lara-one Lara One

Scully e Mulder, ao voltarem de um caso já resolvido, encontram-se com um Arquivo X no meio da estrada. Um caso bizarro, envolvendo misteriosas criaturas que habitam nas profundezas da terra, entre enormes galerias.


Fanfiction Series/Doramas/Novelas Sólo para mayores de 18.

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S01#20 - CATACUMBAS


INTRODUÇÃO AO EPISODIO:

Scully senta-se na pedra. Começa a enfaixar o pé com as mangas da camisa dele. Mulder fica olhando pras pernas dela. Para os seios dela que aparecem por debaixo da camisa molhada. Fecha os olhos e respira fundo. Fisionomia de pânico.

MULDER: - Ô, Scully...

SCULLY: - O que foi, Mulder?

MULDER: - Scully, eu não te falei uma coisa a meu respeito.

SCULLY: - E o que é?

MULDER: - Eu tenho problemas de ereção.

SCULLY: - (SÉRIA) Difícil de conseguir, Mulder?

MULDER: - (DEBOCHADO) Não. Difícil de evitar.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ DENTRO


BLOCO 1:

Estrada Interestadual - 2:01 A.M.

[Som: Bryan Adams - Is your mama gonna miss ya?]

Mulder dirige o carro. Scully olha pra estrada, enquanto escuta Bryan Adams no CD. Está pensativa. Mulder percebe. Começa a cantar junto com a música, batucando no volante e dançando, tentando animá-la.

MULDER: - I might as well bin blind... Thought I owned this world and all it’s time... Made up my mind not to love again... Live my life a single man... (OLHA PRA ELA) Lady luck she came my way... Turned my night into day...

Scully olha pra Mulder com surpresa. Sorri.

SCULLY: - Não sabia que conhecia as músicas dele!

MULDER: - Roubei uns CDs seus pra conferir o que esse Adams tinha de especial. Pensei que só cantasse música romântica... Mas ele tem uns rocks bem legais.... Ah, aí vem a parte que eu mais gosto: Is your mamma gonna miss ya now you’re gone? Is your mamma gonna miss her little rollin’stone... Is mamma gonna cry now she’s alone? Cause mamma’s litlle girl ain’t goin’ home... Ya, mamma, she’s goin with me!

Scully olha pra Mulder, sorrindo.

SCULLY: - Pensa isso de mim? Que sou uma intrusa? Que baguncei sua vida?

MULDER: - Não. Mas avise a mamãe que você não volta mais porque está perdida. Está indo embora comigo. Eu sou um cara mau. Acabei com a honra da filhinha dela.

SCULLY: - Aposto que se eu dissesse isso, Lady Margaret morreria de felicidade!

MULDER: - Quando chegarmos à Washington, vamos pro seu apartamento?

SCULLY: - Pode ser... Amanhã é Quinta-feira... O que vamos fazer na Sexta?

MULDER: - Tenho entradas pro beisebol. Quer ir?

SCULLY: - Hum, tentador... Mas eu preferia que você me desse mais algumas aulas de beisebol.

MULDER: - Qual é o problema? Você já aprendeu a girar a cintura!

SCULLY: - (SÉRIA) Mulder, meu problema é segurar o taco.

MULDER: - (RINDO) Não, Scully. Eu sou seu treinador e digo que você sabe segurar um taco muito bem.

SCULLY: - Então vamos treinar outra coisa. Menos basquete!

MULDER: - Você daria um ótimo pivô.

SCULLY: - Mulder, é covardia! Olha o meu tamanho! Eu nunca vou acertar uma bola naquela cesta!

MULDER: - Hóquei?

SCULLY: - Não, é muito gelado!

MULDER: - Futebol americano?

SCULLY: - Violento.

MULDER: - Mas tem um lado bom. Sempre acabaríamos no chão, um em cima do outro... Que tal Vôlei?

SCULLY: - Não alcanço na rede! Nunca consigo dar uma cortada!

MULDER: - Bolinha de gude. Aposto que você alcança no chão!

Scully dá uns tapas no ombro dele.

SCULLY: - Não debocha!

MULDER: - Vídeo game!

SCULLY: - Não.

MULDER: - Jantar fora?

SCULLY: - ... Não.

MULDER: - Ficar em casa?

SCULLY: - Não... É. Acho que vou pegar uns filmes e comprar pipoca.

MULDER: - Que filmes?

SCULLY: - Filmes, Mulder, filmes com enredo! Pros outros não precisa de pipoca.

MULDER: - Não sei, é uma sugestão, embora me negue a comer qualquer coisa que venha do milho.

Scully desliga o som.

SCULLY: - Terminou o seu relatório? O meu já está pronto.

MULDER: - Já. Amanhã entregamos ao Skinner. Não vou voltar pro FBI agora. Já saímos tarde de Chicago...

SCULLY: - Mulder, confessa: Não gostaria que eles liberassem mais passagens de avião?

MULDER: - Não, eu gosto de estar na estrada. Se não fosse agente do FBI seria caminhoneiro.

SCULLY: - Que horror, Mulder! Você já é desleixado, imagina se fosse caminhoneiro!

MULDER: - Beberia cerveja o dia todo, deixaria a barba crescer...

SCULLY: - Não! Prefiro você assim.


2:56 A.M.

Mulder dirige empinando uma lata de bebida. Scully quase dormindo. Mulder liga o rádio.

[Som: OMD – Forever Live and Died]

Mulder começa a batucar no volante, sacudindo a cabeça.

MULDER: - (CANTANDO) I never knew, I never knew, I never knew, I never knew why... You make me wanna cry...

SCULLY: - OMD? O Mulder escuta OMD? O Mulder gosta de música eletrônica dos anos 80?

MULDER: - Na época me irritava. Mas hoje é a única década de música eletrônica que meus ouvidos conseguem ouvir sem perder a audição. Passou disto, ouvir uma britadeira ininterruptamente me deixa menos irritado.

Scully recosta-se no banco e fecha os olhos, rindo. Mulder dirige calmamente, olhando pra estrada. De repente, algo atravessa a estrada, bem adiante, correndo muito rápido.

MULDER: - (PÂNICO) Scully....

Mulder pára o carro no acostamento. Scully abre os olhos. Mulder desce do carro. Scully vai atrás dele.

SCULLY: - Mulder, o que foi?

Mulder aponta pra uma plantação enorme de milho.

SCULLY: - Mulder, por favor... Você ficou paranoico? Não come mais milho, mel...

MULDER: - Não é isso, Scully. Eu vi uma coisa. Entrou aqui, no meio do milharal.

Mulder pula a cerca. Acende a lanterna. Scully põe as mãos na cintura.

SCULLY: - Mulder!

Mulder entra no milharal. Scully resolve passar por entre a cerca de arame farpado, rasga um pedaço do blazer.

SCULLY: - Ah, não, que droga! Mulder, você vai me pagar um blazer novo! Era camurça, Mulder!

