mrdyo Dio Kim

Dos milhões de pessoas existentes no mundo, apenas uma te faz sentir o que nenhuma outra mais te fará sentir. É ela, a pessoa ideal, perfeita para você, a outra metade da sua laranja. É a pessoa que te fará feliz de verdade. É ela, a pessoa que você precisa... não a que você quer. A pessoa perfeita para você, não é a que, junto com você, formam a dupla perfeita, mas sim a que, quando juntos, se tornam apenas um.


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 18.

#exo #kaisoo #kadi #kyungsoo #jongin #MrDyo
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Capítulo 1

- Meu filho, por favor... levante logo! – Yejin suplicou, mais uma vez, parada à porta do quarto do único filho. – Você vai se atrasar, e seu pai não vai lhe dar carona.

- Mas, Omma... eu tô com dor de cabeça! – argumentou Kyungsoo, manhoso como só ele conseguia ser, quando queria, lógico.

- Mas, meu amor, eu não estou pedindo pra você ir plantando bananeira – Yejin falou docemente, sentando-se na beira da cama do filho. – Você anda com as pernas, e elas estão saudáveis.


Kyungsoo não conseguia entender a mãe que tinha. Como uma pessoa conseguia ser extremamente sarcástica e doce ao mesmo tempo? Nessas horas, voltava a afirmar, sua mãe merecia ser estudada pela NASA.


- Agora, levante-se, tá?! E vá logo tomar seu banho – instruiu Yejin, carinhosamente. – Antes que eu pegue seu celular e o deixe sobre minha cômoda por mais um mês – exibia para o filho um sorriso acolhedor enquanto o ameaçava. Era assustador.


Kyungsoo olhou sua mãe, respirou fundo e finalmente se levantou do aconchego de sua cama. Não tinha como ir contra o que ela pedia com tanto carinho, se é que aquilo poderia ser chamado de carinho.

Seguiu para o banheiro, e lá fez sua higiene matinal, demorando-se mais no banho, como sempre fazia. Estava constantemente perdido em seus pensamentos nestes momentos. O banho para Kyungsoo não era o simples ato de lavar o corpo, era onde pensava melhor. Na verdade, considerava o banheiro como seu oráculo, pois era ali onde tomava suas decisões mais importantes.

Quando já estava pronto, vestiu o uniforme do colégio e foi para a cozinha, onde sua mãe já o esperava, sentada à mesa junto a Dobin, seu pai, que era totalmente diferente da esposa.


- Bom dia, filho? – Dobin saudou, animado como sempre fora.

- Bom dia, Appa! – Kyungsoo lhe sorriu. Gostava demais de seu pai, o considerava seu melhor amigo, não que amasse menos a mãe, mas Dobin era Dobin.

- Dormiu bem? – Dobin questionou como sempre fazia. Vivia sorrindo constantemente, era outra coisa impressionante.

- Sim – respondeu o Do herdeiro. – Só tô com um pouco de dor de cabeça – lançou um olhar atravessado para a mãe.

- Não me olhe assim, Soo – Yejin sorriu carinhosamente. – Você sabe que eu estou certa!

- O que ela disse hoje, Kyung? – questionou Dobin. Já sabendo que riria bastante logo em seguida.

- Não estou pedindo pra você ir plantando bananeira – Kyungsoo imitou a mãe. – Você anda com as pernas, e elas não estão saudáveis – ao fim de sua fala, viu seu pai gargalhar de sua cara, o fazendo revirar os olhos.



Kyungsoo amava os pais que tinha, pois poucos eram tão compreensíveis quanto eles. Kyungsoo tinha dezesseis anos quando, por um imenso descuido, esqueceu o celular no quarto e sua mãe viu que tinha algumas mensagens abertas. Eram de Sehun, seu paquera na época. Não tinha nada demais nas mensagens, mas o suficiente para deixar claro que ele gostava de meninos.

Incrivelmente, na conversa que tiveram quem mais chorou fora Kyungsoo. Chorou em dois momentos, o primeiro, quando fora “descoberto” e o segundo, quando seus pais o abraçaram e afirmaram que, independentemente de qualquer coisa, eles o amariam do mesmo modo. Só pediram que fosse claro e nunca lhes escondesse nada, e assim aconteceu desde então.

O namorico com Sehun não evoluiu, e desde então, Kyungsoo também não se dignara a procurar mais ninguém. Estava bem, sozinho.



Terminada a primeira refeição da família Do, cada um seguiu seu rumo. Yejin, para seu consultório, era dentista, e Dobin para o escritório onde trabalhava como contador, enquanto Kyungsoo foi para o colégio, onde morria de tédio na maioria das vezes.


- Soo! – Baekhyun exclamou em alto e bom som assim que viu o amigo cruzar a porta da sala – Vem cá, tenho uma coisa pra te contar! – ditou empolgado.

- Diz! – ditou Kyungsoo, assim que sentou em seu lugar. Respirou aliviado por sua dupla de bancada ainda não ter chegado.

- Chanyeol me chamou pra sair! – confidenciou Baekhyun, fechando os punhos em frente a boca na tentativa de esconder seu imenso sorriso, mas seus olhos o denunciavam.

- Sério? – por um breve momento, Kyungsoo expressou alguma coisa, já que, no colégio, seu semblante era o mais sério possível – Vão pra onde? – questionou com interesse.

- Bom... ele me deu duas opções – respondeu Baekhyun, ficando na ponta da cadeira ao lado de Kyungsoo. – Cinema ou parque... é clichê, eu sei, mas... ah! Eu gosto disso.

- Pelo menos você tem com quem sair – Kyungsoo bem que tentou, mas não conseguiu disfarçar uma pontinha de inveja.

- Ah! Nem vem com essa! – Baekhyun se afastou um pouco e olhou sério para o amigo. – Você já recebeu mais convites do que eu – acusou. – Não sai com ninguém porque não quer!

- Ata! Grandes convites eu recebi, né?! – Kyungsoo exclamou com agastamento e uma grande carga de ironia em sua frase. – Pra onde eu ia com Luhan? Me diz! Visitar a casa da Barbie? – ao fim do questionamento, ouviu uma sonora gargalhada do amigo, da qual não achou a mínima graça. – Ele é mais passivo do que eu, Baekhyun! Não tinha condições de rolar!

- Ai, Kyung... desculpa! – Baekhyun ainda tentava controlar a vontade de rir. – Mas é que eu tava imaginando uma coisa aqui, e assim... – não terminou a frase, pois gargalhou de novo.

- Isso... pode rir da minha desgraça – o Do olhou feio para o Byun.

- Ah! Mas também tem o Jongin – argumentou o loiro, transformando o sorriso divertido num safadinho. – Ele é muito bonito e vive olhando pra você que eu já percebi, inclusive o Chanyeol também já percebeu isso... e olha que nem da nossa sala ele é!

- O Jongin só me perturba, Baek! – ditou Kyungsoo, prendendo a respiração quando viu o citado garoto cruzar a porta – E falando no diabo...

