

Fabrizio caminha até o altar. Aproxima-se da cruz, observando. Toca em Cristo.

FABRIZIO BAMBINO: - (REVOLTADO) Il sacrifizio di Cristo in croce ha salvato il mondo... Per che non salvato mia nona? Io no te venero! Io no te rispetto. Ngrato!!!!!!!!

O menino, com ódio nos olhos cospe na imagem. Arranha o peito de Cristo, cravando uma farpa de madeira em seu dedo. O sangue começa a escorrer.


Época atual

Saint Peter and Saint Paul Cathedral – Washington - 9:21 A.M.

[Som: Luciano Pavarotti – Funiculì Funiculà]

A polícia e um padre entram arrombando a porta da catedral. Os policiais estão armados. O padre aponta para o altar, apavorado.

Sobre o altar, o homem careca, de 30 e poucos anos, nu, de braços abertos, virado de frente para a cruz.

FABRÍZIO: - (CANTANDO/ DEBOCHADO) Jàmmo, jàmmo, ncoppa, jàmmo jà!! Jàmmo, jàmmo, ncoppa, jàmmo jà!!! Funiculì funiculà, funiculì funiculà!!!!!!!! Jàmmo, jàmmo, jà, funiculì funiculà!!!!!!

A cruz e a imagem de Cristo crucificado estão pichadas de palavrões. Há no altar animais mortos e esquartejados, velas vermelhas e pretas, vários recipientes de barro cheios de sangue. Fabrizio ri e dança, debochadamente, venerando os animais mortos.

O padre faz o sinal da cruz, escandalizado. Os policiais aproximam-se de Fabrizio e o seguram pelos braços. Fabrizio não reage, continua cantando e rindo debochado para Cristo.

Close no chão do altar pichado com a frase: “Non avrai altro Dio avanti di me!”

VINHETA DE ABERTURA: LA VERITÀ È LÀ FUORI


BLOCO 1:

Arquivos X – 8:16 A.M.

Scully entra na sala, com um pacote. Mulder está lendo o jornal. Scully coloca o pacote sobre a mesa e tira dois copos de papel.

SCULLY: - Esse é o seu, com cafeína.

MULDER: - Obrigado.

SCULLY: - Juro que da próxima vez que nos atrasarmos, você vai buscar o café.

Mulder, atento ao jornal, começa a rir.

SCULLY: - Do que está rindo? ‘Quadrinhos’ novamente?

MULDER: - Não. (RINDO) Um tarado entrou nu na Catedral de Washington, cantando Funiculì Funiculà, pichou todo o altar, reverenciou e ofertou animais e tigelas de sangue!

SCULLY: - (INDIGNADA) Acha isso engraçado, Mulder?

MULDER: - Desculpe, Scully. Mas é o que sempre falo sobre religiões. Elas só servem para criar malucos revoltados! E olha que nem estamos em Nova Iorque...

SCULLY: - (INDIGNADA) Eu sou maluca revoltada por acaso?

MULDER: - Vou ganhar um mês de abstinência sexual se eu responder?

Scully olha atravessado pra Mulder. Mulder larga o jornal.

MULDER: - Pronta para a reunião com o Skinner? Estou doidinho pra levar uma bronca.

SCULLY: - Mulder, ele nos chamou para discutir o andamento do trabalho.

MULDER: - Por isso mesmo! Que trabalho?

Scully larga o café.

SCULLY: - Preciso sair, me dá cobertura?

MULDER: - Onde vai?

SCULLY: - Comprar alguma coisa pro meu afilhado. Você não sabe, mas amanhã é Páscoa!

Mulder levanta-se.

MULDER: - Boa ideia. Preciso sair daqui um pouco.

SCULLY: - Mulder, não...

MULDER: - Sem broncas, Scully. Direi que fui ao banco.

SCULLY: - Mulder, mas são oito da manhã!!!

Mulder abre a porta. Scully olha pra ele, sacudindo a cabeça negativamente.


8:42 A.M.

[Som: Luciano Pavarotti – Funiculì Funiculà]

Mulder e Scully saem de uma loja de brinquedos. Mulder leva um pacote.

SCULLY: - Mulder, ainda acho que deveria ter seguido minha própria escolha e comprado chocolates...

MULDER: - Ele vai gostar disso. Tenho certeza. Scully, eu já fui menino, sabia? Sempre quis ter um desses.

SCULLY: - Mulder, estamos no século 21! As crianças não gostam mais de Play Mobill!

MULDER: - Você não entende nada de crianças, Scully.

Os dois passam por Fabrizio, que está sobre um banco da praça, gritando. Mulder pára. Scully olha pra Mulder.

SCULLY: - Ah, não Mulder... Não temos tempo pra show!

MULDER: - Eu já vi aquele cara em algum lugar...

SCULLY: - Mulder, a reunião é às nove! Vamos nos atrasar!

MULDER: - Espera aí, Scully... O que ele tá dizendo?

SCULLY: - Nem quero saber.

Mulder caminha em direção a Fabrizio, curioso.

SCULLY: - (GRITA) Mulder!

Scully suspira e vai atrás dele. Mulder para e olha para Fabrizio. Algumas pessoas estão em volta, curiosas também.

FABRIZIO: - Quem de vocês acredita em Deus? Quem? Deus é hipócrita! É um maníaco pervertido que sente prazer em torturar as pessoas!

Scully pega Mulder pelo braço. Fabrizio observa a cruz no pescoço de Scully.

SCULLY: - Se quiser ouvir essas blasfêmias, pode ficar. Eu vou sair daqui.

MULDER: - Espera aí, Scully. Quero ouvir a teoria do cara!

Scully puxa o pacote das mãos de Mulder e sai furiosa. Fabrizio olha pra Mulder.

FABRIZIO: - Deus já amparou vocês? Já viram ele? Como podem acreditar no que não vêem? Eu lhes digo quem é Deus! Um manipulador, um jogador viciado! Nos colocou num tabuleiro e retira as peças como quer!

Fabrizio olha pra Mulder. Desce do banco.

FABRIZIO: - “Non pigliare il nome di Dio in vano”...

Fabrizio sai. Mulder o acompanha com os olhos.


FBI - Gabinete do diretor assistente - 9:12 A.M.

Mulder entra. Skinner está sentado. Scully olha atravessado pra Mulder.

MULDER: - Desculpe o atraso. (DEBOCHADO) Estava me catequizando... Perdi alguma coisa?

SKINNER: - Eu é quem vou perder o pescoço. Sente-se aí, Mulder.

MULDER: - Fala ‘tio’. Fiz alguma coisa de errado?

SKINNER: - Estou me perguntando quando vai fazer xixi pelos corredores. Porque é só o que falta você fazer por aqui! Mulder, sabe que amanhã é Páscoa. Me dê um único presente: Comporte-se!

MULDER: - Pensei que tinha de provar cientificamente que o Coelhinho existe...

Skinner atira um papel sobre a mesa, sério e irritado.

SKINNER: - Leia e depois me diga o que eu faço com você!

Mulder pega o papel. Começa a ler.

MULDER: - Ah, eu não acredito! Estão reclamando que gasto quantidades enormes de lápis?!

SKINNER: - (OLHA SÉRIO PRA MULDER)

MULDER: - Vão me processar por crime contra a natureza? Vão colocar o Green Peace atrás de mim? Eu não derrubo as árvores! Estou é boicotando o uso de madeira!

SKINNER: - Se eu ver algum lápis naquele teto novamente, juro que vou te esganar.

Mulder levanta-se. Scully olha pra Mulder, séria.

MULDER: - E você? Vai fazer relatórios sobre isso?

SCULLY: - Não. Vou descer, trabalhar e ir pra casa do Bill amanhã cedo.

Scully sai. Mulder vai atrás dela.


Apartamento de Scully – 11:21 P.M.

Scully abre a porta. Mulder entra.

MULDER: - Falou sério quando disse hoje de manhã que ia passar a Páscoa com sua família?

SCULLY: - Quer ir junto?

MULDER: - Não. Não gosto de festas, sabe disso. E principalmente porque não gosto de mentir pra Meg. Já conheço o ritual: ela vai me convidar pra fazer a ceia e me interrogar!

