lucnas Lucas Guilherme

Laxan é um imenso reino governado por seres “celestiais” que são responsáveis por manter a justiça, a ordem e a paz em nome de seu deus. Mas o que é a justiça? Quem são esses seres alados que governam o reino? No meio dessas questões, uma revolta surge! Uma guerra brutal e sanguinária consome tudo o reino, guerra a qual um dos lados são… Demônios? Explore o prelúdio da guerra, conheça personagens importantes para a história! Explore seu vasto mundo onde nem sempre o bem vence o mal, a mocinha precisa ser salva e as histórias terminam com um final feliz. Quem irá vencer essa guerra? Decida o seu lado e viaje nesse mundo… Obs.: Desde já peço desculpas por possíveis erros, peço que não desistam da história e que me contem o que acharam para que possa sempre melhorar a mesma!


Cuento Todo público.

#fantasia #drama #ação #guerra #medieval
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Conto 1 - O Homem Simples

Acordo assim como sempre antes do nascer do sol, minha esposa está ao meu lado na cama ainda dormindo, a observo por alguns segundos, me levanto silenciosamente, vou ao banheiro urinar e lavar meu rosto, o dia está quente, me arrumo, pego meu almoço preparado na noite anterior, algo para comer no caminho e parto para mais um dia de trabalho.

No caminho a pé até a fábrica de tecido vejo Grim o padeiro já trabalhando, vejo o guarda Malark encerrando seu expediente, o velho Darvin bêbado como sempre dormia na sarjeta, resmungando algo sobre uma guerra que se aproxima. Na fábrica, vou até meu posto e trabalho sozinho buscando defeitos nos tecidos produzidos, almoço no meio do dia e volto ao meu posto até o sol começar a se por. Volto para casa e minha esposa está me esperando no portão com nosso filho, ao me ver ela sorri e meu filho vem ao meu encontro, eu o abraço e pego no colo, vou até minha esposa e a beijo antes de entrar em casa, jantar, tomar um banho, por meu filho para dormir e descansar.

Mais um dia começa da mesma maneira que todos os outros, murmúrios sobre uma guerra aumentam, mas guerras não tem relações comigo, não possuo interesse nelas; minha vida é boa e desejo que continue assim por muitos anos.

Tenho um pesadelo e acordo assustado, minha mulher não está na cama, chamo seu nome e ela aparece vinda da cozinha; fala que acordou cedo e sem sono e que decidiu preparar meu café da manhã. Tenho um mau pressentimento, vou ao banheiro como sempre, o dia está frio (pela primeira vez em tempos), me alimento na companhia de minha esposa, pego meu almoço e parto para o trabalho, ainda tenho o mau pressentimento. A cidade está quieta, mais que o normal, não vejo Grim, Malark e nem mesmo Darvin nas ruas, estranho o fato, mas vou até o trabalho, ao chegar encontro uma placa que informa que todos os homens com idade acima de 15 ciclos deveriam comparecer a frente do palácio do lorde da cidade, meu mau pressentimento aumenta cada vez mais.

Quando chego no local designado, vejo que já existe uma aglomeração, pergunto a um conhecido o que está acontecendo e ele me fala que não revelaram nada ainda, mas que o lorde da cidade deve dar uma explicação a todos em breve. Me aproximo do palanque existente ali, vejo que existem homens conversando com o lorde e que ele demonstra nervosismo, estes homens são robustos e desconhecidos por mim, usam armaduras bem ornamentadas e portam “belas” espadas (se é que se pode chamar uma espada de bela) em suas cinturas. A cada segundo que passa, sinto que algo está errado e que meu coração irá sair pela boca.

O Lorde da Cidade finalmente toma coragem e sobe no palanque acompanhado daqueles soldados estranhos e começa a dizer que a guerra chegou ao nosso país, que nossos inimigos eram como demônios devastando tudo por onde passavam, que nossas tropas estavam resistindo como podiam a sua investida, mas que não era o suficiente, disse que chegou a hora de lutarmos por nosso reino. Eu gelei, perguntei se todos seríamos obrigados a ir, um dos soldados que parecia ser o chefe disse que não éramos obrigados, mas que não ir seria considerado um ato de traição, então vi Grim dizer que sua única obrigação era com sua padaria e que não era um escravo para ser forçado a lutar por um rei que nunca viu, que nossa cidade era distante e que a guerra nunca nos atingiria... Ele mal acabou sua fala, quando um tapa atingiu seu rosto tão forte que o jogou no chão, o soldado que desferiu o golpe o chamou de traidor e fraco, disse que diversos soldados estavam naquele momento morrendo para proteger o país, para manter nossas esposas e filhos à salvo. A verdade é que nós não ligamos, nossa cidade não tem nada atrativo para os invasores, somos pacíficos; mas não houve diálogo. O chefe dos soldados nos disse que tínhamos uma lua de tempo antes da partida, que deveríamos ir nos despedir de nossos filhos e esposas, fazer os demais preparativos para partir amanhã no mesmo horário e que aqueles que descumprirem essas ordens receberiam pena de morte pela traição.