Scully fica olhando pro rasgo no blazer, enquanto Mulder desaparece no milharal.

SCULLY: - Mulder, você tá me ouvindo? Mulder?

Scully entra no milharal.

SCULLY: - Se helicópteros e abelhas vierem atrás de mim, eu juro Mulder, você vai me pagar!

Scully acende a lanterna. Começa a procurá-lo.

SCULLY: - Mulder?

Silêncio, apenas escuta-se a música que vem do carro, distante. Scully olha pra todos os lados mirando a lanterna.

[corte]

Scully caminha no milharal nervosa.

SCULLY: - Mulder! .... Mulder!

Alguma coisa começa a se mexer no meio do milharal.

SCULLY: - Mulder?

Silêncio. Scully puxa a arma. Está nervosa.

SCULLY: - Mulder, se for você fale logo, porque que eu vou atirar!

Silêncio. Scully mira a arma. Mulder vem por trás dela e a toca no ombro. Scully dá um pulo.

SCULLY: - Mulder, seu desgraçado! O que pensa que está fazendo? Quer me matar?

MULDER: - Você viu?

SCULLY: - Vi o quê? Tinha algo se mexendo ali, na minha frente. Mulder, o que está procurando?

MULDER: - Aquela coisa.

SCULLY: - (ERGUE A SOBRANCELHA) Que coisa, Mulder?

Mulder entra por entre os pés de milho, à frente dela. Scully o segue.

SCULLY: - Mulder, quer me dizer o que estamos procurando?

MULDER: - Psiu! Não faz barulho.

SCULLY: - Mulder, isso é ridículo! Você dirigiu muito, ouviu muito Nirvana, ainda tomou uma bebida energética e deve estar vendo coisas...

MULDER: - Não estou chapado. Estou dizendo que vi alguma coisa.

Algo passa rapidamente ao lado dos pés de Scully. Mulder vira-se, procurando com a lanterna. Scully arregala os olhos, também mirando a lanterna no chão.

SCULLY: - (NERVOSA) Mulder, o que era aquilo?

MULDER: - Eu não sei.

Mulder volta. Scully continua parada. Ele continua procurando alguma coisa no chão.

SCULLY: - Mulder, vamos sair daqui. Eu não estou gostando nada disso.

MULDER: - Tá com medo?

SCULLY: - E se for algum animal?

MULDER: - Um corvo gigante? Corvos não rastejam, Scully.

Mulder está bem à frente. Scully corre atrás dele. Fica bem pertinho.

SCULLY: - Mulder... E se for uma enorme sucuri?

MULDER: - Não era uma cobra, Scully.

SCULLY: - Eu odeio quando você faz isso! Fica falando por enigmas.

[corte]

Mulder continua procurando no meio do milharal. Scully o segue, irritada.

SCULLY: - Mulder, está me ouvindo?

MULDER: - Scully, quer ficar quieta só por alguns minutos?

SCULLY: - Humph!

Mulder pára. Mira a lanterna num enorme buraco no chão. Agacha-se. Scully agacha-se ao lado dele. Mulder ilumina o buraco. Não vê a profundidade.

MULDER: - O que acha disso, Scully?

SCULLY: - Pode ser um tatu...

MULDER: - (RINDO) Tatu? Scully, por favor! Só se fosse o pai de todos os tatus! Um tatu criado a Farinha Láctea! Olha o tamanho desse buraco!

Scully fica brava. Mulder tira o paletó.

SCULLY: - (ASSUSTADA) Mulder, o que vai fazer?

MULDER: - Entrar aí.

SCULLY: - Ah, não! (SEGURA-O PELA CAMISA) Você não sabe o que tem aí dentro.

MULDER: - Por isso mesmo. Preciso descobrir.

SCULLY: - Não, você não precisa! Mulder, você não vai entrar aí, só passando por cima do meu cadáver! Que mania idiota você tem de ficar se metendo no que não deve. Tanto vai o rato ao moinho que um dia deixa o focinho!

MULDER: - Scully, eu estou armado. Você fica aqui e monta guarda.

SCULLY: - Eu não quero montar guarda aqui fora! Mulder, eu odeio este lugar e odeio você!

MULDER: - Pode me soltar?

SCULLY: - E se acontecer alguma coisa com você?

MULDER: - O que pode acontecer?

SCULLY: - Tenho uma lista de desgraças. Quer ouvir?

MULDER: - Pelo amor de Deus, mulher, você é muito pessimista!

Scully solta a camisa dele.

SCULLY: - Tá. Quer ir vai. Mas eu não vou ficar aqui e se você gritar por ajuda, eu não volto! Vire-se sozinho!

Mulder senta-se no chão.

MULDER: - Qual é o problema, Scully?

SCULLY: - O problema é que você quer entrar aí dentro!

MULDER: - Tá certo, eu não entro. Vamos ficar os dois aqui observando esse maldito buraco, talvez por semanas! Nos revezaremos pra buscar comida. Ou você aproveita o milharal e faz umas pipocas.

SCULLY: - Mulder, um dia você ainda vai me agradecer por livrá-lo de encrencas!

MULDER: - Encrencas? Você é que atrai encrencas! Quantas vezes já tirei você de frias enormes?

SCULLY: - Ah, é assim? Tudo bem. Não precisa mais me salvar. Eu me viro sozinha!

MULDER: - Queria que tivesse visto o estado em que você estava dentro daquela cápsula, com um alienígena dentro da barriga, vomitando gosma!

SCULLY: - Mulder, eu não acredito nisso!

MULDER: - Ah, então eu teria motivos pra mentir? Que imaginação fértil que eu tenho! Deveria escrever ficção científica! Por que você nunca vê nada, Scully? Por quê?

SCULLY: - ... Talvez eu veja sim... Mas tenho explicações diferentes pra isso, Mulder.

MULDER: - Tá certo. Eu estou perdendo o meu tempo! Essa discussão não vai levar a nada!

SCULLY: - Mulder, você me subestima, sabia? Você não me conhece!

MULDER: - Ah, está certo. Eu não te conheço mesmo! Cada dia descubro uma Scully diferente. O que vem hoje?

SCULLY: - Mulder eu mudei muito nesses últimos anos. Estou por um fio! Perdi minha paciência e meu medo foi com ela! E você também mudou!

MULDER: - (INDIGNADO) Ah, eu mudei? Mudei em quê?

SCULLY: - Você ficou com medo de lutar. Perdeu a coragem.

MULDER: - Eu continuo o mesmo cara que eu era, ao contrário de você, que parece uma...

SCULLY: - Uma o quê?

MULDER: - Maluca.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Maluca?

Alguma coisa se mexe dentro do buraco. Mulder levanta-se depressa e se afasta, assustado. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Medroso!

MULDER: - Medroso? Eu queria entrar aí, você é quem estava com medo!

Scully olha pro buraco. Vê dois olhos brilhantes. Afasta-se depressa.

SCULLY: - Mulder... Tem alguma coisa ali dentro.

