chiisanahana Chiisana Hana

De volta à vida após lutarem em Asgard, os cavaleiros de ouro precisarão enfrentar o desafio mais complicado, belo e misterioso: viver.


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18.

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Mesmo Que Seja Eu

AVISOS!


· CONTÉM SPOILERS DO "SOUL OF GOLD" E FINAL ALTERNATIVO PARA O ANIME.

· VAI TER POUCO, MUITO POUCO DA LYFIA E ESSE POUCO NÃO SERÁ MUITO BOM… JÁ ESTOU AVISANDO. SE VOCÊ É FÃ DELA, ESSA FIC NÃO É PRA VOCÊ!

· PROVAVELMENTE FOCAREI MAIS EM MÁSCARA DA MORTE, AIOLIA E AIOLOS… QUANTO AOS DEMAIS, DEPENDE DO QUE FOR ROLANDO AO LONGO DA FIC, PORQUE EU SOU ASSIM MESMO, DEIXO A HISTÓRIA ME LEVAR.



Os personagens de Saint Seiya e Soul of Gold pertencem a Masami Kurumada, Toei Animation e sei lá mais quem... Com minhas fics não ganho nada além de diversão.



APENAS COMEÇAMOS

Chiisana Hana



"E nossa história
Não estará
Pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá
Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora

Apenas começamos"(1)



Capítulo I – Mesmo Que Seja Eu



Você precisa de um homem pra chamar de seu

Mesmo que esse homem seja eu

Um homem pra chamar de seu

Mesmo que seja eu (2)




Santuário Grego de Athena.


Sentados nos primeiros degraus da arquibancada da arena de treinamento, Mu e Dohko contemplavam o sol que brilhava forte naquele começo de manhã. Deviam estar mortos agora, no entanto, foram misteriosamente ressuscitados nas terras geladas de Asgard, com o propósito de salvar o pequeno reino mergulhado em caos. Concluída a missão, esperava-se que retornassem ao sono da morte, mas inexplicavelmente estavam vivos outra vez.

– Será que dessa vez é duradouro? – perguntou Mu, mais para si mesmo que para o companheiro. – Ou é de novo somente uma fagulha de vida para algum propósito misterioso?

– Dessa vez, espero que nosso único propósito seja viver – disse Dohko, pois realmente acreditava nisso, e levantou-se da escadaria sacudindo a poeira das vestes. Sentiu dores em vários músculos, mas se manteve firme. – Vamos ver como estão os outros.

Mu também se levantou, experimentou dores semelhantes, mas acompanhou o amigo.

Depois de desaparecerem em Asgard, os cavaleiros ressurgiram na arena do Santuário, assustando os soldados rasos que se encontravam por lá. Alguns tinham visto os corpos deles sem vida e até ajudado a levá-los para a câmara onde seriam embalsamados. Como estavam muito debilitados e desorientados, foram levados ao alojamento dos cavaleiros de prata para receberem cuidados.

Mu e Dohko, conscientes e em melhor estado que os outros, apesar dos corpos doloridos, ficaram um pouco mais na arena, tentando entender o que aconteceu. Souberam por um dos soldados que tinha se passado cerca de um mês desde o fim do Grande Eclipse, quando os garotos de bronze salvaram o mundo mais uma vez, com a ajuda deles, os companheiros dourados.

Ao chegarem no alojamento, os dois depararam-se com Kanon sentado em frente a uma das casas maiores. Parecia abatido, pois ainda se recuperava dos ferimentos sofridos durante a batalha contra Hades.

– O que houve? – ele perguntou aos companheiros que se aproximavam. – Que história maluca é essa estão contando lá dentro? Asgard? Vocês foram ressuscitados lá, lutaram e morreram outra vez?

– É mais ou menos isso – riu Dohko, dando um tapinha nas costas do companheiro. – Como você está?

– Estou bem, na medida do possível... Felizmente tudo acabou bem, nós vencemos Hades.

– E felizmente estamos todos vivos, por incrível que pareça.

– Todos mesmo. Até o Aiolos... Como isso é possível, Dohko?

– Eu não sei. Ele nem tinha sido enterrado no Santuário... Você sabe, ele morreu como se fosse um traidor. Na verdade, nem sabíamos onde estava o corpo.