- Bom dia, Baekhyun! – Jongin sorriu para o loiro que saía de seu lugar e seguia para a banca ao lado. – Bom dia, corujinha! – sorriu pra Kyungsoo, apertando os olhos e mostrando bem aquele sorriso que arrancava vários suspiros por onde passava... menos do Do, infelizmente.

- Ôh, filho... qual a dificuldade em chamar meu nome? – Kyungsoo questionou com um visível incômodo em sua expressão. – Tem a língua presa? É algum problema de dicção? Ou pra você virou esporte me perturbar?

- Não! – Jongin respondeu, sorridente. Sempre sorria quando estava próximo a Kyungsoo. – Só que eu gosto muito de corujas, e você me lembra uma – sorriu infantilmente.

- Agora lascou! – Kyungsoo revirou os olhos, bufando logo em seguida.

- Olha, Kyung, ele gosta de você... e de corujas – provocou Baekhyun, que como resposta apenas teve o dedo do meio levantado, o que o fez rir novamente.


A brincadeira acabou quando a professora entrou e mais uma longa e entediante rodada de aulas teve início. Kyungsoo sempre fora um aluno dedicado e gostava de prestar atenção nas aulas, mas nem sempre era possível, pois, ao seu lado, um certo moreno vivia tentando chamar sua atenção de todas as formas possíveis.

Kyungsoo olhava para a frente, porém, quando foi anotar o que tinha no quadro, viu uma balinha de morango sobre seu caderno. Sabia muito bem quem lhe dera, e tal pessoa lhe sorria quando olhou para o lado.


- O que foi? – Jongin questionou com um sorriso bobo. Aquele que irritava tanto Kyungsoo.

- Porque fica colocando essas coisas aqui? – Kyungsoo pegou a bala e levantou ao nível dos olhos do moreno.

- Eu só quis te dar uma – “o que havia mal nisso?” Questionava-se Jongin – O que tem de mal? – verbalizou seu questionamento interno.

- Nada, Jongin... nada! – suspirou cansado, mas também não devolveu a bala, apenas a abriu e colocou na boca, sentindo logo o delicioso sabor da fruta, muito embora ao natural a fruta não fosse tão doce.

- Então?! – Jongin riu outra vez.


Kyungsoo apenas bufou e virou para a frente.

No intervalo, Kyungsoo fez o mesmo de sempre, seguiu para a cantina com Baekhyun, só que tinha um diferencial naquele dia, Chanyeol estava na mesma mesa, e isso incomodou o Do. Não que Chanyeol fosse má pessoa, mas era porque Kyungsoo se sentia mais sozinho ainda, mesmo estando com duas pessoas ao seu lado.


- Kyungsoo – chamou Chanyeol, e quando teve a atenção para si, prosseguiu. – Sabia que o Kai tá interessado em você?

- É mesmo? – Kyungsoo franziu as sobrancelhas e questionou com desdém. – Azar o dele!

- Nossa! Desde quando você é tão amargo assim, hein? – Baekhyun questionou, deixando o lanche de lado e focando no amigo.

- Não é que eu seja amargo – Kyungsoo deu início a sua explicação. – É que... o Jongin me incomoda... é... é isso! – mas não foi muito convincente.

- Te incomoda como? – questionou o Byun. – Porque eu nunca vi ele te perturbar nem nada do tipo, muito pelo contrário, e quando tentam fazer isso contigo, ele não deixa... eu, sinceramente, não sei o que tanto te incomoda nele.

- Ele... – Kyungsoo procurava alguma coisa para falar quando olhou para o assunto principal daquele diálogo, que estava ao longe, e como se tivesse adivinhando, seus olhos se viraram para Kyungsoo, e então ele sorriu. – Ele fica sempre sorrindo!

- Ok... ele viver sempre sorrindo é algo ruim agora? – Baekhyun cruzou os braços. – Kyungsoo, eu já disse que você é péssimo em tentar me enrolar, não foi?!

- Não é isso... ele não pode... sei lá... ser como uma pessoa normal? – Kyungsoo não reagia bem a perguntas consecutivas, ficava atordoado.

- Mas ele não é normal? – questionou Chanyeol – Digo... ele não tem chifres, nem essas cosias... tudo bem que antes ele parecia uma criatura trevosa quando só vestia preto, mas depois que ele soube que você não gostava de preto, ele parou de usar! – confidenciou o maior, surpreendendo os dois ouvintes, porém só Baekhyun pareceu mostrar alguma reação.

- Não é isso... é só que, sempre que olho pra ele, ele fica sorrindo... parece que não tem nada de errado com ele – ditou o Do. – Como pode uma pessoa ficar rindo o tempo todo? Não tem sentido!

- Nem tudo é o que parece, Kyungsoo – ditou Chanyeol, no entanto sua voz saiu séria e um pouco fria. – Você não pode avaliar o caráter, ou o comportamento de uma pessoa, se baseando apenas nas cinco ou seis horas que passa junto dela no colégio – tinha ali um leve rancor também, era notável. – Se você esqueceu, o dia tem vinte e quatro horas, e nessas horas restantes você não sabe o que ele faz, muito menos o que ele passa, então, antes de apontar defeitos que ele aparentemente tem, conheça-o primeiro!


Os olhos de Kyungsoo dobraram de tamanho e o coração acelerou com o susto. Sabia que Chanyeol era um grande amigo de Jongin, mas nunca imaginou que ele algum dia falaria assim consigo. Parecia... magoado?

Entretanto, Kyungsoo nem teve tempo de falar ou fazer alguma coisa, pois o sinal soou, anunciando o fim do intervalo, então ele apenas levantou e saiu da mesa. Não estava magoado com Chanyeol, só não entendia o porquê daquele estresse todo, mas resolveu deixar de lado, pois se falassem mal de Baekhyun na sua frente certamente reagiria da mesma maneira, talvez pior.



A aula seguinte seria de Literatura e Artes. De certo seria uma aula chata, se não fosse a professora uma solteirona, louca da vida e que divagava entre nada e coisa alguma, mas, mesmo assim, conseguia fazer com que os alunos a entendessem.


- Olá, turma! – Ara, a professora, saudou a turma como sempre, piscando os olhos seguidas vezes, parecendo encantada com sabe-se lá o que. – A aula de hoje é sobre uma das forças mais belas que existem... o maior dos sentimentos – abriu os braços. Ela era bastante teatral. – Por este sentimento, grandes homens sucumbiram, pessoas perderam suas vidas... a presença de tal sentimento torna tudo mais lindo, e a ausência dele deixa tudo escuro, sombrio... sem vida – sussurrou a última parte.


Ara passou as mãos de maneira delicada pelo colo e abriu os braços outra vez, deu alguns passos, parando em frente à primeira fileira. Fechou os olhos, respirou fundo e soltou um longo suspiro para, só então, abrir os olhos novamente.