Scully sorri.

SCULLY: - Te peguei!

MULDER: - ?

SCULLY: - Não vou passar a Páscoa com eles, Mulder. Já avisei que tenho trabalho pra fazer...

Mulder dá um sorriso. Scully pega o pacote que comprou.

SCULLY: - Feliz Páscoa, Mulder. Foi você quem escolheu. Eu daria chocolates...

Mulder pega o pacote, incrédulo, num sorriso. Senta-se no tapete e começa a abrir a embalagem. Scully olha pra ele debochadamente.

SCULLY: - Não teve infância o pobrezinho... Resolvi dar isso logo, porque sei que criança é curiosa, não pode esperar para o outro dia.

Mulder coloca os bonequinhos sobre a mesa de centro. Scully vai pra cozinha. Mulder começa a montar uma base espacial.

MULDER: - Tenho algo pra você no carro. Acho que deve ter derretido... Mas tudo bem, você está de dieta mesmo.

SCULLY: - Mulder! Está me negando chocolates? Cruel, Mulder, muito cruel! Eu tento ser uma boa namorada, dou Play Mobill pra você e o que recebo em troca?

MULDER: - Depois que eu brincar com isso, vou brincar com você.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Silêncio, Scully! (DEBOCHADO) Estou lendo as instruções da caixa... Não aconselhável para menores de 4 anos... Ah, eu posso brincar!


10:11 A.M.

Mulder, deitado na cama, assiste o noticiário. Scully, deitada ao lado dele, acorda-se.

SCULLY: - Que horas são?

MULDER: - Hora de... Chocolate!

Mulder despeja uma caixa de bombons sobre ela.

SCULLY: - Mulder, pelo amor de Deus, você vai explodir se continuar comendo isso!

MULDER: - Sabe aquele cara que nós vimos na praça? O profeta?

SCULLY: - Acho que você está se referindo ao Anti-Cristo!

MULDER: - Eu disse que o conhecia. Era o sujeito da Catedral. O pegaram hoje cedo. Estava quebrando em pedaços uma imagem de Cristo na frente... (SEGURA O RISO) ... Na frente da Catedral. (RINDO) Gritava que ele nunca mais iria ressuscitar...

SCULLY: - (IRRITADA) Deve estar achando isso muito engraçado, não é Mulder?

Scully se levanta.

MULDER: - Onde vai?

SCULLY: - É Páscoa, Mulder. Vou à missa.

MULDER: - (INCRÉDULO) Missa? Agora?

SCULLY: - Não tente corromper minha fé, Mulder. Não vai conseguir! Já conseguiu me fazer acreditar no bizarro e até em...

MULDER: - (SORRINDO CONFIANTE) Em ... ?

SCULLY: - ... (RELUTANTE) Extraterrestres.

MULDER: - (FELIZ) Ahá! Assumiu!

SCULLY: - ... Não saia espalhando isso por aí, Mulder! Não vai acabar com a minha carreira do mesmo jeito que acabou com a sua!

Mulder levanta-se.

MULDER: - Vai ser nosso segredinho, eu prometo... Tá, vai. Reza por mim. Eu vou dar uma saidinha e já volto.

SCULLY: - Onde vai? Não quer ir à missa comigo? Hum?

MULDER: - Missa? (DESCARADO) Scully, eu sou judeu!

SCULLY: - Pode ter origens, mas desde quando frequenta sinagogas? Que desculpa mais furada para não ir à igreja comigo, Mulder! Você não é judeu, você é um ateu descarado!

MULDER: - Vou ver o maluco da Catedral.

SCULLY: - Mulder, o que vai ganhar com isso?

MULDER: - Sinto um cheiro de Arquivo X por ali, Scully.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Mulder, hoje é feriado!

MULDER: - E daí? Parece até que nunca trabalhamos nos feriados! Scully, devemos permanecer com a imagem de workaholics! Desde que resolvemos trocar algo mais do que teorias, o trabalho tem ficado pra trás.

SCULLY: - ... Vá, Mulder. Mas antes, recolha seus brinquedos do chão da minha sala!


Distrito Policial - 11:21 A.M.

O delegado olha pra Mulder.

DELEGADO: - Ninguém pediu ajuda ao FBI. O cara é um maluco de carteirinha! Não é assunto do governo.

MULDER: - Tudo bem, eu só quero falar com ele. Sou psicólogo.

DELEGADO: - Tem uma ordem pra isso?

MULDER: - (DEBOCHADO) Não. Mas consigo em um minuto. Quer apostar?

DELEGADO: - Tá, federal! Vai falar com ele! Se eu pudesse estaria com a minha família agora e não interrogando um perturbado. Se prefere estar com ele, problema seu.

Mulder entra na cela. Fabrizio está sentado. Olha pra Mulder.

MULDER: - Acho que já nos conhecemos...

FABRIZIO: - ...

MULDER: - Não sei o que a Igreja fez pra você, mas deve odiá-la muito...

FABRIZIO: - ...

MULDER: - Por que fez essas coisas? Tem sonhos estranhos? Pensa que é o novo Messias?

FABRIZIO: - (RINDO) Quer saber por que fiz isso? Quer saber por que agi assim num dia como hoje? “Ricordati di santificare le feste!”

MULDER: - Amigo, acho que isso é italiano. Mas como vê, sou americano. A única coisa que sei em italiano é ‘amore mio’. E não diria isso pra você com certeza.

FABRIZIO: - (RINDO)

MULDER: - Posso tirá-lo daqui se me falar.

Fabrizio olha pra Mulder. Abaixa a cabeça e ri.


BLOCO 2:

3:33 A.M.

[Som: Gianluca Grignani – La mia storia tra le dita]

Scully, sentada na cama, come bombons. Mulder entra. Ela olha indignada pra ele.

SCULLY: - (IRRITADA) São 3 e meia da tarde, Mulder! Eu deveria ter ido pra casa do Bill! Pelo menos tinha companhia pro almoço!

MULDER: - Chama isso de almoço?

Scully atira bombons nele.

SCULLY: - Mulder, você é mesquinho! Onde esteve até agora?

MULDER: - Achei um Arquivo X, Scully.

SCULLY: - Mulder, pelo menos poderia respeitar um dia santo?

MULDER: - (DEBOCHADO) Corta essa, Scully. Quem disse que ‘O Cara’ ressuscitou hoje? Há provas disso? Há provas que Ele ressuscitou? Ressurreição não é uma coisa comprovada cientificamente.

SCULLY: - (INDIGNADA) Mulder, não me irrite! E não chame Jesus de ‘cara’!

MULDER: - Tá, desculpe.

SCULLY: - Seu ateu!

Mulder deita-se na cama. Scully afasta-se dele.

MULDER: - Fui ao FBI. Achei a ficha do homem. É um imigrante italiano, registrado legalmente. Veio com a família para os Estados Unidos em 1982. Não tem antecedentes... Seu nome é Fabrizio Piazza.

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, ele é um louco, incrédulo, que fica usando o nome de Deus em vão!

MULDER: - (INSIGHT) ... O que disse?

SCULLY: - (IRRITADA) Não ouviu o que eu disse? Claro que não, você nunca ouve o que eu digo!

MULDER: - Repete, eu ouvi, mas você acaba de me dar uma idéia! Você entende italiano?

SCULLY: - Entendo de italianos... Faria sexo selvagem com o Robert de Niro. Trabalharia pra Máfia, seria amante de Al Pacino...

MULDER: - Scully, isso é sério! A cada delito, esse maluco deixa algo escrito ou fala em italiano.

SCULLY: - Ele é italiano, Mulder! O que esperava? Que falasse chinês? Mulder, por favor! Vamos ter um dia ao menos só pra nós dois?

MULDER: - Acho que sei o que ele disse. Acho que sei o que pretende.

Mulder levanta-se. Pega o telefone.

SCULLY: - O que vai fazer?

MULDER: - Precisamos de um mandado pra deixá-lo preso, Scully. Ele vai matar os pais.

SCULLY: - O quê? Mulder, andou bebendo pela manhã de novo?

