Hanahaki Byou, também chamada de Hanahaki Disease, é uma doença literária e fictícia, ou até mesmo, chega à ser uma lenda; na qual, uma vez contaminada, a vítima é invadida por flores, no interior de seu corpo.
É o resultado de um amor unilateral, não correspondido, ou seja, alimentado apenas por uma pessoa. As flores que contaminam a vítima, são as favoritas da pessoa amada.
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Havia começado com uma leve dor em seu estômago, em uma sexta-feira à tarde logo que o último cliente havia saído da floricultura em que vinha trabalhando nos últimos dois anos.
Era apenas uma dor incômoda, mas suportável. Pensou que talvez fosse uma virose qualquer já que, ao que parecia, vinha sendo uma ocorrência comum nas últimas semanas. Sua irmã, inclusive, havia acabado de se recuperar de uma. Então ele foi para casa, tomou algumas xícaras de chá, um remédio para o estômago e dormiu tanto quanto lhe foi possível com duas crianças hiperativas em casa.
E no dia seguinte ele foi ao trabalho. Abriu a loja como fazia todas as manhãs. Havia um grande vaso com crisântemos brancos, que o fizeram se recordar do que havia ocorrido a quase um ano... e, assim que colocou seu avental, o tirou dali. Logo Shiro apareceu, no mesmo horário em que ia a loja todos os sábados. Não houve qualquer alteração em seu pedido padrão, por um pequeno buquê de prímulas vermelhas, que Lance já conseguia montar até mesmo de olhos fechados – ele havia tentando uma vez, apenas por curiosidade.
Shiro era sempre agradável, sabendo o quanto Lance era lento àquela hora da manhã. Ele sempre perguntava como Lance estava, se seus irmãos estavam bem e dizia que sempre estava ali se ele precisasse de algo. E Lance ignorava o calor em seu peito ao dar suas respostas costumeiras e então entregava seu arranjo, despedia-se dele e ia organizar mais uma vez cada prateleira da loja, esperando que assim a manhã passasse um pouco mais rápido.
Mas naquele dia, assim que Shiro se foi, a dor em seu estomago se tornou mais intensa, fazendo-o desejar tomar qualquer remédio que fizesse a dor passar e a deitar-se novamente, aquecido entre os lençóis de sua cama.
Duas horas depois, Keith apareceu, mantendo o mesmo ritual de todas as outras semanas, embora comentasse, assim como quem não quer nada, que Lance deveria ir ao médico já que aparentava não estar muito bem. Keith sempre sorria ao pegar a rosa em suas mãos, sem se importar que Lance estivesse logo ali a sua frente... e ele não poderia reclamar por isso. Então ele também se foi, levando uma bela rosa negra envolta em um papel de seda vermelho vibrante.
Lance agradeceu por ninguém mais ter aparecido, por trabalhar apenas até o meio-dia aos sábados e, principalmente, de que no domingo era sua folga e sua avô ficaria com seus irmãos até o final da tarde, para que ele pudesse ter um dia para descansar.
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Aquele domingo amanheceu nublado.
O remédio que havia tomada antes de dormir ainda fazia um pouco de efeito e dor já não era tão intensa. Mas agora havia uma pressão em seu peito e, em um movimento automático, ergueu-se na cama, tossindo, tentando fazer sair algo que parecia preso em sua garganta.
E aquela foi a primeira vez em que uma misturas de pétalas enegrecidas e vermelhas passaram por seus lábios.
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