Cheguei em casa e contei a minha esposa o ocorrido, ela chorou e meu coração se partiu ao ver. Peço que ela seja forte, falo que tudo dará certo no final e que logo estarei em casa (mesmo não sabendo se é verdade). Sei que meu filho é muito novo para entender o que estava acontecendo, mas tento explicar da melhor maneira possível que teria que partir, peço que ele cuide de sua mãe enquanto estarei longe, o abraço e passo o restante do dia com minha esposa e filho, tentando guardar cada parte do sentimento que tenho quando estou com eles, pois não sei quando terei isso de novo. A noite chega. Deito, porém não consigo adormecer, o pensamento de ir para uma guerra me aflige, tenho medo do que pode acontecer lá, sinto raiva do inimigo por atacar nosso país, sinto ódio de nosso rei que não conteve a invasão sem precisar da ajuda de pessoas comuns como eu... Enquanto me perdia nesses pensamentos adormeço.

O dia amanhece, minha esposa já acordada preparou as coisas para minha jornada, me arrumo demoradamente, passo em todos os cômodos da casa como se tentasse aproveitar cada centímetro da mesma, pois não sei quando voltarei, abraço meu filho e me despeço de minha mulher com meus olhos cheios d’agua. Resisto e não demonstro fraqueza perante eles. Parto sem olhar para trás, mas deixo ali meu coração, tenho esperanças de voltar, mas a sensação que jamais o farei.

Chego ao lugar determinado, todos os homens da cidade se encontram ali, parados hipnotizados olhando algo no palanque, me aproximo e vejo um grupo de corpos amontoados, dentre eles se encontra o de Grim, o padeiro. Chocado, pergunto a um conhecido o que aconteceu e ele me informa que estes homens tentaram fugir durante a noite e foram pegos pelos soldados, a revolta preenche meu corpo mas não faço nada, me sinto ainda pior por isso. Depois de aguardarmos um tempo, os soldados nos contaram e verificaram que todos estavam ali, então partimos para longe de nossos lares.

Durante o caminho, a cada dia mais pessoas vindas de cidades próximas se juntaram a nós, no oitavo dia descubro que já formávamos uma multidão com mais de 10 mil homens, no décimo dia chegamos a um enorme acampamento. Ainda na entrada ouvimos chacotas vindas de soldados que diziam que nunca seríamos soldados de verdade, alguém responde falando que nunca quis ser um soldado e leva um soco no estômago do soldado mais próximo, ninguém faz nada a respeito.

Sinto saudades de casa.

Fomos “treinados” (se é que poderia ser chamar de treino), por duas semanas. Nos mostraram como se deveria utilizar uma lança, um escudo e uma espada, mas nós na grande maioria não tínhamos o dom, o que deixava os comandantes mais nervosos e violentos a cada dia. Comíamos comidas horríveis, inferiores as dadas aos porcos em nossas terras, tínhamos saudades de casa e eu sonhava todos os dias com minha esposa e filho. Um destacamento de soldados nosso foi enviado, 3.500 soldados foram, 200 voltaram.

Sinto medo.

Finalmente chega o dia em que vamos em direção ao nosso destino, usamos armaduras velhas e gastas, armas mal afiadas e escudos danificados. Minha armadura cheira a fezes e sangue velho, sei que seu antigo dono morreu em combate e ela não foi lavada após isso. Todos nós estamos com medo, penso se chegou o dia de minha morte, então ouço um barulho como o choro de um do céu em agonia, após uma fração de tempo o chão começa a tremer, o tremor cada vez mais é sentido mais próximo, vejo que nosso exército está inquieto e pergunto a um homem do meu lado que é muito mais alto o que está acontecendo, ele me diz que os exércitos inimigos estão em menor número mas que cada soldado inimigo é do tamanho de dois ou mais de nós e que mesmo a distância dava para perceber que eles não pareciam humanos, me amedronto com a ideia, ouço o toque da trombeta e parto em conjunto como restante do exercito em direção ao meu destino.

Não vejo nada, está tudo uma confusão, o cheiro de minha armadura me enjoa, como estava na parte traseira do batalhão não confrontei o inimigo. Vejo um corpo humano voar e cair ao meu lado, tento não pensar em como ele foi arremessado, a trombeta soa novamente e vejo nossos soldados (os soldados de verdade) irem com seus cavalos pelos lados provavelmente para atacar os soldados inimigos pelas laterais, piso em algo que não era o chão e quase caio, percebo que era um corpo humanoide, mas muito maior que um humano comum, não tenho tempo para parar e examinar aquilo. Continuo andando.

