2minpjct 2Min Pjct

Jimin estava cansado da vida que levava em Merik, por isso não pareceu má ideia roubar um dos prostíbulos mais visitados da ilha e depois fugir em um barco à procura de uma melhor oportunidade em outro lugar. O que ele não esperava, no entanto, era ser atacado pelo famoso Kraken, o terror das águas mais profundas e desconhecidas. Desacordado, Jimin acaba atracando em uma ilha, aparentemente deserta e desconhecida, que esconde mais segredos do que ele imagina.


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 18.

#elfos #bts #yoongi #jimin #deuses #pwp #yoonmin #mpreg #fadas #vikings #mitologia-nórdica #sugamin #minimini #suji #2min #jimin-top #minmin #sujim #2minpjct #yoongi-bottom #navegação #Bangtan-Boys-BTS #boyslove #boyxboy #bts-fanfic #bts-fic #gay #híbrido #jimintop #romance-gay #S-Fadas #yaoi #yoongibottom
6
3.7mil VISITAS
Completado
tiempo de lectura
AA Compartir

Perder

Escrito por: Baunie_Baunilha/ @Baunie_Baunilha

Notas Iniciais: Olá, pequenos marujos, como vocês estão?

Trouxe mais uma historinha pra vocês, ela é sobre um tema que amo de paixão e tentei explorar o máximo que dava, espero que gostem!

Ela é cheia de aventura e mistérios bobos, tô animada pra saber o que vão achar hehe

