Chorando e gelo que você me deu
Achando que você já me esqueceu
Não sei se foi você ou se foi eu
Menina, menina
Caminhando por entre as ruas da cidade eu não conseguia me desvencilhar do celular, olhava para a tela a cada passo. O sol quente do verão me deixava completamente desanimado, mas naquele dia tudo parecia especialmente cruel.
Ainda que estivesse seguindo para a bahia de Busan indo ao encontro de meus amigos, a única coisa que conseguia pensar era se ela chegara bem em seu país natal. Um suspiro pesado me fez morder o lábio ao notar o sinal de que minha mensagem fora vizualizada, porém, mesmo depois de duas horas não tinha recebido qualquer resposta.
Eu só conseguia imaginar que tudo o que passamos não significara nada na realidade. Afinal, o que é um amor de verão? Apenas trê semanas que passamos juntos, é claro que ela já nem mesmo se preocupava mais.
Eu tô ficando com uma sensação
Que eu fui a pista e você o avião
Você é o trem e eu a estação
Menina, menina
Parei em uma lanchonete para comprar um picolé, quando senti o aparelho vibrar em meu bolso. Acho que nunca fiquei tão desesperado por uma notificação, porém, toda a expectativa foi quebrada ao ver que não passava de uma simples mensagem de KyungSoo perguntando: “JongIn, vai demorar muito?”. Respondi rápido que já estava próximo, completamente desanimado. Custava muito ela mandar pelo menos um aviso de que chegara bem? Não precisava dizer mais nada…
Não havia qualquer pressa em meus passos. Eu apenas caminhava lentamente por entre as ruas, lembrando de algumas cenas que passara com minha garota naquela cidade. As comidas de rua que dividimos, até aquele dia de chuva que nos escondemos dentro de um brinquedo do parquinho pelo qual passei em dado momento… trocamos gostosos beijos ali…
Finalmente encontrei os meninos, na varanda da casa de praia que alugávamos todo verão. ChanYeol e KyungSoo estavam sentados na grade que delimitava a área da casa, enquanto JunMyeon e MinSeok conversavam sobre alguma banalidade sentados no pequeno sofá com vista para a praia. Na rede dormindo, como sempre, se encontrava JongDae, praticamente babando… ridículo.
- Finalmente chegou! Achamos que tinha morrido! - Gritou para mim o mais baixo do grupo.
Eu lembro beijos, blues e poesia
O sal na pele e você me lambia
E eu dizia
Ohh baby I love you
Encarei a pequena casa, aquela linda varanda bucólica e até a velha vitrola que repousava ao lado de onde Suho e Xiumin conversavam sentados. Fechei os olhos e me lembrei de quando eu a trouxera para o local. Ficamos sentados ali, conversando, nos beijando… não me lembro bem se o sabor salgado de seu corpo advinha da água do mar tão lindo a nossa frente, no qual ela mergulhava parecendo uma sereia, ou do suor que se apossava de nossos corpos durante as gostosas trocas de carícias sob a luz do sol.
Ela era muito mais ligada a coisas cultas do que eu, por isso durante todo o verão ouvimos blues, jazz e outros estilos musicais americanos que pareciam ser seus preferidos. Ainda me lia poesias em seu idioma, e mesmo que eu não fosse capaz de entender nenhuma palavra, seus olhos transmitiam tamanho sentimento que em alguns momentos eu sia como se fosse chorar.
Ali naquela varanda que agora se encontrava tomada por meus melhores amigos, eu disse a ela as únicas palavras que sabia serem entendidas por todos, em todo o mundo “I Love You”. Não era apenas uma brincadeira, realmente estava completamente apaixonado por aquela mulher. Amando-a como se sua presença fosse o ar que me dava a vida.
Eu lembro a cara que você fazia
Será que eu lembro o que não existia
Você dizia
Ohh baby I love you
Cumprimentei todos os meninos, rindo de algumas piadas bobos que faziam para mim, enquanto atravessa a porta da sala e me deparava com um SeHun completamente inerte assistindo TV; deitado no mesmo sofá onde eu e ela fizemos amor pela primeira vez. Muito provavelmente ele não gostaria de saber que algo assim tinha acontecido ali. A verdade é que tínhamos uma regra: “Na casa de férias não entram mulheres”. Era meio que nosso Clube do Bolinha, desde que éramos bem pequenos. Entretanto eu não me sentia culpado por ter quebrado aquele pequeno acordo.
Encarei novamente o espaço, vendo-a deitada debaixo de mim no estofado azul marinho. Os lábios entreabertos, os olhos me encarando semicerrados. Algumas mechas displicentes de seus cabelos colavam em seu rosto suado e você segurava em meus ombros com tanta força que sentia suas unhas me machucarem a pele. No meu ouvido você repetia “I love you”... a linguagem universal de nossos corpos já me dizia aquilo, porém quando eram seus lábios me falando parecia ainda mais intenso.