MULDER: - Não entendeu ainda? Ele está profanando os 10 mandamentos! Já está no terceiro! O quarto não é honrar pai e mãe?

SCULLY: - Hum, pelo menos você sabe os mandamentos!

MULDER: - Eu assistia filmes com o Charlton Heston, Scully.

SCULLY: - Você não cresceu, Mulder. Não te avisaram?

MULDER: - Não acredita no meu instinto?

SCULLY: - ... Tá, Mulder. Vamos tentar um mandado, mas o que vai alegar? Não tem provas substanciais.

MULDER: - ... Preciso tentar ou uma desgraça vai acontecer.


Residência dos Piazza - 12:01 A.M.

Mulder e Scully sentados dentro do carro, observam a casa.

SCULLY: - (IRRITADA) Obrigado, Mulder. Páscoas e Natais com você são muito interessantes...

MULDER: - Ele pagou a fiança. Vai voltar pra casa, não tem pra onde ir.

SCULLY: - Mulder, isso que estamos fazendo é ilegal! Não deram um mandado, não estamos oficialmente encarregados do caso e ainda por cima é crime vigiar a vida alheia! Não aprendeu isso ainda?

MULDER: - Tem algum bombom por aí?

SCULLY: - Chega de bombons, Mulder! Aposto que não rezou um Pai Nosso!

MULDER: - Eu não sei rezar, Scully.

SCULLY: - Mulder, você é o judeu mais revoltado que já conheci!

MULDER: - E daí? O Cara era meu conterrâneo. Não quer dizer que preciso rezar pra acreditar Nele.

SCULLY: - Mulder, pára de chamá-lo de ‘cara’! Tenha um pouco de respeito!

MULDER: - Eu respeito Ele. Acho que foi o maior subversivo da história. Ele entendia tão bem de política, ciências ocultas, curas através do psiquismo e do sugestionamento. O Cara... (REMEDA) Ele era considerado um louco pra época! Ele era inteligente demais!

SCULLY: - (INDIGNADA) Mulder, está distorcendo tudo!

MULDER: - Não estou não. Como se transforma água em vinho? Como se multiplica peixes e pães? E como acha que ressuscitou? Já ouviu falar sobre transmutação da matéria, Scully?

SCULLY: - Ah, eu não acredito no que estou ouvindo!

MULDER: - É sério, Scully. O poder mental Dele era tão grande que conseguia fazer isso. E sabe o que é pior? Ele morreu tentando dizer que todo aquele que souber usar o poder de sua fé, terá domínio total sobre as doenças, sobre a mente, sobre animais, sobre a matéria e as pessoas. Mas ninguém entendeu. A fé remove montanhas...

SCULLY: - Cala a boca, Mulder! O chocolate afetou seu cérebro!

MULDER: - “Em verdade, em verdade vos digo: quem tem fé em mim fará as obras que eu faço e fará obras maiores que estas”. João, capítulo 14, versículos 12 à 17.

SCULLY: - (SUSPIRA) Nem tudo está perdido. Pelo menos ele sabe os Mandamentos e lê a Bíblia... Nem que seja para distorcê-la!

MULDER: - Como explica, sendo uma cientista, que Ele tenha curado pessoas com a imposição das mãos e usando apenas palavras?

SCULLY: - Não explico, Mulder. Apenas aceito.

MULDER: - Ahá! Em matéria de religião você não questiona nada! Depois eu sou o crédulo!

SCULLY: - Mulder, não distorce as coisas!

MULDER: - Vou te dizer como Ele curava as pessoas. Se eu, Fox Mulder, espalhasse por aí que tenho o poder de cura e você acreditasse nisso, quando eu impusesse minhas mãos sobre você, iria achar que estava curada. É como funcionam essas seitas, Scully: “aceita-cheque, aceita-cartão de crédito”. A fé é o que nos cura! Mas as pessoas ainda acreditam em milagres!

SCULLY: - Mulder, isso não é verdade!

MULDER: - É... E você sabe disso... Porque Ele disse uma vez a um leproso, após curá-lo: Não o digas a ninguém, mas vai e mostra ao sacerdote?

SCULLY: - (CONFUSA) Não sei, Mulder!

MULDER: - Porque se ele contasse, pela pouca fé que o leproso tinha, quando alguém dissesse que ele não estava curado, ele acreditaria e cairia na doença de novo!

SCULLY: - Mulder, pára por favor! Pode falar todas as suas teorias sobre discos voadores e mulheres frígidas! Mas não toque no nome Dele!

MULDER: - “Escutai todos, e compreendei o bem! O que de fora entra no homem não o pode tornar impuro; mas somente o que sai do interior do homem, isto é que o torna impuro. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". Palavras, Scully. As palavras fazem você. Sabe que poder elas têm? Fale que sou um criminoso durante muitos anos. Um dia eu acredito.

SCULLY: - ... (SUSPIRA)

MULDER: - Mãos... Sabe alguma coisa sobre chacras, Scully? Os chacras de nossas mãos são pontos fortes para a cura!

SCULLY: - Mulder, onde quer chegar com isso? Vai dizer que Jesus era um alienígena de novo?

MULDER: - E por que não? Conhece alguém tão iluminado? Tudo que vem do Céu não é extraterrestre por que é de fora da Terra?

SCULLY: - Mulder, encerre o assunto. Não vou discutir. É inútil.


3:16 A.M.

Scully dorme sentada. Mulder come sementes de girassóis. Observa a casa. Nenhum movimento. Um carro de polícia passa por eles. Mulder observa a viatura pelo retrovisor. O carro volta. Os policiais descem.

POLICIAL #2: - Desça do carro por favor.

Mulder desce.

MULDER: - Sou agente federal.

POLICIAL #2: - Vire-se para o carro, por favor.

O policial #1 olha pra dentro do carro.

POLICIAL #1: - Quem é a garota?

MULDER: - Minha parceira! Mas que droga, deixem eu tirar a minha identificação!

Mulder abre o paletó.

POLICIAL #2: - Ele está armado!

Os policiais miram a arma nele. Mulder levanta os braços.

MULDER: - Claro que estou armado, sou policial! Peguem minha identificação no bolso!

O policial #2 revira o bolso de Mulder e tira a identificação.

POLICIAL #2: - Ele é agente do FBI. O que faz parado aqui?

Mulder desce os braços.

MULDER: - Estou numa investigação, vigiando aquela casa.

POLICIAL #2: - Tem um mandado?

MULDER: - Está com a minha parceira e se fosse vocês não a acordariam. Ela fica num mal humor insuportável.

O policial #1 caminha até a porta do carona. Cutuca Scully com uma lanterna. Mulder suspira desanimado. Scully acorda.

POLICIAL #1: - Ei, agente, poderia nos mostrar o mandado?

SCULLY: - Que mandado?

Os policiais se olham.

POLICIAL #2: - Queiram nos acompanhar, por favor. Precisamos verificar essa história.

MULDER: - Não podem verificar pelo rádio?

O policial #2 pega a arma de Mulder. Scully desce do carro e entrega a arma pro policial #1.

MULDER: - (IRRITADO) Não posso sair daqui! Vai acontecer um assassinato nessa casa!

POLICIAL #2: - Ninguém vai ser assassinado por aqui, senhor.

MULDER: - Pelo amor de Deus, seus imbecis!

POLICIAL #1: - Queiram entrar na viatura. Vamos pro distrito. Se confirmarem sua história, podem voltar.

MULDER: - (INDIGNADO) Estou com credenciais federais!

POLICIAL #2: - Muitos malucos usam credenciais falsificadas do FBI. Vamos, entrem na viatura.

MULDER: - Vocês vão se ferrar, colegas! Vou comunicar isso ao seu superior!

SCULLY: - Mulder, não discuta. Não devíamos estar aqui, não piore as coisas!

MULDER: - (DEBOCHADO) Ótimo! É final de feriado mesmo, vamos nos divertir um pouquinho. Vamos dar uma voltinha de viatura por aí, mas por favor, liguem a sirene. Assim fica mais emocionante!


4:46 A.M.

Skinner sai da delegacia, com cara de sono. Mulder e Scully atrás dele. Skinner pára na calçada.