- Esta é a força que rege a humanidade – estendeu o braço direito como uma bailarina faz em sua dança. – Une os povos... – repetiu o movimento, mas para a esquerda. – Enfim... une pessoas e transforma vidas... é um sentimento inenarrável, pois ele existe de várias formas, mas no fim, ele é o mesmo de antes, a mesma essência... sim, meus amores... estou falando dele, do amor.


Todos os alunos sempre ficavam vidrados no que ela fazia e dizia, não que fosse a melhor professora do mundo, muito longe disso, vez ou outra ela apresentava lá suas falhas psíquicas, mas como desviar a atenção de uma louca que dança enquanto dá aula? Impossível!


- Vocês sabem o que é o amor? – questionou a professora, vendo Oh Sehun levantar o braço. – Pois não, querido... diga-nos sua concepção de amor.

- O amor é uma flor roxa, que nasce no coração dos trouxas! – Sehun fez graça, arrancando alguns sorrisos discretos dos outros.

- Parabéns, Sehun... pelo visto você é um “belo” jardim – afirmou Ara, fazendo todos rirem de Sehun, pois este foi chamado de trouxa, e no sentido pejorativo. – Mais alguém? Por favor, que seja uma definição pessoal, não palavras soltas e sem sentido, como o outro ali acabou de regurgitar numa falha tentativa de ser engraçado! – então o Kim levantou a mão. – Pois não, Jongin...

- Eu acho que o amor... – Jongin fez uma pausa para pensar na melhor forma de dizer sua resposta, incrivelmente, neste momento ele não olhou Kyungsoo, pois este o olhava, e, por isso, sentiu o rosto esquentar. – Ele é como um remédio – falou como que numa confidencia, mas que foi ouvida por todos na sala.

- Humm... – Ara cruzou os braços e colocou o indicador sobre os lábios. – Interessante, mas... por quê? Por que razão o amor, pra você é como o remédio?

- Ele é capaz de curar feridas – as palavras de Jongin saíram com tanto sentimento, que fez a professor arrepiar-se. – Devolve sorrisos, traz brilho à vida de quem o sente...

- Meu querido, não sei quem é, ou será... mas a pessoa que tiver seu amor, certamente será a mais sortuda desse mundo – afirmou Ara, olhando para um Jongin envergonhado e de cabeça baixa.

- Pegou isso de que livro? – Kyungsoo questionou num sussurro provocativo, muito embora estivesse verdadeiramente impressionado com as palavras de seu colega de bancada.


Será que Jongin o amava?


- Certas coisas, Kyungsoo, não se encontram em livros – Jongin respondeu calmamente, ainda sem olhar o baixinho. Só ficou um pouco mais sério no momento. – Elas são descobertas quando se sente e se vive o que se fala – completou seu pensamento, deixando Kyungsoo envergonhado.


Jamais se passaria pela cabeça de Kyungsoo que Jongin pudesse ser tão... sábio? Sempre o via sorrindo, e, por vezes, já até o tachara de retardado por isso, mas depois daquilo que acabara de ouvir, somado ao que Chanyeol tinha dito momentos antes, ficou a pensar se seria o caso de Jongin só sorrir quando lhe encontrava.

Forçando mais um pouco seu cérebro, quando avistou o moreno na cantina ele estava sério, porém, sorriu assim que seus olhos se encontraram. Será que Jongin realmente gostava de si? Será que realmente o amava? Então deveria se considerar uma pessoa sortuda, certo? Não... estava na cara que Jongin só queria tirar uma com sua cara.


- Existem várias formas de amar – Ara falava com seu jeito extremamente explicativo, parecia até atuar num espetáculo teatral de tão artística que era. – Amor entre pais e filhos, irmãos, amigos, animais... todos, independentemente de quem quer que seja, todos têm uma forma de amar... mesmo a mais fria das criaturas ela ama, porque no fundo, todos têm um coração.


Deu mais uma volta em torno de si mesma, e sentou sobre o birô.


- Mas como estamos chegando próximo ao dia dos namorados, falaremos daquele amor que nos faz sorrir só de lembrar as feições da pessoa amada – Ara parecia que estava em outra dimensão, sequer olhava para os alunos. – Aquele que nos faz sentir coisas que não podem ser explicadas.

- Essa mulher é louca – desdenhou Kyungsoo. Falava sozinho, mas Jongin o ouviu perfeitamente.

- Você chama ela de louca porque nunca amou na vida – Jongin falou baixo, para que apenas Kyungsoo ouvisse.

- Como você sabe que eu nunca amei na vida? – Kyungsoo lançou a Jongin um olhar atravessado. Mesmo sendo verdade, sentiu-se ofendido.

- Tá mais do que na cara que você nunca amou ninguém na vida, Kyungsoo – o moreno só constatou o óbvio, sem críticas ou provocações, apenas mostrou o que era óbvio. – Você chama ela de louca, mas não sabe a loucura que é amar alguém.

- Se amar é uma loucura, prefiro ser são o resto da vida – o baixinho falou sem nem olhar o moreno ao lado.

- Tá vendo que eu estava certo quando falei que você nunca amou na vida?! – Jongin deixou aparecer um pequeno sorriso vitorioso.

- Cala a boca, idiota! – Kyungsoo fez bico e concentrou a atenção na louca que dava aula.

- Bem, amores – Ara voltou a falar. – Agora passarei um trabalho para vocês... um trabalho que deverá ser feito em dupla, e antes que se empolguem na escolha de suas respectivas duplas, saibam que elas já foram escolhidas.

- E quem são? – questionou Sehun.

- Olhe para o seu lado – Ara respondeu, simplista. – A dupla de vocês nesse trabalho, será sua dupla de bancada!


Kyungsoo arregalou os olhos e mostrou-se indignado, enquanto Jongin apenas sorria. Aquele sorriso grande e cheio de dentes, de quando acontece algo que nos é altamente satisfatório.

Era a realização de um sonho para um, enquanto, para o outro, era o início de um pesadelo. Tudo o que Jongin mais queria na vida era passar mais tempo com Kyungsoo, porém o mais baixo nunca lhe dera abertura para que isso acontecesse.


- O trabalho deverá ser apresentado em dez dias, exatamente no dia dos namorados – explicou Ara. – Quero que contem a história de como seus pais se conheceram, e, baseado nisso, quero que digam qual a sua visão da pessoa ideal... lembrando que os dois deverão fazer a entrevista, agora estão dispensados.

Pouco a pouco os alunos começaram a deixar a sala, mas Kyungsoo guardava seus materiais calmamente. Ainda tentava absorver aquelas informações. Como assim, faria um trabalho com Kim Jongin?


- Kyungsoo – Jongin cutucou o baixinho, e quando teve a atenção virada para si, sorriu. – Tem uns cinco minutos que tô te chamando.

- O que quer? – questionou Kyungsoo grosseiramente.

- Perguntei quando faremos o trabalho – Jongin voltou a falar, relevando a grosseria gratuita do baixinho, de certa forma já estava acostumado.

- Sei lá... podemos começar pelos seus pais – Kyungsoo bem conhecia sua mãe, e principalmente seu pai. Quando Jongin chegasse em sua casa, surtariam e tentariam jogar o moreno para cima de si. Já fizeram aquilo antes, custaria fazer outra vez? Não!

