fuyuka_hideki Adrielle Victória

“Que Uchiha Sasuke e Uzumaki Naruto foram mortos por um crime bruto, isso todos sabem. O que querem saber agora: quem é o culpado por tamanha atrocidade?”


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18.

#sasunaru
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CHAPTER ONE: Bodies; 2018

De alguma forma, aquela era uma das piores cenas que já havia visto durante todos os anos de trabalho. E esse mesmo pensamento rondava diversas vezes pelo perímetro da cabeça.

A composição da cena do crime em si não era tão tenebrosa aos olhos que já estavam acostumados à brutalidade humana, mas continha algo que deixava um imenso desconforto no peito.

— Pobres, pobres garotos, não acha, Kakashi? — outro perito falou baixo ao meu lado.

— É... Pobres, pobres garotos, Iruka.

Era evidente que o assassinato cometido havia sido por meio de um delito regado a brutalidade. Mesmo sabendo desse fato, a pergunta mais importante sempre seria sobre quem cometeu tal infração; a tarefa árdua de investigação começava aqui, coletando o máximo de evidências possíveis para um perfil e consequentemente identificação do nosso criminoso.

As fotos começaram a ser tiradas ainda mantendo aquele loiro e moreno unidos pela corda que os amarrava. Seus rostos estavam machucados e o ferimento de bala era visível em ambos. Há tempos não me sentia abalado como nesse momento, com esse sentimento no peito que nem mesmo sei como nomear. Tsc, adoraria estralar os dedos e fazer mudar essa história.

Não havia identificações em canto nenhum daquela casa abandonada que pudesse ligar aos dois, ficaríamos à mercê de ocorrências abertas sobre desaparecimentos.

— A hora da morte parece ser entre doze e quatorze horas para o loiro, e acrescente pelo menos umas seis horas extras para o moreno — Shizune, do corpo de legista, falou ainda ao lado deles. — O ferimento fatal parece ter sido à bala, mas não podemos descartar que todos esses machucados tenham contribuído. Terei um resultado melhor após a autópsia, no entanto, isso é o que tenho para te dizer.

— Obrigado. É uma boa parcial.

Continuei a vistoria pelo local, enquanto os corpos eram embalados em lonas escuras e levados para fora. Além do saco, da poeira e da precariedade do ambiente, não havia muito que buscar ali. As marcas de sangue e da violência cometida estavam lá, nada escondidas, muito pelo contrário. Mas a olhos nus, nada que de fato pudesse ligar a alguém ou motivo. O que já começava a ser frustrante.

Iruka trabalhava do lado de fora do casebre, procurando alguma arma ou peça que pudesse ter sido usado para tortura. Porém, pelo modo que tudo estava montado, tinha minhas severas dúvidas de que algo seria largado à toa dessa maneira.

— Não há nada na casa... Talvez haja nos garotos, mas por aqui está tudo limpo. Vamos ter que trabalhar duro para conseguir alguma coisa. E por enquanto nossas buscas estão paradas até alguma mãe bater à nossa porta para relatar um desaparecimento. Não parecem irmão, então, esperamos por duas famílias — comentei.

— Vou colher algumas amostras do solo para futuras comparações em solas de sapatos ou barras de calças. Na estrada é inútil buscar por marcas de pneu, é uma via movimentada, mas pela hora dada pelo legista, nós podemos fazer vistorias em carros que tenham passado por aqui dentro das faixas cabíveis.

— Faremos o possível sem saber seus nomes. — Acendi um cigarro.

— Não deveria fumar, Kakashi. Quantas vezes terei de dizer?

Senti o olhar do outro, mas apenas pude sorrir de lado com a nicotina na boca; escutei o suspiro profundo que deu.


O caminho que fizemos até o escritório foi silencioso, assim como o trânsito livre também ajudou. Iruka me fez acompanhá-lo até sua sala, queria mostrar o que havia conseguido coletar do lado de fora. E enquanto o fazia, começaria a classificar cada uma, convocando também aqueles que fariam as análises de certos espécimes.

