satanjoker Satan Joker

Midoriya Izuku finalmente retorna à sua cidade natal depois de anos, e o acontecimento que o levara ao afastamento não pode ser apagado de sua mente. O homem que o ajudara quando ainda era uma criança criou anseios no seu coração que não podem ser supridos, como um verdadeiro chamado de sangue que deseja ser saboreado. Ele finalmente encontraria e provaria que o que viu não era uma ilusão, e que a criatura da noite realmente existia?


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18.

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Você ainda está aí?


Atenção, NSFW, tirem as crianças da sala.

O cheiro da cidade continuava igual à como se lembrava quando era criança: a mesma pureza que somente uma cidade de interior tinha, a mesma calmaria sem as buzinas e o movimento conturbado e apressado da grande cidade.

Tudo continuava igual, menos Midoriya Izuku.

Este, que havia se mudado ainda na infância, pronto para esquecer o trauma de ter se perdido na mansão abandonada no final de sua rua.

Seus pais tiveram medo do que aquelas memórias poderiam lhe trazer se continuasse vendo a tal mansão todos os dias da janela de sua antiga casa que ficava em frente esta, ainda mais quando Izuku insistia em dizer que havia conhecido alguém dentro dela e este o havia ajudado a sair de lá.

No entanto, era verdade que tinha se deparado com alguém, mas ninguém havia acreditado que aquilo era realmente possível. Uma mansão abandonada de tantos anos.

Porém, Midoriya se lembrava claramente dos olhos heterocrômicos do sujeito que tinha encontrado, trajando um sobretudo negro que só ressaltava a palidez na pele.

Infelizmente, isso era tudo que sua memória permitia se lembrar, já que todas as vezes que tentava lembrar do rosto sua mente lhe mostrava imagens deformadas de algo ruim, provavelmente por causa da escuridão e do trauma por ter se perdido. Ainda assim, tinha certeza absoluta de ter alguém lá que o ajudou. Nada retirava isso de sua mente, por mais que ninguém acreditasse.

Mas tudo só começaria a fazer sentido se contar o que de fato aconteceu naquele dia, o tal dia do trauma.

Era uma noite de Halloween com muitos doces, travessuras e um Midoriya Izuku em sua fantasia de fantasma - simples devido ao orçamento financeiro de seus pais -, em seus oito anos de idade. Foi desafiado pelo seu melhor amigo, Bakugou Katsuki, à entrar na casa mal assombrada que sempre mantinha até mesmo as crianças mais corajosas longe o suficiente.

Para a infelicidade de Midoriya, Katsuki adorava pegar no seu pé, sempre o chamando de inútil e fraco, por ser uma negação em alguns esportes, somente alguns como gostava se de lembrar avidamente; e naquele eventual dia também tinha sido desafiado, mas dessa vez tinha decidido não deixar barato. Ele iria entrar e pegar qualquer coisa que tivesse lá dentro, sair, e estava tudo certo.

Contudo, como nada nessa vida são flores, assim que Izuku entrou na mansão maldita, se perdeu rapidamente, quando a grande porta da sala se fechou. Tudo lá era escuro demais. Tinha um cheiro de mofo terrível devido ao tempo que estivera fechada e as placas de madeira pregadas nas janelas impediam que qualquer luminosidade da rua adentrasse no local - mesmo quando estava de dia.

Tentou vagar, procurando qualquer indício da porta, mas o pânico o alastrou, o fazendo imaginar coisas fantasmagóricas e terríveis, dentre elas formas assustadoras de monstros devoradores de crianças mirradas como ele.

Num surto terrível de pânico foi acalentado por um abraço calmante, qual parecia vir de um rapaz calmo auxiliado com uma lamparina que fazia seus cabelos bicolores refletirem o mais límpido tom de vermelho e branco, além de, é claro, os olhos de cores também distintas; entre um nevoeiro cinza após uma tempestade e um mar repleto de corais do Caribe.

Izuku aceitou o abraço protetivo e fez questão de se agarrar naquele rapaz que o guiou até a porta da sala da grande mansão, o mantendo sempre em seu colo, deixando com que o pequeno esverdeado sentisse o cheiro mórbido de crisântemos, explicitamente um cheiro do mais florido velório.

