noveluas Tata C

Faz um tempinho, Mariana, que eu me apaixonei, você se lembra como foi?


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Pista de Patinação


Era mais uma quarta-feira chata e solitária na pista de patinação onde eu trabalho, tudo que eu tinha para me distrair, eram a filmadora que minha chefe me dera para gravar quando a pista estivesse cheia, o meu velho diário de unicórnios e alguns mangás que eu sabia de trás pra frente. Mas, a pista estava vazia e eu não tinha mais fatos tediosos para escrever no diário; depois do almoço, eu já não aguentava mais de tédio. 

A filmadora estava ali, mas eu teria que aprender a usá-la sozinha já que a querida chefinha, disse que apenas apertar o botão “power” bastaria, só que não foi bem assim; talvez uma hora (ou mais), virando pra lá e para cá, apertando um botão aqui e outro ali, finalmente eu conseguira encaixar a fita no lugar certo e fazer as primeiras imagens.

O lugar todo até que tem uma decoração bacana, os letreiros brilham e as referências pop estão por toda parte, o pôster da Madonna e do H.O.T, são de longe os meus preferidos; estava lá, tranquila filmando cada pedacinho do meu ambiente de trabalho, quando você apareceu. Eu vi o seu rosto pela primeira vez através da filmadora e, mesmo levando um susto, quando te olhei de novo foi difícil lembrar que eu estava ali a trabalho.

Eram você e três amigas, mas eu não dei muita atenção a elas, já que era difícil desviar de você; alugaram os patins por uma hora naquele dia. Não sei se você reparou em mim, mas eu me disfarcei atrás de um mangá, pra conseguir manter os olhos em você e também apontei a filmadora em sua direção algumas vezes — pedi aos céus, que não pensasse que era algum tipo de pervertida — mas é que, talvez eu não voltasse a te ver e, eu fiquei encantada demais para arriscar.

No fim do tempo de vocês, suas amigas apenas entregaram os patins e foram te esperar lá fora, você ficou pra pagar e agendar um horário no sábado e, infelizmente, me deu o nome de uma amiga; eu errei seu troco duas vezes, mas você não se irritou e me deu um sorriso, tirando o resto de concentração que eu poderia ter até o fim do meu turno. Infelizmente, eu não trabalhei naquele sábado, por isso eu tive que esperar quase um mês para te ver de novo.

Dessa vez, foi numa sexta-feira, eu tinha tingido meu cabelo de cor de rosa faziam dois dias e ainda estava tentando agradar a minha mãe, para que parasse de me chamar de filha bastarda; as sextas costumam ser mais movimentadas que as quartas e, por isso, eu não estava tão entediada e já bem familiarizada com a filmadora, eu me sentia quase uma profissional de filmagens, alguns clientes até pediam que eu focasse neles e compravam a fita depois. Mas o que importa, é que você voltou, lembrou de mim, sorriu de novo e fez meu coração parar quando pediu que eu te filmasse também; ou seja, me deu o seu aval para te ‘perseguir’ pela pista com a filmadora e registrar todos os seus momentos.

Naquele dia foram duas horas de aluguel, e você estava mais linda do que na primeira vez, seus cabelos presos num daqueles penteados de revista, brincos de argola enormes, roupas que combinavam entre si — mais do que o meu velho macacão jeans e a primeira camiseta da gaveta — e um batom vermelho. Você pedira que eu filmasse você e suas amigas, talvez eu devesse pedir desculpas a elas, porque na verdade, quase noventa por cento da fita tinha só você. Depois daquele dia, eu realmente comecei a me apaixonar e todo mundo acha que não se pode apaixonar por alguém com quem nunca conversou de fato, mas acontece, que eu sou a prova viva que sim.

Nos dias que se seguiram, eu mal conseguia me concentrar, porque só o que me vinha na cabeça era você, aquele sorriso, os lábios vermelhos, eu definitivamente estava fora de controle; errei toda a receita que mamãe deixou para o jantar e segui como a filha bastarda; me esqueci completamente de limpar os patins da segunda-feira e fui covardemente ameaçada pela chefinha. Você realmente me tirou do prumo e eu nem sabia o seu nome, ainda; pois é, hoje eu sei muito bem o seu nome, mas foi por acaso que descobri, podemos dizer.

Duas semanas do nosso segundo “encontro”, eu saí do trabalho e decidi que eu merecia um chocolate, um chips e uma cervejinha; no caminho tem uma conveniência e era lá mesmo que eu faria compras, ainda bem que na entrada eu não olhei para o caixa, fiz minhas escolhas bem tranquila, porque na hora do pagamento, até o meu último fio de cabelo estava tenso. Você estava lá, com um rabo de cavalo meio torto, óculos redondos e o mesmo batom vermelho, concentrada em alguma revista; eu não sabia se deixava as compras para trás e saia dali ou se te encarava logo e pelo menos descobria seu nome. Mas antes do final dos meus pensamentos, você levantou a cabeça e me viu.

Aquele sorriso, que morou na minha cabeça nos dias anteriores, estampava o seu rosto e o óculos escorregando pelo nariz, me fizeram segurar a respiração e ir até a bancada, à passos mais lentos do que o normal. Nossa conversa foi mais rápida do que as que tivemos na loja de patinação, mas rendeu quase dez vezes mais.