Gostava do modo como o rapaz moreno de cicatriz horizontal na ponte do nariz trabalhava. Sempre tão dedicado e organizado em suas anotações e notas que tomava. Mesmo sendo anos mais novo que eu, Umino Iruka já trabalhou em grandes casos e por isso recebeu bons olhos sobre seus métodos; falo como profissional.

— Pare de me encarar e trabalhe — Iruka reclamou. — Ligue para o IML, pergunte à Tsunade que horas podemos ir ver os corpos. — Apoiava as mãos na mesa cheia de material, tinha aquele olhar focado de quando sabia que tinha um grande desafio pela frente.

— Claro, Chefe. — Ele riu baixo. Dirigi-me à mesa de documentos no canto, havia um telefone ali e disquei o ramal direto para o Instituto Médico Legal, fui atendido no segundo toque.

Haruno Sakura. — A voz doce soou do outro lado.

— Kakashi na linha. Enviamos dois dos nossos para aí um pouco mais cedo, responsabilidade da Senju, Shizune acompanhou.

Claro. Um momento. — O som de folhas sendo passadas se fez ao longe. — Um loiro e um moreno, certo? — Concordei com a afirmação. — Estão em processo agora. Pode comparecer às dezoito. Avisarei à Tsunade.

— Obrigado. — Olhei no relógio de pulso quando desliguei, faltava pouco mais de quatro horas até a nossa visita, isso só poderia significar que a loira tomou a tarefa toda para si, faria sozinha de ambos os corpos. — Às dezoito — avisei para meu parceiro.

Não obtive resposta. Caminhei silencioso para seu lado, colocando os braços para trás, inclinei na intenção de seu ouvido.

— Está me ouvindo?

Tsc. Aqui não é lugar pra isso. — Me empurrou de leve para o canto, nem mesmo me encarou.

— Eu sei o quanto é frustrante não encontrar algo que pareça fazer sentido.

— Não havia nada relevante, nada que pudesse de fato receber o nome de pista ou prova, as cápsulas dos projéteis foram levadas. — Passou a mão no rabo de cavalo marrom em sua cabeça. — Vou deixar essas amostras da vegetação na sala de análise para quando tivermos o que comparar.

— Me dê sua câmera, passarei as fotos para o computador.

Depois de fazer o que pretendia, desliguei as luzes para melhor vislumbrar as imagens projetadas na tela pregada à parede. Iruka não havia voltado, por alguns momentos, era apenas aqueles garotos, o mistério do que teria acontecido e um eu cheio de dúvidas.

Era sempre um martírio ter de analisá-las. Não pior do que ser obrigado a vê-los em uma maca fria de metal, com um corte costurado em "Y" no peito.

— Quem fez isso com vocês? — perguntei em voz baixa, enquanto dava mais e mais zoom na foto.

Apesar do sangue morno adquirido — era impossível não se comover com algumas coisas — na profissão, passei as imagens rapidamente, torcendo para o Umino voltar o quanto antes, e continuássemos analisando as provas físicas, que não podiam sequer serem chamadas de pistas.

Nosso caso estava cheio de lacunas como sempre era no início de cada um, entretanto, sinto aquela sensação de precariedade. De que seria difícil para nós juntarmos os fatos e chegar a uma denominação comum. Mas, difícil não era impossível.

A porta foi aberta e o moreno entrou de cabeça baixa, lia os papéis que trouxe consigo. Minimizei a imagem, deixando apenas aquelas várias miniaturas à mostra.

— O Izumo disse que nos dará prioridade com as fitas de segurança quando conseguirmos os horários com a Tsunade — ele disse.

— Está bem.

— Como vamos fazer para procurar os nomes? — Aproximou-se de mim. — Vamos pôr fotos do IML?

