loryroux Lory Roux

Todoroki não sabia exatamente quando sua cor favorita tinha se tornado verde. Mas em todos os lugares em que a via, sentia seu interior se remexer em divergência. Era o quente e o frio. Uma confusão que só podia ser causada por Midoriya.


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#BokuNoHero #Midoryia/Todoroki #Deku/Todoroki #Yaoi
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O que eu gosto em você

Em algum momento, minha cor preferida tornou-se verde.

Não sabia exatamente em que ponto tal coisa havia acontecido. Foi tão gradativo e natural, que só notei quando os olhos e cabelos coloridos dele pareciam a coisa mais magnífica em que eu já tinha colocado meus olhos.

Foi na primavera que entrei naquele colégio interno e o vi pela primeira vez. Midoriya parecia um animal ferido, assustado no meio de predadores, mas, ainda assim, sorria. Ainda que eu visse de longe suas mãos trêmulas segurando as alças na mochila e os olhos se arregalarem cada vez que ele esbarrava sem querer em alguém, ele ainda parecia… Eufórico.

Descobri durante aqueles primeiros dias que, diferente de mim, que entrei na escola apenas por imposição do meu pai, aquele garoto estava ali porque era seu sonho. Estudar numa escola conceituada como aquela era seu objetivo de vida e ele se dedicava mais do que qualquer um. Mesmo com Bakugou, um menino arruaceiro da nossa sala, o infernizando, ele continuava firme, sem se abalar. Arrumou dois amigos com o passar das semanas e andava com eles por todo lugar.

Até mesmo alguém como Midoriya conseguia arrumar companhia.

Sempre acreditei que não precisava disso. Amigos? Isso era a última coisa em que eu pensava. Então por que ver aquele garoto de cabelo esverdeado sorrindo na companhia de duas pessoas que eu nunca sequer havia reparado, estava mexendo tanto comigo?

Afastei os pensamentos pelos dias seguintes, até que os nossos dias de limpar a sala de aula coincidiram. Ficamos sozinhos, separados apenas por algumas carteiras, em silêncio. Eu reparava seus olhares atravessados pra mim, porque eu também o olhava. Mas me admirei quando o ouvi falar.

Todoroki-kun – chamou – Você tem parceiros para o trabalho que o Aizawa pediu hoje?

Parceiros? Não, geralmente eu fazia trabalhos sozinho.

Não.

Bem… Ele disse que podia ser até quatro pessoas. Se quiser fazer com a gente…

O encarei por alguns segundos longos. Suas mãos pareciam inquietas agarrando o cabo da vassoura. Os lábios vermelhos sendo mordidos em nervosismo. Ele queria mesmo minha companhia em seu grupinho? Por que?

Eu não gosto de matemática – respondi.

Ah, tudo bem. O Iida-kun é muito bom nisso e ele pode ajudar…

Eu não preciso de ajuda – desviei o olhar – Eu sou bom na matéria. Só não gosto dela.

Hum? Por que não gosta, então?

Dessa vez, fui eu que parei e segurei o pano úmido com que limpava as mesas com mais força.

Porque é algo que puxei do meu pai – murmurei – Não quero ter nada a ver com ele.

Por que eu tinha dito aquilo? Por que tinha falado algo assim pra Midoriya? Nós sequer tínhamos trocado qualquer palavra antes disso. Ainda me perguntando meus motivos, ouvi uma risada escapar do outro. Olhei para trás, incrédulo. Ele estava mesmo rindo de mim?

Me desculpe – pediu – É que isso não faz sentido.

O que não faz sentido?

Não interessa se seu pai é ou não bom em alguma coisa – disse, como se fosse óbvio – Nós não nascemos sabendo esse tipo de coisa. Se você é bom nisso ou em qualquer outra coisa, é porque se esforçou pra isso. O mérito é todo seu.

Mérito meu…

Durante todos os anos da minha vida, acreditei que não havia nenhum mérito em quem eu era, principalmente porque eu era filho de alguém que não conseguia chamar de pai. Projetou todos os seus sonhos frustrados em mim, até que eu nem pudesse reconhecer quem eu era. Perdido nesse caminho, nunca pensei que pudesse achar uma luz que me mostrasse um caminho diferente.

Um caminho onde Todoroki Shoto não estivesse fatalmente ligado a um destino que não escolhi.

Mas ele sorriu mais uma vez. Os olhos verdes brilharam e as sardas sobre as bochechas se moveram em favor de sua expressão… Adorável. A luz amarelada do fim da tarde entrava pela janela, mas isso não se comparava a luz que emanava dele.

Foram só algumas palavras. Palavras bobas, que poderiam ser ditas por qualquer um… Mas saíram apenas dos lábios dele. Que despertaram em mim a vontade de descobrir quem eu era como ainda não tinha tido coragem de fazer.

Provavelmente foi depois disso que as coisas começaram a mudar. Porque tudo se transformou numa confusão de sentimentos e atitudes tão grande que eu poderia facilmente me confundir. De alguma forma, nos aproximamos a ponto de eu estar rodeado pelos seus amigos. Não era como se eu falasse muito com eles, mas estava sempre por perto. No entanto, preferia quando éramos só eu e Midoriya. Me sentia mais à vontade assim.