- Acho melhor não – Jongin não conseguiu disfarçar o desconforto com aquela ideia.

- E porque não?

- Eu não conheci meu pai – Jongin olhou pra baixo ao responder, estava claramente envergonhado. – Ele abandonou minha mãe assim que ela engravidou de mim e... depois que nasci, a minha mãe... ela foi embora pro Japão e me deixou com minha avó – sorriu tristemente.


Kyungsoo travou diante daquilo. Pelo que percebeu, Jongin fora rejeitado duas vezes, justamente pelas pessoas que mais deveriam ama-lo. Se colocando no lugar dele, talvez fosse uma pessoa amargurada, mas então por que ele sempre sorria tanto quando lhe via?

“Eu acho que o amor, ele é como um remédio.” Kyungsoo balançou a cabeça para os lados, na tentativa de espantar tais pensamentos, entretanto, não deixou de lembrar do que Chanyeol havia dito mais cedo. Talvez seu julgamento em relação ao Kim estivesse errado.


- Então podemos fazer amanhã, já que é sábado – Kyungsoo resolveu deixar as dores do outro de lado e concentrar-se no trabalho, era o melhor a ser feito no momento, ainda mais que não tinha jeito para tratar assuntos delicados como aquele. – É difícil meus pais estarem em casa, mas amanhã é o dia.

- Tudo bem, então, que horas eu chego? – Jongin tentava disfarçar sua empolgação, mas ficava um pouco difícil quando se tratava de passar uma tarde com seu crush.

- Acho que duas horas tá bom– Kyungsoo disse a primeira coisa que lhe veio à mente.

- Então até amanhã, corujinha – Jongin sorriu sapeca e correu para fora da sala, antes que Kyungsoo pudesse xingá-lo.



- Acho que essa seria uma boa oportunidade para conhece-lo, Kyungsoo – Chanyeol opinou. Estavam seguindo o caminho de volta para suas respectivas casas, que ficavam próximas.

- Mas eu não vou conhecer o Jongin, Yoda – Kyungsoo já estava cansando daquilo. Desde que saíram da sala, Baekhyun não lhe deixou quieto por conta daquilo, estava no limite. – Eu só vou fazer um trabalho com ele e nada mais... ele vai lá pra casa, a gente faz a entrevista com meus pais e depois que estiver tudo anotado, ele vai embora e pronto!

- Ainda não sei porque essa resistência sua – Baekhyun confessou sua dúvida. – Tem noção de quantas pessoas queriam estar no seu lugar e receber todos os sorrisos do Jongin? Se não percebeu, ele é considerado um dos garotos mais bonitos do colégio.

- E eu com isso? Ele não faz meu tipo – Kyungsoo apenas deu de ombros.

- Então quem que faz teu tipo? – Chanyeol voltou a questionar.

- O Junmyeon – Kyungsoo sorriu bobo ao pronunciar o nome daquele que tinha como padrão de pessoa ideal, mas seu sorriso morreu ao ouvir o maior gargalhar de maneira forçada, como se Kyungsoo tivesse dito o pior dos absurdos, ou a melhor das piadas.

- Junmyeon? – Chanyeol estava incrédulo. Gargalhou outra vez. – Sério isso, Kyungsoo? Aquilo lá não vale o que o gato enterra!

- E como você tem tanta certeza disso? – Kyungsoo olhou atravessado o maior, cruzando os braços sobre o peito.

- Eu estudo com ele desde o primário – O Park respondeu. – E quando eu digo que aquilo lá não vale merda, é porque não vale! Se você não sabe, o que é bem provável, ele tem um rolo com o Lay, mas também tem um rolo com o Jongdae, só que os dois idiotas não sabem disso.

- Mentira! – Junmyeon era bonito demais pra fazer uma coisa dessas. Acreditava Kyungsoo – Isso é coisa que você tá inventando por que quer que eu fique com o Jongin – afirmou decidido. – Junmyeon é um gentleman.

- Gentleman? – Chanyeol gargalhou com mais força ainda. Kyungsoo era muito inocente mesmo. – Já percebeu que todo intervalo o seu “gentleman” vai pra biblioteca? – questionou, e ao ver Kyungsoo afirmar, prosseguiu. – Então, ele vai pra lá não é porque ele é estudioso, nada disso... ele vai lá pra se pegar com o Jongdae atrás das últimas prateleiras, é isso que ele faz, de tarde, pega Jongdae e à toda noite vai pra casa do Lay – contou. – Ele tem aulas complementares com um professor particular por que tem dificuldade em entender algumas coisas, daí o Junmyeon pega carona nas aulas de reforço e ainda pega o Lay... acredite em mim, Kyungsoo, Kim Junmyeon é um aproveitador barato – afirmou. – E se achar que é mentira minha, pode ficar em frente à casa do Lay que você vai ver, por volta das sete da noite ele chega lá.


Por mais que sua mente se recusasse a acreditar naquilo, a verdade nas palavras do Park era notável. Ele não titubeou em momento algum, assim como não esboçou quaisquer ares de riso ou algo que denunciasse ser alguma mentira.


- E não falo isso pra defender meu amigo ou porque quero que ele fique com você, até porque se dependesse de mim ele não ficaria com você! – Chanyeol voltou a afirmar.

Kyungsoo parou de andar no mesmo instante e sentiu os olhos arregalarem. A sinceridade do Park às vezes feria.

- Hei! Não fala assim com o Soo, Yoda! – protestou Baekhyun, vendo que aquelas palavras realmente atingiram seu amigo.

- Desculpa, Baekkie, mas você bem sabe que o Jongin não merece alguém como o Kyungsoo! – Chanyeol voltou a afirmar, apontando pra Kyungsoo. – Talvez se ele fosse menos cego e vivesse com um pé na realidade, saberia que o que o Jongin sente por ele é verdadeiro, mas não, ele só escorraça meu amigo e ainda se ilude com o Junmyeon, aquele principezinho de bosta.


O silêncio que se fez presente logo em seguida foi bem constrangedor. Enquanto Baekhyun se sentia mal pelo amigo ofendido, Chanyeol se sentia mal por ter que dizer tais verdades, pois sabia que se Jongin soubesse a coisa não seria nada boa para seu lado, mas, de todos, Kyungsoo era o mais afetado, pois se Baekhyun ficou calado é porque o que Chanyeol dizia era verdade.

Confuso, Kyungsoo apenas seguiu apressadamente, deixando o casal que discutia para trás. Não estava com cabeça para pensar em mais nada, queria apenas chegar em sua casa e descansar para o dia seguinte, afinal de contas, aquele sábado seria bem complicado.



Durante a noite, Baekhyun ainda tentou ligar pra Kyungsoo, mas este não atendeu a nenhuma de suas ligações. Mandou mensagens, mas não foram respondidas, apenas visualizadas. Até mesmo Chanyeol lhe mandou mensagens pedindo desculpas, mas também não obteve qualquer resposta. Kyungsoo estava muito confuso, ainda mais depois do que viu quando foi até a casa do chinês e percebeu que Junmyeon realmente chegara lá ás sete, e se não bastasse aquilo, viu os dois trocando um beijo rápido.