– O que eu sei – completou Mu – é que vai ser difícil para ele se readaptar ao mundo dezessete anos depois.(3)

Os outros dois concordaram. Depois, os três entraram na casa onde estavam os outros cavaleiros. Num espaço relativamente pequeno, espremiam-se as camas onde eles repousavam. Alguns dormiam, outros estavam apenas deitados, descansando, mas Aiolos já estava de pé e observava os companheiros com curiosidade quase infantil.

Quanto tempo tinha se passado?, ele se perguntava. Quinze? Vinte anos? Todos estavam tão mudados... Ele, entretanto, voltara o mesmo e não entendia o porquê, não entendia como... E Aiolia... Na última vez que o viu ele era só um menino e agora já era um homem. Sentia tanto orgulho do que ele se tornou, do que viu em Asgard, e estava ansioso para conversar direito com ele, saber de tudo o que aconteceu nesses anos em que esteve... morto. Tinha tanto para ouvir! Deu-se conta de que se tudo estava bem, significava que ele tinha conseguido salvar a deusa. Aquele turista japonês... Aiolos lembrava de entregar o bebê a ele. Queria saber como ela estava, queria vê-la, já devia ser uma mulher agora. Tinha dado a vida para salvá-la, mas se ela estava bem, seu sacrifício tinha valido a pena. E, bom, agora tinha sua vida de volta, sabe-se lá como. Seria uma recompensa dos deuses?

– Sei que deve estar confuso e que precisará de tempo para entender e se adaptar – Dohko começou a falar, interrompendo os pensamentos de Aiolos. – E sei que tem muitas perguntas.

– Sim... – respondeu o cavaleiro, fitando o jovem oriental a sua frente. Era o cavaleiro de Libra, mas pelo que se lembrava, devia ser um homem muito velho...

– Eu sou Dohko, aquele mesmo de antigamente – antecipou-se o rapaz.

– Dohko – Aiolos repetiu, pensativo, perguntando-se se ele tinha morrido e voltado jovem também?

– Você certamente ouviu falar de Misopheta Menos.

Aiolos pareceu vasculhar a memória.

– Sim! – exclamou, lembrando-se de ter ouvido algo sobre a técnica que daria ao cavaleiro um envelhecimento anormalmente retardado. – Então foi isso!

– Foi. Recebi esse dom e agora retornei à minha forma jovem.

– Entendo. Mas e quanto a mim... por quê? Eu estava morto.

– Sobre isso eu não sei, amigo. A única coisa que eu sei é que voltamos. E que você pode contar com todos nós nesse período de adaptação ao novo mundo, especialmente comigo.

– Obrigado. Eu acho que vou precisar. Quantos anos se passaram?

– Dezessete – Mu respondeu.

– Nossa! Tudo isso... A deusa… eu consegui, não é?

– Sim, você é um heroi, meu bom companheiro. Você conseguiu.

– Então já sabem que eu não sou um traidor?

– Sabemos, sabemos tudo. Encontramos seu testamento… Bom, os nossos garotos de bronze encontraram.

– Aiolos… – Shura chamou do leito onde estava. O cavaleiro de Sagitário se aproximou dele. – Eu preciso… preciso pedir perdão.

– Não se preocupe – Aiolos respondeu e se aproximou do companheiro. – Você fez o que tinha que fazer, diante das informações equivocadas que tinha. Não o considero culpado, meu companheiro.

– Mesmo assim. Carrego essa culpa há muito tempo. Preciso saber que me perdoa.

– Mas é claro que eu o perdoo. Fique tranquilo.

– Agora a gente ressuscitou mesmo ou vai ficar nessa merda de morre-revive-morre? – a voz de Máscara da Morte ecoou na sala.

– Se for pra valer me avisem, porque eu também já estou cansado de ir e vir – disse Afrodite, arrancando risadas dos outros cavaleiros que já estavam despertos.

– Não sabemos – Mu respondeu. – Mas esperamos que seja "pra valer".

As risadas acabaram despertando Aiolia, que encarou o irmão com devoção. Então Aiolos se aproximou dele e o abraçou.

– Irmão… – murmurou Aiolos, comovido. – Meu irmãozinho já é um homem. Eu quase não acreditei quando o vi em Asgard. Estou orgulhoso do que se tornou. Acredito que tenha sido muito, muito difícil ser irmão do "traidor".

