satanjoker Satan Joker

Enquanto os heróis lutam para salvar Eri, a liga dos vilões passa por alguns problemas, mais específico um problema para Shigaraki que atende pelo nome de Dabi e não sai de sua mente. Como ele vai resolver esse problema?


Fanfiction Sólo para mayores de 21 (adultos).

#Boku-No-Hero-Academia-My-Hero-Academia #ShigaDabi #DabiShiga #lgbtq #yaoi #slash
Cuento corto
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Cremação

Os dedos passavam pelo pescoço com certa violência, afundando na carne já ferida e quase sanguinolenta. Estava irritado e o nome de sua irritação variava entre duas pessoas, ambos Shigaraki considerando como mal-educados sem nenhum respeito ou valor para si.

Ambos uns merdinhas que precisavam ser colocados em seus respectivos lugares!

Ah, quais eram esses nome? Bem, um era recente e tinha como nome Chisaki porém atendia por Overhaul; aquele maldito yakuza insolente havia imposto-o uma aliança — se assim deveria chamar, já que tinha sido praticamente obrigado a firmar esse "companheirismo" com tal presença estúpida.

Nesse momento Himiko e Twice eram parcialmente yakuzas, ainda que em sua mente sabia que eles seguiriam suas orientações e defasariam a estrutura do grupo de Chisaki de dentro pra fora, minando seus planos.

Tomura não tinha interesse algum em se aliar e ser utilizado como ferramenta por um bastardo como Chisaki, e exatamente por isso não se importava com o que iria acontecer com os planos do mesmo, inclusive, adoraria ver a implosão de suas ideias através dos integrantes da Liga lá.

Os dedos pararam de coçar ao imaginar os planos de Overhaul desandando como um belo tsunami e que o culpado por isso seria ele, chefe da Liga dos Vilões.

Era gratificante o pensamento de que colocaria em breve aquele infeliz no lugar devido.

Mas seus olhos vermelhos em sangue rolaram para a figura que certamente era o segundo causador de suas coceiras, fazendo com que seus dedos novamente esfregassem com força o pescoço, formando uma linha fina de sangue.

Essa figura em questão era seu maior dos problemas. Não que de fato fosse alguma ameaça à Liga, muito pelo contrário, ele era um integrante e havia sido útil em vários momentos, por mais que seus ideais fossem totalmente diferentes de Tomura.

O que o incomodava realmente era aquele estranho sentimento.

Sim, Shimura Tenko, agora conhecido como Shigaraki Tomura, homem que não sentia nada além de um desejo de destruir o símbolo da paz de todas as formas e acabar com esse sistema heroico deturpado e nada "heroico" de fato, estava sentindo desejos ocultos e um pouco — quentes e — anormais por um certo indivíduo de cabelos pretos e espetados.

Esse indivíduo que estava tirando o seu sono nas últimas semanas atendia pelo nome de Dabi, ainda que esse não fosse de fato seu nome verdadeiro.

O qual estava um pouco longe do balcão onde o dono do poder da desintegração permanecia, fazendo com que seus olhares não fossem tão óbvios e perceptíveis, analisando ele encostado na parede com os olhos fechados e braços cruzados.

Mas o que Dabi tinha feito para estar sob a mira dos olhos vermelhos nervosos e ser o causador das coceiras de Tomura?

A resposta para essa pergunta era difícil, já que não tinha feito nada em específico e ainda era um membro considerável e importante.

Era verdade que era boca dura e não respeitava qualquer coisa que Shigaraki falasse, contudo esse não era o principal motivo de o deixar tão irritado. Ainda que não respeitasse qualquer ordem sua e desdenhava de suas palavras, ele era um bom membro, participante ativo e de qualidades muito bem utilizáveis.

Também, o seu fascínio por Stain e seu foco com finalizar o objetivo dele de destruir esse sistema não era o motivo que incomodava o jovem esguio de cabelos branco azulados. Era fato que só de pensar no nome Stain já o tirava do sério, mas isso era um problema pessoal entre ele e o assassino de heróis, a quem também o irritava profundamente. Mas se dependesse de suas orações, permaneceria preso pra sempre e teria seu nome apagado da história assim que a Liga voltasse a brilhar.

Sem assassino de heróis e sem Yakuza para atrapalhar.

O que o incomodava realmente era aquele estranho calor que sentia quando reparava em algo do moreno. Quando reparava na pele, nos olhos, quando reparava no jeito de falar, de comer, de olhar; e não entendia quando ou onde tinha começado a reparar nesses detalhes, só sabia que reparava e reparava cada vez mais, ficando cada dia mais indiscreto e sendo percebido muitas vezes, o que gerava situações constrangedoras entre eles, fazendo com que sua pele pálida e seca ganhasse um tom rosado, tornando as coisas um pouco piores do que antes.