A imagem de príncipe esculpida por Kyungsoo para Junmyeon havia sido reduzida a pó. Aquilo era uma prova de que Chanyeol estava certo. Então, tudo o que falou sobre Jongin também deveria ser verdade. “Meu querido, não sei quem é, ou será... mas a pessoa que tiver seu amor, certamente será a mais sortuda desse mundo” as palavras da louca lhe gritavam à mente. “Eu acho que o amor... ele é como um remédio.” As de Jongin também.

Kyungsoo passava as mãos nos cabelos com certa violência, estava confuso demais e a culpa era de quem? Kim Jongin. “Tá mais do que na cara que você nunca amou ninguém na vida, Kyungsoo... você chama ela de louca, mas não sabe a loucura que é amar alguém”. Realmente, Kyungsoo nunca havia amado na vida, o mais próximo que havia chegado daquilo fora uma paixonite que teve por Sehun, mas que não deu em nada.

Não acreditava que amar era uma loucura, acreditava que amar era como se via nos filmes e lia nos livros. Aquela sensação de borboletas na barriga, as mãos suadas, o pensar constante naquela pessoa que lhe perturbava a mente, mesmo sem querer. Espera... isso Jongin fazia, pelo menos a parte da perturbação.


- Aish! – mais uma vez, Kyungsoo bagunçou os cabelos com violência.

- Qual o problema, filho? – Dobin questionou assim que viu o “ataque” do filho.

- Não é nada, Appa – respondeu o mais novo, sem encarar o pai.

- Soo, você sabe que é um péssimo mentiroso, não sabe? – Yejin quem falou, sentando-se ao lado do filho. – Olhe pra mim! – pediu e logo teve seu pedido atendido, até porque se não o fizesse por bem seria obrigado, então... – Quem é?

- Quem é o que? – Kyungsoo arregalou os olhos, assustado.

- Querido... – Yejin tocou o rosto do filho com carinho. – Você pode até tentar, mas não consegue esconder nada de mim, nem de seu pai... e esses olhões arregalados só dizem que sim, tem algo, ou melhor, alguém lhe perturbando a mente, se não quiser dizer, tudo bem, mas saiba que pode contar comigo e seu pai, hm?! – deu um beijo na testa do filho e subiu para o seu quarto.

- Não precisa dizer quem é... – Dobin ocupou o lugar em que sua esposa estava. – Só... me diga o que está acontecendo – pediu.

- Eu não sei –Kyungsoo confessou, encarando os próprios sapatos. Era bem mais fácil conversar com seu pai. – Estou confuso.

- Entendo... – Dobin fez um carinho nos cabelos do filho, trazendo-o para perto. – Quando estamos apaixonados sempre ficamos assim.

- Hã? – Kyungsoo se afastou do pai, arregalando os olhos outra vez. – Na-não! E-eu não estou apaixonado por ninguém – então porque gaguejou?

- Tá bem, filho – Dobin sorriu. Estava sim, só não tinha se dado conta, ainda.

- Appa, amanhã à tarde um colega do colégio vem aqui pra fazer um trabalho comigo – Kyungsoo resolveu avisar, vai que ele resolve sair?!

- Trabalho sobre? – questionou, curioso. Kyungsoo não era de leva amigos para casa, o único que ia lá era Baekhyun.

- A louca da professora pediu que fizesse ume entrevista com os pais, sobre como se conheceram e tal – revirou os olhos. – Por conta do dia dos namorados.

- Ah! Entendo – Dobin sorriu. – Vou avisar sua mãe para adiantar a ida ao mercado – levantou-se. – Boa noite, filho – ditou e saiu da sala.


Kyungsoo apenas respondeu e permaneceu na sala. Totalmente perdido em seus pensamentos, ele nem se deu conta das horas passando, mas quando percebeu, já passava da meia-noite. E no que tanto pensava? Nele, claro... Kim Jongin.

Se antes o moreno só lhe perturbava na sala, agora fazia bagunça pior em sua mente. Era claro que Kyungsoo já tentara se envolver com outras pessoas, e até recebia alguns convites, mas sempre que analisava a pessoa, achava nela algum “defeito”. Kyungsoo esperava pela pessoa que o trataria como um príncipe, que seria o centro das atenções de tal pessoa. Que seria carinhoso consigo, que o mimaria, que seria educado, portar-se-ia como um verdadeiro príncipe... talvez estivesse vendo filmes demais, mas aquela era a imagem de pessoa ideal para si. O que não condizia com Jongin.

Seguiu então para seu quarto, um longo banho seria o melhor para o momento, mas nem seu oráculo o ajudou, pois a constante gritada ali era: Kim Jongin ama Do Kyungsoo! E ele não estava sabendo lidar com aquilo.



Depois de muito embolar em sua cama, Kyungsoo finalmente conseguiu dormir. No dia seguinte acordou tarde, mais precisamente na hora do almoço, então apenas desceu, fez sua refeição e voltou para seu quarto, tinha que deixar tudo pronto para quando Jongin chegasse, o que não demorou muito a acontecer, e estava terminando seu banho quando sua mãe veio avisar, animada demais, pra falar a verdade.

Ao sair de seu oráculo, colocou suas roupas, pegou o que precisaria e saiu do quarto, surpreendendo-se ao ver Jongin conversando com seus pais, mas não era nem o fato de os três estarem altamente entusiasmados na conversa, era por Jongin estar usando apenas calça jeans clara e uma camisa vermelha de listras horizontais brancas. E, puta que pariu, ele estava muito gato! Tal visão deixou Kyungsoo tão fora de órbita que só percebeu estar igual estátua, encarando o moreno, quando três olhares curiosos estavam focados em si.


- Tá se sentindo bem, filho? – questionou Yejin, que tinha no rosto um sorriso estranho.

- Hã? Ah... er... s-sim – Kyungsoo estava atordoado. Tinha se acostumado a ver Jongin apenas de uniforme, o que já era bonito, não havia como negar, mas com aquelas roupas, estava tão... porra! Estava prestes a ter um colapso mental, e a culpa era de quem? Kim Jongin, claro!


Kyungsoo balançou a cabeça e desceu. Parecia combinado, mas seus pais ficaram num sofá e em frente a eles, estavam duas cadeiras, uma que já estava ocupada pelo moreno charmoso, que não mais sorria abertamente como no colégio, mas mantinha um meio sorriso, aquele meio sorriso que faria Kyungsoo esquecer até de respirar se não fosse um ato involuntário de seu corpo.


- Então, senhor e senhora Do, eu e o Kyungsoo fomos encarregados de fazer uma entrevista com vocês – Jongin falava com uma calma digna de Buda, claro que isso não se aplicava a Kyungsoo naquele momento. – Sobre como vocês se conheceram e como tudo aconteceu até chegar aqui – explicou, já pegando o celular. – Se não se incomodarem, vou gravar, já que eu sou um pouco lento pra escrever.