E assim que foi colocado para fora do quintal da grande mansão com um jardim espesso, soltou Izuku e o empurrou lentamente ainda em silêncio para que ele corresse até o portão de fora e atravessasse todas aquelas flores, das quais ocultavam o portão, podendo apenas se ver as luzes vermelhas e azuis dos policiais que ameaçavam invadir o local abandonado, em busca do esverdeado desaparecido.

Mas Midoriya ainda estava com medo de andar sozinho, se virando novamente para o rapaz que sorria para ele sem abrir os lábios. Um sorriso calmante, que fez encher-lhe os olhinhos verdes de lágrimas como se o agradecesse, mas que não pudesse ir.

"Não tenha medo, vá encontrar sua família." O rapaz, que aparentava ser jovem, o incentivou mais uma vez, mas Izuku o agarrou ainda com medo de atravessar o jardim com lírios e rosas. "Eu estarei aqui cuidando de você, e cuidarei até quando não precisar. Apenas não preocupe seus pais. Vá, eu continuarei aqui, esperando nesta casa, até que queira voltar."

Izuku se lembrava muito bem dessa última parte, pois jamais vira um sorriso tão bonito em sua vida, com dentes brancos e bem cuidados somados a caninos grandes e pontiagudos que davam um charme ainda maior. Aprofundava tal beleza com os olhos tão brilhantes e calmos que adentraram nas memórias de Midoriya, e claro, a voz melodiosa como um réquiem.

Mesmo que sua mente agora não conseguisse juntar todas essas partes em uma só.

Claramente, depois disso o esverdeado cruzou o jardim, encontrou seus pais e jamais voltou a entrar na mansão; jamais voltou a pisar seus pés na cidade.

O pior daquela estranha noite não fora se perder ou se traumatizar com medos irreais de criaturas que somente tinha imaginado na escuridão, mas sim o quão aquele sorriso somado com os olhos haviam fervido seu coração quando atingira a adolescência.

Parecia estranho dizer em como deduzira que o homem que o havia salvado era dono de seus mais íntimos pensamentos e desejos. E mesmo agora, passados dez anos desde o incidente, aquele calor do coração já inflamado havia se tornado ainda maior.

Exatamente por isso tinha muitos motivos para ter voltado àquela cidade. Seus motivos eram tantos quantos conseguiria contar.

Dentre eles, estavam: a morte recente de seus pais, sua assumida homossexualidade - o que havia o feito sofrer nas mãos de alguns valentões durante o ensino médio - e a oportunidade de fazer a faculdade de literatura, da qual já tinha vaga garantida por sua excelência em notas.

Claramente seu tutor Toshinori havia o lembrado que ali era uma cidade do interior, e talvez suas opções amorosas não seriam muito bem aceitas. Contudo, Izuku já estava acostumado a não ser aceito e até mesmo deveria, depois de terem o afogado com a cabeça dentre a privada dos banheiros do colegial e usufruído de sua opção para abusarem de si muitas vezes e explorarem como eram os prazeres de uma relação homem a homem.

Mas Midoriya estava certo de que talvez voltar aos ares calmos de sua cidade natal tiraria as lembranças tenebrosas que tinha da capital e devolveria a infinidade dos olhos heterocrômicos para seus sonhos; a tonalidade da bela voz e a beleza imensurável dos cabelos.

Aproveitou para inspirar o ar limpo pacato quando pisou com seus pés no chão da rodoviária, pegando sua mochila e em seguida rumou a hospedagem que havia arranjado, aproveitando para entrar em contato com seus antigos amigos de infância de forma online e pronto para revê-los.

Marcou de os encontrar num bar próximo ao centro da cidade, que ficava longe da tal casa mal assombrada, mas isso não o atormentava e nem chamava atenção. Pensava que talvez ela pudesse ter sido demolida há tempos devido ao estado de conservação e por estar sempre tão à ermo, sem nenhum dono definido.