Era claro que toda vez que isso acontecia, sempre terminava com um Tomura irritado e descontando na primeira alma que aparecesse em sua frente. Era de seu feitio, de sua própria personalidade mimada e infantil, não saber lidar com situações que fossem de seu desagrado, mas tinha consciência de que esses episódios de explosão estavam saindo de seu controle e ficando cada vez mais recorrentes a medida que não conseguia segurar seus olhos, que eram atraídos cada vez mais para Dabi.

E talvez pela milésima vez naquele dia entediante analisava detalhe por detalhe daquela pele marcada e de tom arroxeado que seria desconfortável para qualquer um, mas não para ele. Claramente Tomura tinha seu pequeno vício objetivamente ligado ao fator de sua peculiaridade que era gostar de coisas destruídas, desintegradas. Exatamente por isso, olhar para as cicatrizes roxas de Dabi eram seu pequeno conforto ocioso do qual jamais admitiria desfrutar.

Os pedaços de pele ligados por suturas nada discretas e bem enfatizadas terminavam de dar um charme recluso ao moreno.

Queria tanto tocá-las, deslizar seus dedos por marcas de destruição que não eram suas, mas que ainda lhe permitiriam deleitar-se como se fossem.

Analisou os lábios semi partidos também ligados pela sutura e voltou a imaginar como seria desbravá-los.

Este último pensamento fez com que se recompusesse em sua breve sanidade do quão estranho era pensar coisas assim, ou pelo menos achava que tinha se recomposto, já que na primeira instância a imagem dos lábios de Dabi sobre sua intimidade aflorou em sua mente, mesmo que não fosse sua intenção.

Shigaraki, mesmo sendo um jovem adulto no ápice de seus anos de sexualidade aflorada, jamais havia se interessado fisicamente por ninguém, jamais havia sentido qualquer tipo de calor ou desejo carnal antes. Então certamente a ideia de ser tocado por Dabi parecia tão vil e desconexa, pois não entendia nada de seus sentimentos.
Por serem sensações inesperadas, sentia-se vulnerável e instável — talvez essa última parte o definisse sempre.

Se já era considerado louco, tinha certeza que ficaria ainda mais caso não resolvesse isso logo.

Mas a questão ali era como se resolvia isso. Tomura não sabia e sequer tinha noção de como retirar isso que chamava de "distração" de sua mente, ainda mais agora que sentia um volume considerável em suas calças devido ao seu membro.

Infelizmente — ou felizmente — sua imaginação era boa demais, e com isso a imagem de um Dabi agachado subjugado lhe sugando a carne tinha sido demais para seu corpo inexperiente e intocado.

Apoiou ambas as mãos sobre o balcão do esconderijo, tomando cuidado em deixar um dedo levantado para que não desintegrasse nada, já que sua peculiaridade só funcionava se todos os seus dedos tocassem o alvo.

Não queria imaginar os sermões que receberia de Kurogiri por ser descuidado numa hora como aquela.

Precisava da mão a quem chamava carinhosamente de pai sobre o rosto para pensar com clareza, e foi o que fez, colocando-a de forma que o tranquilizasse, podendo finalmente tentar transformar aquele sentimento em raiva.

Claro, afinal era tudo culpa daquele maldito deformado babaca, era culpa dele que tivesse esses desejos, que o fizesse colocar imagens tão indecentes em sua mente, tão incomuns. Já que por mais inexperiente que fosse ele tinha uma ideia através de colegas da Liga, como Twice ou Mustard, que volte e meia comemoravam e contavam suas experiências com mulheres.

"Por que logo esse filho da puta deformado e não uma mulher?" Questionou em pensamento sobre sua imaginação, mas ele já tinha a resposta.

Achava antes que só simplesmente não se sentia atraído por ninguém, porque tinha coisas mais importantes em que pensar do que de fato fazer sexo. Bom, isso era o que pensava até conhecer Dabi; ele lhe atraia em todos os sentidos e de todas as formas, então se questionou se por acaso sua atração de fato se destinava a homens e não a mulheres. A conclusão era que também não sentia nada.

O problema era aquele ser em exclusivo.

Como já faziam semanas que essa sua angustia e frustrações acerca do moreno faziam questão de o afligir, havia pensado muito sobre isso e chegado ao fato de que Dabi era único, notória e inegavelmente.

Toda vez que fora exposto a alguma situação relacionada a prazeres e sexo antes, em sua vida, simplesmente não tinha sentido nada além de pura vontade de destruir. Olhar aquelas peles perfeitas e impecáveis, sem nenhuma marca, sem sequer um arranhão, limpas e macias... Tudo que sentia era uma vontade de destruir.