- Ah! Não se preocupe! – Yejin sorria bobamente pra Jongin. – Então, podemos começar?

- Sim, por favor – afirmou Jongin, acionando a gravação.

- Eu e a Yejin nos conhecemos no último ano do colégio – Dobin começou. – Mas não foi tão simples conquista-la – olhou para a esposa e sorriu. – Ela era bem difícil, sempre que eu tentava me aproximar, ela tentava me colocar pra correr.

- Claro, querido, você sempre que me via sorria igual um louco! – Yejin defendeu-se.

- Mas claro, querida, você era o motivo dos meus sorrisos – Dobin sempre fio muito romântico. – Eu poderia estar triste como fosse, mas bastava te olhar que tudo passava.

- Eu lhe entendo – Jongin deixou escapar, mas logo disfarçou. – Mas como vocês ficaram juntos?

- Então, confesso que o motivo de não termos ficados juntos antes, foi culpa minha – Yejin confessou, segurando a mão de Dobin. – Eu, como toda garota que adorava os contos da Disney e livros de romance, tinha o ideal de pessoa como os príncipes dos contos, mas a realidade é que não existe uma pessoa assim, então eu me dei conta disso depois que tive uma desilusão com um garoto e o Dobin veio me consolar, e disse que, se fosse ele, faria de tudo pra me ver sempre sorrindo.

- E foi a partir daí que tudo começou a evoluir entre nós – Dobin completou a fala da esposa. – Claro que brigamos muito naquela época, atualmente ainda brigamos, pra falar a verdade, mas é porque somos humanos, e é do ser humano errar... assim como eu tenho meus defeitos, ela também tem.

- Porque a verdade é que não existe príncipe encantado – Yejin voltou a falar. – Não existe ninguém sem defeitos, mas existe aquela pessoa que nos faz perder a razão.

- Porque amar é uma loucura – Dobin afirmou. – Tem noção do que é encontrar uma pessoa e sentir como se a conhecesse desde sempre, sendo que vocês mal se falam? Tem noção da loucura que é dormir e acordar ao lado da mesma pessoa todos os dias? Vê-la bem vestida e perfeitamente arrumada, e também vê-la com a cara amassada, e, mesmo assim, acha-la tão linda quanto? Mas, o mais incrível e louco do amor, é sermos dois, mas sentirmos como um só.


Jongin apenas sorria bobamente, porque sentia, pelo menos, uma parte daquela loucura, enquanto Kyungsoo mantinha-se calado. Se já estava confuso, aquela história toda só estava piorando tudo.


- Amar é o que nos faz sentir loucos, ainda mais quando, do nada, rimos só de lembrar algo, ou até mesmo falamos sozinhos – Dobin falava com um brilho tão lindo nos olhos que dava gosto ver aquilo. – Amar é uma loucura, a melhor loucura do mundo... não tem como explicar, porque é muito louco.

- É verdade – Jongin pensou alto demais. E só se arrependeu quando Kyungsoo lhe dirigiu o olhar. – Bom, senhor e senhora Do, a história de vocês é muito bonita – já se preparava pra encerrar a gravação. O que tinha li, já era suficiente, na verdade, mais que o suficiente.

- Oh! Calma, não acabou ainda! – Yejin adiantou-se. – Agora que vai começar, isso foi só a introdução!


E o que era para ser apenas um simples “entrevista”, tornou-se num relato longo e detalhado de como Dobin e Yejin se conheceram, ficaram juntos, passando pelo nascimento de Kyungsoo até os dias atuais. Também foram mostradas fotos deles, desde os tempos de juventude, assim como, também, fotos de Kyungsoo quando criança, uma das melhores partes do dia pra Jongin, que se apaixonou ainda mais pelo Do, que apenas sentia o rosto vermelho de vergonha a cada revelação feita por seus pais ao visitante.


- Olha! Tem até nude – Jongin sorriu zombeteiro quando viu uma foto de Kyungsoo com aproximadamente seis anos, tomando banho nu numa cachoeira.

- Hei! Não é pra você ver isso! – sem muito pensar, Kyungsoo se jogou sobre o moreno, sentado ao seu lado, fazendo-o perder o equilíbrio e cair junto com a cadeira, e, consequentemente, caindo sobre ele.


Aquele perfume amadeirado, aquela respiração tão próxima à sua, aquele corpo quente, aqueles olhos, aqueles lábios. Talvez se não fosse Yejin perguntando se estavam bem, Kyungsoo tivesse beijado Jongin ali mesmo. Foi mais forte que ele.


- Você tá bem? – questionou Jongin.

- Unhum! Tô – respondeu vagamente. – “Estou ficando louco, isso sim” – Kyungsoo pensou consigo mesmo, enquanto saia de cima de Jongin, totalmente vermelho.

- Jongin, nos acompanha no jantar? – Dobin questionou ao moreno.

- Se não for incômodo – Jongin se levantava do chão.

- Claro que não! – Yejin se apressou em ajudar Jongin a se levantar – Não é sempre que nosso Kyungsoo traz um garoto pra conhecermos, venha!


Aquela frase soou deveras estranha pra Kyungsoo, mas sabendo a mãe que tinha, não era de se estranhar, pelo menos a frase, porque o tratamento dela para com Jongin, aquilo sim, foi algo estranho, para não dizer bizarro que beirava o tosco.


- Kyungsoo, querido, sirva o Jongin, por favor?! – para quem era de fora, aquilo soara como um pedido simples, mas Kyungsoo bem sabia que aquilo tinha sido uma ordem, e sem protestar, o fez.


Ao se aproximar do moreno para servi-lo, Kyungsoo pode sentir outra vez aquele perfume que o estava deixando tão... coisado. Jamais tinha sentido tal cheiro antes, mas era bom, isso já era fato comprovado, ainda mais pelo arrepio que tomava conta de seu corpo cada vez que respirava. Mas porque nunca sentiu aquele cheiro no colégio?

Após servir o Kim, Kyungsoo, que estava ao seu lado, se serviu e ficou a ver seus pais praticamente fazerem uma entrevista com o visitante. Perguntavam sobre os mais diversos assuntos, desde o que mais gostava de comer até o que pretendia cursar quando saísse do colégio. Estavam levantando toda a ficha do moreno, que respondia a todos os questionamentos com aquele sorriso irritante nos lábios.


- Me diga, Jongin, você está solteiro? – questionou Yejin, ao que logo Kyungsoo pensou “vai dar merda!”

- Sim, senhora – Jongin sorriu e olhou pra Kyungsoo.

- Omma, por favor! – Kyungsoo chamou a atenção da mulher como quem diz “Cala essa boca agora! ”

- O que foi? Não posso mais perguntar nada ao Jonginnie? – Yejin se fez de desentendida.

- Oi? Jonginnie? – Kyungsoo não escondeu a surpresa com aquilo. – Desde quando estão nesse nível de intimidade? – aquilo era absurdo.