— São jovens demais... Não posso fazer desse jeito — suspirei. — Talvez, no melhor dos casos, esperar pela vinda de alguém que irá relatar algum desaparecimento. Se demorar, podemos usar as fotos. — Seu olhar me desaprovava de modo sutil. — O que foi?

— Não demonstre que está envolvido ou o Hashirama irá te substituir. Se for fazê-lo, pelo menos tenha o bom senso de não ficar obcecado. Partilho da sua identificação, sabe disso, então esteja ciente que não vale a pena perder a chance de achar o culpado por estar cego demais em busca de tudo.

— Entendi — ditei brusco. O vi fazer uma careta.

— Não me trate assim só porque digo a verdade. — Estava sério, havia se colocado em minha frente, os braços cruzados.

— Me desculpe.

— Não o culpo. — Apertou meu ombro quando passou em direção ao computador. — O que achou nas fotos?

— Nada... Porque não procurei.

— Okay... Faremos isso depois. Vamos catalogar o que encontramos.

Eu poderia ter sussurrado um agradecimento, mas somente pude pensar no quão grato era por tê-lo comigo. Afinal, qual outro parceiro entenderia as entrelinhas de minhas palavras de forma tão habilidosa?

O silêncio era rei durante todo o trabalho. Apenas o abrir e fechar de embalagens se fazia escutar no processo. Não havia muito, algumas coisas como fios de cabelo, resíduos sob as unhas e qualquer outro artefato que for julgado como interessante seria pego no IML.

Enquanto eu nomeava a caixa de evidência, o moreno já ligava o projetor para a etapa de visualização das imagens. Não poderia enrolar na escrita, por isso puxei logo uma cadeira para seu lado. Deixando o laser a postos de ser usado se necessário. A depender do crime, essa parte era quase sempre a pior. E não vou negar o quanto sentia as entranhas se remexendo. Ver dois jovens em uma situação dessas, me partia o coração.

Não encontramos nada que pudesse despertar qualquer interesse em nós. Porém, fizemos algumas anotações para conferir quando chegar ao IML. Faltavam poucos minutos até o nosso encontro com a Tsunade, e já estávamos próximos ao prédio. Estou vendo que precisarei respirar fundo antes de passar por aquelas portas de metal e entrar naquele frio ambiente.

O percurso que fizemos foi em silêncio. Iruka sabia que não estou levando este caso tão bem quanto levo normalmente.

— Detetive Hatake e Detetive Umino. — Sakura nos recepcionou. — Vou avisar para a Senju que vocês já estão aqui. — Sumiu em uma curva depois de escutar nosso agradecimento.

A mulher voltou alguns minutos depois, avisando que nosso caminho estava livre.

Descemos até o subsolo, sentindo logo o cheiro forte de produtos químicos quando as portas se abriram. O eco dos sapatos parecia alto demais em meus ouvidos e lá no final do corredor, uma mulher nos esperava. A apreensão foi tomando conta de meus nervos à medida que a aproximação acontecia. Por Deus, estou parecendo um novato receoso de ver seu primeiro cadáver.

— Olá, rapazes.

— Como vai, Tsuna? — Iruka foi o primeiro a falar.

— Bem. E vocês? — Já nos convidava para dentro ao abrir uma das portas duplas, o frio nos alcançou mais forte. — Tenho várias observações para fazer, além disso, já enviei amostras de sangue de ambos para o laboratório, podem pegar quando sair. — Não nos deu tempo de resposta para sua pergunta sobre nossos bem-estar, e eu não se o faria com sinceridade.

Daqui já consigo vê-los. Sinto a angústia subindo pela garganta, mas tentei manter o rosto impassível de emoções que denunciassem como me sentia. Não era o primeiro, e com certeza não seria o meu último, pelo infortúnio que era a vida.