Odiava a perfeição ao máximo, e odiava essa coisa delicada que mulheres quase no geral o passavam.

E era certo também que Shigaraki odiava pessoas sem nenhuma imperfeição ou deformidade, e nesse quesito Dabi chamava todas as suas atenções.

— É bom manter esse dedo levantado mesmo e não ousar destruir a minha bancada — Kurogiri alertou-o enquanto lustrava os copos daquele pequeno bar do esconderijo.

— Não enche meu saco — respondeu atravessado. Estava ocupado demais em meio aos seus problemas.

— Você não está puto dessa forma só por causa de Chisaki, não é?

— O quê? Quem perderia seu tempo ficando puto com um merda desses? Aquele projeto de yakuza babaca está sendo um verdadeiro pé no saco, sim, mas ele não é o centro dos meus problemas — mesmo que sem querer Tomura havia admitido que tinha outros problemas além da Liga, o que despertou curiosidade no parceiro.

— Então tem outra pessoa atormentando seu sono? — jurava que se Kurogiri não fosse uma fumaça roxa estranha teria visto um sorriso zombeteiro por trás da fala.

— Não tem ninguém, pare de interpretar as coisas errado!

— Ah, vamos lá, Shigaraki, o que está acontecendo? Você tem estado cada vez mais inquieto e irritado com as coisas. Talvez se contar o que está acontecendo com você será mais fácil se livrar dos problemas, e se tornar um líder cada vez melhor — se remexeu na banqueta, ainda mais inquieto. Tinha certeza que Kurogiri estava sendo um tanto manipulador ao dizer aquilo mas não era como se não tivesse razão, ainda mais que não fazia a menor ideia de como resolver isso.

Levou a mão novamente ao pescoço, incerto se deveria confiar ou não. Mas era certo que Kurogiri era o mais próximo que tinha de algo como amizade, então não deveria ser tão ruim assim compartilhar certas informações que se manteriam na confidencialidade, certo?

Retirou a mão do rosto para que pudesse contar melhor e mais baixo, ciente de que ninguém poderia ouvir.

O problema era: como ele iria falar que estava tendo desejos sexuais por um membro da Liga? Esse pensamento o fez se encolher de uma estranha forma envergonhadamente, e ruborizar a medida que sua pele pálida permitia.

— Oh, não vá me dizer que o líder da Liga dos Vilões está com vergonha de me contar alguma coisa?

— E eu lá teria vergonha de falar algo? — apesar da negação, era exatamente isso que estava sentindo.

— Se está com vergonha, então é algum assunto íntimo ou alguém íntimo — o pensamento de que Dabi seria íntimo fez com que sua mente explodisse, quase como se pudesse visualizar a fumacinha por suas orelhas — Você quer me perguntar alguma coisa? Me contar alguma coisa?

— Você precisa prometer que não vai rir, e nem abrir a boca pra falar sobre isso que não seja parte da resposta que eu quero! — retomou a coceira em seu pescoço ainda com o calor estagnado na face, e pode jurar ver através da fumaça roxa um sorriso do colega. — O que você faz quando... sente desejos sexuais por alguém?

Afinal era só isso mesmo que sentia, desejos físicos e nada além. O fato de que ele não saia de sua cabeça também estava ligado aos desejos físicos, apenas isso; ficou afirmando para sua mente.

Shigaraki era tão óbvio, na visão de Kurogiri. Uma verdadeira criança inexperiente.

— São muito fortes esses desejos para que se alivie sozinho? — ah, como queria morrer ao ouvir tal pergunta. Era óbvio que já havia tentado algo de fato. Shigaraki podia ser simplório e inexperiente, mas sabia que poderia resolver isso sozinho.

— É-é claro que já tentei — aquilo era uma merda gigante, e tinha até mesmo gaguejado de constrangimento, simplesmente porque lembrou-se dos dias que suspirou em meio à sua auto satisfação o nome em questão.

— Então poderia ser que esteja apaixonado?

— Ha ha! — soltou uma risada alta, chamando a atenção de alguns vilões da Liga. Era estranho Shigaraki rir nervosamente sem que fosse por estar destruindo ou alfinetando o símbolo da paz, o que fez com que colocasse novamente o "pai" sobre o rosto, buscando conforto por ser olhado por seus colegas — Não fale coisas idiotas, Kurogiri!

— Não são idiotas, Tomura. Estou tentando entender o que se passa.

— Não se passa nada, esqueça o que eu disse e vamos fingir que nunca tivemos essa conversa — coçou o pescoço ferozmente, aumentando a linha de sangue. Tinha se arrependido de ter tentando contatar ajuda.

Fechou os olhos se virando um pouco para a lateral na banqueta, ficando de costas para os outros colegas, incluindo Dabi.