SKINNER: - (IRRITADO) O que eu disse, Mulder? Não pode ser uma pessoa normal por um dia? Tive de sair da cama, assustado, e vir pra uma delegacia de polícia às 4 da manhã! Chama isso de responsabilidade?

MULDER: - Aquela gente vai ser assassinada, Skinner! Não tenho tempo para burocracias!

SKINNER: - Não vai voltar lá!

MULDER: - (IRRITADO) Não aposte nisso! Se o ‘Fucker e o Sucker’ não tivessem aparecido, eu ainda estaria lá!

SKINNER: - (FURIOSO) Mulder, tenho que trabalhar hoje cedo, sabia? E você também. Portanto, volte pra casa! Tome um banho quente, vá dormir um pouco...

MULDER: - Estou dizendo, Skinner, o maluco está seguindo os mandamentos um por um!

SKINNER: - Prove isso e eu consigo ordens para investigar o caso.

Mulder chuta uma lata de lixo. Skinner olha pra ele.

SKINNER: - Vá pra casa, Mulder. Scully, encarregue-se de levá-lo.

Vários policiais saem da delegacia. O delegado sai atrás.

DELEGADO: - (GRITA) Agente Mulder!

O delegado corre até Mulder.

DELEGADO: - Recebemos o chamado de um vizinho, próximo a casa que você estava vigiando.

Mulder olha pra Skinner, com aquele ar de vitória.

MULDER: - E agora? Estou nessa?


Residência dos Piazza – 5:11 A.M.

Muitos policiais. Mulder recolhe pistas. Um fotógrafo tira fotos do local do crime. O casal de velhos está morto sobre a cama. Scully vai até Mulder.

SCULLY: - Foram mortos por asfixia. A arma do crime foi um travesseiro... Acharam algo escrito no espelho do banheiro. Mulder, tinha razão. Ele é perigoso. Já notificamos as polícias estaduais.

Mulder entra no banheiro. Olha pro espelho, onde está escrito: “Onora il padre e la madre”.

MULDER: - Scully, qual é o quinto mandamento?

SCULLY: - Não matar.

MULDER: - Precisamos encontrar esse cara!


Gabinete do diretor assistente – 9:21 A.M.

Skinner fala com vários agentes. Mulder e Scully estão num canto da sala.

SKINNER: - Quero um grupo de vigilância na porta da Catedral e um dupla em cada igreja católica da cidade! A polícia está percorrendo as ruas. Qualquer dúvida, reportem-se ao agente Mulder, ele é o encarregado da investigação.

Os agentes saem. O telefone toca. Skinner atende.

SKINNER: - Sim, pode passar... Skinner falando.... (OLHA PRA MULDER) Onde? ...

Skinner desliga.

SKINNER: - Acharam o corpo de um homem, atirado num beco, com uma frase em italiano escrita na testa.

Mulder sai depressa da sala. Scully vai atrás dele.


BLOCO 3:

10:48 A.M.

Mulder abaixa-se ao lado do cadáver, estendido num beco sujo, com uma faca cravada no peito. Lê o que está escrito na testa do cadáver.

MULDER: - “Non ammazzare”.

SCULLY: - Significa não matarás...

Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Temos um problema por aqui, Scully. O maluco não segue padrão algum, a não ser os mandamentos. Não sabemos quem será a próxima vítima.

SCULLY: - Talvez não, Mulder. Vou buscar a identificação da vítima. Talvez haja alguma ligação com o assassino. É só o que temos.

MULDER: - Qual é o próximo mandamento?

SCULLY: - Achei que sabia!

MULDER: - Eu só decorei até o quarto. Fui um péssimo aluno na catequese.

SCULLY: - Posso imaginar, Mulder... O próximo mandamento é “Não pecar contra a castidade”.

MULDER: - Droga!

Mulder levanta-se.

MULDER: - Estamos de mãos atadas! Ele é rápido!

SCULLY: - Mulder, vamos agir com calma. Quer uma dica? Que tal verificarmos onde ele trabalha? Talvez possamos obter alguma coisa que nos leve até ele.

MULDER: - Por que ele está fazendo isso? Qual é o motivo de profanar mandamentos?

SCULLY: - Esse é seu departamento, Mulder. Você entra na cabeça desses malucos. Eu não posso fazer um perfil dele, não é minha especialidade. Malucos são o seu departamento, não o meu.

MULDER: - Vou encarar isso como um elogio, Scully.


Pizzaria Dom Geovanni – 11:34 A.M.

Mulder e Scully entram na pizzaria lotada de gente.

SCULLY: - Puxa, e eu pensando que depois iria almoçar... Não há uma mesa disponível.

MULDER: - Quer ver um truque?

SCULLY: - Que truque?

MULDER: - (DEBOCHADO) Vou ensinar você como conseguir uma mesa numa pizzaria de bairro italiano em menos de um minuto. Quer ver?

SCULLY: - Ah! Duvido!

Os dois agentes se aproximam do atendente no balcão.

MULDER: - (FALA ALTO) Agentes Mulder e Scully, FBI!

[Som: Luciano Pavarotti – Funiculì Funiculà]

Todos que estavam na pizzaria disparam pra fora da porta, se atropelando. Scully olha incrédula pra Mulder, que se faz de sério. O atendente de olhos arregalados.

MULDER: - Queremos falar com o senhor Geovanni.

O atendente entra rapidamente na cozinha, apavorado. Mulder olha debochado pra Scully.

MULDER: - Então, tem um monte de mesa agora. É só escolher.

SCULLY: - Mulder, alguém já disse que você causa pânico nas pessoas?

Barulhos de correria na cozinha.

Mulder e Scully trocam olhares de surpresa.

Um sujeito sai pela porta da cozinha, correndo com uma mala preta. Dois outros pulam pelo balcão, com estojos de violinos. Um salta pela janela.

Mulder e Scully se entreolham incrédulos.

Um velho gordo aproxima-se do balcão, vestido com um avental branco e chapéu de pizzaiolo. Levanta as mãos. Treme de medo.

GEOVANNI: - (ASSUSTADO) Non atirem! Non sei de nada! É vero! Io sono inocente, FBI!

Mulder e Scully continuam se olhando.

GEOVANNI: - Ma o chè querem? Não tenho nada a ver com a Máfia! Juro pela mamma! (FAZ O SINAL DA CRUZ) Que descanse em pace, onde quer que esteja...

Scully mostra a identificação.

SCULLY: - FBI, agentes Scully e Mulder. Queremos conversar sobre Fabrizio Piazza.

O velho respira aliviado.

GEOVANNI: - (COSPE NO CHÃO, FURIOSO) Disgrazia! Ma chè este ragazzo fez?

MULDER: - Poderíamos conversar em outro lugar?

O velho olha desconfiado.

GEOVANNI: - Vamos a cozinha. Ma io vou falando: Não tenho nada a ver com a Máfia! Sono um italiano honesto, amo a América! Nada de Cosa Nostra...

Geovanni puxa uma bandeira dos Estados Unidos que estava debaixo do balcão. Começa a beijá-la. Mulder olha pra Scully debochadamente. Eles entram na cozinha. Há dois rapazes fazendo pizzas. Mulder pega uma fatia e começa a comer.

MULDER: - (FALANDO DE BOCA CHEIA) Há quanto tempo ele trabalha pro senhor?

GEOVANNI: - Desde que veio da Itália. Siamo parentes. Prometi ajudar a família. Sou irmão de seu papa.

SCULLY: - Lamento informar, senhor, mas Fabrizio assassinou os pais.

GEOVANNI: - Ma chè? Per chè ele faria esta cosa? Aquele farabutto, disgraziato...

MULDER: - Senhor, pode nos dizer se ele tem antecedentes de distúrbio psicológico? Algo em relação à religião...

GEOVANNI: - Fabrizio não gosta de chiesas... igrejas... Io sei que ele ficou revoltado quando a nona morreu. A família sempre foi muito católica. Acho que forçavam o ragazzo a acreditar. O obrigavam a ir nas missas... Diziam que a oração resolvia tutto. Non resolve nada! Ele ficou revoltado perchè rezava todos os dias pela cura da nona. Má Dio a levou.

