Era um funcionário. Como tantos outros e, como se não lhe bastasse, era com este breve título que se apresentava.
— Frederico Batut, funcionário!
E o fazia com uma alegria que lhe era própria, pois tanto mais o fizesse, mais orgulho sentia daquilo que era.
Frederico havia sonhado trabalhar desde pequeno em uma empresa daquelas e, quando seu contrato de trabalho terminou, ou melhor dizendo foi terminado — porque Frederico foi encontrado numa sexta-feira à tarde, na sala de reuniões, apenas de meia e cueca, terminando de beber no gargalo a garrafa de whisky que seu chefe guardava com tanto carinho enquanto Joana, sua colega do RH, dançava no mesmo tipo de traje incomum para o mundo corporativo. Tudo isso ao som de Lulu Santos — Frederico já tinha outras preocupações.
Mas Frederico não teria ido à sala de reunião sem antes se lembrar de travar a tela do computador ao sair da sua estação de trabalho. O que ele menos queria era receber um aviso do TI dizendo que ele não estava cumprindo as políticas internas de segurança de rede. De toda forma, ele já havia se acostumado a realizar esta ação de tal maneira que se utilizava dos dedos nas teclas “Windows + L” para travar o computador e se levantar da cadeira no mesmo impulso.
Este era Frederico, um funcionário. “Funcionário exemplar!”, alguém talvez exprimisse. Alguém que, ao menos, sempre se lembraria de travar o computador ao se ausentar de sua mesa, o que já é mais do que se pode esperar de muitos funcionários.
Aquela sexta-feira à tarde, no entanto, seria diferente, e de todo modo não se poderia dizer que Frederico não teria motivos para extravasar — afinal não é todo dia em que podemos dizer que estamos no fim do mundo.
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