helenasterling Helena Sterling

Eu já vi isso antes. Há muito tempo. Vai se repetir, é verdade, mas, dessa vez, não é minha função intervir.


Cuento No para niños menores de 13.

#au #universo-alternativo #ficção-ciêntífica #espaço #universo #galáxia #mundos
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Fim


Escuro. Solitário. Gotas de suor escorrem pelo rosto devido ao esforço. Pó. Ferro. Cárcere. No fim, a fuga.

Mesmo em mil anos, nada mudou. Vagar por este mundo cheio de falhas e erros me ensinou muito. Não confiem num humano, quanto mais dóceis eles parecem mais propensos estão a te matar de maneiras dolorosas. Sei que deve haver mais do mundo do que o singelo pedaço que foi mostrado pelas minhas andanças, porém, é certeza quando afirmo que o mal desde mundo é muito mais forte e presente do que o bem.

Mas, não foi a isso que vim. Não. Discutir a capacidade humana de errar da mesma maneira um bilhão de vezes não é minha missão. Se é que eu possuo algo tão certo e objetivo que possa ser nomeado assim. A humanidade que caminha podre tentando acreditar que está fazendo seu melhor não me diz respeito, não mais. Desisti de tentar viver como estes tolos há muito tempo. O jeito como pensam não faz sentido algum para mim.

Venho, na verdade, contar a história de Vidas e de vidas sua morte. Uma guerra sem destino travada por seres sem pensamento ou vontade própria. Um futuro não muito distante dos humanos e um passado longínquo de onde vim. Não digo que esta história pode evitar um trágico futuro ou mesmo prevê-lo. Isso seria tolice. Apenas quero deixar viva a existência do planeta que deixei e dos amigos que perdi.

Aviso desde já: Não espere um final feliz.

Nunca conheci a paz, nem a falsa, nem a verdadeira tão almejada que está em tantos livros. Eu vivo e respiro guerra desde o nascimento. Está em meu sangue, minhas veias, meu coração.

No ano em que nasci a guerra estava em seu auge. Concebido em meio à batalha, minha mãe morreu em meu parto e fui levado ao lugar onde passei toda a minha infância, se é que posso chamar assim. Blocos metálicos, sujos, caindo aos pedaços e sem um pingo de compaixão era o que chamei de lar. Crianças? O que é isso? Não há isso na guerra. Desde que possua os dois braços intactos você luta e luta até a morte. Fui treinado em meio a tantos em situação parecida, a maioria não durava meses, pior, semanas. Aos cinco anos eu arrancava cabeças sem o menor esforço. Uma máquina de caça, um monstro. Até os veteranos tinham medo de mim. O único sobrevivente entre as seis milhões de crianças submetidas ao processo.

Não é um orgulho admitir isso. Morrer teria sido mais fácil. Eu vi todos morrerem naqueles testes estúpidos. Todos a quem me apeguei. Pra me tornar uma máquina de matar aos cinco anos de idade. Não valeu a pena nem por um segundo.

Nessas horas queria ser como os humanos. Minha espécie não esquece absolutamente nada, lembramos do dia em que nascemos até nossa morte sem lacunas ou falhas. Minha pequena maldição. Os rostos e os nomes estão gravados para sempre na minha mente. Pingos de gente sorrindo com seus brinquedos na mão seguidos por olhos mórbidos e frios.

No meu planeta as coisas funcionavam assim. Em prol de uma guerra sem sentido o sacrifício era explicável e necessário. A população desprovida de conhecimento ou vontade própria é manipulada livremente pelos poderosos. Basicamente uma terra de robôs movidos a controle remoto.

Apenas nós, os guerreiros desta guerra inútil, que damos nosso sangue e alma em nome de uma causa sem sentido ou fim tínhamos o direito de saber a verdade entre os mais fracos. Mas eu era diferente. Não fui um guerreiro treinado, nasci ali, para mim não havia nada além do que aqueles imundos e frios blocos de concreto. Permitiram-me tudo. Acreditavam que eu era seu trunfo, a criança que sobreviveu, o destino que levaria a vitória.

Estavam errados.

Eu era sua ruína completa.

Fui ensinado por estrategistas e estudiosos. Sábios e pensadores. Gênios e generais. Queriam-me perfeito. Não poderia haver o risco de eu perder uma batalha. Pensavam me usar para alcançar a própria glória e ao invés de dominar como fantoches metade do mundo o dominariam por completo.

O conhecimento que recebi, guardei para mim. E mesmo tendo sido criado e treinado para achar a solução não havia nenhuma. O mundo estava podre. Corrompido por sua própria sede de poder. Não havia lado certo. Estava tudo errado.

Quando fiz dez anos me inseriram na batalha real. No campo onde milhares de vida se esvaiam como água evapora todos os dias. Era eu, a criança, entre adultos. Mas eles não tinham passado por metade do que eu passei. Não havia comparação. Eles se alistaram por obrigação ou vontade própria, a maioria por obrigação, e em menos de dois meses de um treinamento precário foram jogados naquele inferno. Pra mim, aquela era toda a minha vida. Treinar, matar, atirar, defender, lutar, atacar, desviar. Era tão natural quanto o ar que sai de meus pulmões.

