aciltransferase Lehninger

Na natureza, existem reações químicas reversíveis e irreversíveis. A reação que Imayoshi Shouichi, ao ser o reagente principal, causou em Hanamiya Makoto, foi de caráter irreversível.


Fanfiction Anime/Manga Todo público.

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Lantana camara

Hanamiya Makoto nem sempre foi um encrenqueiro com fama de bad boy. Um dia, foi apenas um garoto que, embora não tímido, não via graça alguma em socializar. Veja bem, não estamos falamos de alguém exatamente introvertido, mas, possivelmente, um indivíduo com pouco interesse em terceiros. No começo, não era arrogância; simplesmente algo natural. Se sentisse vontade de se aproximar de alguém, o faria – caso contrário, simplesmente não. Hanamiya não colocava complicações onde não as enxergava, mantendo seu ponto de vista o mais livre possível de entraves inexistentes.

Como se pode deduzir, estava pouco se importando em explicar para os outros que não se tratava de antipatia, e sim parte de sua índole. Logo, o adjetivo “arrogante” era repassado de conversa a conversa quando se referindo à sua pessoa. Até porque, como se não bastasse o comportamento, suas notas eram incrivelmente altas, o que gerava um burburinho entre os tachados de “nerd” em meio à escola. Afinal, enquanto eles se dedicavam aos estudos, Makoto não parecia tão preocupado. A única exceção era química. O garoto era realmente fascinado por tal matéria, fato que o levou a ser membro do comitê estudantil da disciplina. Afora isso, em praticamente todo o tempo livre era visto com algum livro em mão, mas estes não eram os respectivos das matérias da escola. Era um hobby. Um luxo que os estudiosos só se davam o trabalho de ter quando as disciplinas estavam em dia.

Se Hanamiya fosse um cara sorridente ou que ao menos esboçasse alguma expressão agradável em seu rosto, poderia bem ser alvo de brincadeiras estúpidas quanto à sua personalidade. No entanto, era exatamente o oposto. Irritava-se facilmente, geralmente com coisas mínimas que não faziam diferença para outras pessoas. “Estressadinho”, como pensavam alguns; e, claro, não ousavam dizer.

Makoto era uma pessoa naturalmente arisca, mas, diferente de muitos, guardava tal característica para si. Não via sentido em ser grosso com os outros, afinal, nem ao menos tinha interesse em olhar para eles – logo, por que perder seu tempo oferecendo-lhes um comportamento negativo? Pouco lhe importava se estavam vivos ou não.

Talvez seja redundante revelar tal fato a essa altura, mas Hanamiya não nutria uma amizade sequer. Contudo, por ter entrado para o time de basquete da escola, naturalmente precisava manter certo contato com determinadas pessoas, estas, claro, colegas de esporte. Makoto era, de certa forma, querido pelo treinador, que alegava enxergar um potencial além do comum toda vez que o assistia em quadra. A afirmação era reforçada pelo capitão do time, Imayoshi Shouichi, um rapaz um ano à frente de Hanamiya.

Aparentemente, Imayoshi era um cara normal. Exceto, talvez, pelo fato de ter um tom de voz carregado de ironia atrelado a um sorrisinho característico por tirar várias pessoas do sério; não entenda como algo bom, estamos falando de raiva, uma série de sentimentos ruins. Shouichi era do tipo que não media esforços em ser desagradável. Diferente de Makoto, ele fazia questão. Ao contrário do mais novo, era calmo e sua tranquilidade era quase palpável, o que gerava um questionamento: como alguém tão sereno era capaz de deixar uma pessoa qualquer tão irada?

Hanamiya, assim que conheceu o capitão do time, não gostou. Sim, isso foi algo importante. Porque o garoto estava acostumado a não construir uma opinião quanto aos outros, ou seja, “tanto faz”. Neutro justamente por não ter interesse. Porém, essa neutralidade não se fez presente ao se tratar de Imayoshi Shouichi. Hanamiya, no lugar de dar de ombros, franziu as grossas sobrancelhas, sentindo automaticamente uma barreira que lhe separava daquele cara. Desprezível, assim pensava.

E se, por um lado, Hanamiya queria distância de Imayoshi, este se aproximava a cada oportunidade. Pudera, era o capitão, não havia como fugir. Alegava o mesmo que o treinador, e, justamente por isso, este deixou nas mãos de Shouichi a tarefa de despertar o jogador feroz dentro de Makoto, trazendo-o à tona completamente.

A Imayoshi coube a responsabilidade de despertar aquele que futuramente seria um dos reis destronados.