- Não posso acreditar que vai mesmo fazer literatura! Parece um curso sensacional e combina muito com você. Chego até a lembrar de quando tínhamos sete anos e você cismava em ler seus poemas para toda a sala, mesmo que começasse a gaguejar e não conseguisse ler nada.

- Não me lembre dessas situações vergonhosas, por favor. Eu realmente achava que era ótimo, mas no fim sempre acabava travando. Por isso Kacchan me chamava de inútil.

- Kacchan? Você ainda usa esse apelido para o Bakugou? Espero que ele nunca ouça isso, ou certamente vai acabar te matando, - a garota sentada na cadeira em frente do bar que estavam reunidos já tomava o terceiro copo de chopp, ficando um pouco mais alterada que o normal.

Uraraka Ochako sempre fora sua melhor amiga quando crianças e tinha sido uma das poucas que manteve contato até recentemente.

- Que fim deu ele? Continua morando aqui?

- Continua... E se você vai estudar mesmo literatura na Yuuei, vai acabar encontrando ele no campus de alguma forma. Provavelmente jogando basebol, destruindo a arquibancada e todos que estiverem em seu caminho. - Era fato que o amigo loiro de infância era um ano mais velho que Midoriya, e pelo que a fama dele já havia tornado explícita, o menino continuava sendo explosivo como quando o conhecera.

- Bom saber, - sorriu discreto, levando um copo à boca. Se lembrava bem de Katsuki, e tinha certeza que ele era muito mais bonito agora do que quando eram crianças.

- Parece que temos um galanteador por aqui, - Uraraka fez questão de dar tapinhas no braço de Izuku, animada. - Boa sorte com isso. Mas agora, eu realmente quero ouvir um poema seu! Por favor, já que na infância nunca consegui...

- 'Tá brincando? Assim, agora? - Ele riu, notando de rabo de olho que alguém o olhava. Era um garoto de cabelos de um azul mesclado com roxo, olhos opacos e largos. Sorriu exibindo seu melhor sorriso, afinal, o garoto era bonito. - Está certo, está certo, mas só um.

- "Eu vi o Amor - mas nos seus olhos braços

Nada sorria já: só fixo e lento

Morava agora ali um pensamento

De dor, sem trégua e de íntimos cansaços.

Pairava, como espectro, nos espaços,

Todo envolto num nimbo pardacento...

Na atitude convulsa do tormento,

Torcia e retorcia os magros braços...

E arrancava das asas destroçadas

À uma e uma as penas maculadas,

Soltando a espaços um soluço fundo,

Soluço de ódio e raiva impenitentes...

E do fantasma as lágrimas ardentes

Caíam lentamente sobre o mundo."

- Você é um poeta nato, - ela riu na mesma hora.

- Obrigado, mas eu só tento, - sorriu despretensioso, soltando o olhar de soslaio ao garoto que parecia muito interessado nele. Aquilo estava saindo melhor do que pensava. Sua primeira semana na cidade e já estava tendo os olhos virados para si, uma chuva de auto estima para alguém tão judiado.

Ochako após algumas bebidas decidiu ir para casa, insistindo para que o tal namorado Iida fosse a buscar. Izuku fez questão de acompanhá-la até o carro, ficando sozinho logo em seguida.

- Lamento chegar assim, mas... Você é do curso de literatura? - uma voz surgiu do nada atrás de si, mas já sabia de quem era, pois a esperava. Se virou lentamente, se deparando com o garoto de cabelos azulados.

- Calouro do curso de literatura, Midoriya Izuku.

- Shinsou Hitoshi, veterano de psicologia -, ele possuía uma camisa xadrez azul e as mãos dentro do bolso da calça, exibindo um sorriso tímido.

Conversaram mais um pouco. Coisas aleatórias como gostar de gatos, andar de bicicleta e sobre poemas, coisas que a timidez de Shinsou havia permitido-o fazer. Mesmo tendo chegado até ali para conversar com o esverdeado, Midoriya soube na hora que as atitudes teriam de partir de si, logo que o outro mantinha os olhos baixos. Mas era desses mais reservados que ele gostava no final: quais geralmente eram esses que o faziam desfrutar de prazeres novos e se tornavam mais ativos durante o contato sexual.