Scully olha indignada pro italiano. Mulder ri.

GEOVANNI: - Quer saber de uma coisa? Tem uma igreja pra cada católico em Roma! O resto tutto é macumbeiro, evangélico, muçulmano... Muito mito! Nem todos os italianos são católicos! É marketing! Puro marketing!

Scully sai dali, furiosa. Mulder pega outro pedaço de pizza. Senta-se.

GEOVANNI: - O que houve com a signorina? Per chè saiu?

MULDER: - A ‘signorina’ não gosta que critiquem sua igreja...

GEOVANNI: - Ma quero que un raio me parta se io mentire! Ma Dio, disgrazia poca é bobagem!

MULDER: - Tem mostarda por aí?

GEOVANNI: - Ma é um pecado mortal colocar mostarda na pizza! É oltraggio! Deve comer com olio de oliva!

MULDER: - (DEBOCHADO) ‘Vá bene’, me dá o ‘olio de oliva’...

Geovanni larga a latinha de azeite na frente dele.

MULDER: - Seu sobrinho está quebrando os mandamentos, um por um, seguindo a ordem. Está prestes a cumprir o quinto se eu não achá-lo.

GEOVANNI: - Ma Dio santo! Per chè se preocupa? Onde ele vai achar una virgem por aqui? Cá entre nós, se o signore achar alguna antes me avise...

Mulder larga a fatia de pizza, rindo. Puxa um cartão do bolso. Entrega pra Geovanni.

MULDER: - Se souber de alguma coisa, me avise. Se ele aparecer por aqui, quero que me ligue. Não confie em seu sobrinho, ele está perturbado.

GEOVANNI: - Sim, signore.

MULDER: - Outra coisa. Tem um daqueles imãs de geladeira com o número da tele-entrega? Gostei da pizza.


Arquivos X - 3:19 P.M.

Mulder está no telefone. Scully analisa alguns papéis numa pasta. Mulder desliga.

SCULLY: - Mulder, temos uma pista.

MULDER: - O que achou?

SCULLY: - A vítima era Pietro Luca, um conhecido de Fabrizio. Costumavam jogar cartas juntos, num bar há algumas quadras daqui. Um amigo de Pietro reconheceu o corpo.

MULDER: - Mas continuamos sem ligação! Sabemos que quando quer profanar Deus, vai à Catedral. Matou seus pais e um amigo. A não ser que mate alguma mulher que conheça. Alguma amiga...

SCULLY: - Consegui essa lista com alguns nomes. Há um nome de mulher aqui. Mulder, acho que ele vai procurar apenas as pessoas que conhece. Não vai atacar qualquer desconhecido. E outra coisa, Mulder. Pecar contra a castidade não significa que tenha de ser com uma virgem.

MULDER: - Vamos pra lá, Scully.

Os dois saem.


Apartamento de Carmela Giacomelli – 3:59 P.M.

Mulder bate à porta. Scully está ao lado dele. Carmela abre a porta, ainda com a tranca de segurança. Olha para os dois. Está nervosa. Mulder mostra a credencial.

MULDER: - Agente Mulder, FBI. Podemos conversar?

Carmela fecha a porta. Ouve-se o barulho da tranca. Abre a porta novamente.

CARMELA: - Entrem.

Os dois entram. Scully olha por tudo.

CARMELA: - Sentem-se, por favor. Me desculpem, mas estou nervosa com a situação.

MULDER: - Então sabe sobre Fabrizio?

CARMELA: - Estou acompanhando o noticiário. E estou com medo!

SCULLY: - O que você é dele?

CARMELA: - Fui namorada. Praticamente noiva, mas... Ele terminou quando soube que meu sonho era pisar numa igreja vestida de branco... Ele odeia igrejas...

Mulder senta-se. Carmela também.

CARMELA: - É um trauma de infância. Sua avó morreu dentro de uma igreja, ao lado dele.

SCULLY: - Há quanto tempo terminaram o relacionamento?

CARMELA: - Há dois anos, mas nos vemos constantemente. Trabalho perto da pizzaria do tio dele...

MULDER: - Fabrizio costuma ser violento?

CARMELA: - Não. Ele sempre foi uma pessoa calma... Só carrega esta revolta. Fabrizio sempre me falava da avó que morrera, que ele odiava Deus por tê-la levado. Sua mãe dizia que Deus ouvia as preces das crianças e nunca as deixava de atender. Fabrizio achava que por isso, salvaria a avó... Um dia ele me falou que iria se vingar de Deus... Mas que ainda não era a hora. Esperaria ter a idade de Cristo para isso... Agora ele tem 33 anos. Acho que começou sua vingança.


7:21 P.M.

No carro, estacionado em frente ao edifício de Carmela, Mulder dorme por sobre o volante. Scully observa o prédio. Começa a cantar, pra espantar o tédio.

SCULLY: - (CANTANDO) Ma c’é una cosa che io non ti ho detto mai... i miei problemi senza te si chiamano guai... ed è per questo che mi vedi fare il duro.. in mezzo al mondo... per sentirmi più sicuro...

Mulder se acorda. Ergue a cabeça, olhando pra ela. Scully continua a cantar, sem perceber que Mulder a observa. Scully olha pra ele. Mulder a encara.

MULDER: - Te peguei! Disse que não sabia italiano!

SCULLY: - Não sei muito... É uma música, Mulder, de Gianluca Grignani... Gosto de músicas italianas... São românticas...

MULDER: - (DEBOCHADO) Sabe cantar La bella polenta?

SCULLY: - ... (RI) Non. Mas sei mangiare la bella polenta.

MULDER: - Scully, conhece a Família Adams? Sabe quando a Mortícia fala pro Gomez qualquer coisa em francês e ele fica completamente excitado?

SCULLY: - Sei. O que tem isso, Mulder?

MULDER: - (DESESPERADO) Fala qualquer coisa em italiano, por favor!

SCULLY: - (RINDO) Mulder, io te voglio bene...

Mulder pega o braço dela e começa a beijar.

MULDER: - Fala mais, ‘Scullyzinha’, fala mais!

SCULLY: - (INCRÉDULA) Mulder, pára com isso! Estamos trabalhando!

MULDER: - (SUPLICANDO) Fala mais! Per favore!

SCULLY: - Chega, Mulder! Não sei falar mais nada.

Mulder pára. Olha pra frente.

MULDER: - Ele tem pressa, Scully. Se a Carmela for a vítima, ele vai aparecer ainda esta noite.

SCULLY: - Non credo, Mulder.

MULDER: - (EMPOLGADO) Scullyzinha, ‘ isso é italiano’?

SCULLY: - Mulder, deixe o meu braço em paz, seu tarado!

MULDER: - (CHATEADO) ...

SCULLY: - (SAFADA) Mulder, vene qui... Bacio per te...

MULDER: - O que é isso?

SCULLY: - Vem aqui que eu te explico...

Mulder aproxima-se de Scully. Curioso.

SCULLY: - ‘Bacio’ é isto, Mulder...

Scully o beija suavemente. Afasta seus lábios. Mulder fica empolgado.

MULDER: - (DEBOCHADO) Ah! Bacio é isto... E como se fala sexo selvagem em italiano? Me mostra?

SCULLY: - Mulder, não abuse!


5:11 A.M.

Mulder observa o prédio. Scully dorme. Mulder olha pra ela. Olha pras pernas dela. Passa a mão na perna de Scully. Scully acorda. Mulder tira a mão depressa e finge estar espantando insetos.

MULDER: - Malditos mosquitos!

SCULLY: - Mulder, senti alguma coisa na minha perna, mas era grande demais pra ser um mosquito...

MULDER: - (DEBOCHADO) Por que você não viu o tamanho deste! Parecia um Boeing 737!

Scully olha desconfiada pra Mulder, erguendo as sobrancelhas.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Boeing 737, Mulder?

MULDER: - (ENVERGONHADO) É.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Mas foi rápido demais pra um Boeing 737. Parecia mais um jato supersônico...

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, não me importo que passe as mãos em mim. Não precisa inventar desculpas absurdas.

MULDER: - (DISFARÇA ENCABULADO) ... Quente hoje, não?

