devilwhore P. Miranda

"Em algumas culturas, a rosa azul significa mistério ou alguém que busca alcançar algo considerado impossível, pois as pessoas acreditam que elas possuem o dom de realizar um desejo. Cravos brancos estão ligados ao amor puro, representam talento e boa sorte." { TAORIS/ANGST/DEATHFIC/SONGFIC }


Fanfiction No para niños menores de 13.

#love #drama #kpop #deathfic #exo #songfic #zitao #ztao
Cuento corto
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So Tired

I'm so tired of being here

Suppressed by all my childish fears

And if you have to leave

I wish that you would just leave

'Cause your presence still lingers here

And it won't leave me alone


    A neve estava caindo lentamente, marcando o começo daquela estação que prometia ser tão gelada… Bom, pelo menos era isso que os jornais anunciavam na televisão: o inverno mais gelado dos últimos dez anos. Com certeza essa notícia lhe alegraria muito, não é, YiFan? Você sempre foi um grande amante de nevascas e de ficar brincando como uma criança no mar de fofura branca.

   Eu observava os pequenos flocos descerem dos céus lentamente enquanto bebericava meu chocolate quente e sentia minha cacharrel de lã preta pinicar de leve meu pescoço… Se não fosse um presente de uma pessoa especial, com certeza não estaria usando.

   Enquanto meus olhos se perdiam na paisagem do lado de fora senti braços me abraçarem a cintura com carinho, para um beijo depositar-se em minha nuca no momento seguinte. Dei um suspiro pesado e coloquei a xícara fumegante sobre a mesa da cozinha, virando-me para a pessoa de braços aconchegantes.

   - SeHun, o que está fazendo? - Perguntei com a voz baixa e um sorriso delicado, enquanto o menino de cabelos loiros e mãos delicadas me fazia carinho na face.

   - Abraçando meu namorado. Não posso? - SeHun fez um bico enquanto falava, acabei por depositar um selo delicado em seus lábios, achando fofa a cara que ele fazia.


These wounds won't seem to heal

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase


   - Estava uma delícia, Tao. Como sempre… - Enquanto elogiava o almoço que fiz às pressas SeHun sorria feito uma criança e eu não conseguia não pensar em como era triste não poder mais admirar seu sorriso, YiFan.

   Acho que nunca fui muito justo com SeHun, por mais que gostasse dele, era como se você estivesse sempre ao meu lado, uma leve culpa corría meu coração todas as vezes que eu o beijava, abraçava ou respondia as doces palavras que a mim eram dirigidas.

   - Hoje eu tenho um compromisso de tarde, mas não devo demorar muito. - Disse com calma, enquanto me levantava da mesa já pegando os pratos e levando até a pia. Ainda que em nossa casa a função de lavar os pratos fosse de SeHun, eu sempre achava melhor pelo menos tirar a mesa. Mesmo que fosse eu quem cozinhasse as refeições.

   - Tudo bem, eu acho que vou até a casa da minha mãe. Você vai aonde? - Agora ele quem se levantava seguindo para a geladeira, provavelmente em busca de algo doce para comer. Não encontrando nada, é claro, pois eu não fizera nada naquele dia.

   - Vou visitar um velho amigo… - Um suspiro pesado saiu de meus lábios assim que terminei de falar, pude ver que meu namorado parecia confuso, mas apenas acatou e seguiu para a pia, começando a lavar os pratos enquanto assobiava uma melodia qualquer.


When you cried, I'd wipe away all of your tears

When you'd scream, I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me


   Abri a porta do guarda-roupas e peguei um grande e bem quente sobretudo preto, vesti sobre minha roupa da mesma cor e peguei minha touca acinzentada, finalizando tudo com um par de luvas vermelhas de lã, presentes que sua mãe me dera muitos anos antes.

   Por alguns momentos me sentei na cama e observei todo o quarto ao redor, me lembrando de cada uma das boas coisas que passamos ali. Abri a gaveta de minha escrivaninha e lá estava meu velho álbum de retratos… Não me demorei a folheá-lo, observando cada um das belas fotos.

   Uma de nós dois juntos no parque, quem tirou foi Chen, ele sempre disse que era a sua preferida. Depois passei por duas ou três fotos de nosso aniversário de dois anos juntos, você estava usando aquele blazer vermelho que veludo que eu te dera no Natal daquele mesmo ano. Algumas fotos de nossas viagens, comemorações, encontros de amigos… Sorri sem querer.

   Então, com pesar, a primeira foto de todos nós no hospital. Você na cama com os cabelos já bem mais curtos que o normal, assim como a pele pálida e um sorriso fraco no rosto, eu segurava sua mão e XiuMin e JongDae pareciam meio desconfortáveis em sorrir meio a tudo aquilo. Depois dessa vislumbrei uma de seu aniversário, agora já careca e muito mais magro, em suas mãos um pacote de presente, eu sentado a seu lado segurando um bolo com a velas de dois e de três indicando sua idade. Vinte e três anos… Tão jovem, não é?