- Ciúmes, filho? – provocou Dobin. Acreditava que o filho estava sim, com ciúmes, só não sabia se da mãe ou de Jongin. Era divertido, não poderia negar.

- Quê? – os olhos de Kyungsoo dobraram de tamanho. – C-claro que não!

- Enfim – Yejin balançou a mão na direção do filho, como quem não dava importância para nada do que fizesse naquele momento. – Jonginnie... posso te chamar assim, não é?

- Claro que sim, senhora Do – o moreno sorriu graciosamente.

- Aigoo... olha esse sorriso! – Yejin não resistia ao um sorriso como aquele. – Olha esses dentes! E essa gengiva?

- Omma, pelo amor! Vai fazer uma avaliação bucal nele na hora do jantar? – Kyungsoo estava indignado.

- Céus! O que fiz pra ter um filho tão ranzinza? – Yejin questionou dramaticamente, olhando para cima. – Sério, Kyungsoo, você precisa urgentemente de um namorado, e por falar nisso... Jonginnie, querido, me diga... você é gay?

- OMMA! – Kyungsoo gritou, escondendo o rosto com as mãos, baixando a cabeça em seguida, enquanto Dobin gargalhou de sua reação.

- Querida, você está deixando nosso filho envergonhado – Dobin não queria fazer pouco caso, mas só disse aquilo para que não fosse acusado de conivência.

- Ah! Qual é! – Yejin não entendia aquele drama do filho. – Ele deveria agradecer pelos pais maravilhosos que tem, que o aceitam e se preocupam com quem ele se relaciona!

- Eu sei e agradeço, mas não precisa perguntar isso aos meus colegas de colégio – Kyungsoo tinha a voz abafada, pois ainda cobria o rosto com as mãos. – Vai que ele é hétero?!

- Mas eu não sou, Kyungsoo, você bem sabe! – Jongin já sabia, através de Baekhyun, que os pais de Kyungsoo não eram nada convencionais, e tinha que admitir, aquilo era divertido.

- Olha aí, Kyungsoo – Yejin manifestou-se outra vez, como quem diz, “aproveita”.

- Olha aí Kyungsoo o que? Não há a menor possibilidade de acontecer algo entre mim e o Jongin, fui claro?! Nenhuma! – enfatizou bem a última sílaba, porém, não viu um toque de tristeza no olhar do moreno.

- Mas porquê? – questionou Dobin. – Ele é um garoto simpático, legal, está solteiro e você também... eu acharia ótimo que vocês namorassem.

- Até o senhor, Appa?! Eu não mereço uma coisa dessas – cansado e envergonhado, Kyungsoo apenas saiu correndo para o quarto.

- Aish! Jonginnie, querido, perdoe o comportamento esquizofrênico do meu filho – Yejin olhou para onde Kyungsoo tinha ido.

- Sem problemas, senhora Do – Jongin apenas sorriu, forçadamente, mas sorriu. – Creio que ele ainda não está acostumado com os pais maravilhosos que tem, mas agora eu preciso ir, creio que minha a halmoni está preocupada, eu disse que voltaria antes do jantar – explicou.

- Tudo bem, mas, por favor, prometa que voltará mais vezes – Yejin adiantou-se. Tinha mesmo gostado de Jongin.

- Prometo sim – Jongin apenas sorriu mais uma vez, após se despedir, foi embora.


O resto da noite de sábado Kyungsoo passou trancado no quarto, assim como boa parte do domingo também. Não era por raiva dos pais, muito menos vergonha, apenas estava mais confuso do que no dia anterior e queria poder pensar melhor em toda a situação, na sua situação, em Jongin e, porque não, num possível “nós”.

De fato, o que o impedia de estar com Jongin? Nada, a não ser sua própria vontade. Ambos estavam solteiros e desimpedidos, seus pais amaram o moreno, o que não foi lá muito bom, porque se numa simples visita para um trabalho do colégio, Kyungsoo teve sua vida praticamente inteira exposta ao moreno, imagina o que aconteceria se tivessem algo? Arrepiou a coluna de Kyungsoo só de imaginar.

Por sorte o domingo passou rápido e logo veio a segunda-feira. Calmo e sereno, aquele tempo ameno era perfeito para o Do. Ainda estava confuso, claro, mas tentava aceitar um pouco mais o fato de Jongin nutrir algum sentimento por si. E por falar em Jongin, o que ele estava fazendo abraçado com Gayoung? Pareciam tão... íntimos?!


- “Como é que aquele guindaste diz que ele gosta de mim se ele tá de conversa com a Gayoung?” – questionou-se Kyungsoo. Não soube exatamente o porquê, mas sentiu o coração apertar, ainda mais quando a garota se aproximou mais do moreno e o abraçou, passando os braços pelo pescoço. “Mas é uma vaca mesmo, a começar do sobrenome, Moon”, proferiu ainda em pensamentos e saiu pisando forte no chão.


A imagem de Jongin abraçando a garota pela cintura não saía de sua cabeça, e aquilo era horrível.


- Bom dia, Soo – Baekhyun, que tinha Chanyeol ao seu lado, saudou o amigo alegremente.

- Se tiver algo de bom nessa bosta me avise, quem sabe assim valeu a pena colocar o pé fora de casa – Kyungsoo respondeu grosseiramente.

- Ixi! Que bicho te mordeu, Kyungsoo? – Chanyeol achou engraçado o Do emburrado, ainda mais pelo bico que fez, só destacava ainda mais seus lábios rosados.

- Te importa saber? – olhou atravessado o Park, que se afastou instintivamente, embora a distância entre eles não oferecesse quaisquer perigos.

- Kyungsoo, tenho algo que talvez possa alegrar seu dia – Baekhyun já estava mais do que acostumado com o humor volátil do amigo, então prosseguiu quando este o olhou. – Eu e o Chanyeol estamos namorando!

- E que culpa eu tenho com isso? – foi a única pergunta feita por Kyungsoo antes de virar para a frente e bufar ao encontrar Jongin, que misteriosamente falou apenas com Chanyeol e Baekhyun.


Foi a gota d’água. Kyungsoo apenas se levantou e saiu da sala, ignorando os chamados de seu amigo e também do professor, que estava chegando na sala naquele momento. O baixinho apenas queria sumir.


- “Pra que ficaram me torrando tanto o juízo por causa dele, se ele tá de coisa com aquela garota?” – Kyungsoo se questionava, enquanto seguia sem rumo pelos corredores do colégio, quando num vento mais forte, sentiu o frio em seu rosto. Espera... estava chorando? Mas porquê?


O motivo era o de menos, apenas queria chorar, e era isso que faria caso alguém não o estivesse seguindo.


- Kyungsoo? – Jongin o chamou com certo receio e preocupação na voz. O que estava acontecendo com o baixinho?

- O que é? Me deixa em paz! – determinou Kyungsoo, apressando ainda mais os passos, mas parou ao sentir o pulso ser segurado pela mão quente de Jongin.