MULDER: - Ótimo, era o que eu estava tentando dizer, mas você me censurou!

Mulder aproxima-se. Ilumina o buraco com a lanterna. Não vê nada.

MULDER: - O que viu, Scully?

SCULLY: - Dois olhos... Mulder, vamos sair daqui, estou com um péssimo pressentimento!

MULDER: - Pressentimento? Depois eu é que mudei!

Um barulho no meio do milharal. Mulder vira-se.

MULDER: - Está lá, Scully.

Mulder vai atrás, entrando por entre os pés de milho. Scully fica parada. Quando vai caminhar, alguma coisa a segura pela canela. A derruba.

SCULLY: - (GRITA) Mulder!!!

A coisa a agarra violentamente, puxando-a pra dentro do buraco. Mulder volta correndo. Não vê Scully. Entra em desespero.

MULDER: - Scully? ... (GRITA) Scully!!!

Mulder olha pra todos os lados, sem encontrá-la. Olha pro buraco. Ilumina-o. Vê o crucifixo de Scully ao lado, sobre um punhado de terra. Vê as marcas das mãos dela na terra.


BLOCO 2:

Mulder arrasta-se por dentro de um estreito e longo túnel cavado sob a terra, iluminando à frente com a lanterna. A lanterna apaga. Mulder a bate contra a parede.

MULDER: - Mas que hora desgraçada pra acontecer isso! ... Scully!!! ... Praga!

Mulder continua se arrastando. Tudo está escuro. Mulder tateia o chão. De repente o chão acaba.

MULDER: - Ah, não, e agora? ... Eu devia deixar você se estrepar com essa, Scully! Foi você quem pediu!

Mulder respira fundo. Deita-se de costas e tenta se virar com as pernas para o lado do fim do túnel. Não consegue. Vira-se de bruços novamente.

MULDER: - Merda!

Mulder atira-se do túnel. Cai numa caverna. Esborracha-se no chão.

MULDER: - Ai! Droga!

Mulder levanta-se. Não consegue ver onde está. Tenta mexer o braço direito. Não consegue.

MULDER: - Scully!!!

Mulder sente que deslocou o braço. Fica mais furioso.

MULDER: - Doutora Scully! Preciso de cuidados médicos! Ai!

Mulder começa a caminhar, devagar, tateando com os pés, pra não cair em outro buraco.

MULDER: - Mas que situação! Eu só me meto em fria por causa dessa mulher! Ela atrai problemas! Eu devia ter escutado a minha mãe, mas eu...

Mulder escuta um barulho. Vira-se. Vê um vulto passar correndo. Mulder puxa a arma e corre atrás.

MULDER: - Ei!

Mulder bate com a cara numa parede. Cai deitado.

MULDER: - Ai, acho que quebrei o meu nariz também! Scully!!!

Mulder levanta-se. Tateia a parede. Percebe que errou a entrada de um túnel maior, por poucos centímetros. Entra no túnel. Caminha com cautela.

MULDER: - Tatu... Que diabo de tatu cavaria isso? ... (PÂNICO) O quê cavaria isso?

Mulder pára. Está assustado.

MULDER: - Meu Deus... Preciso andar, mas minhas pernas não querem... Acho que os 40 estão me presenteando com claustrofobia... Tô ficando velho pra isso!

Mulder respira fundo. Fecha os olhos. Abre-os.

MULDER: - Vamos Mulder, você já enfrentou alienígenas. Isso não é pior.

Mulder começa a caminhar. Vê uma luz adiante. Caminha depressa. Mulder entra numa espécie de gruta enorme e profunda, iluminada por tochas nas paredes. Há vários compartimentos cavados nas paredes, vazios, como se o lugar fosse uma catacumba.

MULDER: - Mas que diabo de lugar é esse?

Mulder desce os degraus de uma escada, cavada na terra.

MULDER: - Scully!

Mulder segura seu braço direito, que está doendo. Continua a descer as escadas.


3:43 A.M.

Mulder senta-se na escada. Olha pra baixo. Não consegue imaginar onde os degraus terminam.

MULDER: - Que droga de buraco é esse?

Mulder olha pras paredes. Os buracos estão lacrados com uma espécie de teia, como se fossem casulos. Mulder estica o braço. Sua mão transpassa a teia. Ele retira um pedaço de teia e olha pra dentro. Vê um esqueleto humano. Mulder levanta-se depressa.

MULDER: - Ah, não... Isso deve ser a geladeira daquela coisa!

As tochas se apagam. Mulder entra em desespero. Começa a descer as escadas, mas sem tatear nas paredes, com medo dos buracos.


4:12 A.M.

Mulder sente falta de ar. Pára na escada.

MULDER: - Deus, devo estar há metros de profundidade. O ar está ficando rarefeito! E essa droga continua! ... Daria minha vida por uma lanterna! Uma miserável de uma lanterna.

Mulder senta-se na escada. Desconsolado. Alguma coisa o agarra pelo braço. Mulder grita.

SCULLY: - Mulder, sou eu!

MULDER: - Scully?

SCULLY: - Me ajuda a sair daqui!!!

Mulder tateia o braço dela. Percebe que ela está deitada num dos casulos, encerrada naquela espécie de teia. Mulder tenta puxá-la, o braço dói. Scully arrasta-se e cai em cima dele.

MULDER: - Como veio parar aqui?

SCULLY: - Eu não sei, alguma coisa me agarrou. Eu... eu não vou mentir. Desmaiei de medo. Acordei com a sua voz.

Scully levanta-se.

MULDER: - Que diabo de lugar é esse, Scully?

SCULLY: - Eu não sei... Mulder, essa coisa que lacra as catacumbas se parece com uma teia de aranha!

MULDER: - (APAVORADO) Ah, não Scully... Não está tentando me dizer que existe uma aranha gigante aqui dentro...

SCULLY: - Mulder, isso é improvável...

MULDER: - Scully, vou te dizer uma coisa, quero que fique entre nós, é extra-oficial.

SCULLY: - Tá.

MULDER: - (DESESPERADO) Eu acho que vou chorar!

SCULLY: - Mulder, não é hora pra pânico. Precisamos sair daqui.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Desloquei meu braço...

SCULLY: - Mulder, vamos subir essas escadas. Se você veio de lá, é porque lá está a saída.

Os dois começam a subir.

SCULLY: - Mulder, poderia me emprestar seu blazer?

MULDER: - Deixei lá em cima.

Mulder tropeça numa coisa. Scully o segura.

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - Eu não sei.

Mulder abaixa-se. Tateia o chão.

MULDER: - (RINDO) Não vai acreditar, Scully. Achei sua lanterna.

SCULLY: - Graças à Deus, Mulder. ... Poderia então me emprestar sua camisa?

Mulder acende a lanterna.

MULDER: - Por que quer a minha camisa? Está com frio?

Mulder mira a lanterna em Scully. Só com a luz é que percebe que ela está de lingerie.

MULDER: - (DEBOCHADO, OLHANDO PRA ELA) Jesus, que aranha mais tarada!