To na Bahia to sentindo frio
Praia ta cheia e em mim tudo vazio
Quebrei a corda eu to por um fio
Menina, menina
Eu e os garotos decidimos fazer um pequeno churrasco na praia, com algumas carnes, legumes e muita cerveja. Haviam bastante pessoas ao nosso redor, algumas até se sentaram conosco para comer. SeHun tocava violão e aos poucos o sol ia se ponto, bem devagar… estava tudo tão lindo, simplesmente não tinha como não pensar em tê-la comigo ali.
Era estranho pois por mais que muita gente estivesse ao meu redor e o clima fosse dos melhores um sentimento de vazio, tristeza e desamparo tomavam meu peito. Sentado em um tronco de madeira eu a via correndo pela praia, brincando com as ondas que tentavam lhe tocar os belos e delicados pés.
Me perguntei diversas vezes como era possível o amor ultrapassar barreiras como a língua. Estava completamente louco por uma mulher e eu simplesmente não conseguia entender noventa e nove por cento do que ela dizia. Mas seus sentimentos transbordavam de forma tão intensa quando aquele idioma ininteligível e ao mesmo tempo lindo saía por seus lábios, eu apenas não tinha como não me apaixonar.
Eu te procuro até não poder mais
Na internet, bares, nos jornais
Trombar você é o que eu quero mais
Menina, menina
Durante a noite fomos todos juntos para a cidade. Passeamos por entre os bares, as lojas e até mesmo ajudei SeHun a tomar coragem e ir perguntar o telefone de uma garota que achara bonita. Foi isso que me fez pensar em quando a conheci, em uma pequena loja de conveniência… de todas as formas a garota tentava pegar um frasco de Nutella na última prateleira, mas não conseguia pois além de ser um lugar alto, ainda tinham mais alguns potes empilhados. Acabei por ajudá-la e o agradecimento veio em um coreano tão arrastado e cheio de sotaque que me fez rir de canto, era fofo. Depois de comprar a comida, me ofereceu uma colherada e então… daí se foram três semanas de amor. Acho que me apaixonei logo ao ver os olhos dela pela primeira vez, brilhando como estrelas no céu de uma cidade pequena.
Enquanto meus amigos se entupiam de alguma comida em um bar qualquer, eu apenas beliscava uma ou outra ostra que estava sobre a mesa. Checando meu celular a cada segundo. Não só as mensagens, como notícias e até mesmo fiquei abrindo e fechando o Instagram na esperança de que ela postasse alguma nova foto.
Por alguns momentos a imaginei entrando pela porta do local com aquelas roupas diferentes que usava e o sorriso delicado. Seus olhos estava sempre cheios da curiosidade que todos nós temos ao conhecer novos lugares; sempre brilhando como se todo o espaço fosse um pedaço do céu.
Eu lembro beijos, blues e poesia
O sal na pele e você me lambia
E eu dizia
Ohh baby I love you
Por fim me encontrava de pé na varanda, sozinho às quatro da manhã depois que todos tinham finalmente caído no sono de tão bêbados. Um cigarro brincava entre meus lábios e a lua cheia parecia ser minha única amiga. O celular ainda repousando sobre o sofá que ali havia e em momento algum um desistira de receber a resposta dela.
Acabei me dando ao luxo de ligar a vitrola com um daqueles discos grandes e antigos que ela comprou em uma lojinha qualquer no centro da cidade. Era uma música bem gostosa de ouvir… fiquei sentado vendo as estrelas e me lembrando de cada bom momento que passamos juntos. Ela com certeza era o amor de minha vida, ou talvez, aquela paixão avassaladora que vivemos e nunca nos esquecemos. Porém, acho que não tive o mesmo significado pra ela.
Eu lembro a cara que você fazia
Eu lembro dia e noite, noite e dia
Você dizia
Ohh baby I love you
Ohh baby I love you
Quando dei por mim estava acordando. Dormira ali mesmo no sofá da varanda, o cigarro caído no estofado me fez pensar que tinha tido sorte em não acabar morto carbonizado. Já o sol quente sobre meu corpo só conseguia me fazer lembrar das vezes em que adormecemos juntos naquele local.
Eu pensava nela des a hora que acordava, até quando ia dormir. Era simplesmente louco como tão pouco tempo me causara tamanho impacto. Fechava meus olhos e tudo que via era o sorriso dela, seus olhos… tudo. Cada pequeno pedacinho…
Me sentei no sofá e só então me lembrei de meu celular, que estava praticamente perdido por entre as almofadas do móvel. Uma luzinha verde piscava, um sorriso se abriu em minha face e finalmente vi que uma mensagem esperava para ser lida. Meu coração acelerou exatamente como na primeira vez em que nossos olhos se cruzaram.
“Sorry the delay, baby.
I’m at home, missing you…
Baby, I love you!”
Gracias por leer!
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