— Vou começar com o moreno — avisou. — A Shizune já deve ter dito que morreu primeiro, com aproximadamente seis horas de diferença. — Chegamos perto de sua maca de metal, e lá estava aquela horrenda cicatriz em seu peitoral branco, com grandes placas roxas. — É um homem muito bonito, aproximadamente vinte e quatro anos, medindo um metro e setenta e cinco, pesando setenta quilos. Saudável. Com escoriações pelo corpo que remetem à violência usada com mãos nuas, nas costelas, nos braços e aqui no queixo. Não tem marcas nos nós dos dedos ou embaixo das unhas, ele não tentou revidar, talvez já estivesse amarrado. — Apontava à medida que falava. — As marcas das cordas também estão bem evidentes nos braços e nos tornozelos, parece ter ficado amarrado por boas longas horas. Além dessa marca ao longo das bochechas, uma mordaça. A causa da morte foi arma de fogo, um tiro na cabeça, o projétil está embalado ali. Vocês procuram por uma ponto quarenta. Porém, preciso apontar algo muito interessante que encontrei. — Foi para a cabeceira da maca. — Falta um tufo de cabelos em ambos. Os dois têm bastante cabelos, mas aqui... — Separou um pouco dos fios escuros. — Tem um buraco recém-cortado.

— Ou seja, teremos certeza de quem foi com esses troféus — Iruka comentou.

— Agora o nosso loirinho. Aproximadamente a mesma idade do outro, com m metro e setenta. Sessenta e oito quilos. Saudável. A tatuagem pode ser algo que ajude a identificação. — Havia um desenho circular negro ao redor do umbigo dele. — A causa da morte foi a mesma, com as horas de diferença. Tem as mesmas marcas pelo corpo, porém, esse aqui tem sinais de violência sexual. Não consegui nenhum material por conta do uso de preservativo. Estou apostando em sedação, já que não há resíduos embaixo das unhas de nenhum dos dois. O que posso afirmar é que esse aqui sofreu mais fisicamente do que aquele. — Passeou as mãos nos cabelos loiros, olhava para seu rosto com compaixão. — Suas roupas estão ali. — Apontou para cima do balcão. — A câmera com as fotos e os acessórios que encontrei. — Caminhava até onde indicou, abriu a caixa e tirou dois pequenos sacos, voltando. — Acho que não preciso dizer mais nada.

Eram alianças. Um pesado suspiro me deixou.

— Obrigado, Tsunade, entraremos em contato caso qualquer dúvida.

— Estou à disposição.

Devolvemos a evidência para a caixa, seguindo o caminho de volta para o elevador. Subimos para o laboratório e pegamos os resultados. Nos despedimos da Sakura na recepção, indo direto para o estacionamento.

Sinto meu coração batendo forte toda vez que ouço a frase da Senju ressoando em meus ouvidos em alto e bom som “Acho que não preciso dizer mais nada”. E realmente não precisava, eles eram um possível casal e talvez possamos classificar como crime de ódio. O desgraçado que fez isso ainda levou consigo um pedaço deles.

— Ei. — Iruka acariciava meu braço, a voz suave.

— Vamos até a Central dar a descrição e pedir que nos informem quando alguém for até lá relatando um desaparecimento. — Dei partida no carro. — Vamos deixar uma foto da tatuagem e as alianças.

O outro calou-se sabendo que não darei ouvidos, me sinto mal por fazer isso, porém, não aqui e não agora, Iruka.

Olhamos todas as fotos tirada pela legista, analisamos cada pedaço de roupa à procura de algo do assassino, um fio de cabelo que fosse. Procuramos seus nomes dentro das alianças, sem sucesso. Enquanto isso, o resultado ainda estava dobrado como veio do laboratório, mas logo peguei para saber quais as novas notícias. E claro que a mulher loira de seios avantajados estava certa — havia traços de GHB, Clorofórmio e outras substâncias que eram utilizadas no famoso Boa noite, Cinderela.

Arremessei o papel sobre a mesa, esfregando as mãos no rosto e coçando o couro cabeludo.

— Positivo, não é? — Iruka suspirou. Vi seu anel no dedo anelar esquerdo quando pegou aquele atestado. — Deveríamos procurar por imagens deles entrando em alguma danceteria, não há tantas pela cidade.

