matsuy Fye Matsu

Coleção de pequenos contos. Coleção amadora, incompleta e frágil. créditos da imagem: https://pixabay.com/pt/pessoa-antigo-mulher-vov%C3%B3-s%C3%AAnior-731423/


Cuento Todo público.

#contos #cotidiano
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Fim

Conseguia ler nos seus pequenos e lânguidos olhos, eles me contavam: O abatimento havia-lhe abraçado por completo, estava esgotada da mesma forma que eu. O primeiro ano que vivemos juntos foi romântico e terno, pelas manhãs, com o maior zelo que tinha, acordava antes dela e, com desculpa de vigiar seu sono e sonhos, contemplava aquele despertar alegre, vagaroso e belo, como quando os raios do sol tocam a terra pelas manhas… O segundo ano iniciamos, exatamente no primeiro minuto dele, com um silêncio estrondoso. Antes de desejar prosperidade e alegrias com aquelas palavras sempre encarnadas por todos, “Feliz Ano novo!”, fui impulsivo e distraído de abraçar uma pessoa estranha que passava na minha frente, na agitação e animação do momento, soltei a mão dela enquanto gritava outros jargões de felicitações em êxtase, já que o ano anterior tinha sido tão bom, e acabei abraçando algum completo estranho. Quando virei para o lado procurando por ela, olhava-me com um cara que na hora não consegui compreender, aqueles olhos, não consegui ler nada do momento, só pude sentir a decepção ao ela virar sem me dizer nada e seguir se distanciando. Esse terceiro ano… Brigamos do começo ao fim pelas coisas mais tolas que podíamos brigar, dissemos coisas que não deviam ser ditas. Expomos e apertamos feridas um do outro que outrora costumávamos carinhosamente cuidar.

Vendo aqueles olhos, que conhecia tanto e com que vivenciei tantos momentos bons, senti-me fraco e por um momento desejei nunca ter encontrado com eles. Foi uma cena crua de violência explicita, silencioso e angustiante. Creio que ambos queríamos que aquele relacionamento terminasse, mas nenhum de nós queria desistir do que fomos e do que poderíamos ser , pelo que poderíamos ter sido.

Ela brigou com meus melhores amigos e amigas, me afastou de todos eles. Eu espionei o celular dela e li os últimos dias das confidências do seu diário. Eu discuti com os pais delas e creio que fiz sua mãe tão doce chorar. Ela se negava que fôssemos a todos os encontros da minha família e não abria a mão disso, não via meus parentes mais. Eu odiava um quadro que ela havia pintado e pendurou na nossa sala. Ela mantinha o quadro porque eu odiava. Retirei o quadro. Ela arremessou o quadro no chão estourando sua moldura. Arrumei o quadro em um pedido de desculpas. Nós dois destruímos o quadro juntos.

Não sabia mais quanto tempo nos olhávamos, as lágrimas do rosto dela já haviam secado e o vermelho dos meus olhos clareava. Da mesma forma única, intensa e profunda, do início da nossa relação, estávamos terminando ela, parvos e insanos.

Abaixei a cabeça fugindo dos seus olhos e resolvi dar o primeiro passo:


– Por que nos machucamos tanto? Eu te amo? Eu sei que te amei.


Ela começou a rir como nunca havia visto, esbocei uma expressão de desconforto e ao mesmo tempo de tranquilidade. Pela primeira vez senti que reconheci ela plenamente.

Ela sorriu e abaixando a cabeça sem dizer nada, passou do meu lado e foi embora.

Tudo o que estava em nosso apartamento pareceu ter saído junto com ela e me via sozinho em um limbo branco.

Ela sabia que eu detestava despedidas. Ela sabia que eu amei ela. O que no final eu sabia dela? No fundo não havia nada mais a ser dito. Sabia que ela se demorava mais pra abrir os olhos naquele primeiro ano pois gostava de se manter ao meu lado, sabia que naquele segundo ano ela começou a pensar o que sentia por mim, sabia que tudo isso havia sido muito doloroso para ela que era uma pessoa tão atenciosa, sabia que suas crises nervosas e dores de cólica não se tratavam apenas do estresse de trabalho, sabia que queria ter filhos, sabia que aquelas brigas que sempre tínhamos, na verdade, eram rasas e nunca tratavam de nada do que realmente sentíamos ou precisávamos falar, sabia que ela me amou.

Naquele dia não sei para onde ela foi. E duvido que ela tinha ideia do que eu havia feito. Nós cortamos nossos laços e, simplesmente, nos tornamos estranhos.

Acordei hoje e desesperadamente escrevo esse texto, pois sinto que perdi uma parte de mim muito importante. Sinto que estou esquecendo de algo. Sinto que esqueci um nome.

A lembrança dos seus olhos não me davam menor pista do seu nome.

22 de Abril de 2018 a las 06:12 6 Reporte Insertar Seguir historia
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Karimy Lubarino Karimy Lubarino
https://missfanfiqueira.blogspot.com/2018/07/conto-contos-leigos-plataforma.html
July 21, 2018, 19:56

  • Fye Matsu Fye Matsu
    Nossa! Acho que sua postagem até fala muito mais do que consigo transmitir e escrever! rs! Muito muito obrigado! Queria ter mais palavras para agradecer! hahaha! Hum, agradeçoo*[pela centésima vez]! :)" July 21, 2018, 22:45
Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Conto incrível. É até difícil de comentar porque ele passar uma verdade que muitas pessoas se recusam a falar sobre, em vez disso guardam no mais profundo de si mesma, dizendo para o mundo e tudo que está do lado de fora que está tudo bem, até para ela mesma. Acho que foi um texto honesto e que mostrou muito bem o lado falho de sentir.
July 21, 2018, 00:43

  • Fye Matsu Fye Matsu
    Você e o pessoal da comunidade(inkspired) que tem comentado nos textos são muitos gentis! hahaha. Gostaria muito de dar 'likes' ou as 'reações' do face neles! Fico feliz mesmo que tenha gostado e comentado! Obrigado [3]! July 21, 2018, 01:41
Franky  Ashcar Franky Ashcar
Nossa que conto lindo esse que se iniciou, que história profunda e verdadeira, eu gostei, e gostei ainda mais de ter começado pelo fim. Esse pequeno conto é divino porque em poucas palavras você transmitiu todos os sentimentos de uma única vez! Cara parabéns! ♥️
July 20, 2018, 02:46

  • Fye Matsu Fye Matsu
    Nossa que comentário! Muito obrigado! Fico muito feliz que tenha conseguido transmitir tudo isso para você! Quando escrevo penso sempre muito em intensidade! Muito obrigado! :)". July 20, 2018, 19:30
~

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