SCULLY: - Não disfarça, Mulder.

Mulder começa a assoviar. Scully fecha os olhos novamente.

SCULLY: - Da próxima vez vou trazer repelente... Repelente pra raposa.


7:37 A.M.

Mulder dorme. Scully vigia o prédio. Um carro estaciona na frente deles. Um agente do FBI desce. Acena pra Scully. Scully cutuca Mulder.

SCULLY: - Mulder, acorda!

MULDER: - Aham???

SCULLY: - Vamos embora. Vão nos substituir.

MULDER: - Tô com sono...

Scully desce do carro. Dá a volta. Abre a porta do motorista e empurra Mulder.

SCULLY: - Sai daí, eu dirijo.

Mulder vai pro banco do carona, meio dormindo, de olhos fechados.

SCULLY: - Mulder, põe o cinto.

MULDER: - (DEBOCHADO) Mas ainda nem tirei as calças... zzz

SCULLY: - Mulder! Até dormindo faz piadas? Acorda!

Mulder coloca o cinto. Fecha os olhos e dorme de novo. Scully liga o carro. Mulder acorda num sobressalto e olha pra ela, assustado.

SCULLY: - (RINDO MALICIOSA) Ops! Desculpe, Mulder. Errei a marcha...


Apartamento de Carmela – 11:26 A.M.

Carmela está preparando o almoço. Fabrizio aproxima-se por trás dela, agarrando-a e tapando-lhe a boca com uma das mãos.

FABRIZIO: - Psiu! Não grite, não vou te fazer mal!

CARMELA: - ...

FABRIZIO: - Carmela, por favor. Ainda te amo, por que acha que te mataria? Eu não quero te matar!

Fabrizio solta-a. Carmela olha pra ele, recuando assustada.

CARMELA: - O FBI está lá fora! Como entrou aqui?

FABRIZIO: - Preciso da sua ajuda. Preciso completar minha vingança!

CARMELA: - Fabrizio, pelo amor de Deus, desista antes que se machuque!

FABRIZIO: - Não posso. Ele vai me pagar por ter arruinado minha vida!

CARMELA: - Quem arruinou sua vida foram seus pais! Eles impuseram suas crenças em você, que era uma criança, não entendia direito as coisas... E agora você está arruinando sua vida com essa ideia absurda!

FABRIZIO: - Por favor, Carmela...

CARMELA: - Fabrizio, eu te amo! Eu não quero perder você! Eles vão te matar!

FABRIZIO: - Não, eles não me pegarão. Me ajuda!

CARMELA: - O que quer?


2:11 P.M.

Carmela abre a porta. Mulder e Scully entram. Carmela olha chorando pra eles. Levou uma surra, está com o rosto, braços e pernas marcados. Roupas rasgadas. Manchas de sangue em sua camisa.

SCULLY: - Ah, meu Deus! Mulder, chame um médico!

CARMELA: - ... Ele... Ele entrou aqui. Mandei que fosse embora... Queria fazer amor comigo... (CHORA) Eu ainda o amo! Não podia imaginar que ele... (CHORA)

Mulder pega o celular. Scully aproxima-se de Carmela. Sinaliza pra Mulder sair. Mulder sai.

Scully olha pra garota.

SCULLY: - O que ele fez com você?

Carmela continua chorando.

CARMELA: - ... Ele me estuprou... Mandou esse aviso pra vocês, usando uma faca.

Carmela afasta-se de Scully. Abre a camisa. Scully vê escrito no peito de Carmela: “Non fornicare”.


FBI - Gabinete do diretor assistente - 5:22 P.M.

Skinner está furioso, brigando com os dois agentes que estavam vigiando o apartamento de Carmela. Scully entra. Skinner pára de falar. Os agentes saem.

SCULLY: - Senhor, com o laudo médico de Carmela Giacomelli, provando que ela foi estuprada, ele não vai conseguir atenuantes.

SKINNER: - Onde está o Mulder?

SCULLY: - Esperando o próximo mandamento na porta da pizzaria.

SKINNER: - ?

SCULLY: - Mulder acha que ele vai roubar o próprio tio.

SKINNER: - Baseado em quê?

SCULLY: - As vítimas são sempre pessoas que Fabrizio conhece.

Scully senta-se. Está perturbada. Skinner percebe.

SKINNER: - Algum problema, agente Scully?

SCULLY: - Fico nervosa, indignada, quando um homem toma uma atitude covarde dessas... Não tenho como não me envolver. Sou mulher também.

SKINNER: - Vamos colocar o canalha na cadeia. Ele que se arrependa e comece a rezar!

Scully fecha os olhos.

SCULLY: - Senhor, preciso dormir um pouco...

SKINNER: - Vá pra casa, agente Scully. Se algo acontecer, eu ligo.

Scully levanta-se.


BLOCO 4:

Apartamento de Scully – 7:38 P.M.

Scully escuta um barulho na cozinha. Pega a arma. Levanta-se. Caminha lentamente até a sala. Vê Mulder na cozinha. Abaixa a arma.

SCULLY: - Droga, Mulder! Como entrou aqui?

MULDER: - Você me deu a chave!

Mulder vai pra sala. Está vestido com um avental e segurando uma colher de madeira na mão. Scully coloca a arma na estante.

MULDER: - Por isso estou cozinhando. Preciso comemorar. Depois de anos, você me deu uma chave!

SCULLY: - (SORRINDO)

MULDER: - Porque eu dei minha chave no primeiro ano que nos conhecemos. E olha que eu nem te conhecia tão bem e nem imaginava que... ficaríamos tão íntimos...

SCULLY: - Mulder, dar as chaves de sua casa pra alguém implica certa confiança...

MULDER: - Viu? Eu confiava em você. Você não.

SCULLY: - Mulder, eu sou mulher! Não ficaria bem entregar as chaves do meu apartamento pra você! O que pensaria de mim?

MULDER: - Posso ser sincero e completamente safado?

SCULLY: - ... Hum... Pode.

MULDER: - Pensaria que você era uma mulher liberal e que estava a fim de trocar alguns fluídos corporais e...

SCULLY: - Mulder!

Mulder volta pra cozinha. Scully vai atrás dele.

SCULLY: - O que está fazendo? Mulder, não sabia que você cozinhava!

MULDER: - Tenho algumas crises de ‘chef’, Scully.

Scully levanta a tampa da panela.

SCULLY: - Mulder, isso cheira bem. O que é?

MULDER: - Cérebro de macaco.

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Sei que estamos investigando um caso envolvendo italianos. Mas já tô enjoado de macarrão. Preferi fazer um prato tradicional da Espanha.

SCULLY: - Hum... Meu Mulder sabe fazer pratos espanhóis?

MULDER: - Gosta de frutos do mar?

SCULLY: - Adoro! Você sabe disso.

MULDER: - Isso daí chama-se Paella. Os espanhóis costumam cozinhar esse prato para suas mulheres. A palavra deriva de ‘para ela’.

SCULLY: - Você me surpreende, sabia? Além de cozinhar ainda sabe a história do prato!

MULDER: - Eu vejo o Jeff Smith na TV, Scully.

Mulder pega uma garrafa de vinho e serve um copo. Scully senta-se à mesa, que está servida, com velas e tudo o mais. Mulder entrega o copo pra Scully.

MULDER: - Então? Não errei em nada? Os garfos estão do lado certo, os pratos...

SCULLY: - Mulder, está perfeito. Quem diria! Alguns meses comigo e já virou gente!

MULDER: - Meu pai dizia que as mulheres mudam os homens... Eu estou começando a acreditar...

SCULLY: - Mulder, sei que o clima está bom, mas estou preocupada com o trabalho...

MULDER: - Não se preocupe, Scully. Pegamos o cara.

SCULLY: - Sério?

MULDER: - Amanhã vamos interrogá-lo. Fabrizio tentou assaltar a pizzaria, como eu previ. Pegamos ele bem na hora em que estava pichando a parede da cozinha com a frase: “Non rubare”... Estava muito agitado, deram-lhe sedativos.

SCULLY: - Caso encerrado.

MULDER: - Praticamente.

