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Jay Jay


Após vinte anos desde seu primeiro coração partido, Do KyungSoo vive uma vida reprimindo sua verdadeira identidade, solitário, respirando e vivendo somente para o trabalho. Até que o passado batesse em sua porta obrigando-o a lembrar-se de memórias dolorosas e sentimentos intensos, era levado de volta aos anos 90. Byun Baekhyun o reviraria do avesso mais uma vez, em um gosto agridoce que lhe mostraria que primeiros amores eram dolorosos, mas as feridas poderiam se curar com segundos amores e uma nova chance de fazer a coisa certa.


Fanfiction Sólo para mayores de 18.

#baeksoo #kyungsoo #d-o #baekhyun
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Fantasmas do passado.


Existem coisas que é de costume guardar somente para si ou no máximo explanar para um número muito reduzido de pessoas, o famoso "segredo".


Do Kyungsoo sempre fora cheio de segredos, seus e dos outros, falava pouco e olhava muito. Sabia que a Jisoo da sua sala, uma garota exemplar tomada por todos como grande exemplo de menina pura, inteligente e bonita, na verdade saía todas as noites com um homem casado na casa dos trinta anos, descobriu tal fato quando uma vez ficou sozinho na sala de aula e viu o bilhete meio amassado no estojo da garota, onde ele marcava de encontrá-la em algum bar ao qual provavelmente não aceitariam-na se soubessem sua real idade. Pela letra percebeu que o homem se tratava do professor de coreano do ensino fundamental, se lembraria daquela letra torta em qualquer lugar que fosse, recordava-se de quando ele escrevia na lousa e se estressava ao ver uma escrita tão desorganizada quanto aquela.


Pensou em perguntar se a garota estava sendo manipulada ou algo do tipo, mas achou que sequer deveria ter visto o bilhete, quiçá se intrometer onde não havia sido chamado.


Também sabia que o namorado da Gayoung do segundo ano dava diversas desculpas para não se verem porque ele queria terminar, mas não tinha coragem de dizer isso, ela chorava baixinho em algum canto da escola praticamente todos os dias, Kyungsoo sabia pelos olhos inchados e o nariz vermelho, o qual ela tentava cobrir colocando o cabelo em frente ao rosto.


Entretanto, nada disso o interessava. O baixinho de olhos grandes não aperfeiçoou suas técnicas de observação para ficar atualizado sobre as fofocas do Colégio, no entanto eram coisas que acabava descobrindo sem querer, ficar calado tinha lá suas vantagens. Qualquer um invejaria a visão dele, mas de nada lhe servia verdadeiramente, no final das contas era só um nerd que observava demais e se entrosava de menos.


Era tímido e recluso, sequer conseguia trocar muitas palavras com professores e os outros alunos. Situações como aquela na qual estava sendo metido ao ter de fazer um trabalho em dupla com Byun Baekhyun, o garoto extrovertido do terceiro ano, lhe deixavam nervoso.


"Então você é Do Kyungsoo? Minha dupla no trabalho da senhora Park! Eu nunca te vi por aí, o que é realmente bem estranho já que conheço todo mundo aqui." Baekhyun o abordou no refeitório da escola enquanto o rapaz do segundo ano comia seu lanche.


Olhou-o dos pés a cabeça, talvez Baekhyun não soubesse quem era o rapaz mais novo, mas Kyungsoo o conhecia, sabia quem era, já ouvira sobre ele entre um suspiro e outro nas conversas das garotas pelos corredores, da mesma forma que a presença dele era sempre notável com aqueles cabelos loiros despenteados, seus moletons coloridos e sorrisos brilhantes. Não entendia qual era a dele e sequer se importava, apenas o conhecia.


“Agora você me conhece, não é?” Sorriu minimamente, mostrando seu completo desinteresse em prosseguir com a conversa.


O som do bater de dedos contra as teclas dos computadores, o barulho dos saltos andando pelos corredores, o tic-tac do relógio, Kyungsoo enlouqueceria. Sua saúde andava entre o limite da vida e a morte e sabia que aquela pilha de papéis e os milhares de e-mails que tinha de responder ainda o enlouqueceriam e levariam-no ao hospital.