– Foram tempos difíceis – Aiolia admitiu –, mas eu sabia que você não era o que diziam. Eu tinha certeza. Sempre tive. Eu não pude dizer isso em Asgard, no calor da batalha, mas não consigo exprimir a felicidade que sinto ao tê-lo de volta, meu irmão. Agora seu sacrifício é reconhecido. Todos sabem que você não é um traidor, você é um herói. Mais que qualquer um aqui, você merece sua vida de volta.

Aiolia falava rápido, quase atropelando as palavras, diante do olhar de enlevo do irmão mais velho.

– Eu fiz o que tinha de fazer, Olia. Não tem isso de merecimento.

– Agora você é o irmão mais novo – brincou Aiolia, já que o irmão conservava a aparência dos quatorze anos que tinha quando morreu.

– Parece que sim. Terei muito o que aprender com você.

– Eu sei. E estarei totalmente disposto a ensinar.

Enquanto os irmãos conversavam, Máscara da Morte chamou Mu.

– E sobre Asgard? – perguntou o italiano. – Ficou tudo bem mesmo lá?

– Eu não sei dizer... – Mu respondeu.

– Eu preciso voltar lá – Máscara da Morte declarou, surpreendendo a quase todos, menos Afrodite.

– Eu vou com você – disse o sueco, sabendo exatamente qual era a urgência do amigo.

– As crianças... – ele disse, sentindo aflorar no peito uma dor que não costumava sentir. – Os irmãos da Helena... Agora que ela… ela se foi… Eu preciso dar um jeito de ajudá-las. Arrumar alguém pra tomar conta, sei lá… Não posso deixar os quatro moleques sozinhos no mundo.

– Eu preciso ir também – Aiolia declarou. Queria passar mais tempo com Aiolos, mas também sentia que precisava voltar a Asgard.

– Eu também – Camus disse.

– Me leva pra lá agora – Máscara da Morte pediu a Mu, num tom urgente, quase como uma ordem.

– Quem mais quer ir? – Mu perguntou, rindo. – Última chance de participar da excursão.

– Eu – Aiolos respondeu. Não tinha nada pra fazer lá, mas também não tinha no Santuário, então quis acompanhar o irmão.

– Certo – disse Mu. No segundo seguinte, tinha desaparecido levando consigo o grupo de cavaleiros. Materializaram-se numa área deserta perto do palácio de Valhalla. Mu avisou-lhes que poderia voltar para buscá-los quando quisessem e retornou para o Santuário.

Camus, Aiolia e Aiolos seguiram o caminho que levava ao palácio, enquanto Máscara da Morte e Afrodite foram para o centro da vila, direto para a casa de Helena. Pararam em frente e Máscara respirou fundo. Não sabia bem o que pretendia fazer, mas iria em frente de qualquer jeito. Não podia deixar os garotos morrerem de fome... Se fosse preciso, levaria todos para Atenas. Não que fosse criá-los, não se achava capaz de fazer isso, mas tinha uma casa na vila, podia colocar os moleques lá e pagar alguém pra cuidar deles. Ia acompanhá-los de perto e não deixaria faltar nada para eles.

Depois de alguns segundos, ele finalmente tomou coragem e bateu à porta. As quatro crianças vieram abri-las juntas e, por alguns segundos, encararam-no perplexas, até que a menor gritou:

–É o moço da sacola, Lena!

Máscara da Morte sentiu os joelhos fraquejarem ao ouvir o nome dela. Quando a conheceu, alguma coisa desabrochou dentro de si, mas voltou a ficar murcha e seca quando ela morreu. Agora, ao ouvir esse "Lena", essa coisa pulsou com força no peito novamente, querendo se abrir.

– A Helena... – ele conseguiu murmurar no meio do turbilhão de emoções dentro de si. – Ela está viva?

– Tá, sim! – respondeu a menina mais velha. – Entra, moço! A Lena vai gostar de vê-lo.

– Vai, moço! – Afrodite incentivou, e empurrou umas rosas para ele. – E leva isso para ela. Não se preocupe, não são venenosas.

Máscara da Morte segurou as flores e entrou cautelosamente, passo após passo, porque as pernas tremiam, seguido de perto pelas crianças. Empurrou a porta do quarto de Helena devagar e avistou a cama onde ela repousava. Estava pálida e abatida, mas abriu um sorriso luminoso ao vê-lo. Meio sem jeito, ele ofereceu as flores a ela, que as segurou e alargou o sorriso.

– Olá – ela disse, ainda sorrindo – Olá, "moço da sacola".

Incrédulo, Máscara da Morte sorriu de volta e se ajoelhou ao lado da cama.