Uma lágrima caiu sobre o plástico que protegia as fotografias, foi então que achei melhor fechar aquilo e sair logo, não era hora de chorar, teria tempo para fazê-lo mais tarde.


You used to captivate me

By your resonating light

Now, I'm bound by the life you've left behind

Your face it haunts my once pleasant dreams

Your voice it chased away all the sanity in me


   Abri a porta e sorri ao ver SeHun se aproximar fazendo um bico, como quem pedia por seu beijo de despedida. Eu o fiz, acariciando seus cabelos com delicadeza enquanto me despedia dizendo que estaria de volta o mais logo possível.

   Saí pela porta do pequeno apartamento, dirigindo-me ao elevador, apertei o botão e não demorou que ele chegasse até nosso andar, o sexto. Fora escolha sua, lembra-se? Eu queria morar na rua de trás naquele apartamento de dois quarto, mas você disse que um quarto apenas bastava, já que esse era maior.

   Cheguei ao térreo e comecei a seguir pelas ruas cobertas de neve, que agora já não caía mais. Sentia o vento gelado congelar a ponta de meu nariz em uma sensação dolorosa, porém que me enchia de algum tipo estranho de prazer.

   A cada passo que eu dava por entre as ruas da grande cidade era como se meu coração ficasse um pouco mais pesado. Minhas mãos se encontravam em meus bolsos e ao pensar sobre elas logo me lembrei de como era gostoso andar por aí com nossos mindinhos discretamente entrelaçados, evitando os olhares alheios, ainda que sentindo-nos rebeldes por isso.


These wounds won't seem to heal

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase


   Já perto de meu destino me vi em uma rua cheia de pequenas floriculturas, todas como barraquinhas se estendiam até o final da via, cada uma mais colorida com a outra, protegendo suas plantas da neve com toldos azuis, verdes e, até mesmo, alguns vermelhos. Se não fosse um lugar triste, com certeza me arrancariam um sorriso.

Parei de frente a uma das lojinhas e fiquei observando todas as espécies de flores ao meu redor, deixando que seus perfumes exóticos me encantassem por alguns momentos, até que finalmente meus olhos se guiaram para um vaso com diversas rosas de um azul brilhante que me deixaram hipnotizado.

   - Com licença, posso levar algumas dessas? - Perguntei baixo para a senhora que se encontrava de costas atrás do minúsculo balcão, parecendo cuidar de um margarida rebelde que recusava-se a ficar de pé.

   - Oh! Me desculpe, meu filho, eu estava distraída. - Ela era pequena, uns quinze centímetros a menos do que eu, meio corcunda e de resto bem redondo, ainda que com um sorriso muito doce e simpático, seus olhos eram doces.

   - Tudo bem. - A agraciei com um e meus mais belos sorrisos, fazendo a idosa parecer feliz. Ela olhou para o lugar onde eu estava, logo vendo as rosas azuis ao meu lado suspirou e foi até o vaso.

   - Bela escolha, meu filho… Rosas azuis trazem com elas um sentimento de desejo profundo, assim como mistério e um sonho a ser alcançado… Se me permite fazer uma indicação, junto a elas eu colocaria alguns cravos brancos no bouquet, para colocar junto desse desejo o amor inocente que eles representam… - Ela me encarava com um sorriso delicado, como se estivesse a ler meus pensamentos… Senti até mesmo um arrepio me percorrer a espinha com aquela fala.

   - Por favor… - Foram as únicas palavras que me saíram dos lábios tamanha era minha surpresa com a forma como a mulher me lia.

   Vi a senhora começar a arrumar as rosas e cravos em um belo bouquet, enrolado por um papel negro com detalhes em prateado, era tão lindo que mal me lembrei do motivo que me levava a comprá-lo. Você com certeza teria achado lindo, caso eu tivesse escolhido a combinação para levar em alguma das muitas vezes que troquei as flores no pequeno vaso ao lado de sua cama no hospital.


When you cried, I'd wipe away all of your tears

When you'd scream, I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me


   A neve voltava a cair, lenta, delicada e silenciosa, quase como um carinho gelado me tocando a pele enquanto eu atravessava o grande e velho portão de ferro semi-aberto e observava as galerias formadas por todos os tipos de esculturas sombrias e melancólicas.

   Antes da sua partida eu sempre considerei cemitérios como lugares artísticos e ostentativos, me perguntando todos os dias o motivo das pessoas gastarem com os mortos tanto mármore caro e trabalho de grande escultores… Mas hoje, eu entendo bem.