A antipatia que o capitão percebia direcionada a si era um entrave. Hanamiya não parecia disposto a seguir suas orientações, contentando-se em meras habilidades mostradas durante os treinos. Porque, apesar de possuir um QI elevado e se destacar facilmente no que bem quisesse, não via interesse em ir além de onde estava – em quadra. Embora Imayoshi lhe provocasse à vontade, não era o bastante. Apesar de ser uma jogada suja, visto que Hanamiya irritava-se facilmente, não funcionava quando ele sabia que tipo de pessoa era seu capitão.

Imayoshi permanecia sendo o tipo de pessoa que Hanamiya desprezava, e era isso que o motivava naturalmente a não aceitar qualquer instrução, sugestão ou seja lá o que fosse oriundo do mais velho.

Ao perceber que suas tentativas eram inúteis, Imayoshi chegou à conclusão de que o problema estava justamente em seu queridíssimo kouhai. Em sua índole. Makoto era um gênio com talentos ocultos, presos devido a seu temperamento; e, no entanto, ele tinha tudo para se libertar. Do jeito que estava, muito tempo seria preciso. Hanamiya iria naturalmente colocar em ação todo seu potencial, mas, dessa forma, iria demorar. Seria uma questão de amadurecimento e descobertas, uma questão gradativa.

Imayoshi tinha pressa. Apesar de toda genialidade atribuída ao mais novo, Shouichi era dotado de um intelecto assustador, e, por vezes (ou talvez quando necessário), perverso. Sabia o que fazer, mas não imaginou que seria necessário. Suspirando, lamentou. Hanamiya tinha tudo para ser um bom kouhai; e isso estava prestes a descer pelo ralo de maneira drástica.

Inicialmente, Imayoshi apenas se mostrou na defensiva. Explicou para o mais novo que foi perda de tempo lhe pressionar, pois não era assim que as coisas funcionavam, e, se o próprio Hanamiya não queria, não iria lhe forçar.

― É apenas basquete, certo, Makoto?

Hanamiya trincava os dentes toda vez que ouvia seu primeiro nome na voz daquele à sua frente. Não suportava tamanha afronta.

Imayoshi se afastou de Hanamiya dentro da quadra, mas se aproximou fora dela. O mais novo continuava o achando desprezível, mas era diferente quando não era cobrado para ganhar todas ou ir além do que podia. Invadindo o espaço alheio, Shouichi tornou-se, pouco a pouco, um companheiro para leitura, xadrez e estudos. Embora precisasse se esforçar (ainda que menos se comparado aos demais), também era um gênio, exatamente ao seu modo. Conseguia facilmente iniciar uma conversa com seu kouhai, ainda que este estivesse disposto a lhe repelir frequentemente. Contudo, os gostos em comum eram inegáveis, principalmente quanto à literatura. É indiscutível que gostos em comum são precursores de amizades.

 Ao redor, comentários não faltaram. Enquanto uns diziam que Imayoshi estava fazendo algo inacreditável, outros alegavam que não era nada surpreendente, afinal, suas personalidades eram vistas com maus olhos por um público em geral; no final de tudo, acreditavam que combinavam perfeitamente justamente por terem índoles tão difíceis. Certas pessoas realmente tiravam boa parte de seu tempo para especular a respeito, levantando possíveis motivos para a aproximação inesperada. Para alguns, claro, porque outros diziam que não era nada inesperado, apenas questão de tempo.

No entanto, ao contrário de Hanamiya, Imayoshi tinha amigos, sendo os mais próximos aqueles que faziam parte do time de basquete. Quem lhe conhecia bem perguntava o que estava tramando e recebia como resposta um tom de quem era acusado injustamente. Como as informações eram repassadas rapidamente pela escola, não demorou para que o mesmo questionamento chegasse aos ouvidos de Makoto. Este não perguntou diretamente do mais velho, preferindo observar o comportamento alheio. De fato, era estranho que Imayoshi tivesse se afastado em quadra e se aproximado fora dela. Contudo, mesmo após suas análises, nada foi constatado.

No final de tudo, Shouichi era um cara legal. Como capitão, anteriormente foi péssimo, mas, após a aproximação, até nisso mudou relativamente. Mostrava-se mais compressível, demonstrando paciência e satisfação ao ver Hanamiya jogando como queria.