A batalha aquele dia, acabou com nossa retirada, no momento que ouvi as ordens, corri como se minha vida dependesse daquilo, e de fato dependia, ouço o grito jubilante das tropas inimigas ao mesmo tempo que ouvia o grito de dor de nossos soldados que iam sendo abatidos como galhos que bloqueiam uma trilha na floresta. O odor do campo de batalha é tão forte que já não sinto o cheiro de minha armadura, estou cansando de correr e ainda estou longe do nosso ponto de defesa. Vejo que um cavalo se aproxima e me assusto por um breve momento antes de perceber o rosto familiar do Malark, ele me puxa e joga sob seu cavalo e corremos para a área segura.

Ainda perturbado com tudo que aconteceu, Malark me falou que era bom ver um rosto conhecido vivo, pergunto o que ocorreu e ele fala que os inimigos são mais fortes do que ele imaginava, suas tropas dizimaram nossa linha de frente e mesmo o ataque pelas laterais não foi muito efetivo, diz que está preocupado e que não sabe o que o general fará agora. Conversamos mais um pouco, ambos fingindo não estar com medo nos despedimos antes de cada um partir para as nossas alas designadas.  Não durmo a noite pensando na batalha, sinto cada vez mais que talvez não volte para casa.

Quase metade de nossas tropas morreram na batalha do dia anterior, eles já não se preocupam mais em fingir que nos treinam, estão todos com medo aguardando a chegada de reforços, temendo um ataque do inimigo o qual não ocorreu durante o dia todo, todos estavam ficando mais tranquilos até que a noite chegou.

O céu estava nublado e não se via nada fora dos muros da cidade improvisada que usávamos como acampamento, então escutamos o som inigualável da marcha inimiga, o grito assustador assim como naquele dia arrepia minha alma. Todos se arrumam as pressas e se preparam para o combate, sabemos que o inimigo está próximo, mas não sabemos o quanto. O general grita palavras que deveriam ser de incentivo, mas ele falava sobre a morte defendendo o país e eu não desejava morrer, estava próximo ao centro do acampamento, vi a distância Malark em cima do muro, rosto preocupado, tentando descobrir a qual distância estava o inimigo, até que percebo que ele vê algo, ao tentar se virar e notificar alguém, uma lança entra pelo seu elmo e perfura até que a ponta seja vista saindo de sua boca, o ataque começou.

Gritos de ordem e comandos de defesa vem pelos comandantes, estou desesperado e com medo, sou colocado próximo a porta principal junto com outros soldados (todos que estavam próximos no momento que o comandante recebeu a ordem do general), flechas, pedras, lanças e fogo voam, boa parte das tropas nas torres improvisadas já sucumbiram, a grande porta de madeira começa a ser atacada e logo mostra rachaduras, em menos de 100 respirações a porta foi destruída.

Demônios, somente isso poderia descrever o que vi, alguns tinham entre o dobro e o triplo do tamanho de um homem adulto, outros pareciam humanos, mas não tinham rostos em seus capacetes apenas olhos vermelhos que exalavam o terror flutuando em uma escuridão sem fim, vejo os homens na minha frente correrem sem jeito para o inimigo e morrerem facilmente pelas suas mãos. Penso em minha esposa, em meu filho, sei que não tenho como fugir, me atiro como todos os outros para frente com minha espada mal afiada e minha armadura que fede a fezes e sangue.

Atinjo um dos demônios gigantescos no punho, era como se acertasse uma pedra, um dos homens sem rosto ao seu lado vai para frente e não vejo o que aconteceu, quando dou por mim estou no chão, minha barriga sangra, o demônio maior me ignora no chão e como se não visse e pisa em meu braço esquerdo e minhas pernas quebrando-as na hora, grito de dor e quase desmaio, minha boca está cheia de sangue, já não ouço a batalha, já não sinto odores, minha visão está turva e meu corpo parou de doer, vejo de longe minha mulher e filho, eles estão sorrindo para mim, mas sei que não é real, sei que vou morrer, nunca mais poderei ler para meu filho ou poderei me deitar com minha esposa, lágrimas escorrem pelos meus  rosto se misturando ao sangue que sai de minha boca. Sinto cada vez mais a morte próxima, tento alcançar a visão de minha mulher e filho mas não posso me mexer, sei que chegou o meu fim, peço perdão por não cumprir o prometido e entrego meu corpo a deusa morte.

28 de Mayo de 2018 a las 01:12 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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