Boa leitura 😘


~~~~


Jimin sorria faceiro enquanto terminava de vestir suas roupas leves, seguidas das de couro escuro, que eram tão resistentes quanto uma armadura de ferro puro. Seus cabelos negros como a noite e um tanto longos estavam presos em um meio rabo de cavalo, com alguns fios caindo sobre os olhos pequenos e traiçoeiros.

Hoje seria um dia importante, por isso se autodispensou de seu trabalho de pesca, já que precisava de toda energia disponível para seus próximos passos, que definiriam sua saída daquele lugar.

Merik não era uma vila tão pequena, pelo contrário, fazia parte do grupo das ilhas mais visitadas durante o período lunar, tendo como principais atrações as dançarinas sedutoras, as moças mais belas andando pelas ruas, o hidromel mais puro e os prostíbulos mais requintados.

Jimin poderia dizer que fazia parte dos trabalhadores contentes que faziam seu serviço com um sorriso no rosto, sabendo que logo, logo chegariam visitantes curiosos e endinheirados, loucos para gastar seu hacksilver em coisas triviais e sem qualquer importância.

Os pescadores, como Jimin, eram os que mais lucravam com as caravanas, já que encontravam desde espécies desconhecidas de peixes, até pérolas das mais variadas cores.

O Park poderia dizer que era um desses sortudos, mas, na verdade, era só um dos empregados que não ganhava quase nada, porém era o suficiente apenas para comprar o que precisava para não morrer de fome.

O moreno aprendeu desde que era criança a se virar sozinho, já que nunca conheceu seu pai, e sua mãe — uma prostituta — foi espancada e morta por um dos vários visitantes tão amados por todos, quando Jimin tinha apenas sete anos.

Isso foi o suficiente para ele se transformar em um rebelde sem causa, acostumado a cometer pequenos furtos para sobreviver à crueldade das pessoas à sua volta.

Assim que tomou ciência sobre sua realidade, Jimin colocou em sua cabeça que precisava sair de Merik, nem que para isso precisasse esperar anos.

Ter começado a trabalhar com a pesca foi um bom começo, já que aprendeu o básico de navegação e, com isso, poderia ir para qualquer lugar que desejasse. E era por esse motivo que estava ali, com dezenove anos, pronto para roubar o prostíbulo mais visitado da ilha, para assim pegar um dos barcos de pesca que ficavam atracados perto da praia e ir embora, pronto para uma vida melhor — ou, pelo menos, era assim que ele gostava de acreditar que seria.

Estava contando com a ajuda de Namjoon, seu melhor amigo, para o plano dar certo. O Kim era um dos garçons do prostíbulo e conhecia cada canto do lugar, o que era um bônus e tanto para Jimin.

A execução do plano começou quando o moreno olhou para a porta de sua pequena casa assim que ouviu dois pequenos toques na madeira bruta, o que o fez ir até lá desconfiado.

Não era amigo de muitas pessoas de lá e não costumava receber visitas de vizinhos preocupados, pois não era uma surpresa ninguém ser gentil por ali.

Ele abriu uma pequena fresta e olhou para fora. Por ser muito cedo, ainda estava um pouco escuro e o sol não tinha nascido, mas pôde ver uma silhueta alta e grande se destacando pela pouca luz da tocha perto da porta.

— Abre logo, Jimin. Eu tô congelando aqui fora — o Kim resmungou apressado, fazendo o mais novo soltar uma risada baixa e abrir a porta para o outro entrar.

— Você demorou — resmungou enquanto ia até a lareira acesa em um canto da sala, sentando-se numa das poltronas nada confortáveis e revestidas pela pele de algum animal.

— Ah, me desculpe, senhor, mas ninguém é morcego igual você, que não dorme durante a noite — Namjoon reclamou em puro sarcasmo, indo ocupar a outra poltrona disponível, passando as mãos pelos braços para tentar se aquecer mais rápido.

Jimin revirou os olhos e bufou, apoiando os cotovelos sobre os joelhos ao se inclinar para frente.

— Vamos direto ao ponto — pediu, recebendo um aceno do mais velho. — Conseguiu o que eu te pedi? — indagou esperançoso, olhando para o amigo com expectativa.

— Claro que consegui — confirmou, dando um sorriso convencido e enfiando as mãos no bolso para tirar de lá uma chave média e um pouco enferrujada. — O bom de trabalhar na taverna é que se aprende a ter mãos leves — gabou-se, estendendo o objeto para o mais novo.

Jimin sorriu largo ao pegar a chave, rindo logo depois.

— Você é o melhor, Nam — elogiou, guardando o metal em seu próprio bolso. — Não se esqueça de manter aquele velho distraído, não quero que nada dê errado.

— Fica tranquilo, Jiminie. E se alguma coisa der errado também, não vai fazer diferença, você vai fugir de todo jeito — o Kim relembrou, abrindo a boca em um bocejo, ajeitando-se melhor sobre a poltrona.

Por ser um típico viking, Namjoon tinha seu corpo grande e bem estruturado, com vários músculos e tatuagens de desenhos antigos nos braços, que combinavam perfeitamente com seu cabelo loiro longo, barba rala e pele bronzeada. Bem diferente de Jimin, que era pequeno, magro, com poucos músculos, pele clara demais para quem pegava muito sol e sem nenhum pelo no rosto.

Assim como o Park, Namjoon era órfão e aprendera desde criança a se virar sozinho, mas, ao contrário do outro, seus pais não morreram, apenas não o quiseram e acharam que seria uma boa ideia deixar uma criança viver a própria sorte.

— Tem certeza que não quer ir comigo? — perguntou depois de um suspiro, olhando para o amigo com um olhar pesaroso.