Talvez a principal divergência estivesse na preferência disciplinar. Como dito, o mais novo era parte do comitê estudantil de química, sendo apaixonado pelo estudo da transformação. O mais velho, por outro lado, tinha como sua matéria preferida a matemática, compactuando com o respectivo comitê estudantil e participando assiduamente de todas as olímpiadas e afins. Era um aluno excepcional se tratando de cálculos, assim como seu kouhai o era se tratando de reações. Conversavam com fascínio a respeito de ambas as matérias, compartilhando suas habilidades em diálogos, projetos e práticas que causavam certa inveja nos demais alunos também detentores de ótimo desempenho.

Hanamiya era um excepcional cientista. Imayoshi também, embora, em seu caso, a palavra mais adequada fosse estrategista. Pessoas ingênuas com conhecimentos matemáticos atrelados à assiduidade são apenas pessoas boas em matemática. Por outro lado, pessoas espertas e de caráter duvidoso com conhecimentos matemáticos atrelados à assiduidade são perigosas.

Não se faz preciso dizer com todas as letras que Shouichi constituía o segundo grupo.

Apesar de tudo, nem mesmo Imayoshi foi capaz de prever os erros durante o percurso. O capitão só queria despertar os talentos do prodígio contido, isso sem interferir nos laços que haviam criado. Ninguém iria sair machucado, muito pelo contrário: ambos só tinham a ganhar. Hanamiya ainda iria lhe agradecer por tudo, pensava veementemente.

Quimicamente falando, erros são inevitáveis. Seja pelo método, seja pelo ambiente, seja pelo material, seja até mesmo pelo próprio analista – no caso, o executor. O resultado analítico nunca será 100% fiel ao esperado. Ainda que se tratando de situações diferentes, visto que não está em questão o espaço ocupado por um elétron: o princípio da incerteza de Heisenberg.

De acordo com Heisenberg, não é possível apontar o espaço exato ocupado por um elétron em um átomo. E ainda que a própria química assuma suas incertezas, Imayoshi foi confiante demais para não imaginar falhas durante seu percurso.

Quando, em mais um dia comum, ia à escola, tomou um caminho diferente. Ao passar por uma loja de doces, lembrou-se do exagerado consumo de chocolate por parte de seu kouhai. Apenas um chocolate dado de forma natural após o treino no mesmo dia e não imaginou que, enquanto todos os outros jogadores fossem embora, estariam tão próximos um do outro. Empurrando gradativamente Hanamiya contra um armário, permitiu que as coisas saíssem do controle. Tendo se passado isso, a cada vez em que, sozinhos, via o mais novo fazer menção de retirar seus óculos, previa os acontecimentos.

Com os beijos se tornando frequentes, uma maior aproximação foi consequência. E quanto mais próximos, mais fragmentos do caráter de Shouichi pareciam ser transmitidos para o mais novo; e este, a essa altura, aceitava de bom grado. Veja bem, não de maneira consciente. Emaranhado em uma teia de aranha que não lhe pertencia, Hanamiya, aos poucos, não foi vendo mais problemas na personalidade do mais velho – a mesma personalidade, que, inicialmente, tanto desprezou.

A partir do momento em que o caráter desprezível deixou de ser um problema, não havia mais o que fazer. Apenas esperar.

E quando time de basquete da escola foi para seu primeiro campeonato, a derrota afetou Makoto de maneira decisiva. Enquanto chorava ainda em quadra, tendo seus cabelos afagados pelo capitão que alegava “ser apenas um jogo”, viu que não queria sentir aquilo nunca mais.

Nunca mais.

Prometendo vingança, Hanamiya livrou-se da teia de aranha que lhe prendia, colocando-a sob seu domínio. De maneira grotesca e urgente, libertou o futuro rei destronado dentro de si, passando por cima de todos que lhe diziam para ir com mais calma.

Inclusive Shouichi.

Ignorando os conselhos, repreensões e preocupações, abdicou do que chamamos de medir esforços, espírito esportivo e qualquer semelhança – e não apenas em quadra. As pessoas que anteriormente não passavam de desinteressantes, tornaram-se perfeitos alvos para se descontar raiva, desapontamento e afins, inclusive o que um dia guardou apenas para si. E Shouichi, que havia se tornado alguém especial, tornou-se apenas um entrave no caminho que Hanamiya havia escolhido para conseguir o que queria.

Na natureza, existem reações químicas reversíveis e irreversíveis.

A reação que Imayoshi Shouichi, ao ser o reagente principal, causou em Hanamiya Makoto, foi de caráter irreversível.

11 de Diciembre de 2018 a las 01:26 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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Lehninger Apenas um amontoado de poeira estelar.

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