SCULLY: - Quer parar de piadas, estou me sentindo constrangida!

Mulder tira a camisa. Scully a veste.

MULDER: - Bem, pelo menos lhe cai como um vestido.

SCULLY: - Não tem graça, Mulder. Vamos sair daqui. Esse lugar tá me dando arrepios.

MULDER: - Vá na minha frente.

SCULLY: - Ótimo, como você é cavalheiro!

MULDER: - Não é isso, Scully. É que pelo menos posso ver você, onde você está.

Scully pega a lanterna. Mulder a segue.

MULDER: - Scully, me dá a sua mão. Quero ter certeza de que não vamos nos perder.

SCULLY: - Certo, Mulder.

Os dois se dão as mãos. Continuam subindo. Scully ilumina as paredes.

SCULLY: - Mulder, deve haver centenas de pessoas aqui dentro!

MULDER: - Seja o que for essa coisa, Scully, aprecia carne humana. É seu prato principal.

SCULLY: - Que bom que está aqui, Mulder. Obrigado por me tirar dessa.

MULDER: - Se acha que eu vou dizer que sempre tiro você de encrencas... Eu não vou dizer. Prefiro tirar você de encrencas do que...

SCULLY: - Do quê?

MULDER: - Do que te perder.

SCULLY: - ... Mulder, quantos degraus tem essa escada?

MULDER: - Eu sei lá, caminhei tanto que nem sei quanto tempo. Não podia ver o relógio. Ah, que saudade dos digitais com aquela luzinha verde brega, que...

Algo vem rolando pela escada.

SCULLY: - (GRITA) Mulder!

Os dois se encostam na parede. Uma bola de teia passa por eles.

MULDER: - Que diabo era aquilo?

SCULLY: - Eu não sei. Mulder, aí vem outra!

Eles se encostam na parede. Várias bolas de teia passam por eles.

SCULLY: - O que está acontecendo?

MULDER: - (ASSUSTADO) Scully... Se o que você falou, for verdade... Talvez estejamos no ninho dela.

SCULLY: - Ninho?

MULDER: - Acho que aquilo eram ovos. E confesso que não estou nem um pouco curioso pra assistir o nascimento!

Scully começa a correr escada acima. Mulder vai atrás dela.


4:31 A.M.

Eles chegam no topo da escada, na porta do enorme túnel. Está coberto por teias.

MULDER: - Quando eu passei por aqui, não tinha nada disso.

SCULLY: - O que vamos fazer, Mulder?

MULDER: - Atravessar.

SCULLY: - É? E o que vamos encontrar aí no meio?

MULDER: - (ASSUSTADO) Scully, eu odeio insetos, não me fale dessas coisas!

SCULLY: - Mulder, se lembra das aulas de biologia?

MULDER: - Scully, isso foi há tanto tempo!

SCULLY: - Como as aranhas se comportam? Quer dizer, supondo que seja uma aranha, porque isso é totalmente absurdo. Aranhas não podem crescer tanto.

MULDER: - Como explica isso que está vendo?

SCULLY: - Só porque não posso explicar, não quer dizer que seja uma aranha!

MULDER: - Scully, acho que esse monte de teia é o lacre do ninho. Aranhas costumam fazer isso. O que me preocupa é o que vamos encontrar lá fora.

SCULLY: - Mulder, me dê sua mão. Precisamos atravessar isso.

MULDER: - (PÂNICO) Ah, não precisamos não!

SCULLY: - Quer ficar aqui parado? Ou quer descer de novo?

MULDER: - (APAVORADO) Scully, por favor...

Ruídos são ouvidos. Eles olham assustados um para o outro.

MULDER: - O que é isso?

SCULLY: - Eu não sei.

Os ruídos ficam mais altos. Scully ilumina as escadas.

SCULLY: - Mulder, eu não sei o que é, mas está vindo em nossa direção!

Scully puxa Mulder e os dois se embrenham nas teias. As teias se colam aos corpos deles. Eles se movem com dificuldades.

SCULLY: - Vem Mulder!

MULDER: - Scully, eu tô com medo! Eu odeio isso!

Scully vai abrindo caminho, puxando Mulder pela mão.

MULDER: - (PÂNICO) Eu não consigo respirar, Scully.

SCULLY: - Mulder, não fala! Fica quieto!

Eles continuam a atravessar o enorme túnel com teias. Scully pára.

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Não consigo ir adiante, Mulder. A teia está mais densa. Deve ser a porta.

MULDER: - Scully, eu já estou alérgico a tanta teia de aranha.

Mulder começa a chutar a teia. Scully vai de ombros. Eles conseguem fazer um buraco. Tentam abri-lo. O ruído aproxima-se deles.

MULDER: - Ah, Scully, depressa! Tem alguma coisa ruim chegando!

SCULLY: - Perdi minha arma, me dê a sua.

Mulder entrega a arma pra ela. Scully fica com a arma apontada em direção oposta à porta.

SCULLY: - Mulder, tente abrir. Vou ficar vigiando.

Mulder está desesperado e começa a tirar pedaços maiores de teia.

MULDER: - Scully, preciso da lanterna. Não podemos sair daqui sem eu ver o que tem lá fora.

Scully entrega a lanterna. Mulder põe a cabeça pelo buraco e ilumina a enorme galeria. Não vê nada.

MULDER: - Scully, vamos sair daqui.

Mulder atravessa o buraco. Ajuda Scully. Eles saem. Começam a se limpar, tirando teia de aranha até dos cabelos. Mulder começa a pular e a cuspir.

MULDER: - Nojo, argh, nojo!!!

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - (PÂNICO) O que foi?

Mulder vira-se pra ela. Scully ilumina com a lanterna. Há várias passagens lacradas com teia.

SCULLY: - Estamos presos, Mulder.

MULDER: - Uma delas é a saída. As outras são ninhos...

SCULLY: - ...

MULDER: - E um dos ninhos, nós abrimos, Scully...

Scully gruda-se nele.

SCULLY: - Mulder eu estou com medo, estou com medo e estou com medo!

MULDER: - Eu também! Acha que eu não tenho medo?

SCULLY: - Mulder, pelo amor de Deus, você é o homem aqui!

MULDER: - Eu, ‘benhê’? Até já esqueci que sou homem!


BLOCO 3:

Scully respira fundo.

SCULLY: - Ok, Mulder, estamos muito nervosos, agindo como dois idiotas. Vamos pensar como adultos, como pessoas normais.

MULDER: - Numa situação anormal?

SCULLY: - Mulder, quer se calar?

MULDER: - Scully eu odeio insetos! E se forem aranhas assassinas alienígenas?

Scully olha pra ele, incrédula. Mulder está suando de nervosismo.

SCULLY: - Mulder, acalme-se ou vai entrar em choque! E eu não vou conseguir arrastá-lo daqui!

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, só há um jeito de descobrir a saída.

MULDER: - Ah, não, eu não vou fazer isso! Eu odeio esse jogo de escolher as portas!