Analisando de uma forma objetiva, não demorou muito para que ambos estivessem entre beijos calorosos, dos quais fizeram o esverdeado se parabenizar por estar certo quanto ao seu gosto pelos reservados. Ainda nos beijos, agora mais afastados do bar, rumaram para o carro de Hitoshi - essa era uma das vantagens que Izuku adorava em veteranos: normalmente tinham carros.

Claramente o beijo já evoluía para apertões na coxa e arranhadas nas costas, enquanto faziam do banco de trás daquele carro o seu pequeno paraíso.

As roupas foram substituídas por beijos e mordidas, e a timidez por uma libído afugentadora.

O azulado fizera questão de o marcar em todos os lugares possíveis. Recebendo uma dominância bastante urgente pela parte do maior, era difícil não soltar sons abafados após ter as mãos presas com força no topo da cabeça quando se era basicamente devorado, e em ambos sentidos da palavra.

As mordidas se tornaram mais fortes, e como consequência o prazer masoquista do esverdeado também aumentava, não demorando muito para que fosse completamente invadido pelo membro de Hitoshi, do qual já considerava um dos melhores que haviam passado por sua vida, apenas em um sexo casual que estava tendo.

Já durante o ato, Izuku arqueava a coluna, recebendo as investidas urgentes de Shinsou em seu ponto mais sensível, estando virado de costas para ele e o sentindo por completo, o estimulando à cada segundo e em cada estocada. Fora seu maior deleite quando as sensações de orgasmo estavam o atingindo, quase implorando para que Shinsou parasse ou sujaria o seu carro. No entanto, o azulado após ouvir aquilo prosseguiu com mais vontade, disposto a sujar tudo que fosse possível para ter Izuku implorando e chamando por seu nome; esse pequeno sadismo, que claramente Midoriya gostava, proporcionou naquela noite seu clímax antes do azulado.

Isso era quase uma dádiva, já que por mais voraz que Midoriya fosse em suas transas, ele demorava muito para ter um orgasmo, ainda mais antes de seu parceiro.

Certamente pegaria o número de Hitoshi e faria questão de ligar uma vez por semana para ter uma noite casual como aquela.

Aquele garoto tímido havia mesmo o levado para uma nova descoberta, e antes mesmo de finalizar o ato, pensava em como seria das outras vezes.

Com os pulsos marcados devido ao aperto forte, Izuku fez questão de inverter as posições, ciente de que o maior estava sendo seu mais novo desafio, fazendo com que ele apoiasse as costas contra o banco do carro - um pouco sujo, mas nada que importasse naquele momento - com as janelas embaçadas por causa do calor, enquanto rebolava com vontade sobre o membro, o fazendo soltar alguns sons discretos.

Hitoshi era ainda estranhamente tímido quando observado, e por isso ser encarado de forma tão provocativa enquanto tinha a sensação de constrição de toda a pélvis do esverdeado apertando seu falo causou à ele um estímulo à mais, e claro, de um rubor nada discreto entre o nariz e as bochechas.

Além de tudo, ele era bonito, muito bonito.

Quando sentiu que estava próximo do seu ápice e que gozaria, fez questão de dar um jeito de segurar e prender a cintura de Midoriya ainda mais ao seu colo, estocando rapidamente e fazendo o mesmo delirar tanto quanto ele, tanto que o menor conseguiu chegar ao seu segundo orgasmo aquela noite.

A pausa após o ato fora a prova de que ambos estavam exaustos e que fariam aquilo muito mais vezes. Eles tinham química, e isso não era uma coisa para se jogar fora.

- "O teu sorriso veste o desejo

O caminhar destila paixão

- Indistinta malemolência -

Tua tez morena é a tela da tentação

É o destino dos olhos lascivos

Do querer incontido

Desavergonhado

É a perdição

E o paraíso."

Declamou sorrindo, ciente de que Shinsou coraria mais que a cor do carro vermelho, e na casualidade da situação ainda arriscou roubar um beijo rápido do azulado, se arrumando em seguida.