— Oi! Você é a moça da pista de patinação!

— O-oii, sim, ã-a... meu nome é Vanessa.

— Vanessa, que fofo! Eu sou a Mariana, prazer!

— Prazer, Mariana!

Minhas mãos tremeram como vara verde quando você me estendeu a mão e disse que meu nome era fofo, eu sou uma boba apaixonada desde que te conheci Mariana; depois daquela breve introdução, a gente começou a se trombar pelo bairro em que trabalhávamos, quase todas as semanas. Não vou negar, que as vezes em que você “esbarrou” comigo lá pelas dez da noite, perto da conveniência, não foi assim uma grande coincidência, talvez eu tenha ido algumas vezes até acertar seu horário de saída — mas eu não era como uma stalker, eu juro — e você sempre parecia tão alegre em me encontrar por ali, e caminhava comigo até a estação.

Eu acho que eu me apaixonei por você primeiro, mas se fosse por mim, ainda estaríamos naquela de se “esbarrar” pelos cantos da vida; já que foi você quem me chamou primeiro, para comer um pastel numa barraquinha qualquer e para dividir um banana split. Eu nunca consegui destravar e te chamar para sair ou me aproximar mais, porque amigas saem juntas daquele jeito e não era assim muito do meu interesse ser só sua amiga.

Eu planejei umas mil vezes a minha confissão e o meu convite oficialíssimo para um encontro de verdade, ensaiei na frente do espelho, embaixo do chuveiro, enquanto varria a pista e o escrevi letra por letra no meu diário; mas no fim, quem me convidou foi você, Mariana, roubou toda a minha ideia e ainda me fez gaguejar para aceitar. Em uma daquelas noites que a gente se encontrava e caminhava até a estação, quando estávamos perto de nos despedir, você me olhou desse seu jeitinho, jogou a cabeça para o lado e com essa sua voz doce, me disse exatamente o que eu planejava te dizer.

— Nessa... você vai estar livre no sábado?

— Vou sim, quer ir até a sorveteria?

— Na verdade, queria te chamar pra patinar comigo... sabe, você sempre está lá, mas nunca pude patinar com você, o que acha?

— C-laro! E-e-u vou amar, Mari!

— É um encontro então!! — Você quase deu um pulinho de animação e sorria largo.

— É, s-im claro, um e-ncontro!! — Eu achei que meu coração tivesse parado e não entendia como ainda podia estar em pé.

Assim, do nada, eu tinha um encontro com você, no sábado seguinte, exatamente como eu queria e eu nem tive que falar nada além de ‘sim-claro-com certeza’. Depois daquele dia, nós patinamos quase todos os sábados e depois dividíamos alguma comida barata das ruas da cidade; eu estava irrevogavelmente apaixonada por você, seu modo de falar e de como via a vida e todos os seus projetos, o modo como me deixava à vontade a ponto de contar todos os meus segredinhos, que eu julgava muito sórdidos, mas que só te faziam rir e me contar os seus, ainda piores.

Eu estava mais feliz do que imaginei ser possível, mas eu ainda queria ser sua namorada, queria poder te dar apelidinhos bobos e roubar beijinhos entre uma colherada de sorvete e outra; eu não sei qual foi a situação que me motivou mais, qual fato sobre o nosso dia-a-dia me fez querer torná-lo oficial, mas numa segunda-feira meio chuvosa, eu saí apressada quando meu turno terminou, fui correndo até a conveniência e por sorte ela estava vazia. Eu não tinha muito dinheiro e nem nada planejado, entrei lá e fui direto até você; me faltava folego, minhas mãos estavam geladas, mas ali mesmo, com um balcão entre nós duas, eu disse tudo de uma vez só, que era pra não perder o ânimo no meio do caminho.

— MARIANA, EU TÔ APAIXONADA POR VOCÊ E QUERO SABER SEVOCÊACEITASERMINHANAMORADA!

Eu tenho quase certeza de que eu disse tudo de olhos fechados, e quando eu os abri, você não estava mais atrás do balcão; me deu um baita susto, aparecendo bem do meu lado, rindo feito boba. Me virou de frente para você e tão rápido quanto eu fiz o pedido, você uniu nossos lábios no beijinho mais doce de todos, com gostinho de cereja, do seu brilho labial. Depois que nos separamos, só para eu ter certeza, disse que aquilo significava um sim.

Quando deu o seu horário, saímos saltitando pelas ruas, finalmente de mãos dadas; paramos em uma lojinha e compramos camisetas iguais do animaniacs e assim firmamos o nosso compromisso. Lembrei de tudo isso, já que hoje, fazemos um ano de namoro e eu estou tão nervosa quanto naquele dia, porque fiz uma cópia da chave do meu novo apartamento e estou prestes a te entregar, eu espero que você entenda o que quero dizer, mas se não for o caso, eu reforço com a pergunta — quer morar comigo, Mariana?

17 de Diciembre de 2018 a las 02:43 0 Reporte Insertar Seguir historia
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