SCULLY: - (DEBOCHADA) Quer ficar aqui e servir de comida pras “aranhas assassinas alienígenas” ?

MULDER: - Não! Eu sou indigesto.

SCULLY: - Ah, eu sei disso. Qual você escolheria primeiro?

MULDER: - Nenhuma. Escolha você. Você é mulher, mulher tem intuição aguçada!

SCULLY: - Hum, de repente virou feminista?

MULDER: - Você é que acha que eu sou um machista hipócrita. Mas eu não sou! Eu sei que o mundo é das mulheres, tá legal? Vocês não precisam de nós!

SCULLY: - Como assim?

MULDER: - Nem pra ter filhos! Vocês tem outros meios de conseguir isso.

SCULLY: - Mulder, se não estivesse com tanta pressa de sair daqui, gostaria de ouvir o seu discurso. Me deve essa.

Scully aproxima-se de uma das entradas.

SCULLY: - Que tal essa?

MULDER: - Pode ser.

Scully tenta abri-la. Mulder a impede.

MULDER: - Espera aí, Scully.

Mulder coloca o ouvido na teia. Não escuta nada. Aproxima-se de outra. Escuta ruídos.

MULDER: - Scully, abra essa daí que escolheu.

Scully começa a furar a teia com o cabo da arma. Mulder a ajuda, com um braço. Eles vêem um enorme túnel.

MULDER: - Eu não disse, Scully? Intuição feminina. Nunca falha!

Os dois entram no túnel. Scully vai iluminando o caminho. Mulder pára.

MULDER: - Me dá a lanterna, Scully. Eu vou na frente.

SCULLY: - Ficou corajoso?

MULDER: - Não. Estou com vergonha de me esconder atrás de você.

SCULLY: - Isso é machismo, Mulder.

MULDER: - Se o assunto é proteger você, eu sou machista.

Mulder vai na frente. Eles caminham e vão conversando.

SCULLY: - E no que mais é machista, Mulder?

MULDER: - Faço questão de puxar a cadeira e pagar a conta. Abrir a porta do carro...

SCULLY: - Você nunca abriu a porta do carro pra mim!

MULDER: - Por que seria estranho fazer isso enquanto trabalhamos. Ia levantar suspeitas.

SCULLY: - ...

MULDER: - Não é questão de machismo ou feminismo, Scully. Tem coisas que só as mulheres levam jeito, outras, só os homens.

SCULLY: - Como o quê? Cozinhar?

MULDER: - Não, não falo disso. Consertos, por exemplo. As mulheres não são boas com mecânica de carros. Nem com martelos e fios. Os homens não são bons em limpar a casa. Sempre esquecem de tirar o pó, ou de alguma sujeirinha pelos cantos. E nunca conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo.

SCULLY: - Mulder, está entrando na teoria do caçador e da coletora?

MULDER: - Concordo com essa teoria, Scully. Os homens, por terem força, acabaram caçando. Pra caçar você tem que ter a atenção voltada pra uma única coisa: a caça. Enquanto isso, vocês mulheres evoluíram coletando frutos. Pra coletar tem que haver dispersão, para procurar os diversos frutos maduros. Por isso vocês fazem várias coisas ao mesmo tempo, enquanto que o nosso cérebro não permite que se faça café e passe roupa ao mesmo tempo.

SCULLY: - Tá, eu concordo. As mulheres fazem várias coisas ao mesmo tempo. Os homens não conseguem. Isso é científico. O cérebro feminino é mais desenvolvido que o masculino, apesar de conter menos neurônios.

MULDER: - É, só que isso causa um problema. Vocês são dispersas, não conseguem se concentrar em uma coisa.

SCULLY: - (DEBOCHADA) É. Por exemplo, quando faço amor com você, fico observando que o teto do seu quarto precisa de pintura.

Mulder pára. Olha pra cara dela. Scully ri.

SCULLY: - Foi uma piada, Mulder. Pra mostrar que quando queremos nos concentramos.

MULDER: - Desculpe, é que os meus neurônios não são capazes de entender piadas complexas.

Os dois seguem caminhando.


5:24 A.M.

[Som: OMD – Forever Live and Died]

Os dois agentes continuam caminhando.

SCULLY: - Mulder, se homens e mulheres compreendessem seus limites, saberiam viver bem. Eu sei que você não consegue lavar a roupa e fazer o almoço. Ou a camisa ou o arroz vai sair queimado!

MULDER: - Então eu faço o arroz e você passa a camisa. Odeio passar roupa!

SCULLY: - Eu também odeio. Estamos num impasse. O que você faz?

MULDER: - Dias pares eu passo, dias ímpares você. Domingo é descanso.

SCULLY: - Mulder acho você uma gracinha. Quero ver isso na prática!

MULDER: - Eu serei um bom marido, Scully. Acredite nisso.

Mulder pára. O túnel acabou. Mulder ilumina à frente. É uma enorme gruta.

MULDER: - Não passei por aqui antes, Scully. Acho que estamos perdidos.

Eles entram na gruta. Mulder ilumina todos os lados. Um barulho é ouvido.

SCULLY: - Mulder, o que é isso?

Mulder mira a lanterna pra cima.

MULDER: - Scully... Corre!

Morcegos começam a voar por todos os lados. Eles atravessam a gruta, correndo, entrando em outro túnel. Param, cansados.

SCULLY: - (OFEGANTE) Mulder.... estamos perdidos!

MULDER: - (OFEGANTE) Não podemos... desistir, Scully.... Deve haver .... outra saída.

SCULLY: - Isso é um labirinto, Mulder! Estamos debaixo de uma plantação de milho!

MULDER: - Eu prometo que desta vez vou me afastar de milharais, Scully, pra sempre!

SCULLY: - Estou cansada, Mulder.

MULDER: - Vamos parar um pouco.

Os dois sentam-se no chão. Scully olha pro braço dele. Examina-o. Mulder grita.

SCULLY: - Dói muito?

MULDER: - O suficiente pra ter vontade de gritar.

SCULLY: - Posso colocá-lo no lugar, se quiser.

MULDER: - Não, obrigado.

SCULLY: - Mulder... Já que estamos sozinhos aqui, não quer...

MULDER: - Scully, não tem clima, sabia?

Scully aproxima-se dele. Beija-o. Mulder fecha os olhos. Ela puxa o braço dele, colocando-o de volta no lugar. Mulder grita de dor. Olha furioso pra ela.

MULDER: - (IRRITADO) Sua traidora, mentirosa! Que beijo de Judas!

SCULLY: - Melhorou?

MULDER: - Não, tá doendo mais do que antes!

SCULLY: - Agora vai passar. É só relaxar um pouquinho.

Mulder fecha os olhos. Está cansado. Ela o abraça. Ele deita a cabeça no colo dela.

MULDER: - Ah, Scully... Onde fomos nos meter! Podíamos já estar em Washington, na sua confortável cama, roncando...