Havia se interessado perdidamente por Shinsou e não o deixaria fugir de si, afinal, se ele podia fazer milagres como esses na cama tendo uma personalidade tão tímida, não conseguia imaginar o que aconteceria caso eles se conhecessem melhor.

Estava até parecendo um bobo com pensamentos tão futurísticos.

- É um poema lindo, como você -, galanteou o azulado ainda num sorriso tímido e corado, quase como se não tivessem acabado de fazer nada. - Não poderia esperar menos de um estudante de literatura.

- Nem sempre. Alguns preferem apenas enriquecer as bibliotecas com suas obras, enquanto eu prefiro enriquecer a alma das pessoas que conheço. - Hitoshi riu discreto, enquanto se arrumavam dentro do carro. Afinal, Midoriya era o galante ali, e havia muita coisa com que poderia aprender ainda com ele.

- Eu vou te levar até sua casa, tudo bem? - propôs fofo, numa tentativa de transformar aquilo em algo mais que a casualidade.

- Sim, agradeço. Eu estou morando na pousada da estrada velha -, pulou para o banco da frente junto com Hitoshi, que agora se ajeitava no banco do motorista.

- Conheço... Já fui lá algumas vezes. - Ligou o carro, esperando que o esverdeado colocasse o cinto, tendo de ligar o ar frio para desembaçar os vidros e soltando um sorrisinho, já que era sua pequena prova do que tinham feito.

Assim que começaram o trajeto e viraram algumas várias esquinas, Izuku se viu tentado através de seus olhos, após vizualizar o topo da mansão mal assombrada de longe.

Ela não havia sido demolida, como esperado.

- Shinsou-kun, poderia parar aqui, por favor?

- Sim. Aconteceu alguma coisa? - pareceu preocupado com a súbita mudança de endereço.

- Aquela mansão velha... Ela continua vazia?

- Está vazia desde que cheguei na cidade.

- Você já foi lá? Se não foi, gostaria de ir?

- Agora?

- Sim. Não. Espera... Acho que sim, quer dizer, nós podemos ir outro dia juntos, mas poderia me deixar por aqui? -, insistiu em ficar ali naquela rua pois precisava andar até ela, parar em frente e recapitular todos os acontecimentos de sua infância, quase como se precisasse se lembrar dos olhos heterocrômicos. Uma necessidade insensata.

- Mas você quer ficar assim aqui na rua? Sozinho?

- Sim, sim, não precisa se preocupar, - Izuku esticou os dedos, tocando na face de Hitoshi. - Eu realmente não posso chegar na pousada nesse estado -, indicou para si mesmo, suado e cheio de marcas na nuca e nos pulsos, rindo fraco. - E eu sei me defender, ok? Eu tenho meus versos.

O azulado riu despretensioso, sentindo o pequeno carinho na bochecha.

- Tudo bem. Não importa o que eu fale, não é? Você vai querer ir lá de qualquer jeito e sozinho.

- Ora, você estava me analisando, senhor futuro psicólogo?

- Parece que sim.

- Então... tudo bem, - Izuku pegou um pequeno papel que tinha no porta luvas seguido de uma caneta, fazendo questão de deixar seu número lá. - Você sabe como me ligar e aonde me encontrar, - Entregou o papel, avançando para um sinuoso beijo, qual foi muito bem recebido.

Hitoshi também havia gostado da agitação somada com espontaneidade de Izuku, além de o achar incrivelmente bonito - o que pesava muito em como ele tinha o notado assim que se sentou com sua amiga no bar.

Se despediram, por fim deixando o esverdeado na rua sozinho, vagando pelo caminho deserto até onde seria sua antiga casa, agora demolida para se tornar um prédio. No entanto, a mansão dita como maldita continuava lá e exatamente igual, com os jardins floridos com vários crisântemos que se poderia ver pelo portão de grades, além de alguns lírios e copos de leite.

Era impressionante como um lugar como aquele poderia continuar existindo por tanto tempo e que ainda tivesse um jardim tão bem ou mais cuidado do que os que possuiam um jardineiro diário.