SCULLY: - Mulder, io ti amo.

Mulder aproxima-se de Scully, com um olhar maquiavélico.

MULDER: - Scullyzinha, isso é italiano?


Delegacia de Polícia – Sala de interrogatório - 9:39 A.M.

Fabrizio está algemado, sentado numa cadeira. Mulder caminha de um lado para outro. Scully observa. Fabrizio abaixa a cabeça.

MULDER: - Você matou seus pais. Confessa!

FABRIZIO: - (RINDO) Não os matei.

MULDER: - Você estuprou sua namorada.

FABRIZIO: - Não. Eu não fiz isso.

MULDER: - Então vai dizer que não tentou assaltar a pizzaria!

FABRIZIO: - (RINDO) Não, eu não tentei.

MULDER: - Você é louco? Estamos com todas as provas nas mãos! Por que ainda mente?

FABRIZIO: - “Non dire falso testimonio”. Por isso.

Mulder põe as mãos no rosto, incrédulo.

FABRIZIO: - Obrigado, agente Mulder, pela oportunidade de profanar o oitavo mandamento. Faltam agora, apenas dois.

Mulder avança em Fabrizio. Scully segura Mulder.

SCULLY: - Não, Mulder. Não vale a pena.

MULDER: - Desgraçado! Mas se serve de consolo, você não vai profanar mais nenhum mandamento! Sua vida de fanático terminou.

Fabrizio ri, desaforado.

FABRIZIO: - Pensa isso? Acha que não vou cumprir minha promessa? Pois eu vou. E não será você quem vai me impedir!

MULDER: - Você vai pro corredor da morte, imbecil! Acho melhor se confessar e acreditar em Deus, porque vai vê-lo em breve. Cara a cara.

FABRIZIO: - ...

MULDER: - Então poderá resolver seus problemas diretamente com ele!

FABRIZIO: - ...

MULDER: - Assine sua confissão. Não vai sair desta.

FABRIZIO: - Não falo com você. Quero falar com ela.

Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Não, você vai falar comigo!

FABRIZIO: - Você não entende nada de religião, seu cético imbecil! Quem é você pra me condenar? Aposto que nunca entrou numa igreja, a não ser pra resolver um crime!

SCULLY: - Eu falo com ele, Mulder.

Mulder sai, batendo a porta. Scully olha pra Fabrizio.

SCULLY: - O que quer falar?

Fabrizio abaixa a cabeça. Ergue-a numa fisionomia de arrependimento.

FABRIZIO: - Você é católica, vejo a cruz em seu pescoço... Ele não entenderia o pedido que farei... Preciso que me ajude. Eu confesso tudo, mas antes... Preciso me confessar com um padre.

SCULLY: - ...

FABRIZIO: - Por favor, agente Scully. Não me deixe penar sem poder me arrepender diante dos olhos de Deus... E-eu tenho medo de ir pra cadeia... Preciso de palavras de conforto.

SCULLY: - Tá... Eu vou buscar um padre.

FABRIZIO: - Agente Scully... Obrigado.

Scully caminha até a porta.

FABRIZIO: - Agente Scully, só mais uma coisa.

SCULLY: - O que é?

FABRIZIO: - Venha até aqui.

Scully olha desconfiada.

FABRIZIO: - Por favor, não vou machucá-la. Estou algemado.

Scully vai até Fabrizio. Ele levanta-se da cadeira e se ajoelha aos pés dela.

FABRIZIO: - Irmã, eu... quero que diga à Carmela que... Estou arrependido do que fiz. Que eu a amo... Que amo Jesus...

Scully olha pra Fabrizio, com piedade.

SCULLY: - Tá...

Scully vira-se. Fabrizio a agarra pelas pernas, a derrubando no chão. Sobe sobre ela. Scully luta com ele, mas ele tira-lhe a arma. Scully grita.

Mulder entra com a arma em punho. Fabrizio está com as mãos algemadas ao redor do pescoço de Scully e a arma no queixo dela.

FABRIZIO: - (GRITA) Então, o que vai fazer, agente Mulder? Quer que mate sua parceira?

MULDER: - (GRITA) Acha que vai sair daqui, desgraçado? Está numa delegacia! Há guardas por todos os lados!

FABRIZIO: - (GRITA) Se atirar em mim, eu atiro nela. A levarei pro inferno comigo.

MULDER: - ...

Fabrizio engatilha arma. Mulder larga sua arma no chão. Fabrizio ergue-se, quase estrangulando Scully.

FABRIZIO: - Vou sair daqui sem problemas. Se tiver problemas, eu a mato. Entendeu?

Mulder olha pra expressão de medo no rosto de Scully.

FABRIZIO: - Se eu sair, a deixo ir embora. Essa é a troca.

Fabrizio sai andando, grudado em Scully. Mulder afasta-se da porta.

FABRIZIO: - Vá andando, Mulder, ou mato ela!

Mulder vai caminhando de costas, olhando pra Scully. Os policiais aproximam-se, puxam as armas.

MULDER: - (NERVOSO) Deixe-o ir! Não está blefando!

FABRIZIO: - (GRITA) Larguem as armas e deitem-se no chão! Ou estouro os miolos dela!

Os policiais soltam as armas. Deitam-se no chão.

FABRIZIO: - (GRITA) Você também, Mulder!

MULDER: - (IRRITADO) Não vou me deitar no chão coisa nenhuma! Estou desarmado! Saia e me entregue ela!

Fabrizio sai de costas, pela porta, segurando Scully.

SCULLY: - Mulder, atira nele!

MULDER: - Ele vai te matar!

Fabrizio sai pela porta, ainda segurando Scully. Aproxima-se de uma viatura. Mulder vai atrás dele.

FABRIZIO: - Abra a porta, agente Scully.

Scully abre a porta do carro. Fabrizio atira Scully pra dentro. Mulder corre. Fabrizio mira a arma na cabeça de Scully. Mulder pára. Scully chuta-o e Fabrizio mira a arma em Mulder.

FABRIZIO: - Sente-se quietinha aí, ou mato ele!

Scully fica quieta. Fabrizio dá a volta no carro, mirando a arma em Mulder, que está parado. Fabrizio entra no carro e mira a arma em Scully.

FABRIZIO: - Dirija!

Scully liga o carro. Dá a ré. Fabrizio continua com a arma na cabeça dela. Olha pra Mulder e grita pela janela, enquanto o carro parte.

FABRIZIO: - “Non desiderare la donna d’altri”!

Mulder fica boquiaberto. Os policiais saem atirando. Mulder entra no carro, desesperado. As viaturas saem em disparada. Fabrizio grita com Scully.

FABRIZIO: - Vai! Acelera essa droga!

SCULLY: - Não vai conseguir!

FABRIZIO: - Se eu não conseguir, você também não vai.

SCULLY: - ... Seu bastardo!

FABRIZIO: - Seu namoradinho aí atrás não vai desistir. Melhor despistá-lo.

SCULLY: - Ele não é meu namorado! É meu colega!

FABRIZIO: - Não sabia que colegas compravam presentes juntos, que trocavam beijos dentro do carro enquanto observavam prédios... Sempre quis saber o que agentes do FBI fazem durante a vigilância, para matarem o tempo. Agora descobri...

SCULLY: - ...

FABRIZIO: - Acelera. Porque eu vou matá-lo, se você parar. Trate de despistá-lo, se gosta dele.

Scully olha pra Fabrizio com ódio. Acelera o carro. Dobra rapidamente numa esquina.


Delegacia de polícia – 10:14 A.M.

Mulder anda de um lado para outro. Movimento de policiais. Skinner está no telefone. Desliga.

SKINNER: - Estão revirando toda a cidade. Ele não vai sair de Washington!

MULDER: - Ele calculou isso, Skinner! Eu fui um burro! Não o peguei, ele me pegou. Ele sabia que eu o prenderia! Era a chance que teria de quebrar os outros mandamentos! Eu sou um imbecil! Ele armou tudo!

SKINNER: - Mulder, precisa se acalmar. Tem homens vigiando a casa dele, a pizzaria...