— É recíproco? — Kurogiri entoou perto o suficiente para que só Shigaraki ouvisse, fazendo com que abrisse os olhos, assustado. Essa hipótese não tinha passado por sua mente em momento algum.

— Como?! — fora a vez de Kurogiri rir. Definitivamente Tomura era praticamente uma criança de tão óbvio, no qual já sabia até mesmo de quem se tratava este que tirava o sossego do azulado. Seria estupido se não reparasse nos olhares que ele soltava a Dabi, sempre tão indiscreto, e talvez a reação de quando era flagrado provava ainda mais o que estava acontecendo.

Era uma pena que Tomura não reparasse que também era encarado da mesma forma e que o outro, quando flagrado, reagia igual, tentando esconder seus olhares.

— Você já pensou em ser recíproco? Já conversou sobre isso com essa pessoa?

— De jeito nenhum! Eu me nego a pensar que ele também tem desejos.

— Ele? — já sabia mas adorou provocá-lo, e não se arrependeu em nenhum segundo ao ver a forma como o olhar dele se tornou perdido, como se tivesse contado um segredo terrível. — Não precisa se preocupar sobre ser "ele", só procure saber se é recíproco e depois podemos falar de novo sobre o assunto e chegar a alguma conclusão.

— Eu já não mandei você esquecer essa conversa? Por que caralhos você ainda insiste nessa merda? — estava furioso. Tinha sido meio descoberto e aquilo o deixou com um humor terrível.

— Certo, certo. Eu não vou falar mais sobre isso.

— Isso o quê? — testou para saber se sua ordem seria desacatada.

— Hã? Do que está falando? — disse divertido. Não tinha intenções de ver Shigaraki bravo, ele conseguia ser medonho demais quando queria, e obviamente os que se mantinham um pouco atentos ao que tanto conversavam ao ponto de sentir a áurea assustadora exalar dele no final suspiraram aliviados, sabendo que não seria Kurogiri a irritá-lo.

(***)

Shigaraki estava ocupado demais para perceber a movimentação de quando todos saíram, mesmo que eles tenham falado consigo para o convidar também para dar umas voltas, beber e refrescar a cabeça, ou até mesmo convidar mais integrantes pra se juntar à Liga.

Havia negado com fortes indícios de que seu humor estava mesmo péssimo, e que seria bom tanto para todos quanto para ele ficarem afastados.

Kurogiri tinha ido junto por seus próprios motivos, dando uma piscadela a Dabi, que permaneceu encostado na parede ainda de braços cruzados.

O moreno de olhos turmalina manteve sua expressão séria e indecifrável mesmo após o ato de Kurogiri, que o fez direcionar o olhar a um Shigaraki que além de mal humorado parecia deprimido.

O cômodo do esconderijo se tornou vazio restando apenas os dois, e aparentemente devido ao receio do resto da Liga de lidar com o humor do azulado, permaneceria vazio por algum tempo.

Tomura sequer notou a presença ilustre além da sua, simplesmente mexeu e remexeu a mão fixada em seu rosto terminando por tirá-la, logo deitando sua cabeça no balcão.

Pensando no que Kurogiri tinha falado, se seria correspondido ou não, mas para ser correspondido teria de ser só o desejo físico ou também a questão em si? — Qual não admitiria como paixão nem mesmo morto.

Achou a ideia um absurdo e tentou afastar tais pensamentos saindo do balcão e chacoalhando a cabeça de leve, somente assim conseguiu ver os olhos turmalina fixos nele.

— O que está fazendo aqui? — questionou inseguro ao se lembrar de que estavam sozinhos — Se manda você também!

— Precisamos conversar — aquilo soou como um ultimato, e obviamente Tomura não gostou nem um pouco daquele tom.

— Não precisamos conversar merda nenhuma. Agora anda, dá o fora daqui que eu não estou afim nem de ouvir sua voz! — tentou manter seu melhor tom, mas só conseguiu se estremecer ao ver Dabi desencostar da parede e começar a andar em sua direção.

Aquilo não iria prestar, tinha plena certeza de que não conseguiria se segurar se ele chegasse muito perto. Odiava se sentir vulnerável, e perto de Dabi ele acabava sempre ficando.

— Acontece que você vai me ouvir — o moreno se aproximou mais e mais, ficando a um palmo de distância do azulado que agora de pé se segurava com a palma da mão na bancada de costas para ela, como se estivesse encurralado.

— Então fala logo e some — sua voz tremulou um pouco e torceu para que Dabi não percebesse. Essa aproximação estava mexendo com seus instintos, e se sentia patético por isso.

Contudo o moreno permaneceu quieto o encarando por um tempo, como se também buscasse o que falar ou que estivesse tão nervoso quanto Shigaraki.