— E depois o quê? Não temos um perfil para saber quem procurar também nas filmagens, podemos usar disso em um momento mais avançado da investigação. Eles não estavam usando pulseiras de acesso, ou o assassino as retirou ou isso reduz as nossas buscas. Assim como há poucos bares LGBT aos quais procurar... — Iruka concordou com a cabeça. — Por que violentar um e não o outro? — questionei.

— Questão de perfil? Pode gostar de loiros.

— Acha que por esse mesmo motivo matou o moreno primeiro?

— É uma dentre as inúmeras possibilidades.

A dor de cabeça veio quando o turno de trabalho já estava para terminar. Passei na máquina de café, comprando o expresso mais barato, apenas algo que ajudasse a aspirina a descer garganta abaixo.

Com tudo catalogado e devidamente arrumado, restava-nos apenas esperar pelo aviso de que um perfil compatível foi citado em meio às denúncias de desaparecimento. Mas sei que até descobrir quem eram seus parentes, ainda vou levar alguns desconhecidos para vê-los, e eles chorariam de felicidade ao descobrir que não eram aqueles a quem eles procuravam.

Entretanto, também sei que em algum momento verei lágrimas de pura infelicidade e dor, sei que não estou ansioso para esse acontecimento, apesar de a ânsia para descobrir o culpado bater à porta insistentemente. Quero chamá-los por um nome também.

— Vamos para casa, Kakashi. Você está um caco. — Massageava meus ombros, ele estava de pé, atrás da minha cadeira.

— Me sinto assim. — Segurei sua mão esquerda, trazendo-a aos lábios para beijar sua aliança.

O dia foi cheio e fazia muito tempo desde a última vez que me senti tão abalado diante da imagem de dois corpos jovens.


Enquanto estava no caminho para mais um dia de trabalho — após uma bela noite nada bem dormida — Iruka recebeu uma ligação do Kotetsu que fez meus ossos gelarem. Mudamos o curso para ir de encontro à Delegacia, que estava acolhendo a família que reportava um desaparecimento.

— Eles reconheceram os pertences e a tatuagem? — investiguei.

— Na verdade, não cheguei a trazê-los para a sala. Sei que vão querer fazer vocês mesmo, podem usar a minha. — Franzi a testa, meu questionamento mudo surtiu efeito. — Me acompanhem, vou levá-los até eles. Vão entender o porque chamei com urgência.

Não precisou qualquer explicação. Quando coloquei o pé na segunda sala de espera, havia cinco pessoas sentadas ali, e a cabeleira loira de uma delas foi a que me chamou mais atenção. Era como se o jovem que encontramos estivesse ali ao lado de uma bonita dona ruiva. Os olhos azuis daquele homem fixaram-se aos meus, apesar do susto ter se dissipado, eu sabia que aquele garoto era filho dele; nos outros bancos estavam pessoas de cabelos extremamente escuros e olhos mais negros ainda.

— Bom dia, senhores e senhoras — adiantei-me em cumprimentá-los. — Peço perdão pela demora. Sou o detetive Hatake Kakashi, queiram me acompanhar, sim? — Com todos dentro da pequena sala, as mulheres sentadas nas duas únicas cadeiras, os homens de pé, atrás de suas respectivas esposas. — Esse é o detetive Umino Iruka, meu parceiro. — Ele fez um aceno com a cabeça. — Podem começar quando quiser — incentivei.

— Certo, chamo-me Uzumaki Kushina. — A ruiva tinha voz suave, embebida em tristeza. — É o meu filho, nosso filho. — Segurou a mão do marido. — Chama-se Uzumaki Naruto, parece muito com o pai, ele é o Minato. Loiro, grandes olhos azuis, vinte e três anos, estatura média, é estudante de Psicologia na Konoha’s University, está de férias. O vimos pela última vez quando Uchiha Sasuke passou em nossa casa para levá-lo a um jantar.