Gostava quando nos sentávamos sob as árvores no fim da tarde e ele contava histórias timidamente. Ele costumava sorrir quando isso acontecia. E seus olhos sempre brilhavam quando ele sorria de verdade.

Eu estou falando demais, eu sei – ele disse, certa vez – Desculpe.

Eu gosto de ouvir você falar.

Pela primeira vez, vi seu rosto se pintar inteiro de vermelho sob as sardas. E quando ele sorriu de novo, foi diferente. Eu ainda não o tinha visto sorrir pra ninguém daquele jeito. Só pra mim.

Numa noite, acabamos no quarto de Iida. Seu colega de quarto era o tal Bakugou, mas ele não estava lá, então até Uraraka-san escapou do prédio onde ficavam os dormitórios das meninas e trouxe com ela Jirou, Momo, Mina e Tsuyu. Kaminari, o colega de quarto de Midoriya, também estava lá. Momo e Mina pareciam as mais animadas e deram a ideia de uma brincadeira muito boba.

A gente gira a garrafa – Mina disse – E vamos ter que dizer uma coisa que gostamos na pessoa pra quem ela apontar.

Que coisa mais idiota, Mina – Jirou reclamou – Passa logo pra cá essa garrafa.

Riram, enquanto a menina de cabelos cor-de-rosa revirou os olhos e passou a garrafa para a amiga. A ponta foi parar em Momo.

Hum – Jirou torceu o lábio – Gosto dos seus peitões.

Você é tão rude – Momo cruzou os braços sobre os seios – Me dá isso.

A garrafa foi girada novamente. Parou em Izuku. Os olhos verdes se ergueram esperando o que ela diria.

Gosto da sua força de vontade – disse, docemente.

Midoriya encolheu os ombros e depois se esticou pra pegar a garrafa. Girou-a. Parou em mim. Dessa vez, vi a mim mesmo encarando-o com expectativa. Ele mordeu os lábios, pensativo. Será que era difícil pensar em algo em mim que o agradasse?

Gosto da sua marca de nascença – ele passou o indicador ao redor do próprio olho.

Meus olhos se abriram um pouco mais do que o normal, porque ninguém nunca tinha me dito aquilo. Nunca falaram da minha marca como algo bonito. Algo que fosse agradável. Era sempre com um olhar de pena. Mas não ele. Não Izuku. Ele gostava até mesmo disso.

Eu gosto dos seus olhos – falei, mesmo que não tivesse girado a garrafa. Mesmo que não fosse ele quem eu devia elogiar.

Ah… Obrigado – pediu – Mas…

Gosto do seu cabelo também – continuei.

Todo…

Ele ia me interromper, mas não havia nada que eu quisesse dizer pra qualquer outra pessoa naquele quarto. Eu nem mesmo reparava em ninguém o suficiente para saber o que gostava ou deixava de gostar neles.

Gosto da sua voz. E das suas sardas. E do jeito que você ri – suas bochechas ficaram vermelhas demais – Também gosto quando fica vermelho.

Minha mão foi parar em seu queixo quando ele baixou o rosto. Não podia deixar ele esconder sua expressão de mim. Minha cabeça tombou para o lado quando vi seus lábios entreabertos, e seus olhos me encarando, com expectativa misturada a receio.

Acho que gosto de você todo – sussurrei, mais para mim mesmo do que pra ele.

Ok – Kaminari disse alto – Acho que a gente já entendeu que você gosta muito mesmo do Deku. A gente pode continuar a brincar sem a tensão sexual?

Se não tiver tensão sexual, pra que você quer brincar? - Jirou reclamou.

Eu acho que já vou – Izuku se levantou rapidamente.

Ajeitou a bermuda que usava e seguiu para fora do quarto e sem esperar demais, o segui. Não dei ouvidos ao que diziam ao redor. Midoriya caminhava apressadamente até que o alcancei.

Não precisava ter vindo.

Eu só estava lá porque você tinha me chamado. Não faria sentido ficar lá sem você.

Izuku puxou a respiração até que chegamos em frente a porta do seu quarto. Ele parou de frente pra mim. Olhou em meus olhos e mordeu os lábios antes de dizer.

Também gosto dos seus olhos, dos seus cabelos e da sua voz – disse baixinho – Também gosto de você todo. - Ficou na ponta dos pés e segurou meus ombros, deixando um beijo na minha bochecha – Boa noite, Todoroki-kun.

E entrou no quarto, me deixando sozinho ali. Meus lábios formigavam, com uma vontade desconhecida. Eu devia ter lhe dado um beijo na bochecha também? Era por isso que minha boca parecia tão… Seca?

Caminhei sem rumo até chegar ao meu próprio quarto e entrei sem avisar. Só reparei que devia ter ao menos batido na porta quando vi meu colega, Kirishima, sobre o corpo de Bakugou. Os dois se beijavam sem pudor, mordendo a boca um do outro, depois do pescoço enquanto as mãos alisavam e arranhavam o corpo alheio.