— Sim, Jimin, você sabe que não posso deixar a Moonbyul.

— É, eu sei. — Passou a mão pelos cabelos. — Levar ela também não é uma possibilidade, até porque ela não ia aceitar, carrancuda do jeito que é.

Namjoon riu, concordando com a cabeça, sabendo bem do jeito cabeça dura da garota.

— Certo — Jimin disse, enquanto se levantava. — Acho melhor você ir, antes que alguém desconfie.

O Kim ergueu uma das sobrancelhas.

— Quem você acha que vai desconfiar? A vila inteira está dormindo, seu idiota.

— E o que tem? Sempre tem aqueles malucos que acordam com as galinhas, ou até antes delas — argumentou, cruzando os braços, formando um pequeno bico sem nem perceber.

— Malucos como você? — o mais velho retrucou zombeteiro, soltando uma risada alta assim que viu a expressão do amigo se fechar ainda mais. — Certo, estou só brincando.

Levantou-se ainda sorrindo, indo até o menor para lhe dar um abraço, fazendo-o praticamente sumir contra seu peitoral largo e braços longos e grossos.

— Boa sorte, Minie. Tenta não fazer merda — pediu carinhosamente, apertando o baixinho um pouco mais em seus braços.

Namjoon via Jimin como um irmãozinho mais novo, já que os dois se aproximaram quando ainda eram pequenos ladrões e sempre se juntavam para saques mais elaborados. Sentiria falta dele, principalmente dos planos malucos que o outro tinha com chances de dar cem por cento errado.

Jimin sorriu contra as roupas quentes do mais velho e logo se afastou.

— Você também, Namjoon. E vê se pede logo a Byul em casamento, ela já esperou demais — disse, dando um soco no peitoral forte do outro, como era seu costume.

Namjoon riu, negando com a cabeça.

— Não esqueça de me mandar notícias.

Jimin assentiu e acompanhou o Kim até sua porta novamente.

O Park estufou o peito e bateu com os nós dos dedos fechados contra ele duas vezes, um costume que os homens da vila tinham quando alguém ia fazer algo perigoso. Era como uma despedida esquisita.

Namjoon fez o mesmo e se virou, indo embora pelos becos para não ser percebido.



Jimin estava nervoso, tanto que sentia suas roupas começarem a grudar em sua pele pelo suor que começava a brotar como água.

Estava em uma ruela atrás da taberna, escondido nas sombras enquanto observava a porta dos fundos do estabelecimento, esperando o momento em que Namjoon a abriria para que pudesse entrar.

Ainda era cedo, talvez estivesse na metade do dia, já que o sol brilhava bem alto no céu, o que fazia Jimin soltar resmungos pelo calor infernal que sentia.

O moreno olhou para a porta assim que ouviu o som das fechaduras enferrujadas soarem alto, para logo depois Namjoon aparecer, olhando discretamente em sua direção e assentir uma única vez antes de voltar para dentro.

Jimin soltou um suspiro e olhou para a rua à frente da porta, esperando ficar menos movimentada, antes de correr o mais rápido que podia e passar pela porta pesada, fechando-a até sobrar apenas uma frestinha.

Olhou para trás e respirou aliviado por não ter ninguém, esticou o pescoço e ouviu o barulho alto que vinha da cozinha, ficando um tempo parado ali até ter certeza de que ninguém apareceria.

Seguiu pelo pequeno corredor e virou à direita, seguindo as informações que Namjoon tinha lhe passado alguns dias antes.

O escritório do dono do prostíbulo ficava nos fundos, perto da cozinha, mas não corria o risco de ser roubado porque vivia trancado por uma fechadura de chave única, chave essa que Jimin agora tinha, graças ao Namjoon.

Ele tentou fazer o mínimo de barulho possível, mesmo que não tivesse ninguém ali. O Kim tinha dito que seu chefe não costumava ficar no escritório, preferindo participar da farra que seus clientes faziam.

O Park tirou a chave do bolso de sua calça velha e olhou para trás, mordendo o canto dos lábios antes de encaixar a chave na fechadura e girar, ouvindo o som familiar da trava se abrindo.

Sorriu aliviado e empurrou a madeira, olhando para trás uma última vez antes de entrar, fazendo uma careta instantaneamente. O lugar fedia a fungos, queijo estragado e mais alguma coisa que Jimin não soube especificar.

Ele tampou o nariz pequeno e se aproximou da mesa com uma careta de desgosto, começando a vasculhar a procura de alguma coisa de valor. Abriu todas as gavetas até se irritar por não encontrar nada e ir até uma estante no canto, perto da janela, e seus olhos brilharam assim que abriu o primeiro compartimento.

Tinha talvez uns vinte sacos com moedas em ouro puro, que seriam o suficiente para Jimin viver uns bons meses sem se preocupar.

O moreno pegou o saco marrom de pano, que estava amarrado em sua cintura, e começou a jogar os saquinhos menores dentro, controlando-se para não soltar uma gargalhada alta de felicidade.

Abriu as outras três gavetinhas e encontrou mais moedas e joias de ouro, pérolas e mais algumas pedras preciosas. Quando terminou de pegar tudo, sentiu o saco tão pesado que precisou jogá-lo nas costas para que conseguisse carregar.

Fechou as gavetas que abriu e saiu de mansinho pela porta, seguindo pelo corredor, mas quando estava prestes a atravessar a porta dos fundos, uma voz soou atrás de si:

— Ei! O que está fazendo?!