Ah, mas ele estava nervoso, bastante nervoso, e tinha exatamente o mesmo motivo. Sentia-se atraído por aquela cicatriz no olho direito e na esquerda do lábio da pele pálida e seca, na forma como ao redor dos olhos parecia enrugada e como as feridas na pele do pescoço davam um ar concentrado e legível.

Sentia-se atraído pelos olhos vermelhos como duas belas bolas de fogo banhadas em sangue natos de Tomura, e desejava sorrir toda vez que o encontrava encarando-o e ruborizando. Mas assim como o azulado, tinha cravado em sua mente que aquilo era uma distração do qual não seria correspondida e tão pouco deveria existir.

— Eu vou me desligar da Liga assim que Himiko voltar — soltou as palavras que considerava o melhor a se fazer em questão, ainda mais porque através da piscadela que tinha recebido de Kurogiri, imaginava que tinha sido flagrado analisando Tomura com outros olhos. Aquilo não poderia continuar, ou então acabaria não se segurando.

E tendo consciência do quão assustador Shigaraki conseguia ser quando estava bravo, já imaginava perfeitamente que se caso avançasse para seus desejos, seria desintegrado na mesma hora.

E ao contrário do esperado, Tomura pela primeira vez ficou sem voz. Abriu e fechou os lábios secos algumas vezes, buscando o que falar.

Aquilo não poderia ser real, poderia?

Gostaria de questionar e saber o porquê, gostaria de perguntar o que Dabi pretendia fazer quando saísse da Liga ou que tipo de vida levaria.

Se sentir-se atraído por Dabi já era torturante e deprimente, sentir-se atraído por alguém do qual não veria jamais era seu mártir. Queria a presença dele; queria um mínimo, mesmo que não pudesse tocá-lo como gostaria, beijá-lo como gostaria, sua presença ali era um mínimo.

— Por quê? — perguntou ainda em um empasse, já que não era de fato de sua conta e já esperava por tal resposta.

— Você quer mesmo saber porque? — infelizmente (muito felizmente), Dabi não era do tipo que escondia as coisas. Tinha uma péssima mania de falar tudo que pensava, e em sua mente no momento só se ouviam os gritos de uma paixão ao perceber um Tomura tão atordoado. Ele não imaginaria nem em próximas reencarnações que pudesse ver tal expressão direcionada a si, direcionada a ele da forma como queria, quase como se dissesse que o correspondia.

— Sim — sibilou baixo, ainda confuso e agora, acima de tudo, curioso. Aquilo era novidade para o moreno de cicatrizes tão feias, já que ele e o azulado sempre davam um jeito de se estranhar e brigar. Sempre acabavam provocando um ao outro, então sair da Liga não deveria ser um problema.

Porém se Dabi era do tipo que não escondia nada mesmo sendo o mais parecido com uma pedra em expressões, teve certeza que não teria medo de Shigaraki a partir dali — por mais assustador que ele conseguisse ser. Só simplesmente mostraria a ele e não teria arrependimentos.

Num fôlego impulsivo o moreno selou seus lábios aos do azulado, que mesmo chocado com tal atitude, não deixou de corresponder na mesma hora.

Aquilo não era tudo que queria?

O ósculo vicioso se tornou denso entre os dois, um brincar e roçar úmido de suas bocas que necessitavam por explorar mais e mais.

Dabi não conseguia pensar em por que havia sido correspondido pois estava muito ocupado prensando o corpo de Shigaraki à bancada e o erguendo, fazendo com que sentasse na mesma, mantendo os dedos firmes sobre a cintura e sobre a nuca marcada das unhas.

Tomura tentou evitar tocar com a mão inteira no moreno apenas entrelaçando suas mãos uma na outra, deixando os dedos livres atrás do pescoço de Dabi, puxando-o mais contra si.

Aquele beijo estava se tornando cada vez mais luxurioso, e desde que ele havia se concretizado, só tinha essa função: apaziguar seus anseios carnais um pelo outro.

Ambos tinham a vantagem de ser esguios, o que fazia com que qualquer movimento se tornasse mais fácil e prático, sem precisar utilizar muita força. Dabi por ser um pouco mais alto que Tomura tratou de deitar-se sobre ele enquanto ele deitava sobre a bancada — que por sorte não era tão estreita e conseguia apoiar suas costas.

O moreno soltou-se do beijo, direcionando sua boca semi partida com as costuras para o pescoço e em seguida resvalando de forma circular as feridas causadas pelas unhas, e claramente Tomura, o qual tinha sempre desejos em que ele se mantinha no controle, deixou-se ser dominado tão facilmente como sua pequena amostra de hipocrisia.

Os dedos longos e como um dos poucos pedaços não marcados escorreram da cintura, repuxando o moletom preto e deixando a barriga magra amostra com a pele pálida do azulado, apoiando-se de forma que ficasse entre suas pernas.