MULDER: - Acha que ele a levaria pra lá? Como posso me acalmar, Skinner? Ele viu a Scully. Ele a escolheu! Ele armou pra cima da gente! Estava jogando esse tempo todo porque ela seria sua vítima! Ele só ataca quem conhece! Usou a fé que ela tem para pegá-la! E eu fui um idiota!

SKINNER: - ...

MULDER: - Não desejar a mulher do próximo... Acha que posso ficar calmo? Viu o que ele fez com a namorada! Imagina o que fará com Scully que é uma estranha!

Skinner fica nervoso. Mulder continua andando de um lado para outro.

MULDER: - Não desejar a mulher do próximo... Não desejar a mulher do próximo... Pra onde ele levaria Scully para cometer um suposto adultério? O que poderia ser mais vil?

SKINNER: - ... Mulder... Na minha modesta opinião, nada me deixaria mais doido do que se a minha mulher cometesse adultério dentro da minha própria casa.

MULDER: - Ele não sabe onde eu moro... (INSIGHT) Ah, meu Deus!

Mulder sai porta à fora. Skinner vai atrás dele.


Apartamento de Scully – 12:01

Fabrizio destranca a porta do banheiro, segurando a arma. Está sem as algemas. Scully sai.

FABRIZIO: - Consegui tirar as algemas. Agora podemos ficar à vontade.

SCULLY: - O que quer de mim?

FABRIZIO: - Não vou machucá-la se me ajudar.

SCULLY: - Como vou confiar em você?

FABRIZIO: - Quero apenas que me ajude a cumprir o nono mandamento.

Scully encosta-se na parede, assustada. Fabrizio coloca a arma contra a barriga de Scully. Levanta a blusa dela com o cano da arma.

FABRIZIO: - Vamos, agente Scully. Será rápido. É apenas o cumprimento de uma promessa. Não é amor, não se apaixone. Você é católica, sabe que promessas religiosas devem ser cumpridas.

Scully tenta se desvencilhar, ele a empurra, dando com a cabeça dela na parede. Scully cai no chão, tonta. Fabrizio a arrasta violentamente pelos cabelos até o quarto. Scully grita. Ele a chuta na barriga. Scully encolhe-se de dor, atirada no chão.

FABRIZIO: - Cala a boca!

Fabrizio a ergue pelos cabelos. Pega o braço de Scully e o torce para trás. Scully grita. Ele mira a arma na cabeça dela.

FABRIZIO: - Se ficar quieta prometo ser gentil. Se continuar reagindo, vai doer.

SCULLY: - (CHORANDO) Por favor, não!

Fabrizio desabotoa a blusa de Scully com a mão que segura a arma. Com a outra, ainda torce o braço dela. Scully continua chorando, desesperada. Ele acaricia o seio dela. Beija-lhe a nuca. Scully tenta se desvencilhar. Fabrizio começa a bater nela até Scully cair no chão.

FABRIZIO: - (GRITA) Levanta!

SCULLY: - ...

FABRIZIO: - (GRITA) Eu disse pra levantar, sua cadela!

Fabrizio puxa Scully pelos cabelos. A encosta contra a parede.

SCULLY: - Vai ter de me matar! Não vai conseguir o que quer!

Fabrizio dá vários tapas no rosto de Scully. Scully tenta chutá-lo, mas leva uma coronhada na cabeça. Scully cai no chão, tonta. Fabrizio a ergue furiosamente e a atira na cama. Scully cai de bruços, inconsciente. Ele coloca a arma sobre a cômoda. Abre as calças e deita sobre Scully.

Corta para Mulder que entra com a arma em punho. Skinner atrás dele, também armado.

MULDER: - (GRITA FURIOSO) Sai de cima dela, seu filho da mãe, ou estouro os seus miolos!

Fabrizio ri. Mulder puxa-o com violência e o atira contra a parede. Começa a bater nele, com ódio. Skinner segura Mulder.

SKINNER: - Deixa ele comigo, Mulder. Cuide dela.

Skinner algema Fabrizio. O empurra pra fora do quarto. Mulder aproxima-se da cama. Vira Scully e a toma nos braços.

MULDER: - Scully, está me ouvindo?

O sangue escorre da cabeça de Scully pelo braço de Mulder. Mulder fica nervoso.

MULDER: - Scully!

Scully abre os olhos.

SCULLY: - (TONTA) Te peguei de novo, Mulder...

Mulder a abraça, segurando as lágrimas.


Presídio Federal – 5:16 P.M. – Dois dias depois...

Mulder caminha por um corredor. Pára de frente a uma cela. Observa Fabrizio com ódio, pelas grades. Fabrizio olha pra Mulder. Começa a rir debochado.

FABRIZIO: - (ORGULHOSO) Eu venci.

MULDER: - (FURIOSO) Venceu nada, desgraçado! Não cumpriu os dois últimos mandamentos!

FABRIZIO: - (DEBOCHADO) Só o fato de estar na cama com ela já foi adultério.

MULDER: - (INDIGNADO) Ela não estava ali porque queria! Não foi adultério.

FABRIZIO: - (ORGULHOSO) Pra mim foi. Eu estava traindo.

MULDER: - E o décimo mandamento? Você não conseguiu!

FABRIZIO: - Você é um sujeito esperto... “Non desiderare la roba d’altri”. Eu cobiço sua liberdade. Cobiço as coisas alheias.

Mulder esmurra a porta da cela, furioso. Estende o braço pela grade, tentando pegá-lo. Fabrizio afasta-se sorrindo debochado..

FABRIZIO: - Eu venci, Mulder.

Mulder sai dali, irritado.


Apartamento de Scully – 7:03 P.M.

Scully está deitada na cama, com a cabeça enfaixada, cheia de hematomas no rosto. Mulder entra no quarto, com um buquê de rosas. Scully sorri.

MULDER: - Pra você.

Mulder coloca as rosas sobre a cama.

SCULLY: - Pensei que ia dizer que as roubou de um cara com a perna quebrada...

MULDER: - (SORRI)... Tenta descansar, tá? Vou preparar uma sopa pra você. O médico disse que está se recuperando rápido.

SCULLY: - (CERRA O CENHO) Mulder...

MULDER: - Fala.

SCULLY: - Fica aqui comigo... (COMEÇA A CHORAR) Me abraça!

Mulder deita-se na cama. Scully se abraça nele. Mulder a abraça.


Presídio Federal – 8:07 P.M.

Fabrizio entra na capela, algemado. O guarda fica na porta observando-o.

GUARDA: - Reza o que tem pra rezar. E rápido!

Fabrizio aproxima-se do altar e olha a imagem de Cristo crucificado.

FABRIZIO: - (ÓDIO) Eu venci. Você não. Não pode me vencer! Está morto. Estou vivo. Você é uma farsa.

Fabrizio retira da manga da camisa uma chave. Olha para o guarda. O guarda está distraído. Fabrizio, com as mãos juntas, começa a cravar a chave pelo peito de Cristo, como se o esfaqueasse. Vai fazendo lascas na imagem. O guarda olha pra Fabrizio.

GUARDA: - Ei, o que está fazendo?

O guarda corre até Fabrizio. Então olha pra imagem, que começa a sangrar pelos furos que Fabrizio fizera.

GUARDA: - (ASSUSTADO) Meu Deus, o quê...

O guarda olha pra Fabrizio. O peito de Fabrizio sangra nos mesmos lugares em que a imagem.


Academia de Quântico – Virgínia – 9:41 A.M.

Scully sai do necrotério. Mulder vai até ela.

MULDER: - Então, fez a autópsia?

SCULLY: - ... Fabrizio morreu de ferimentos feitos por um objeto metálico.

MULDER: - (EMPOLGADO) Uma chave?

SCULLY: - (ATORDOADA) Mulder, eu não sei explicar... Mas...

MULDER: - Mas o quê, Scully?

SCULLY: - O sangue que saiu da imagem de Cristo é... o mesmo sangue de Fabrizio.

MULDER: - ... ???

Mulder e Scully saem calados, com a fisionomia de incompreensão no rosto.

Fade out.


X

16/01/2000


12 de Junio de 2019 a las 08:23 0 Reporte Insertar Seguir historia
1
Fin

Conoce al autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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