pattsemedo Patt Semedo

Este é o segundo livro! Se é a primeira vez, leiam primeiro os "Filhos das Ruínas"!! O Presidente está morto. E com isso, muitas mudanças estão a caminho. Uma nova ameaça coloca a vida de Imogen em risco, e Amriel e Kai irão ter de se juntar - por mais ódio que haja entre eles - para salvar a vida dela. Annaleah continua desaparecida, e não há como perceber o que aconteceu naquela fatídica noite do assalta ao Quartel. Imogen vai ter de escolher um lado, mas será que a escolha vai ser a mais acertada? Os nossos personagens preferidos estão de volta com muitas mais aventuras. Cliquem no primeiro capítulo para os acompanhar! Todos os direitos reservados.


Post-apocalíptico No para niños menores de 13.

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CAPÍTULO 1 - IMOGEN

A brisa fria toca-me no rosto. Inspiro fundo, abraçando-a, pois aqui o ar parece ser muito mais puro. No cimo do edifício em ruínas, é impossível não me deixar absorver por tudo o que os meus olhos conseguem observar. Os prédios deteriorados estendem-se até se perder de vista. Alguns maiores do que outros, mas ainda muitos com a sua estrutura original, apesar do péssimo estado de conservação. Como seria de esperar, a natureza começou também a ocupar o seu devido lugar alargando-se sobre o material cru dos edifícios em forma de heras, ou por entre o alcatrão que dá forma ao chão cinzento por entre os prédios. Sorrio perante a imagem que tenho à minha frente. Estar aqui, sozinha com os meus pensamentos, recorda-me de tempos mais simples – tempos estes em que a única coisa que prevalecia era a minha sobrevivência. Constantemente em fuga, sempre a esconder-me dos kakois que me queriam caçar e entregar-me ao nosso Presidente, o homem com mais poder em toda a Cidadela.

Agora, três meses depois, parece que essa parte da minha vida está demasiado longe sequer para me lembrar dela. Tanto mudou que chega a ser difícil de acompanhar. Faço parte dos Filhos das Ruínas, e estou numa constante luta contra o Estado. A minha sobrevivência não é o meu único objectivo ao fim do dia, mas sim o de todas as pessoas que albergamos e protegemos das injustiças que permanecem no nosso mundo. A minha preocupação são as pessoas que considero família e a sua segurança.

Desço do parapeito e pego a minha espada. Essa Imogen, que meses antes aqui esteve, morreu, e agora deu lugar a outra. Antes de deixar o terraço, olho uma última vez para tudo em redor, como se fosse a última vez que fosse ter a oportunidade de ali estar. Depois, sem pensar mais, deixo tudo para trás e entro por entre as ruínas do edifício. As escadas de metal estão no mesmo estado que tudo o resto, por isso desço cautelosamente. No rés do chão, onde deveria estar uma porta, Cedric espera por mim como tão teimosamente insistiu que ficaria.

– Estão todos dentro dos veículos – diz-me bastante orgulhoso com o seu papel em toda esta missão.

– Óptimo, podemos ir para casa.

O rapaz, demasiado novo para estar envolvido em tudo isto, segue-me sem contestar nada. Não precisamos de andar mais de cinco metros e entramos nas ruas de mais uma aldeia. Em qualquer outro momento, estaria entusiasmada para percorrer as bancas que costumam preencher as ruas com mercadorias trazidas por aqueles que viajam constantemente entre as Ruínas e a Cidadela. Porém, enquanto percorro as ruas de mais aldeia de resistentes, essa vivacidade não se encontra em lado algum. Agora não passa de mais uma aldeia queimada até ao chão. Para o Estado é somente mais uma. Para nós, são mais pessoas que perderam os seus lares, o lugar onde viveram toda a sua vida.

Observo toda a destruição, incapaz de acalmar a raiva que em mim cresce. Se o choque tomou conta de mim há uns tempos quando participei no meu primeiro resgate, agora sinto-me muito mais abalada. Não acredito que alguma vez sequer conseguirei habituar-me a toda a destruição que tenho de testemunhar. Por breves momentos, imagino o que seria viver num mundo que não é a preto e branco, numa realidade onde temos poder de escolha e as nossas opiniões realmente contam para melhorar a nossa qualidade de vida. Questiono-me se será possível um lugar assim.