Tratou de marcar com firmeza aquele pescoço já ferido devido aos arranhões com seus dentes e hematomas — vulgo chupões — do qual se sentiu orgulhoso por tê-los feito. Há tempos queria marcar aquela pele pálida de tal forma.

E ansioso para marcar o resto daquela mesma pele ajudou Shigaraki a retirar o moletom, logo em seguida também sendo auxiliado a retirar o blazer negro, ficando apenas de regata e mostrando suas cicatrizes ao longo do braço e na clavícula, um delírio para a mente insensata de Tomura.

Não demorou muito para que descesse os beijos e mordidas da pele até o volume extra da calça de tom também preto do azulado, do qual somente por ser tocado de tal forma já tinha se entregado, e as mãos marcadas com apenas o dorso de pele límpida apertaram com força o quadril de Tomura quando mordiscou de leve aquela área volumosa.

Ouviu um som agradável sair pelos lábios rachados. Esse era o som que queria ouvir há tempos.

Tratou de querer se livrar rapidamente daquele tecido também, ainda torcendo para que o azulado não tomasse repentina consciência e fizesse algo contra si. Deleitou-se na visão privilegiada dos ossos das costelas e do quadril amostra na palidez quando finalizou a extração do material, qual estava o atrapalhando de admirar tais traços.
Shigaraki poderia ser magro como fosse, assustador como deveria, mas continuava sendo muito belo aos olhos turmalínicos que vibraram com um brilho específico.

Não tomou qualquer cuidado na hora de apalpar o membro desperto e apertá-lo com demasiada força, ouvindo um gemido afável e revelador de que obviamente aquele antes denominado Shimura Tenko tinha um apreço por dor e dominação, completamente o oposto do que pensava.

Diante de tal ação abocanhou rapidamente a carne ereta, sugando também com força e estimulando com uma das mãos a parte que não lhe cabia na boca, sabendo que não era tão pequeno quanto imaginava.

Num ato de desespero para controlar as repentinas sensações novas, Shigaraki agarrou com ambas as mãos as beiradas da bancada que apoiavam as suas costas, desintegrando o mármore por cima da madeira, ainda gemendo como não imaginou fazer.

— Filho... da puta — xingou ao sentir a língua circular seu membro e consequentemente também sentir as suturas expostas naquele mesmo local, fazendo-o delirar aos poucos.

E Dabi, diferente de seu eu habitual que não demonstrava expressões, quis sorrir ao ouvir tais palavras, ciente de que estava indo bem.

Em mais alguns movimentos repetitivos Tomura se desmanchou na boca do moreno, ofegante por ter sido proporcionado a tal prazer, não antes sentido por motivos já bem definidos.

Ergueu seu corpo beijando Dabi com volúpia, como se dissesse que estava pronto para as próximas etapas, mas ele era Shigaraki Tomura e não se deixaria levar tão facilmente sem fazer nada — era sua maneira de pensar em retribuir sem utilizar pensamentos gentis.

Seus beijos trocados tinham revelado qual era seu gosto, podendo compartilhar do sabor de seu próprio prazer enquanto tocava a regata e a calça preta de Dabi com todos os dedos de suas mãos, dando um jeito rápido de se livrar daqueles tecidos.

O moreno não esperava por tal desespero e muito menos que suas roupas começassem a virar poeira, mas como seu corpo fervia em excitação não quis dar muita importância para algo irrelevante no momento, já que tudo que queria era se livrar dos tecidos e fode-lo logo sobre a bancada.

Sem muitas delongas Shigaraki tratou de "retribuir" de sua mais simples forma inexperiente dando jeito de alisar a pele marcada e roxa como tanto queria, tocá-lo como tanto queria.

A textura era imensurável e gratificante, entoando de sua mais alta forma que seus antigos desejos, agora realizados, estavam certos.

Tocou a língua pelo membro do moreno, descendo por toda a extensão e chegando aos testículos do qual não poupou apertar da forma que pôde sem desintegrar; não queria fazê-lo sofrer ainda — na verdade queria, mas não agora. Seria fatídico se tocasse nele naquele momento, então somente o faria mais tarde.

Mal sabia o azulado o quão sexy conseguia ficar ao desenhar com a língua o membro do moreno, sempre mantendo seus olhos vermelhos atento às expressões sigilosas do mesmo, indevidamente. Não conseguia ser discreto ao se deparar com tamanha intensidade das orbes vermelhas, deixando transpassar alguns gemidos e suspiros um pouco grogues.

Dabi, o inexpressivo, havia saído de sua compostura, liberando suas feições enquanto era deleitado por Tomura.