– Vocês não estavam mortos? – ela perguntou. – Me disseram que tinham morrido.

– Também achei que você estava morta… Quanto a mim, é sempre assim, a gente morre, volta, morre, volta, morre, volta... parece jogo de ping-pong essa merda. Não sabia que ia ser com você também. Como se sente?

– Estou fraca mas estou melhorando. A senhora Hilda mandou um médico aqui para me ver.

– Conta pra ele, Helena! – falou o menino mais velho.

– O quê? – Máscara quis saber. – Pode falar.

– Bom, não tínhamos dinheiro para comprar todos os remédios e fiquei com vergonha de pedir a senhora Hilda, porque ela já tem nos ajudado tanto... As crianças iam tentar conseguir pedindo na feira...

– Isso não é mais um problema – ele declarou. – É só me dizer quais são os remédios.

Helena pediu que a irmã desse a receita a ele, que pediu licença e saiu para falar com Afrodite.

– Ô cara, pega aqui essa receita e vai comprar esses remédios – disse o italiano.

– Você está achando que eu sou seu empregado, seu italiano safado? – retrucou o sueco, com sua melhor cara de indignado.

– Não, porra. Você é meu amigo, não é? Você veio porque é meu amigo. Vai lá. Quebra esse galho.

– E como é que eu vou fazer isso? Estávamos mortos! Não tenho um tostão no bolso e você também não deve ter.

– Se vira! Bate uma carteira e compra o remédio. Ou então rouba o remédio. Dá uns tapas no farmacêutico, ameaça ele com uma rosa branca.

– Eu não sou você, graças a Deus!

– Porra, Afrodite! Quebra essa!

– Hum... tive uma ideia… – Afrodite disse, piscando várias vezes os grandes cílios naturais dos quais se orgulhava. – Espera aí que eu volto com os remédios. Mas só para você não dizer que eu sou uma pessoa ruim.

– Aproveita e traz alguma comida porque esses moleques parecem estar com fome.

– A gente dá a mão e essa italianada folgada e barulhenta quer o pé – resmungou o sueco, já saindo de perto.

Máscara da Morte voltou para o lado da cama de Helena. Dessa vez, sentou-se na beirinha e ficou olhando para ela.

– Meu amigo vai trazer o remédio, não se preocupe.

– Vocês salvaram Asgard – ela disse. – Estamos muito gratos. A vida voltou a ser dura aqui, mas aquela felicidade era tão falsa...

– É, a gente deu um pau naquele Loki safado.

– Estou tão feliz que tenha voltado. Estava rezando por sua alma, mas...

– Continue rezando porque, sei lá, talvez eu seja um caso perdido. Eu não sou exatamente um bom rapaz, Helena. Já fiz muita coisa ruim na vida...

– Não sei o que você fez antes e não me interessa. Para o povo de Asgard, para mim, você foi um herói.

– Você é uma pessoa doce e gentil, Helena. Uma boa pessoa. Eu sou o contrário…

– O que você fez e está fazendo por nós mostra que não é bem assim. Diga, por que voltou?

– Eu vim pelos meninos... Você tinha morrido... Eu não podia deixar os quatro aqui, sozinhos...

– E o que ia fazer? Ia mudar pra cá?

– Não sei, eu só vim. Não planejei nada, ia ver o que acontecia... Não esperava encontrar você viva... Confesso que ainda estou meio atordoado.

–Também não esperava vê-lo de novo. Sonhava com isso, é verdade, mas pensei que era um sonho impossível.

– Meu medo é você descobrir que, na verdade, eu sou um pesadelo.

Helena riu.

– Bom, já sei que você bebe, fuma e gosta de jogar. Mais alguma coisa?

"Matei muitas pessoas e colecionava as cabeças delas na parede de casa", ele pensou mas não disse.

– Vamos deixar que você descubra – foi o que ele falou, torcendo para que ela não saísse correndo assim que soubesse.

Ficaram conversando por mais algum tempo, Máscara distraiu as crianças até que Afrodite finalmente voltou.

– Trouxe os remédios – anunciou o sueco entregando o pacote a Máscara da Morte. Depois completou, voltando-se para as crianças: – Também trouxe comida!

Pela carinha que fizeram, Afrodite viu que estavam mesmo famintos. Os quatro comeram avidamente o bolo de frutas secas que ele trouxe, lambuzando-se com o açúcar da cobertura. Depois, a menina menor agarrou-se ao cavaleiro de Peixes e o menino mais novo correu até Máscara da Morte, ainda com a boca suja de açúcar.