SCULLY: - Não reclama, Mulder. Dorme um pouco.

Mulder olha pra ela.

MULDER: - Dormir? Acha que vou dormir com esse bicho à solta por aqui?

SCULLY: - Eu vigio.

MULDER: - Não mesmo, Scully.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Vamos continuar caminhando, eu aguento. Já passei várias noites direto, sem dormir. Posso passar mais uma.

Mulder estende o braço esquerdo pra Scully. Ela segura em sua mão. Ele a puxa.

MULDER: - Vamos andar, Scully. Estamos fazendo exercício, queimando calorias e melhorando a musculatura das pernas.

SCULLY: - Preferia fazer isso numa academia.

MULDER: - Scully, querida, estamos no meio da natureza e...

SCULLY: - (INCRÉDULA) Do que você me chamou?

MULDER: - Scully.

SCULLY: - Não, você disse outra coisa.

MULDER: - Não, eu não disse.

SCULLY: - (RINDO) Disse sim, Mulder!

MULDER: - Se disse, foi inconsciente.

SCULLY: - Você me chamou de querida?

MULDER: - Eu?

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Tá, escapou.

Scully começa a rir.

SCULLY: - Ah, meu Deus, Mulder! Essa foi terrível!

MULDER: - ...

SCULLY: - ... Hum, eu gostei. Mas claro, da próxima vez que ‘escapar’ algo assim, eu prefiro que escape um ‘meu amor’.

MULDER: - (DISFARÇA) Scully, está ouvindo barulho de água?

SCULLY: - ... Estou.

MULDER: - Devemos estar perto de alguma fonte subterrânea. Ou tem um rio acima de nós. Scully, estamos quase na superfície.

Mulder sente-se tonto. Scully o segura.

SCULLY: - Mulder, está sentindo-se mal?

Mulder senta-se no chão.

MULDER: - Scully, detesto dizer pra você, mas acho que fiquei com claustrofobia.

SCULLY: - Mulder, por favor...

MULDER: - Eu não consigo mais me mexer.

SCULLY: - Mulder, precisa andar.

MULDER: - Não dá, Scully. Não consigo.

Scully senta-se ao lado dele. O abraça.

SCULLY: - Mulder, se dormisse algumas horas iria se sentir melhor.

MULDER: - Eu não vou conseguir dormir, Scully.

SCULLY: - Mulder, precisa tentar. Você vai entrar em choque! Fecha os olhos, eu canto alguma coisa, conto uma história, sei lá. Talvez, se esperássemos amanhecer, com a luz do sol, acharíamos uma saída...

MULDER: - Zzzzz

SCULLY: - Mulder?

MULDER: - Zzzzz.

Scully sorri. Ajeita a cabeça dele em seu colo. Faz carinhos nos cabelos dele.

SCULLY: - Se pelo menos tivéssemos trazido nossos celulares... Talvez a polícia ache nosso carro abandonado na estrada e venha atrás de nós... Talvez o Skinner perceba que não fomos trabalhar...


6:58 A.M.

Scully está acordada, no escuro. Mulder acorda-se.

MULDER: - Scully? Por que estamos no escuro?

SCULLY: - Precisamos poupar as pilhas, Mulder.

MULDER: - Acha que vamos ficar aqui por quanto tempo?

SCULLY: - Não sei, Mulder, não sei. Volta a dormir.

MULDER: - Você vai cair no sono, tá escuro.

SCULLY: - Mulder, confia em mim, tá?

MULDER: - Tá.

SCULLY: - Já está amanhecendo e talvez possamos achar alguma saída.

Mulder senta-se. A abraça.

MULDER: - Você também está cansada.

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, pode ser honesta comigo?

SCULLY: - Mulder, eu sou honesta com você!

MULDER: -... Você anda muito estranha ultimamente. Eu sinto que quer me contar alguma coisa. O que você conversou com a minha mãe? O que descobriu?

SCULLY: - Nada, e-eu...

MULDER: - Scully, eu prometi sempre te contar a verdade, mesmo que isso te ferisse. Esperava a mesma coisa de você.

SCULLY: - ... Mulder, eu...

Algo passa correndo pela entrada do túnel. Outro vulto passa na frente deles. Scully puxa a arma. Os dois se levantam.

SCULLY: - Pra onde foi?

MULDER: - Pra direita!

Scully mira a arma pra entrada do túnel.

SCULLY: - Sumiu, Mulder. O que era aquilo?

MULDER: - Eu não sei, até agora não pude ver! Quanto mais nessa escuridão!

Scully acende a lanterna. Mira pra entrada. Não vê nada.

SCULLY: - Mulder, vamos sair daqui.

Os dois começam a correr. Mulder segura Scully num supetão que ela volta pra trás, parando a um centímetro de um precipício. Um pedregulho cai pra dentro do enorme buraco. Scully olha assustada pra Mulder, em choque.

MULDER: - Uma armadilha, Scully. Seja o que for, tem inteligência igual ou superior a nossa.

Eles recuam. Vêem outra entrada.

SCULLY: - Mulder, vamos por aqui. Intuição feminina.

Eles entram numa enorme caverna. Está cheia de bolas de teia.

MULDER: - Scully, acho que sua intuição não funcionou dessa vez.

SCULLY: - Mulder, tem certeza de que são ovos?

MULDER: - Eu não tenho certeza de nada! Até acho que estou dormindo e isso é um daqueles pesadelos diabólicos!

Scully aproxima-se. Entrega a lanterna pra ele.

SCULLY: - Mulder, vou abrir um.

MULDER: - ...

SCULLY: - Droga, não tenho luvas! Vou ter que dar uma de Mulder mesmo.

Mulder olha pra ela, invocado. Scully mete a mão e começa a puxar as teias. Abre um pequeno buraco. Mulder ilumina dentro. Há uma estranha esfera verde.

SCULLY: - Que droga é essa?

Scully coloca a mão ali dentro. A esfera se dissolve e o líquido verde se esparrama todo. Scully levanta-se e limpa as mãos na camisa.

SCULLY: - (NOJO) Não é um ovo, Mulder.

MULDER: - O que é então?

SCULLY: - Não sei... Tem um cheiro de putrefação... Talvez seja... Alimento digerido e regurgitado novamente.

Mulder faz cara de nojo.

SCULLY: - Talvez essa coisa regurgite os alimentos pra conservá-los... Não faz sentido! Que tipo de criatura faria isso? Supondo que seja um inseto, eles não tem esse tipo de comportamento.

MULDER: - Scully, vamos sair daqui!

Mulder vira-se pra entrada. Scully ilumina com a lanterna. Há uma enorme teia de aranha.

MULDER: - Ela é rápida, Scully. Está tentando nos prender.

Os dois aproximam-se. Começam a abrir a teia. Um barulho surge. Os dois olham pra trás. Scully mira a lanterna nas bolas de teia. Elas estão se abrindo.

MULDER: - Scully, talvez o que achou fosse um ovo podre! Porque o resto me parece completamente vivo!