Demorou alguns longos segundos até me notarem. Katsuki empurrou Kirishima tão forte que ele bateu as costas na parede, mas não se abalou. Em vez disso, seu rosto também corou junto ao loiro, mas este gritava palavrões que não me dei ao trabalho de prestar atenção.

Ainda estava pensando no que os dois estavam fazendo. E porque minha mente vagou a uma realidade onde eu estava fazendo o mesmo com Midoriya.

Seu maldito meio a meio – Bakugou gritou mais uma vez antes de sair do quarto – Custa bater na porra da porta?

Na realidade, foi isso que ele fez assim que saiu. Olhei novamente para Kirishima que estava sentado em sua cama, encostado na parede. Ele me analisava, como se estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa.

Você pode… Sabe… Não falar nada sobre isso com os outros? - perguntou Eijirou.

Por que?

Estamos tentando ser discretos. Não que a gente ligue tanto assim para o que os outros pensam, mas…

Você gosta dele? - perguntei, sentando na minha cama e apoiando os cotovelos nos joelhos.

Os dentes pontiagudos do garoto surgiram quando ele sorriu.

Gosto. Ele é difícil, mas – o sorriso aumentou – Eu gosto disso também. Ele é quente como o inferno.

Por mais que eu não entendesse bem sua analogia, acreditei que aquilo era um elogio. Apenas concordei com seu pedido e segui os dias ainda pensando sobre todas essas coisas que me deixavam cada vez mais confuso.

Foi aí que percebi que verde era minha cor favorita. E era porque eu só via ele.

E naquela semana, enquanto todos organizavam a festa para o fim da primavera, chamei Izuku para ir comigo.

Ir com você? - perguntou, alarmado – Como… Como um par?

Sim.

Tem certeza de que quer ir comigo?

O encarei, seriamente.

Não existe ninguém com quem eu queira ir além de você.

Mirdoriya sorriu e mordeu o lábio enquanto seu rosto corava mais uma vez. E a semana se passou correndo até o dia da festa. Nos vestimos com boas roupas, mas não necessariamente à caráter. Nos encontramos pelos corredores do dormitório e ele estava tão… Bonito.

Você está muito bem, Todoroki-kun – disse, gentilmente – Gostei do seu cabelo pra trás.

Dei um sorriso pequeno, porque já tinha descoberto que adorava quando ele tinha coisas boas pra falar sobre mim. Ainda que eu sempre fosse elogiado por diversos motivos, os de Midoriya eram… Diferentes. Me causavam sensações diferentes.

A festa estava bonita. Izuku me puxou para perto da mesa e bebemos um pouco da bebida colorida que estava lá. Na pista de dança, nossos colegas se divertiam. Kirishima parecia tentar convencer Bakugou a se mover sem fazer cara feia, o que foi impossível. Ao olhar para o lado, vi a expressão de Izuku parecendo divertida.

Você quer dançar? - perguntei.

Ah, eu não sei dançar. Mas acho que pode ser divertido. Você quer?

Dei de ombros. Eu não sabia como dançar, mas se Midoriya achava divertido, então eu faria sem problemas. Ele me puxou pela mão e me arrastou até a pista. A música agitada continuou e nós começamos a nos mover de modo estranho, mas Izuku ria como uma criança e aquilo fez um pequeno sorriso brotar nos meus lábios também.

Ele estava novamente brilhando, como no dia em que nos falamos pela primeira vez. Eu podia sentir meu caminho se iluminando apenas pela presença dele. E durante aquele tempo, eu estava descobrindo quem eu era. Quem eu queria ser. Tirado daquelas sombras, eu podia ver seu brilho deixando tudo mais claro.

A música mudou. Ficou lenta, de repente. As pessoas arrumaram um par e Midoriya alisou o próprio braço, em dúvida. Mordeu novamente os lábios vermelhos e minha boca, mais uma vez, formigou. Mas não queria alcançar sua bochecha, como ele tinha feito noites antes. Eu queria algo diferente e não estava preocupado com discrição.

Quando me aproximei e segurei sua cintura, Izuku apoiou-se em meus ombros, provavelmente acreditando que eu só queria dançar. Mas quando meus lábios anularam a distância entre os seus, senti seu ofego surpreso. Suas mãos apertaram minha camisa até que sua boca deslizou sobre a minha e nossas línguas se encontraram segundos depois.

Midoriya – chamei, ainda de olhos fechados.

Entreabri apenas para ver sua face vermelha evidenciando as sardas. Sua pele se arrepiou sob meu toque e minha voz.

Hum – murmurou.

Gosto de beijar você.

Ele riu antes de fechar as mãos na minha nuca e me puxar mais pra perto.

Então continua.

E quando colamos novamente os lábios, ainda alheios as vozes ao redor, percebi como eram distintos os sentimentos que cresciam em mim por causa dele. Como o quente e o frio, coexistindo no mesmo lugar. Paralisando meus medos congelados, enquanto aquecia cada parte do meu coração.

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Ahhhh

essa one foi um presente pra Chris, bebe

Foi minha primeira TodoDeku

Espero que tenham curtido <333

26 de Febrero de 2018 a las 18:48 0 Reporte Insertar Seguir historia
2
Fin

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