– Moço da sacola, você tem nome? – ele perguntou.

– E você tem, pedaço de gente com a boca suja? – ele retrucou, pegando o garotinho no colo e limpando a boca dele.

– Todo mundo tem, seu bobo! – ele respondeu.

– Então acho que eu também tenho, mas só digo o meu se você disser o seu.

– O meu é Adrian.

– Eu me chamo Emanuele(4), mas as pessoas me conhecem como Máscara da Morte.

– Mas isso é nome de mulher! – riu o garotinho.

– Lá de onde eu venho Emanuele é nome de homem!

– E de onde você vem, moço?

– Eu nasci em um país chamado Itália, na Sicília, um lugar onde só tem gente bonita como eu, mas hoje eu moro em outro país chamado Grécia, que tem um povo meio feio, mas é um lugar bem quente e ensolarado.

– Mas você não é bonito, moço! – disse a menina mais velha.

– Como não!? Eu sou lindo, eu sou um gatão italiano!

– Ah, mas não é mesmo! – riu Afrodite, enquanto enrolava no dedo uma mecha de cabelo.

– A moça aqui é que é bonita – a menina disse apontando para Afrodite.

– Ele? – Máscara da Morte deu uma gargalhada. – Ele é homem!

– Mas tá de batom! Só mulher usa batom.

– De onde viemos também tem homem que usa batom – Máscara explicou, rindo. – Tem homem que usa saia, usa coisa de mulher, até beija outros homens.

– Eca! – exclamou o menino mais velho. – Eu nunca vou beijar nem homem nem mulher nem nada! Beijo é nojento!

– Sei… Espera até você crescer... – disse Afrodite. – E sim, eu sou um homem que usa nome de mulher e maquiagem. Aprendam logo que não tem nenhum problema nisso. Cada um faz o que quiser.

– E como é o seu nome moço-moça? – perguntou a menina mais velha

– Afrodite, mocinha – ele respondeu. – Me chame de Afrodite. Não é meu nome verdadeiro, mas eu não vou dizer qual é, então me chame assim. E os seus irmãos, como se chamam?

– Aqueles são Edgard e Leonore – ela disse, referindo-se ao menino maior e à menina pequena. – E eu sou Aurora.

– Acho que com o tempo eu decoro esse monte de nome… – murmurou Máscara.

– Vocês salvaram a gente – Aurora murmurou. – Obrigada por isso e por terem voltado.

– Bom, foi um trabalho em equipe – Afrodite corrigiu.

– Tudo acabou melhor do que eu esperava – Helena murmurou, feliz ao ver os dois interagindo com as crianças. – E agora você voltou, Máscara…

– Não estão tão bem quanto eu gostaria. Você ainda está nessa cama... Mas vou cuidar de você, garantir que fique boa logo.

– E por que você quer cuidar de mim?

– Porque, porque…porque eu quero, caramba. Eu…

Máscara da Morte teve vontade de dizer que a amava como nunca tinha amado ninguém, que ela tinha despertado nele coisas que ele nunca sentiu antes, e quis beijá-la loucamente, e fazer amor com ela, misturar-se a ela, até se fundirem e virarem uma coisa só, uma massa única e disforme, e ninguém saberia mais um terminava e o outro começava, mas quatro pares de olhinhos fitavam-nos com interesse, além de um par de olhões azuis com cílios enormes.

Crianças, será que vocês não querem mostrar a cidade para o tio Frô? – Afrodite perguntou, dando uma piscadela marota para o amigo.

Os guris se empolgaram com o convite e, antes de sair, Afrodite apontou o dedo para Máscara e disparou:

– Tá me devendo mais uma, Emanuele.

Máscara da Morte fez um discreto sinal de positivo e Afrodite saiu com as crianças. Mal a porta se fechou, ele se debruçou sobre Helena e roubou o beijo pelo qual tanto ansiava. Foi com a avidez de quem tomava posse de algo que já lhe pertencia, mas parou quando percebeu o exagero.

– Eu sinto muito… eu… fui tão impulsivo. Mas é que eu te amo tanto, Helena. E eu queria tanto beijá-la. É isso, eu voltei porque te amo, porque quero cuidar de você e dos pirralhos e aí você nunca mais vai ter de passar necessidade e eu ainda vou bater em todos os caras que se meterem com você e...