SCULLY: - Mulder, corre!

Eles atravessam a teia, correndo. Saem pelo túnel, entrando em outro, com mais buracos nas paredes. Eles continuam correndo. Scully pisa numa pedra e pára.

SCULLY: - Ai, Mulder, machuquei meu pé!

MULDER: - Droga!

SCULLY: - Não tenho culpa se levaram meus sapatos!

Mulder a agarra e a carrega em seu ombro. Continua correndo.

MULDER: - Scully, se lembra quando eu disse que preferia as baixinhas? Este é um dos motivos!


BLOCO 4:

8:11 A.M.

Os dois entram numa outra gruta. É bem iluminada, pela luz do sol que penetra por algumas fendas no teto. Há uma cascata que brota da parede, fazendo um lindo lago de águas claras.

SCULLY: - Mulder, que lugar bonito!

MULDER: - Estou odiando esse lugar, Scully!

Scully senta-se numa pedra e começa a lavar seu pé. Está sangrando. Mulder senta-se ao lado dela.

MULDER: - Tá doendo muito?

SCULLY: - Tá.

Mulder segura o braço dela e rasga a manga da camisa.

SCULLY: - Mulder, você estragou sua camisa!

MULDER: - Tudo bem, Scully. Era só uma Armani. Custou apenas ¼ do salário de um mês... Amarre seu pé com isso, vai proteger o ferimento. Aposto que é a atadura mais cara que já usou!

Scully olha pra ele.

SCULLY: - Mulder, perdi meu casaco de camurça também!

MULDER: - Da próxima vez, Scully, vamos trazer botas, camisetas e calças jeans pra algum tipo de emergência.

Scully coloca a manga da camisa sobre a pedra.

SCULLY: - Mulder, já que rasgou uma, pode rasgar a outra?

Mulder ri. Rasga a outra manga.

MULDER: - Scully, eu sou louco mesmo. Estou rasgando dinheiro!

Scully tira o sutiã pelas mangas.

MULDER: - O que está fazendo?

SCULLY: - Preciso de alguma coisa pra amarrar meu pé, Mulder. E de pensar que era um legítimo Victoria Secret! Renda de primeira linha!

MULDER: - Espero que o FBI cubra nossos gastos nessa droga de viagem!

Scully entra na água.

SCULLY: - Vou tomar um banho! Estou suja daquela meleca verde!

Scully mete-se debaixo da cascata. Mulder fica olhando pra todos os lados, nervoso.

SCULLY: - Mulder, devia experimentar! Está uma delícia!

MULDER: - Não, obrigado. Vou ficar aqui, cuidando de nossas vidas! Não estou pra esse bicho nos pegar desprevenidos!

Mulder levanta-se. Fica de costas pra ela.

MULDER: - Scully, que tipo de animal seria esse? Será um animal? Ou alguma outra coisa?

SCULLY: - Não existem Arquivos X sobre isso?

MULDER: - Nunca li relatos sobre algo parecido.

Scully sai da água.

MULDER: - E se for alguma raça alienígena que habita nas profundezas da terra? Existem alguns relatos de seres fantásticos que... (OLHA PRA ELA) que... que...

Scully olha pra ele.

SCULLY: - Que o quê, Mulder?

Mulder fica olhando pra ela. Scully estranha. Olha pra trás, para os lados. Olha pra ele. Então percebe e olha pra seus peitos. Percebe que a camisa é transparente, ressaltando seus mamilos. Olha pra ele.

SCULLY: - Mulder!

Mulder fica encabulado e vira o rosto.

SCULLY: - Mulder, como pôde?

MULDER: - Quer que eu faça o quê? Eu não sou cego!

SCULLY: - ... (SEGURA O RISO)

MULDER: - ... Eles estavam olhando pra mim, Scully!

SCULLY: - ... (BOQUIABERTA) Olhando pra você? Mulder!

Scully começa a rir.

SCULLY: - Mulder, há alguns anos atrás, se isso acontecesse, seria embaraçoso. Mas hoje?

MULDER: - ... Vamos sair daqui, Scully.

SCULLY: - Preciso enfaixar meu pé primeiro.

Scully senta-se na pedra. Começa a enfaixar o pé com as mangas da camisa dele. Mulder fica olhando pras pernas dela. Para os seios dela que aparecem por debaixo da camisa molhada. Fecha os olhos e respira fundo. Fisionomia de pânico.

MULDER: - Ô, Scully...

SCULLY: - O que foi, Mulder?

MULDER: - Scully, eu não te falei uma coisa a meu respeito.

SCULLY: - E o que é?

MULDER: - Eu tenho problemas de ereção.

SCULLY: - (SÉRIA) Difícil de conseguir, Mulder?

MULDER: - (DEBOCHADO) Não. Difícil de evitar.

Scully olha pra ele. Começa a rir.

MULDER: - (INDIGNADO) Vai, vai rindo! Você é quem fica provocando! Não sabe como é constrangedor quando isso acontece!

Scully ri mais alto.

MULDER: - Scully, isso não tem graça!

Scully ri mais. Levanta-se.

MULDER: - Vocês tem essa vantagem!

SCULLY: - (RINDO) Tem não, Mulder. Meus peitos estão me denunciando...

MULDER: - ...

SCULLY: - Tá, Mulder, vamos encerrar por aqui. Esse assunto está ficando muito quente...


9:22 A.M.

Mulder e Scully caminham por um túnel.

SCULLY: - Mulder, por que você fica constrangido com essas coisas? São coisas normais! Não vejo motivo pra ficar com vergonha. Principalmente diante da nossa situação!

MULDER: - Você é mais extrovertida, Scully, pra falar de certas coisas e até mesmo pra fazer piadas sobre isso. Eu sou tímido, já falei.

SCULLY: - Nunca conversava sobre sexo com suas ex-namoradas?

MULDER: - Nós não conversávamos sobre sexo, Scully. Nós fazíamos.

SCULLY: - Está dizendo que eu prefiro conversar do que fazer?

Scully o empurra contra a parede da caverna.

SCULLY: - Mulder, eu quero você, agora, aqui, de qualquer jeito!

MULDER: - (IRRITADO) Você é maluca, sabia? Não é o lugar, nem a hora... Se eu deixar que você continue doida desse jeito, qualquer hora vai querer transar debaixo da mesa do Skinner! Scully, controle seus hormônios, por favor?

Scully encosta-se em Mulder. Esfrega-se nele.

SCULLY: - Pra quê? Você não controla os seus.


9:43 A.M.

Scully abotoa a camisa. Mulder está deitado no chão de olhos fechados.

SCULLY: - Vamos, Mulder?

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder?

MULDER: - Preciso descansar! Não posso me mover!

SCULLY: - Vamos, Mulder, deixa de besteira!

MULDER: - Besteira? Eu fui estuprado e você acha isso besteira?

SCULLY: - Ora, você não foi estuprado!

Mulder senta-se. Balança a cabeça.