- Hei! O que houve? – Jongin sabia que às vezes Kyungsoo era meio grosso, mas nunca o tinha visto daquele jeito, e o que era aquele fungado? – Tá chorando? – Wow! Kyungsoo chorando era algo novo. E não estava gostando nada daquilo.

- Qual o teu problema, Kim Jongin? – Kyungsoo finalmente virou-se para o maior, pouco se importando em que ele visse seus olhos vermelhos e seu rosto banhado em lágrimas. – No que te importa saber se estou chorando ou não? Pensei que tivesse algo melhor pra fazer... vai lá pra perto da sua “garota”, não precisa mais tentar me fazer de idiota que eu já saquei tudo! – num movimento brusco soltou-se da mão do maior e saiu correndo.


Jongin ainda demorou um certo tempo até assimilar o que tinha acabado de ouvir, quando o fez, correu atrás de Kyungsoo, que apesar das pernas curtas, corria bastante. O alcançou perto da quadra, mas ao segurá-lo novamente recebeu um chute forte na canela, que o fez cair e ver o baixinho sumindo por detrás da quadra.



Após a “fuga”, Kyungsoo se abrigou atrás dos vestiários, onde chorou por um bom tempo, o que lhe rendeu uma bela enxaqueca. Sempre ficava daquele jeito quando chorava muito. Seu celular tocava incessantemente. Era Baekhyun que lhe ligava desesperado para saber o que lhe havia acontecido, ainda mais quando a enfermeira do colégio chegou para recolher seus pertences.

Assim como nos outros dias, Kyungsoo ignorou toda e qualquer tentativa de contato com sua pessoa. Ainda estava confuso, mas acima de qualquer coisa, estava triste. Sim, muito triste. Depois de Chanyeol e Baekhyun lhe dizerem aquelas coisas sobre Jongin, e, por fim, seus pais, finalmente estava cogitando a ideia de realmente dar uma chance ao Kim, mas então viu aquela cena, que sim, o feriu bastante, não poderia negar.


- Filho, tem visita pra você – anunciou Dobin do lado de fora do quarto.

- Não quero ver ninguém, Appa – Kyungsoo nem fazia ideia de quem era, mas quando dizia que não queria ver ninguém, era ninguém mesmo.

- Tem certeza? – Dobin ainda deu mais uma chance para que ele mudasse de ideia, mas tendo o gênio da mãe...

- Tenho! – afirmou o Do mais novo. – Não quero ver ninguém! – reiterou, botando fim em qualquer futura tentativa.


Como Dobin havia imaginado...


- Sinto muito, Jongin, ele disse que não quer falar com ninguém – Dobin sabia que tinha algo errado, mas não ousaria perguntar, não era da sua conta.

- Tudo bem – Jongin suspirou tristemente. – O senhor pode entregar isso a ele? – questionou, entregando um pedaço de folha de caderno rasgada.

- Entrego sim – Dobin apenas recebeu o papel, e após a saída de Jongin, foi até a porta do quarto do filho e passou o papel por debaixo.



Pensando melhor, Kyungsoo não deveria estar tão magoado assim com Jongin, mas se o estava, qual era o motivo? Claro que ele já sabia, só não queria admitir, não depois do que viu. Estava claro que Jongin não gostava de si, muito menos de homens, pois se gostasse, não estaria abraçando Gayoung daquele jeito.

Na terça-feira não foi para a aula. Primeiro por não querer encarar Jongin, segundo não estava pronto para o interrogatório que o Byun certamente faria, e em terceiro, porque, desde a tarde do dia anterior estava chovendo e não estava a fim de levantar e assistir aula. Milagrosamente, Yejin não insistiu para que o filho fosse para o colégio, parecia sentir que algo estava errado com ele, mas como se recusava a falar, resolveu que não insistiria, no tempo certo ele falaria.

Durante o restante daquele dia, Kyungsoo manteve-se firme em ignorar quaisquer tentativas de contato, Baekhyun inclusive o ameaçou de morte, mas não é como se alguma ameaça do Byun fizesse medo realmente.

Na quarta-feira Kyungsoo foi ao colégio, seu ânimo estava tão “bom” ou pior do que na segunda-feira, depois de ver Jongin agarrado à Gayoung, lógico.


- Posso saber onde você esteve? – Baekhyun questionou, com as mãos na cintura e batendo o pé no chão.

- Hoje não, Baekhyun! – foi só o que Kyungsoo se limitou a responder.

- Soo... o que aconteceu? – não era normal Kyungsoo ficar daquele jeito por tantos dias. O que estava acontecendo que ele não estava sabendo?

- Prometo que depois te conto, mas hoje só me deixa aqui, tá?! – num pedido cansado, Kyungsoo olhou para o amigo, que apenas balançou a cabeça numa afirmação muda e preocupada.


O estranho, porém, foi não ter visto Jongin naquele dia, o que para si foi até um alívio, pois já tinha se conformado de que estava apaixonado pelo moreno, mas estando este de caso com Gayoung, quanto menos o visse melhor, pelo menos nos primeiros dias. Entretanto, Jongin também faltou na quinta-feira, o que deixou Kyungsoo preocupado, e a preocupação aumentou ainda mais quando o Kim não deu as caras na sexta também.


- Chanyeol... porque o Jongin faltou esses dias? – Kyungsoo não aguentava mais ficar sem notícias do moreno. Será que tinha acontecido algo grave?

- Ele tá doente – respondeu Chanyeol, sem muita vontade, suspirando em seguida. – Não vem desde a terça – completou.

- E o que ele tem? – então Jongin estava doente? Mas por que?

- Ele tomou chuva na segunda, agora tá lá, ardendo em febre – Chanyeol estava preocupado demais com seu lanche para ver a preocupação estampada nos olhos do Do.


Jongin tinha a saúde frágil, não podia nem ficar muito tempo no sereno que adoecia, quem dirá tomar chuva. Onde ele estava com a cabeça para permitir uma coisa dessas? Ah... e como Kyungsoo sabia disso? Graças a entrevista que seus pais fizeram no sábado. Kyungsoo ficou sabendo de várias coisas sobre ele, inclusive onde morava, e foi para lá que seguiu quando largou do colégio.


- Número vinte e três, número vinte e três... – Kyungsoo repetia para si mesmo a informação que lembrava. Estava na rua onde o moreno disse morar, esperava estar certo.


Avistou a casa de número vinte e três. E como bem tinha descrito Jongin, era simples, toda feita de tijolos vermelhos. Na frente, um pequeno jardim adornava aquele local. Com o coração na mão, seguiu até a porta e bateu três vezes e em pouco tempo a porta foi aberta.


- Pois não? – uma senhora, muito bonita por sinal, abriu a porta. Nem precisou de muito para saber que Jongin morava ali. Aqueles olhos lhe eram tão familiares...

- É aqui que mora Kim Jongin? – Kyungsoo tinha a voz trêmula e receosa.


Será que Jongin faria consigo o que tinha feito com ele dias antes?

CONTINUA

30 de Junio de 2018 a las 00:57 0 Reporte Insertar Seguir historia
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