Vejo os meus companheiros dos Filhos entrarem em casas a tentar apagar fogos que ainda perduram. Há mulheres perto onde os nossos veículos estão, por entre o aglomerado de pessoas sem esperança no rosto, a gritar pelos seus filhos, mas também crianças a chorar pelos seus pais – os quais não conseguimos salvar. Um arrepio involuntário atravessa-me a espinha enquanto perscruto toda a confusão em meu redor.

– Chefe? – Cedric chama por mim.

Solto um esgar involuntário perante a alcunha com que o rapaz me apelidou.

Devido ao desaparecimento de Theo, Rick teve de alterar a sua estrutura hierárquica. Agora sem ele e sem a Annaleah, eu e o Kai ocupamos um lugar de privilégio em relação a Rick. Numa reunião, pouco depois de eu me recuperar, anunciou que eu seria a pessoa a ficar encarregue das missões de resgate – missões estas lideradas anteriormente por Theo. Houve alguns protestos, Filhos que não aceitavam que uma kakoi os pudesse liderar. Duas semanas depois, após a nossa primeira missão de resgate, essas desconfianças evaporaram. Actualmente, sei que nestes momentos tenho o seu respeito e protecção.

– Não fica ninguém para trás? – questiono a Cedric.

– Estamos todos.

– Obrigada. Podes dar a ordem, então.

O rapaz afasta-se de mim a correr para transmitir a mensagem. Alguns dos meus companheiros olham para mim, validando a ordem, e eu assinto. Porém, de repente, algo dentro de mim indica-me que alguma coisa que está errada. Tento afastar esses pensamentos negativos. Ultimamente, tenho-me sentido mais paranóica do que o normal, algo compreensível após todas as circunstâncias.

– Entrem todos nos veículos – grito para que me possam ouvir nitidamente.

Algo não está bem.

Numa fracção de um segundo depois, uma sirene começa a tocar. O seu volume vai aumentando gradualmente, e o som continua numa intermitência frenética. alto. É um barulho uniforme, uma única nota que não se interrompe por nada. Cubro os meus ouvidos, tentando impedir o som de atingir o meu cérebro. Uma pontada no lado esquerdo da cabeça faz-me quase perder o equilíbrio.

Sou amparada por um dos meus companheiros.

– Imogen, estás bem?

Um vulto passa por nós e derruba-me por completo ao chão. Tenho apenas tempo para agarrar na minha espada, seguramente presa nas costas, e usá-la para impedir um golpe que vem directo ao meu peito. Perscruto pelo meu atacante. Alto, largo de constituição e com – o distintivo dos nossos inimigos – olhos pretos. Kakois. Ele volta a atacar-me, mas estou preparada. Embora seja muito forte e esteja bem-adaptado na luta, também me equiparo. Afinal, fui feita exactamente da mesma forma.

A sirene aumenta ainda mais o volume. Em reacção, sinto-me a ficar fraca. Os meus olhos ficam desfocados, impossibilitando-me de ver onde está o meu adversário, somente distinguindo-lhe a sombra. O que está a acontecer comigo?

O tempo está a passar, e consequentemente estou a perder a minha vantagem. Respiro fundo, obrigando-me a concentrar. Com todas as forças do meu corpo, levanto-me e enfrento-o. Sem demoras, lanço-me sobre ele sem qualquer medo que riposte. A luta não leva mais do que meros segundos. Quando a minha lâmina o atinge no peito, o seu corpo cai inanimado ao meu lado.

Sofro um novo ataque. O barulho metálico da minha espada a embater na sua quase me ensurdece. Cambaleio para trás, confusa com o que está a acontecer. O kakoi volta a desferir um novo ataque. Consigo defender-me, mas com um grande custo. Algo realmente não está bem. Sinto as energias a deixarem-me o corpo de uma forma agressivamente rápida. Com grande dificuldade, consigo matar o kakoi, porém no fim tenho de pousar um joelho no chão e usar a minha espada como apoio.

Estou sem forças. Sinto-me exausta como se tivesse corrido uma maratona. Porém, nada se compara.

De longe, de muito longe, oiço a voz de Cedric a ordenar que todos entrem nos veículos.

Passos.

Espadas a embaterem umas nas outras.

– Imogen? – Alguém pergunta. Por cima da sirene, mal oiço a sua voz.

– Temos... de sair daqui – digo para o ar, esperando que alguém me oiça.

Tento lutar contra o cansaço que se apodera do meu corpo, agora com uma força bruta. Tento e tento, mas em vão. Do nada, vem a escuridão.

29 de Agosto de 2022 a las 10:35 0 Reporte Insertar Seguir historia
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