MULDER: - Inacreditável... Scully, eu juro que vou comprar uma caixa de Viagra e vou... você já imagina. Começaremos na Sexta e só pararemos na Segunda de manhã! Eu quero ver até aonde você aguenta!

SCULLY: - Só 3 dias? Que tal uma semana? Direto!

Mulder levanta-se. Olha assustado pra ela.

MULDER: - Vamos embora daqui. Estou ficando com medo de você!!!

Scully começa a rir. Ele vai na frente. Ela o segue, rindo.

MULDER: - Tarada! Ninfomaníaca! Isso é doença, Scully!

SCULLY: - Você me deixa doente, Mulder! Eu era uma moça direita até cair nas suas garras!

MULDER: - Isso é contra a lei dos direitos humanos!

SCULLY: - ... Tá, desculpe. Eu paro.

MULDER: - ...

SCULLY: - ... (FAZENDO BEIÇO)

MULDER: - Scully, não leve a sério o que eu estou dizendo...

SCULLY: - Queria que você fosse assim comigo. Que me desejasse 24 horas por dia...

MULDER: - Eu te desejo 24 horas por dia.

SCULLY: - Não parece, porque corre de mim!

MULDER: - (DEBOCHADO) ... Amanhã é Sexta, Scully. Esqueça os vídeos e as pipocas. Tenho diversão melhor pra você. Mas nada de algemas!

SCULLY: - ...

MULDER: - (DEBOCHADO) Eu levo o chantili, os morangos e a calda de chocolate. Levo também o espremedor de frutas.

SCULLY: - (ASSUSTADA) Espremedor de frutas? Pra quê?

MULDER: - Você não sabe, Scully? Puxa vida, você nunca precisou de um espremedor de frutas?

SCULLY: - ??? Mulder, agora você tá me assustando!

MULDER: - Relaxa, Scully. Pelo menos eu tenho alguma coisa exótica pra te ensinar. Você vai gostar. Confie em mim. Não pode nunca faltar o espremedor de frutas. Pode faltar até preservativos, mas nunca o espremedor de frutas!

Scully olha assustada pra ele. Abaixa a cabeça. Mulder ri baixinho.


10:01 A.M.

Os dois param na frente de um buraco na parede. Procuram outra saída com os olhos, mas não acham.

MULDER: - Eu entro primeiro. Se alguma coisa acontecer, você corre.

Mulder entra pelo buraco. Está escuro. Grita.

SCULLY: - (ASSUSTADA) O que houve?

MULDER: - Caí! Ai, acho que torci a perna dessa vez!

SCULLY: - Mulder, não pode ficar entrando em buracos que não conhece!

Mulder espia Scully pelo buraco, com um sorriso malicioso.

MULDER: - Eu sei disso, Scully... Vem, me dá a mão.

Mulder a ajuda. Scully pula. Mulder liga a lanterna. Ilumina o lugar. É uma velha mina abandonada.

MULDER: - Acho que encontramos a saída.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - O que é?

SCULLY: - Acho que nos encontraram também.

Os dois arregalam os olhos, assustados. Três pequenos seres humanoides e peludos, observam eles.

SCULLY: - (ASSUSTADA) Mu... Mulder, o q-que é a-qui-quilo?

MULDER: - Eu não sei, Scully.

Os seres continuam olhando pra eles. Sustentam-se sobre duas pernas, mas com a coluna envergada. Os braços são longos, até o chão. São peludos e muito feios.

MULDER: - Scully, acho melhor cair fora.

Um dos seres começa a guinchar. Os dois saem correndo. As criaturas começam a correr atrás deles. Mulder puxa Scully e os dois entram em outro túnel. Uma luz à frente deles surge. É a entrada da mina. Está fechada por algumas tábuas. Mulder começa a chutá-las.

SCULLY: - (DESESPERADA) Mulder, depressa!

Mulder está em pânico. Chuta, esmurra, tenta de tudo. Consegue quebrar as tábuas. Scully sai correndo pra fora. Um dos seres agarra Mulder e consegue arranhá-lo nas costas. Mulder consegue se soltar e correr para fora. Os seres, ao verem a luz, correm pra dentro da mina, desaparecendo na escuridão. Mulder e Scully olham um para o outro, parados no meio de um campo de trigo.


FBI- Gabinete do diretor assistente - 3:21 P.M.

Mulder, já devidamente vestido e Scully também. Skinner olha pra eles, assustado.

SKINNER: - ... Não sei como dizer isso, mas... Quando eu estava na guerra, alguns soldados desapareceram em circunstâncias semelhantes e... Achávamos que eram armadilhas feitas pelos Vietcongues, mas...

MULDER: - Acharam mais de 1.000 corpos. Mas nenhuma das criaturas. Foi como se desaparecessem “voando”. A polícia de Virgínia já conseguiu encerrar mais de 400 casos de desaparecimentos misteriosos.

SKINNER: - Mulder, qual a sua teoria sobre aquelas criaturas?

MULDER: - Seres intra-terrenos, de origem extraterrestre.

Scully olha pra ele. Olha pra Skinner. Skinner está interessado na história. Scully segura o riso. Levanta-se.

SCULLY: - Vou deixá-los pensarem nessa teoria absurda.

SKINNER: - O que acha que eram, agente Scully?

SCULLY: - Algum tipo de macaco, que evoluiu no subsolo.

Skinner olha pra Mulder. Mulder levanta-se. Ele e Scully saem da sala. Skinner continua assustado.

SKINNER: - Intra-terrestres...


Apartamento de Scully - 9:00 P.M.

[Som: OMD – Forever Live and Died]

Scully abre a porta. Mulder entra com um saco de compras e o espremedor de frutas debaixo do braço. Scully olha desconfiada. Mulder vai em direção ao quarto dela.

SCULLY: - Mulder, essa coisa não poderia ficar aqui?

MULDER: - Não, Scully. Preciso do espremedor no quarto.

Scully fica assustada. Mulder ri. Entra no quarto. Scully vai atrás dele. Mulder coloca o espremedor na cômoda e liga na tomada. Põe o saco de compras ao lado da cama.

SCULLY: - Mulder, eu não estou gostando disso e ...

Mulder a agarra e a empurra sobre a cama.


9:29 P.M.

[Som: Bryan Adams - Is your mama gonna miss ya?]

Mulder sai de cima do corpo dela. Recosta-se no travesseiro. Scully aconchega-se no peito dele.

MULDER: - (SINISTRO) E agora, Scully, entra o papel do espremedor de frutas.

Ela olha assustada. Mulder vira-se. Tira uma laranja partida ao meio de dentro do saco de compras. Começa a espremê-la no aparelho.

MULDER: - Não acha que um suco de laranja repõe as energias? Acha que eu iria me levantar da cama, ir até a cozinha, só pra isso?

Scully respira aliviada.

Fade out.


31/12/1999

22 de Noviembre de 2018 a las 06:07 0 Reporte Insertar Seguir historia
1
Fin

Conoce al autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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