Eles não foram para uma boate, pensei.

— Disseram em qual restaurante?

— Ichiraku, o favorito do Naruto, fica no centro. Ele estava de carro, um Chevrolet Onix Joy.

— Pode me dizer seu nome? Imagino que Sasuke seja seu filho — falei com a outra mulher.

— Sim, isso mesmo. Meu nome é Uchiha Mikoto. Esse é meu marido, Fugaku e meu filho, Itachi. O Sasuke é pouco mais alto do que o Naruto, tem olhos e cabelos negros, vinte e quatro anos... Pele muito clara. Estuda na mesma universidade que o Naruto, no curso de Medicina Veterinária.

— O carro?

— Um Chevrolet Onix Joy, cor preta. Placa CLP, 0726. — Iruka anotou enquanto ela falava.

— Possuem algo que possa nos ajudar na identificação?

— O Naruto tem uma tatuagem no umbigo.

— Teriam uma foto para nos auxiliar com a aparência?

— Claro. — Kushina abriu a bolsa, tirando uma fotografia, Mikoto não se manifestou, até que notei o porque, era uma foto dos dois juntos.

— Obrigado. — O coração bateu forte quando vi a confirmação da minha certeza, mas precisava manter o rosto o mais neutro possível, não queria assustá-los. Passei a imagem para o Iruka. — Certo, tenho algo para mostrar a vocês. — Puxei a gaveta, retirando a foto da tatuagem e o saquinho lacrado com as alianças. — Ainda ontem, encontramos dois jovens que batem com as descrições que nos cederam, inclusive a tatuagem. Poderia olhar isto aqui e dizer se reconhece como do Naruto? — Passei a fotografia. — Dona Uchiha, o seu filho usava algum anel?

— Uma aliança, na mão direita.

— Reconheceria se a visse? — Ela afirmou com a cabeça, ao seu lado, a ruiva jazia com lágrimas nos olhos, pousei os anéis embalados em sua palma. — Sinto muito.

O peso do momento caiu sobre a sala. Os baixos soluços invadindo o ambiente, enquanto as famílias olhavam para os objetos que seguravam. Iruka apertou meu ombro, tentando se conter. Inspirei profundamente.

— Senhoras, e senhores também, eu compreendo a dor... Mas, haveria alguém que gostaria de fazer mal aos seus filhos?

— Meu irmão sempre foi reservado, e o Naruto, amigo de todos. Eles sempre foram o casal querido da turma, todos admiravam seu relacionamento... Eu não consigo enxergar quem tocaria um dedo em seus fios de cabelo — respondeu Itachi.

— Como ele foi encontrado? — A voz da ruiva era séria.

— Recebemos uma ligação anônima informando a presença deles em um casebre afastado da rodovia. Estavam atados um ao outro por uma corda.

— Como ele morreu? Eu preciso saber.

— Um tiro. — Sinto o estômago despencando. Não gostaria de estar dizendo essas palavras para essas pessoas, dando essa pesada notícia, mas sinto como alguém que deveria fazê-lo. — Os dois. — Não vou citar a violência sexual, parecia demais. Não queria pensar que as estava enganando, mas poupando de um choque ainda maior. Uma morte rápida e quase indolor, foi a que tiveram.

— Eu quero vê-lo.

— A senhora não precisa ir agora, já reconheceu elementos o...

— O senhor não entende! Eu preciso ver o meu filho. Eu preciso. — Apertava a bolsa com força, raiva misturando-se à angústia.

Olhei para o moreno ao meu lado, seus olhos estavam distantes quando me retribuíram.

— Vou ligar para a Tsunade, com licença — Iruka avisou.

— Vou deixá-los sozinhos. — Levantei-me, abrindo novamente a gaveta e deixando uma caixa de lenços de papel sobre a mesa. — Eu realmente sinto muito.

E como sentia.