Trabalhava até o sol se pôr e depois ainda trabalhava mais um pouquinho, quando tinha tempo de descansar adiantava só mais duas coisinhas e quando decidia que era hora de dormir, sonhava que estava trabalhando, então acordava e ia trabalhar.


O salário compensava, mas de nada adiantava se não possuía tempo para gastá-lo e nem com quem gastar, era um pobre coitado beirando aos 40 anos cujo o mais próximo que chegou de um casamento fora um noivado fracassado, havia sido traído na cara dura e sequer conseguia culpá-la pelo ocorrido, sabia que não estava mais levando aquela relação a sério.


Terminou de digitar, olhou para o gato que sentou em seu colo pedindo por carinho, só então percebendo que já se passava de uma hora da manhã e ele ainda estava sentado na escrivaninha de sua casa apenas com a luz do abajur iluminando o quarto e enquanto lá fora os primeiros flocos de neve denunciavam o início do inverno. Estava tão ligado no automático que se esquecera completamente de que o natal logo chegaria e com ele, um feriado prolongado que lhe garantiria no mínimo alguns dias de descanso.


O que o baixinho não esperava era que aquela semana do ano lhe traria somente uma bela gripe com  febre e tudo que se tem direito quando está doente, eram em dias como aquele que Kyungsoo mais sentia falta de um calor humano ao seu lado, seja para cuidar de si ou lhe dar uma bronca por não estar se cuidando (e então depois fazendo isso por ele), no fundo, ele não recusava um carinho de jeito algum. No entanto, se não levantasse e tomasse os remédios que o deixavam ainda mais sonolento, provavelmente iria morrer definhando embaixo das cobertas e foi assim que o pobre rapaz que gostaria de um descanso acabou passando o feriado inteirinho tossindo, espirrando e medindo a temperatura a cada seis horas.


Seria a deixa perfeita para que se afastasse um pouco do serviço, pedindo alguns dias para se recuperar, mas lá estava Do Kyungsoo com uma máscara no rosto e olhos inchados de quem não dormia há muito tempo, ainda que os remédios não parassem de deixá-lo sonolento.


“Como foi o feriado Kyungsoo?” Perguntou a Senhora Ahn.


“Melhor impossível.” Sorriu e logo tossiu pela terceira vez em um intervalo de dois minutos.


Em algum momento indefinido, em uma tentativa de se erguer para buscar café, o rapaz acabou sucumbindo à febre ainda fortemente presente e perdendo os sentidos por completo, acordando bons minutos depois em um lugar que reconheceu ser a enfermaria da empresa. Um homem vestido de branco e de costas cantarolava alguma música do início do século vinte e um que parecia familiar aos ouvidos de Kyungsoo, no entanto, não conseguia se recordar de onde a conhecia.


O enfermeiro de cabelos castanhos percebeu a inquietação ao ouvir o paciente sentar na maca e então virou-se para vê-lo, o choque tomou conta do rosto de Kyungsoo que se tornou mais pálido do que já estava pelo desmaio recente, não era possível que…


“Olá, Kyungsoo! Que bom que acordou!” Baekhyun sorriu com seus dentes mais brancos do que nunca. “Quanto tempo não é mesmo?” E então seu pequeno riso deu lugar a um leve puxar de lábios, o olhar triste denunciava que as lembranças ainda eram tão vívidas nele quanto no próprio coração de Kyungsoo.


“Kyungsoo esse livro é um saco!” Bufou impaciente, chocando o rosto contra a mesa da biblioteca e com isso recebendo um olhar de reprovação do mais novo.


“O tempo que você está gastando para reclamar poderia ser aproveitado para terminar logo esse livro.” As palavras rudes foram contrastadas por um sorriso gentil, o que de fato surpreendeu Baekhyun que ainda permanecia com o rosto espremido à superfície de madeira. Aos poucos, Kyungsoo parecia mais à vontade com o fato de precisarem fazer dupla. “Nem é tão chato assim”.


“Mitologia não é meu forte”. Respirou fundo, finalmente erguendo o corpo, mas mantendo o rosto apoiado sobre a palma de uma das mãos de maneira desleixada. “Não sei porque precisamos aprender esse tipo de coisa”.


