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A noite estava gelada, tomada por uma neblina densa. Estávamos na colina longe da cidade, um lugarzinho só nosso. Não deveríamos estar ali afinal de contas, mas não resistimos a um toque melodramático. Uma música de rock tocava no celular de meu namorado, tornando aquele cenário uma peça engraçada. Estávamos em silêncio, aproveitando a companhia um ao outro, não tínhamos muito o que fazer, e para ser sincero, eu estava adiando a conversa que viria a seguir, inevitável.

— Por que tem que ir embora? — Perguntou, num sussurro triste. Um aperto em meu coração se instalou.

— Eu estava tentando não falar disso mas, já que insistiu... — Suspirei. — Meu pai está falido, você sabe disso. Vamos voltar para nossa cidade natal, para tentar um recomeço.

— Você poderia ficar.

— E eu ficaria em que lugar? Nas ruas? — Ri nervoso.

— Minha casa, sempre tem espaço para mais um. — Segurou minha mão.

— Acho que não é uma boa idéia, Mark. Você não tem dinheiro nem para te sustentar direito, quem dirá sustentar duas pessoas.

— Mas você poderia me ajudar, Jackson. — Olhou em meus olhos, parecendo me decifrar.

— Não quero abandonar meu velho, você sabe que ele é minha única família. — Desviei o olhar.

— Mas não quero que me deixe... - Sussurrou, eu olhei para ele. - Que droga Jackson, não quero ser egoísta, não quero que você abandone teu pai, mas não quero que me deixe para trás. — Algumas lágrimas teimosas insistiram em cair sobre o rosto de Mark.

Eu peguei seu braço e o puxei para perto de mim, segurando na lateral de seu rosto molhado, capturando seus lábios para um beijo suave, acalmando-o. Ele rodeou seus braços em meu tronco, me apertanto como se eu fosse escapar dele. Mark estava tremendo por conta do choro impulsivo. Ficamos ali, dessa vez compartilhando calor humano, ignorando todo o mundo a fora, porque sabiamos que seria a última vez juntos.

— Então, por favor, me espere aqui, que eu irei voltar. — Beijei seu rosto. — Eu te amo.