Do lado de fora, Iruka estava recostado contra a parede ao lado da porta que acabou de sair, a cabeça baixa junto com os punhos apertados. Tomou um susto e se recompôs quando escutou as dobradiças, relaxando em seguida quando me notou. Vi seu queixo tremendo, a respiração entrecortada. Quero abraçá-lo, mas estamos no trabalho. Cerrando os olhos bem apertados, avisou que estava indo fazer a maldita ligação para a loira.

Sasuke e Naruto. Uchiha e Uzumaki. Passei a mão na testa, procurando a caixa de cigarros no bolso, fui para a varanda mais próxima. Na primeira tragada, soltei a fumaça enquanto apoiava os cotovelos na grade. O céu estava bonito hoje, sem muitas nuvens, claro, bem como era no verão; também havia uma boa brisa. Eu preciso de mais informações dos dois, porém, preciso deixar que absorvam o que houve.

— A Tsunade está disponível durante todo o dia.

— Que merda, não? Que grande merda, Iruka. — Percebi o meu sorriso sem graça.

— Conversamos sobre isso em casa, sim?

— Não gosto de levar trabalho pra casa, sabe disso. — O olhei. — Vou ser obrigado a levar aquelas famílias para encontrar com seus filhos mortos. Mortos, Iruka. Eu sei que escolhi esse trabalho, mas, porra, por que precisa ser tão difícil?

— Conversamos sobre isso em casa. — Não era mais uma pergunta.

Suspirei, esmagando a bituca na cerca de metal. Era hora de voltar à sala.

Toda a papelada para retirada dos corpos do IML já podia começar a ser feita. Os familiares vieram em carros próprios, e por isso não precisei me preocupar em sair daqui correndo para levá-los de volta à delegacia, mas ainda nos encontramos todos aqui no prédio da Senju.

Notei o Itachi caminhando até um banco, segurava um copo de água na mão, tinha o rosto marcado de lágrimas, olhava para o chão durante todo o trajeto que fez, inclusive quando sentou-se. Joguei fora o copo descartável amassado sujo de café e fui até lá, sentando-me em silêncio ao seu lado.

— Ele é meu irmão mais novo — falou baixo. — Ele era meu tolo irmãozinho mais novo.

— Eram muito ligados?

— Sim, o Sasuke sempre estava me pedindo conselhos sobre o Naruto... Ou qualquer outra coisa. Éramos melhores amigos.

— Como era o relacionamento dos dois?

— Normal, como qualquer outro. Tinham suas diferenças, brigavam algumas vezes por conta delas, mas estavam bem poucas horas depois. Sempre foram muito apaixonados — suspirou. — Eu ainda não posso acreditar que vi os dois naquelas gavetas frias. Ainda não caiu a ficha, sabe? Estou sonhando, senhor detetive? — Olhou em meus olhos. Como quero lhe dizer que isso era apenas um pesadelo.

— Não, filho. Não está. E sinto muito.

As linhas molhando suas maçãs desceram silenciosas, encarei-as até o momento em que ele desviou o olhar para o chão outra vez.

Observei ambas as famílias partindo. Puxei a manga do sobretudo para ver as horas; já passava das quatro da tarde. Precisamos voltar para alterar os registros com suas identidades descobertas. E depois de tudo feito, o caminho de casa era bem-vindo.

“Conversamos sobre isso em casa." O moreno estava calado desde o IML. Apesar de estar tentando parecer que estava lidando melhor que eu, o Umino sempre foi bom em mascarar como se sentia de maneira mais efetiva. Sei que o caso estava mexendo tanto com ele quanto comigo. Só não podemos deixar a emoção atrapalhar a investigação pela ânsia de descobrir o criminoso.

— Ei, venha aqui. — Puxei seu cotovelo quando vi que passaria direto para o quarto. Beijei seus cabelos quando seu corpo colou no meu.

O silêncio na sala de estar nos acolhia enquanto sinto seu tronco tremer entre os soluços do choro segurado durante tantas horas.

6 de Agosto de 2018 a las 00:16 0 Reporte Insertar Seguir historia
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