A minha raça tem só uma pequena diferença física com os humanos. Todos nós temos olhos roxos.

Isso aconteceu devido uma doença mundial cuja cura nos faz ter esse estranho tom nos olhos. Ou pelo menos, é isso que os livros de história dizem. Não há garantia que eles não tenham sido manipulados pelo governo também. Não duvido nada que em algum momento eles tenham prendido toda população em uma espécie de experiência que modificou sem querer a cor natural dos olhos. Talvez isso esteja diretamente ligado com o fato de não esquecermos as coisas e outros detalhes que fazemos e humanos não. Talvez seja por isso que os do governo nunca mostraram o rosto, eles não possuíam nossos olhos, pois não participaram da experiência. Mas, claro, isso são só minhas teorias inúteis.

Meu mundo sequer existe agora.

Voltando a minha história. Naqueles campos desolados e desérticos em que as batalhas eram travadas vi muitos morrerem, matei mais ainda. Permaneci ali por quase uma eternidade, que na verdade foi pouco mais de um século. Sim, meu povo não morre ou envelhece a não ser por suicídio e homicídio. Isto seria outro efeito colateral da experiê... Quer dizer, da cura pra tal doença ancestral que atingiu o planeta. Enfim, depois desse pouco mais de um século eles perceberam que estavam vencendo e eu percebi que não queria mais participar daquilo.

Fui ao meu superior direto e simplesmente disse:

—Não farei mais isso.

Eu estava convicto, nada me convenceria a matar de novo.

Eles tentaram me enrolar, mas eu já estava preparado. Aquele foi apenas o aviso. Eu já havia preparado tudo pra fugir. Foi naquele momento que o trunfo deles se tornou sua ruína. Eu desapareci no caos do mundo e acreditem, caos é pouco. Nas cidades, fome, miséria e estado de precariedade total. Não havia sã alma que pudesse ser salva. Uma verdadeira selva. Minto. A natureza selvagem é milhões de vezes mais organizada e civilizada que o que vi naquelas ruas. Nas florestas... o que estou dizendo? Isso não existia. Aprendi este termo depois que cheguei a Terra. Floresta. Natureza. Meu mundo era um complexo cinza de concreto e metal feito pelos homens em seu orgulho, ganância e sede de poder. Alta tecnologia era o que impedia os alimentos de acabarem, mas também não era suficiente para alimentar a todos. Resumindo, os problemas se acumulavam em mais problemas que não tinham apoio em nada. O governo pouco se importava com o que acontecia desde que a guerra fosse ganha.

Não era bonito de se ver. Até me espantei com a imensidão azul que é a terra vista do espaço. No meu mundo tal cor era um sonho distante de uma época melhor.

Naquele momento decidi por um fim a tudo. Carregaria para sempre o peso do destino de Vidas nas costas.

Eu era diferente. Sempre soube no fundo do meu ser que havia sido planejado por eles cada segundo de vida minha, desde a fecundação até o momento que fugi deles. Um ser artificial. O que mais me fariam fazer se não tivesse escapado? Não gosto nem de pensar no caso.

Eles não parariam no final da guerra, mas o que fariam depois? Não haveria mundo para contar a história mesmo.

Não havia tempo para pensar nisso.

Eu destruí o meu planeta e fugi sozinho. Aquela cápsula me levou a um lugar aleatório do espaço enquanto Vidas explodia em milhões de pedaços em fogo, concreto e metal.

Como eu fiz? Foi fácil. Mais fácil do que deveria. Bastou detonar um dispositivo que eles criaram:

Eu.

O ser artificial que eles acreditavam estar do seu lado podre e corrupto.

A verdade é que sou como um ser normal, mas em meu centro há uma quantidade desconhecida e incalculavelmente destrutiva de energia que me mantém vivo. Essa energia quando liberada sem controle pode destruir sóis. Bastou uma gota para meu planeta se esvair por completo.

Às vezes me pergunto se não fui criado justamente para esse propósito: conter a energia destrutiva que eles haviam criado e usá-la segundo seus propósitos.

No final acabei na Terra. Essa grande bolha azul.

No final, a Terra é tão propicia a acabar como Vidas que dói assistir.

Não quero destruir outro planeta para acabar com o sofrimento de seus habitantes e com a ganância de seus líderes.

Ainda há esperança para este azul que eu queria ter visto no lugar onde nasci. Espero que esse povo dê a ele seu devido valor antes que seja tarde demais.

Desta vez, não pretendo intervir. O destino que vier, os humanos terão de aguentar até o fim.

9 de Junio de 2018 a las 12:49 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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Helena Sterling 𝄪•❥ɪ ғᴇᴇʟ ʟɪᴋᴇ ɪ ʙᴇᴄᴀᴍᴇ ᴀ ᴢᴏᴍʙɪᴇ^^ No dia em que aqui residir uma bio decente, o mundo acaba *-* Tenho contas no wattpad e spirit com mesmo nick <3

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