“Por que a Grécia é o berço de todas as histórias e a mitologia é a maior influência para os contos que conhecemos hoje?” Falou como se fosse óbvio — e realmente era para um aluno que prestava atenção nas aulas de literatura assim como ele — fazendo Baekhyun revirar os olhos como se a qualquer momento fosse morrer de tédio.


Com um suspiro, Do fechou o livro com um baque surdo, o enfiando na bolsa lateral de cor marrom que estava jogada sobre a cadeira ao lado.


“Vamos fazer o seguinte: eu pago o lanche hoje e depois vamos ler esse livro inteiro juntos. Não volto para casa até ter lido cada palavra dessas páginas!” Falou com convicção e de maneira tão descontraída que Baek apenas assentiu, o acompanhando com um sorriso pelo fato dele parecer tão à vontade consigo, isso em apenas duas semanas.


A primeira conversa que tiveram não havia sido das mais interessantes, na verdade, Kyungsoo parecia prestes a sair correndo, ainda que tentasse acompanhar a velocidade com que as palavras saíam da boca de Byun, que no começo não parecia se importar com sua falta de participação nas conversas, mas com o tempo passou a questionar se o garoto não gostava de sua companhia. Logo entendeu que ele era apenas um pouco tímido e precisava de um empurrãozinho para se abrir, e, felizmente, Baekhyun sempre estava disposto a torrar um pouco a paciência das pessoas para que elas acabassem gostando de si. Provavelmente esse era um dos maiores motivos de sua considerável popularidade.


“Eu aceito sua proposta!”


Aquelas palavras foram ditas com a empolgação de finalmente ter algo para forrar o estômago, tomar café da manhã não era um costume que o garoto cultivava e exatamente naquele dia havia esquecido o dinheiro do lanche em casa. Entretanto, essa empolgação passou assim que a comida se foi e os livros voltaram a dar as caras, agora em um ambiente bem mais agradável do que a biblioteca. Após o lanche, caminharam despreocupadamente pelo pátio até chegar aos fundos do colégio, o local perfeito para deitar na grama e esquecer das obrigações, o tipo de prazer que seu parceiro de trabalho parecia desconhecer.


“Você não vai desistir, né?” Respirou fundo ao que o garoto negou com a cabeça, batendo a mão sobre a grama macia em um pedido mudo para que se sentasse ali e foi o que ele fez. “Você pode ler em voz alta?”


Ele estranhou o pedido, mas não se importou em atendê-lo, iniciando uma leitura calma, não deixando de verificar de tempos em tempos se Byun mantinha-se acordado. Sempre que o fazia, encontrava os olhos escuros a encará-lo de volta e com atenção, isso o deixava um tanto embaraçado e obrigava-o a desviar os olhos para o livro mais uma vez, fugindo da conexão o mais rápido possível.


“Por que está me olhando assim?” Perguntou sem desprender o olhar das palavras impressas, àquela altura podia sentir o coração martelando no peito e sequer sabia o motivo. “Ainda está achando chato?”


“Não é isso, é que sua voz é muito boa de ouvir”.


Aquelas palavras causaram um rebuliço esquisito no estômago de Kyungsoo, algo que ele não soube definir se era bom ou ruim, mas de qualquer forma o fez sorrir e balançar a cabeça em uma negativa envergonhada, gesto que foi interrompido pelos dedos finos de Baekhyun. A palma macia se moldou à sua bochecha em um ato carinhoso, seu coração parecia prestes a sair pela boca conforme o polegar de Byun acariciava-lhe a pele. Os olhos brilhantes analisavam suas reações que naquele momento eram um misto de vergonha, nervosismo e ansiedade, não fazia ideia do que sentia naquele momento e agradeceu quanto o sinal que indicava o fim do intervalo soou.


“É… É melhor voltarmos para a aula”. Levantou da grama desajeitadamente, tratando de apanhar os materiais com rapidez. “Depois continuamos”.


O outro garoto apenas assentiu, não deixando de abrir um sorrisinho que deixou Kyungsoo ainda mais embaraçado, coisa que fora extremamente divertida ao Byun.


Aquela foi a primeira de muitas provocações, o início da relação que não teve um fim muito agradável e que mesmo depois de anos, ainda poderia receber uma segunda chance.

10 de Diciembre de 2018 a las 21:10 0 Reporte Insertar Seguir historia
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