   Uma coisa que me acostumei a fazer foi me perder no grande campo de lápides, sempre no objetivo de pegar um caminho diferente para chegar até você. Acho que assim me parece que algo novo entre nós se instala cada vez que vou visitar-lhe.

   Depois de andar por diversas alas desconhecidas, tendo adentrado por um portão do lado oposto ao habitual, finalmente avistei sua rua… Essa já tão familiar que me chegava a arrepiar tamanha a dor que era começar a traçar meu caminho até onde tu te encontras.

   Dei meu primeiro passo, lembrando-me de como fora quando ajudei seus irmãos e primos a carregar seu caixão, enquanto minhas lágrimas escorriam tão pesadas que eu mal conseguia enchergar, era um dia quente e ensolarado, do tipo que você menos gostava. Mais um pé a frente e eu me lembrei de toda as vezes que lhe vi aos prantos pelo dor que o tratamento lhe infligia. Ainda mais um passo e me lembrei de quando disse para que eu não parasse minha vida por sua causa, pois já sabia que estava chegando seu fim…

   E por fim, assim que me vi parado em frente a sua lápide a única cena que me passava pela cabeça era a da hora em que lhe ouvi me dando boa noite, fechando os olhos e permanecendo assim eternamente.


I've tried so hard to tell myself that you're gone

But though you're still with me

I've been alone all along


   Parado de frente a grande estátua de um anjo caído sobre seu túmulo logo estava de joelho no chão, chorando como uma criança que se perdeu dos pais, deixando que toda a saudade que sinto de você escorresse por meus olhos, as lágrimas praticamente congelando em meio a neve que começava a cair mais espessa.

   Todos os dias eu fazia o meu melhor para esconder aquele sofrimento, mas em momentos como aqueles eu sentia tanto a sua presença ao meu lado e o que mais doía era não poder tocá-lo, ou vê-lo… sequer conseguia sentir seu perfume doce e delicado.

   Finalmente consegui me levantar, caminhando para a grande caixa de mármore avermelhado onde se encontrava seu corpo. Tocando a superfície coberta de neve limpei o gelo branco que cobria seu epitáfio, fiquei parado por alguns instantes, lendo as palavras delicadas ali escritas:


“Descanse em paz,

Wu YiFan,

Um filho dedicado, irmão cuidadoso e amigo leal.

Sua doçura e amor ficarão para sempre guardados

Nos corações de todos aqueles que um dia

Chegaram a lhe conhecer.”


Se seus pais soubessem que não era apenas meu melhor amigo, mas também que éramos amantes, será que teria algo como “namorado apaixonado” na inscrição? Acho que não… Eles jamais teriam nos aprovado. Nem todos tem a sorte de ter pais como os meus. SeHun também nos esconde de suas família, mas isso não me incomoda, é uma opção, afinal.

Coloquei o bouquet de flores sobre o túmulo, pensando que provavelmente em menos de três dias o coveiro viria e tiraria dali qualquer resquício de minha passagem… Se eles não limpassem as flores deixadas por tantas pessoas todos os dias no cemitério, com certeza tudo estaria uma grande sujeira.


When you cried, I'd wipe away all of your tears

When you'd scream, I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me


Fiz algumas orações, contei a você tudo sobre minha vida nesses últimos tempos, te lembrei que já faziam cinco anos desde sua partida e que estava com muitas saudades, para finalmente começar a caminhar pela viela cercada de lápides e túmulos, tentando não pensar em como seria difícil chegar em casa com meu coração como estava.

Uma rajada de vento mais forte bateu pouco antes de um dobrar uma esquina, acabei olhando para trás… Tomei um leve susto ao perceber que as flores não estávam mais onde eu as havia deixado, apenas desapareceram em um piscar de olhos.

Imaginei que tivessem caído ao lado da estátua por isso dei alguns passos de volta ao local, parando de frente ao grande monumento, suspirei pesado, ficando a procurar pelas flores, que misteriosamente não estávam em lugar algum.

Acabei por me aproximar ainda mais daquilo, olhando de novo para a placa de ferro com as belas escrituras… Lá estava uma única rosa, delicadamente colocada sobre um pedacinho de papel não maior que a minha mão, senti um arrepio me percorrer toda a espinha; não de medo, mas de excitação.

Peguei o bilhete com as mãos tremendo, sem saber o que esperar daquilo, meu corpo mole e desesperado, finalmente consegui ver que algo estava escrito ali com tinta preta e sua caligrafia.

“Querido, ZiTao,

De todas as flores que ganhei em vida, e em morte,

Com certeza as de hoje foram

As mais bonitas.

Com amor,

YiFan.”

6 de Junio de 2018 a las 14:58 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

Conoce al autor

P. Miranda Uma autora dessas que ou escreve putaria insana, ou drama pra te fazer debulhar de chorar. De vez em quando junta os dois, só pra variar.

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