Tentado a reviver um dos momentos mais estranhos e contraditórios de sua vida, Izuku fez questão de pular o portão principal com grades adornadas em flores de metal. Aquilo poderia ser arriscado, já que alguém poderia vê-lo e quem sabe o denunciar por invasão de propriedade, além de que não era muito sábio de sua parte repetir o mesmo erro da infância ao entrar na calada da noite num local dito como assombrado.

O que aconteceria se Izuku tivesse memórias demais e acabasse tendo uma crise de pânico num lugar tão inóspito quanto aquele?

Contaria com a sorte de ser salvo por um estranho misterioso que talvez estivesse apenas em sua mente?

Para surpresa de sua essência e de seu coração, contava que sim. Contava em poder vê-lo novamente, contava em poder sentir o toque do abraço protetivo e gélido, contava com a esperança de saber que aqueles olhos e o belo sorriso eram reais.

Passou pelo jardim totalmente atordoado, sentindo o perfume de crisântemos intoxicar sua mente revel e logo em seguida poder desfrutar da beleza de contemplá-los em suas mais várias cores e formatos, desde os mais cheios de pétalas que se assemelhavam à pompons, até os mais humildes que lhe lembrava margaridas.

E mesmo que o crisântemo original fosse o de tom amarelo, como a etimologia de seu nome já definia, o ouro, Midoriya preferia o vermelho e o branco, sempre se vendo em uma disputa pareada de qual realmente era seu preferido entre essas duas cores.

As janelas continuavam tapadas por grandes tábuas de madeira, e por alguma razão aquela mansão parecia mais bonita a noite do que de dia, mesmo estando abandonada.

Tentou sem sucesso abrir a porta da frente, já que ela parecia estar muito bem trancada - o que deveria ser óbvio, depois da notícia que um menino havia se perdido lá.

Até chegou a procurar outra entrada, mas todas pareciam trancadas para ele, o que fez com que sentasse no chão diante de uma das grandes janelas cobertas pelas tábuas, emburrado. Passou a mão pela nuca, cansado. Ele realmente havia se superado dessa vez. Conhecera o garoto e já havia se entregado libertinamente; ele não era assim.

Em sua maioria, Izuku era um pouco romântico, o que o deixava um pouco mais covarde do que fora neste dia. Tinha certeza que tudo se tratava dos ares da sua cidade natal, do anseio em que seu coração ficava em frenesi por causa das lembranças.

Porém a lembrança de ouvir um homem lhe falando que o esperaria quando quisesse voltar não era nada além de uma simples ilusão. Talvez naquele dia sua mente infantil houvera o criado porque ansiava por proteção e afeto; outrora deveria ter uma imaginação fértil e bastante convidativa.

Se apoiou na porta, se escorando e sentando nos pés dela. Tinha alguma coisa que palpitava em seu coração: as lembranças dos olhos e dos cabelos, o tom da voz. Izuku não conseguia entender. Havia tirado a prova real de que fora tudo sua imaginação, no entanto ali estava ele, sentindo saudades de algo que nunca existiu.

Suspirou covarde, sabendo que teria de voltar para a pousada e quem sabe esconder as marcas dos pulsos e pescoços com todas as forças. Seria incômodo se alguém as visse numa cidade pequena como aquela e o achassem libertino e sem salvação. Aonde moraria se todos fechassem as portas para ele?

Bagunçou ainda mais os cabelos verdes, exalando seu mais único cheiro, o seu real cheiro, já que há minutos antes o esverdeado só exalava o cheiro de Shinsou por causa do ato cometido, começando então a caminhar de volta até a pousada.

Não sabendo, é claro, que à sua espreita, alguém de fato o observava do telhado da mansão. Alguém cujo seus mais íntimos desejos dariam tudo para ver, e que naquele seu último segundo ali, enquanto passava pelos portões do lugar, havia reconhecido o esverdeado. Graças ao seu cheiro, o seu real cheiro.

Esta história já está finalizada, mas ainda pretendo posta-la diariamente.

Poemas: A visão de Antero de Quental e Luxuria de Andre Vianna


18 de Abril de 2018 a las 12:42 0 Reporte Insertar Seguir historia
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