Com a ansiedade e o fervor em que seu corpo já se encontrava, não mediu esforços para interromper Tomura em sua melhor performance para deixá-lo novamente contra a bancada, ficando ele de pé e o azulado deitado de frente para si.

Tratou de umedecer um pouco seus dedos e levá-los a entrada do azulado, penetrando-a de forma rude e vendo o corpo do menor se contorcer. Não teria paciência para que fizesse ele se acostumar o suficiente, por isso movimentou os dedos em tesoura e lateral, tentando alargar o espaço estreito intocado com pressa.

Shigaraki, por mais que visse aquilo como uma novidade incômoda, não pode deixar de assumir ter gostado um pouco — muito — da dor, desejando inconscientemente que aqueles dedos fossem substituídos por algo que ansiava.

Nenhum dos dois tinha paciência o suficiente, e cientes de que nenhum conseguiria esperar, Dabi logo retirou os dedos e mesmo com eles tentou umidificar mais um pouco a entrada com um cuspe certeiro, se posicionando.

O silêncio entre eles, que até então tinha sido estarrecedor, era como se até agora não quisessem falar sobre isso. Mas Dabi queria ouvi-lo implorar e por isso apenas forçou de leve a entrada, olhando para o rosto desejoso e um pouco suado de Shigaraki.

Os olhos turmalina encarando as bolas de fogo sanguinolentas e impacientes.

— Me fode logo, caralho! — não poupou nem um pouco a fala afoita, logo que percebeu que o moreno esperava que dissesse algo.

— Seu desejo é uma ordem — assim que disse, entrou sem dó nem piedade, muito menos paciência, dentro da cavidade quente, ouvindo um arfar sufocado do azulado que voltou a segurar na bancada.

Não conseguiu evitar ficar alguns instantes parado, sentindo o corpo do outro tentar lhe expulsar. Dabi também estava sendo uma das experiências mais prazerosas que já tivera tido, e jamais imaginaria que alguém com mente tão deturpada e visão distorcida como Tomura lhe desse tantos prazeres.

— Achei que você... iria me obedecer... dessa vez — disse um Shigaraki provocativo da melhor forma que pode, já que estava tentando se acostumar com aquele membro dentro de si, e era verdade que mesmo dolorido queria que o moreno se movesse e logo.

— Você não cala essa boca nem... nessa hora, não é? — com sorriso sapeca Dabi não poupou os movimentos que fez logo em seguida, também com a respiração descompassada — Acho que irei ter de... fazer isso também.

E iniciou um novo beijo enquanto segurava uma das coxas do azulado e a cintura, o erguendo o suficiente para que pudesse ir mais fundo e de encontro com o corpo.

Se afundava em movimento pesados e longos.

Ambos se perderam algumas vezes durante aquele beijo por causa dos gemidos que insistiam em sair de seus lábios, mesmo quando estes estavam ocupados, sempre mantendo um ritmo constante.

O som que se fazia assim que seus corpos se chocavam começou a ficar mais alto, já que o moreno não poupava de dar sempre estocadas fundas e fortes.

Assim que se separou dos lábios com uma leve mordida tratou de descer novamente para o pescoço ferido, lambendo e causando arrepios de forma que fez Shigaraki pronunciar seu nome alto.

Mas não havia sido apenas o arrepio, já que o moreno havia achado um ponto específico que, analisando de forma objetiva, só poderia ser sua próstata.

Dabi parou de lhe mordiscar o pescoço e se apoiou novamente com as palmas das mãos sobre a bancada, soltando uma das mãos da cintura e subindo até o membro de Tomura, enquanto a que estava na coxa se aprofundou nas nádegas, trazendo o corpo ainda mais próximo do seu.

— Hnn — gemeu alto, sentindo seu corpo fervilhar de uma maneira enquanto avaliava muito bem o abdômen e a pele do moreno com as cicatrizes, sempre segurando-se na bancada em que estava deitado.

O cabelo negro um pouco suado e caído, os lábios costurados semi abertos e os olhos com um ar predatório focado em si, as marcas roxas no pescoço, aquela pele... Queria tocar, queria desintegrá-las poeira por poeira na medida que sentia que seu corpo explodiria.

Levou as mãos até a pele de Dabi, pronto para tocá-lo e destruir aquele que o fazia sucumbir de forma tão sucinta.

Porém num ato rápido o moreno segurou os pulsos do mesmo com uma mão, os prendendo acima da cabeça com força o suficiente para ficarem-se marcas depois que tudo acabasse.

E ser prisioneiro daquela forma, sentindo uma forte estocada contra seu ponto sensível e a mão ágil que o acariciava o fizera chegar em seu clímax, sujando seu abdômen. Só que não era apenas ele que havia chegado ao limite; Dabi também havia e tinha se despejado em seu interior, o que proporcionou à Shigaraki o deleite de seu corpo trêmulo pelo segundo orgasmo do dia, sentindo o sêmen quente dentro de si.