Tudo bem – Helena interrompeu docemente, segurando o cavanhaque dele com a mesma doçura. – Eu estava mesmo esperando por isso, por esse beijo… porque eu também te amo, senhor Emanuele.

– Helena… – ele murmurou docemente. – Eu vou te beijar de novo, tá?

– Tá, mas agora vá com calma, ainda estou doente.

– Ah, sim, claro... – ele disse e, gentilmente, foi encostando os lábios nos de Helena, sem pressa, apenas saboreando o momento, sentindo a maciez cálida da boca dela.

Ainda sentia aquela vontade louca de fazer amor com ela, mas precisava ir devagar. Além de ela estar doente, ele tinha certeza absoluta de que Helena ainda era virgem. Ia ter que ser muito devagar. Ia ter que se contentar com beijos. Com sorte, uns amassos... Tudo bem. Teriam tempo.

– Eu nunca me senti assim antes... – ele murmurou, acariciando o rosto dela. – Me sinto um adolescente bocó.

– Eu também não. Eu nunca tive tempo para essas coisas. Praticamente só me dedicava ao trabalho para sustentar as crianças. Quando nossos pais morreram, Leonore e Adrian ainda eram bebês…

– Você tem feito um ótimo trabalho com eles. É uma irmã maravilhosa.

– Eu faço o que posso. É verdade que o seu nome é Emanuele?

– É, sim. Emanuele Anceschi, seu criado.

– Soa engraçado, mas eu gosto. Lá onde você mora é bom?

– Ah, sei lá... É quente na maior parte do ano. Um calor desgraçado. E é perto do mar.

– E quando você vai voltar?

– Ainda não sei. Eu vim cuidar de vocês e vou cuidar. O que importa agora é que você se recupere. Quando você estiver boa, veremos isso. Talvez eu nem volte. Se você quiser eu fico.

– Você nos levaria? – Helena perguntou. Não queria apressar as coisas, mas precisava saber se Emanuele estava mesmo disposto a encarar a vida com ela e mais quatro crianças. – Porque eu não vou sem eles, você já deve imaginar. Acho que a gente ia gostar de viver nesse lugar quente e ensolarado. Estou cansada daqui.

– Eu levo – ele respondeu sem hesitar.

Nunca tinham trocado mais que olhares e poucas palavras até cinco minutos atrás, quando deram os dois primeiros beijos, mas inexplicavelmente ele queria fazer isso. Queria levá-la para Atenas e também queria os quatro pirralhos por perto. E que se danasse o que iam pensar. Ele sempre foi imprevisível mesmo.

Trocaram mais uns beijinhos e fizeram planos, até que Afrodite voltou com as crianças, trazendo uma cesta com frutas e verduras e uma garrafa de vinho. Cada criança também trazia um pouco de alguma coisa, pães, bolos, até um frango assado e Adrian balançava uma sacola de dinheiro.

Máscara da Morte se aproximou deles intrigado.

– Agora me conta como você arrumou grana para os remédios, o bolo e agora para isso tudo aí – perguntou Máscara. – Tá se prostituindo?

– Não seja um porco, Emanuele.

– É que antes você não tinha um puto, agora parece que choveu dinheiro.

– Foi muito fácil. Eu fiz uns truques de "mágica" na feira. Fiz rosas surgirem do nada, fiz pétalas voarem ao meu redor, mostrei umas rosas negras que eles nunca tinham visto antes, enfim, dei meu show. As pessoas ficaram hipnotizadas pela minha beleza e pela minha mágica. E pagaram pelo espetáculo com dinheiro, frutas, verduras... Ganhei até esse vinho.

– Seu filho da puta cheio de artimanhas. Eu teria levado horas de jogo para conseguir uns trocados.

– Fazer o quê, né? Eu tenho talento e beleza, querido.

Continua…




(1) Metal Contra as Nuvens, Legião Urbana.

(2) Mesmo Que Seja Eu, Erasmo Carlos (mas eu gosto mais da gravação do Ney Matogrosso)

(3) A batalha de Hades se passou em meados de 1990, cerca de quatro anos depois da Guerra Galáctica.

(4) Emanuele Anceschi é o nome que eu criei para o Máscara do Morte. Os nomes das crianças também não são oficiais, foram criados por mim.

29 de Marzo de 2018 a las 23:24 0 Reporte Insertar Seguir historia
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