Ambos ofegantes continuaram se encarando por alguns segundos a mais, enquanto o moreno saía de dentro do azulado.

Nenhum deles estava satisfeito ainda, mesmo que seus corpos tivessem chegado a um certo desfrute; aquilo não era o suficiente. Não para eles, que haviam se desejado em segredo por tanto tempo.

— Se você estava indo me tocar, então eu tenho que te punir — soltou Shigaraki de forma rápida, o suficiente para que conseguisse o tirar de cima da bancada e o fazer ficar em pé de costas para si.

Analisou-o de costas e se desfrutou-se com a bela visão que tinha de sua bunda.

— Me punir, é? — provocou-o, tendo seus braços puxados para trás e seus pulsos amarrados por alguma coisa que não conseguiu ver de onde surgiu — possivelmente de sua própria roupa, já que tinha ouvido algum tecido ser rasgado.

Agora com os braços presos nas costas e sem conhecimento do que viria a seguir, se despertou em desejo novamente.

— Eu vou te foder de novo — Dabi penetrou-o mais uma vez, certificando de fazer com que o azulado empinasse seu traseiro, afim de facilitar o contato —, e de novo — com uma das mãos forçou a cabeça de Tomura contra a bancada, apertando-a enquanto voltava a dar estocadas fortes —, e de novo, até que você aprenda a não tentar nada contra mim — terminou dizendo contra a orelha do mesmo, se apoiando sobre ele.

Nem era preciso especificar o quanto Shigaraki ferveu somente de ouvir a voz de Dabi tão próxima à sua nuca, enquanto era totalmente forçado contra a bancada e tinha sua entrada violada de forma voraz, soltando um gemido rouco.

Em meio a mais alguns minutos de movimentos contínuos e repetitivos o moreno fez questão de ainda atordoá-lo com certa agressividade, agarrando-o pelos cabelos e trazendo o tronco contra si, praticamente ambos ficando em pé.

Em meio a isso soltou as mãos de Tomura para que ele se apoiasse em algo, o que acabou não sendo mais a bancada por causa da posição, e sim uma das mesas daquele bar, que era o esconderijo da Liga dos Vilões.

Enquanto se apoiava deixou todos os seus dedos tocarem a mesa, desintegrando-a e derrubando um copo que havia ali, provavelmente de alguém da Liga mesmo, que tinha o deixado antes de sair, o fazendo se espatifar no chão por causa da peculiaridade.

Por estar se apoiando nessa mesma mesa acabou se cortando com alguns cacos de vidro, mas nada impedia Tomura de prosseguir com a sensação anestesiante que estava sentindo. Não queria que ela acabasse jamais, ainda que soubesse que seu próximo limite já estava perto novamente.

E de forma óbvia, talvez pela forma com que seus gemidos se tornaram ainda mais altos, Dabi fez questão de atingir novamente sua próstata, já sensível por causa do clímax anterior.

— Hnn, Dabi... — gemeu novamente o nome dele enquanto se desfazia. Era a terceira vez que gozava no dia, o que fazia com que seu corpo ficasse exausto.

— Tomura!

Ouvir o azulado dizer seu nome de agora naquele gemido rouco o fez sujar novamente o interior de Tomura, agarrando-o pelos cabelos no processo. Arfava tão exausto quanto ele, que agora apoiado na mesa, espalhava seu sangue entre os cacos e a mesa semi desintegrada.

Cansados demais para uma terceira rodada naquele meio tempo decidiram por fim descansar um pouco, tomar algum banho e retomar os prazeres depois, já que agora não mais precisariam se segurar na presença do outro e poderiam desfrutar tudo que quisessem.

Um pouco antes de deixar aquela parte do esconderijo em si Tomura deu uma pequena observada no local, procurando se havia deixado mais algum de seus pertences pelo caminho, enquanto agarrava o que restou de suas roupas rasgadas e vendo Dabi fazer o mesmo, colocando o blazer negro por cima. Porém foi só ai que a ficha realmente caiu e notou a bancada rachada e desintegrada tanto nas laterais quanto no meio, na prática, totalmente quebrada.

E a mesa mais próxima da bancada estava no mesmo estado, porém com cacos espalhados sobre ela e marcas de dedos por causa do sangue, e claro, respingos de sangue por toda a parte de onde tinha andado.

Tinha certeza que logo logo os outros integrantes da liga chegariam, e não teria tempo de limpar absolutamente nada.

Kurogiri o mataria por isso.

4 de Marzo de 2018 a las 20:57 0 Reporte Insertar Seguir historia
4
Fin

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