O Park olhou para trás com os olhos arregalados e conseguiu ver um cara alto e musculoso parado em frente à entrada que provavelmente dava para a cozinha. Pela cara pouco amistosa, ele parecia saber exatamente o que Jimin estava fazendo, por isso o moreno não pensou muito antes de dar um chute forte na porta para abri-la e sair correndo em direção à rua, ouvindo o desconhecido vir gritando atrás dele.

Ele desviou dos transeuntes distraídos, pulou caixas com algumas verduras e outras contendo maçãs. Tentou dar seu máximo para despistar seu perseguidor, mas suas pernas eram curtas e não demorou para o cara alto alcançá-lo, fazendo com que Jimin tivesse que aumentar a velocidade e se cansasse mais rápido.

Foi quando virou em uma rua e viu algumas gaiolas com galinhas dentro, empilhadas perto de uma barraca com uma mulher corpulenta gritando algo sobre preço e gordura, que sua mente pareceu acender.

Olhou para trás e o desconhecido estava se aproximando, então sorriu maleficamente e correu em direção às gaiolas. Olhando para sua retaguarda, notou que o homem estava muito perto de pegá-lo, então segurou nos arames que prendiam as galinhas e o puxou, derrubando todas atrás de si, bem em cima do seu perseguidor, que soltou um grito alto de dor e susto.

Jimin soltou uma risada vitoriosa e voltou a correr em direção ao cais, ouvindo os gritos da dona das galinhas, que parecia furiosa, já que boa parte das aves tinham fugido.

Quando chegou ao seu destino, andou ligeiro pela pequena ponte do porto e foi até um dos últimos barcos, que sempre eram os menores e mais velozes na água.

Já tinha colocado uma bolsa de mantimentos e roupas em um deles durante a madrugada sem que ninguém visse, então só jogou o saco com as moedas e pulou dentro dele, desamarrando a corda que o mantinha preso.

Pegou um dos remos em um canto no chão e o usou para dar impulso e se afastar, correndo até às velas para içá-las, quando o vento bateu contra ele. E em questão de minutos, já estava longe o bastante para ninguém conseguir o alcançar mais.

Abriu um sorriso ao perceber que finalmente tinha conseguido sair daquela vila de merda, que nunca seria capaz de dar a ele o que ele realmente queria.

— Estão vendo, deuses idiotas?! — gritou enquanto olhava para o céu limpo, sem nenhum vestígio de nuvem. — Não preciso de vocês para nada! — continuou e depois riu mais, indo pegar a roda do leme para colocar o barco na rota que pretendia seguir.

Primeiramente pensou em ir para o Sul, onde tinham ilhas mais evoluídas e povoadas, com a certeza de que logo conseguiria arrumar um emprego e compraria uma boa casa, mas acabou decidindo ir para o Norte, pois era menos frio, tinham poucas pessoas e ele poderia viver sossegado.

Já tinha tido a sua cota de ilhas bem povoadas, não precisava de mais pessoas se intrometendo onde não eram chamadas, principalmente aquelas que não tinham nada a ver com sua vida.

Virou o leme com força e destreza para o lado, mudando o rumo do pequeno barco sobre as águas límpidas e cristalinas. Alguns cardumes nadavam à sua volta, e Jimin achou isso bom, seria ótimo para uma refeição quando estivesse com fome mais tarde.

O sorriso satisfeito persistia em seus lábios grossos e um pouco ressecados pelo sal das águas à sua volta, mas ele não se importava, porque eram essas águas que estavam o levando para um destino melhor.

A tarde foi caindo e com ela chegaram os golfinhos cinzentos, que pulavam em volta do barco, fazendo o Park ficar preocupado. Já tinha tido inúmeros acidentes com esses peixes quando trabalhava com a pesca em sua vila e muitos deles acabavam morrendo ao serem "atropelados" pela embarcação em dado momento.

Era inevitável: mesmo esses animais sendo incrivelmente inteligentes, eles tinham a mania de nadar sempre perto demais dos navios, às vezes até na frente, o que facilitava para serem puxados pela corrente para debaixo do barco, em direção às espirais que faziam a embarcação se mover para as direções dadas pelo leme.

Felizmente, não tinham muitos e Jimin pôde aproveitar um pouco da companhia deles sem causar nenhum acidente.

Quando a noite chegou, as estrelas brilhantes inundaram o céu, deixando Jimin maravilhado. Nunca tinha navegado à noite e, muito menos, para tão longe de sua antiga vila, e com certeza nunca tinha visto um céu tão lindo.

Tinham pequenas nuvens de tons que variavam do rosa ao roxo bem fraquinho, com o centro em branco — eram conhecidas como nebulosas —, onde tinha uma concentração maior de estrelas, que eram tão lindas que faziam os olhos pequenos de Jimin brilharem junto.

Algumas estrelas estavam em conjuntos bonitos que às vezes eram distinguidas em imagens bastante nítidas, coisa que o moreno ouviu uma vez se tratar de constelações.

Sabia que algumas tinham nomes, mas ele não sabia identificá-las, muito menos se lembrava da nomenclatura, então se dispunha a apenas observá-las com fascinação.

Também viu algumas luzes verdes dançando sobre ele em ondulações elegantes; as famosas auroras boreais que sempre ouviu falar, mas que nunca teve a oportunidade de ver. Bem, até agora.

Por sua ilha estar em uma localização um pouco mais próxima das geleiras, era comum alguns pescadores que saíam durante a madrugada presenciarem esse show incrível, mas Jimin nunca tinha tido a sorte.

O moreno ficou feliz por sua primeira experiência ter sido sozinho, pois não conseguiria esconder as lágrimas de uma emoção vergonhosa e — para ele — sem motivo aparente.

Por um momento, lamentou não saber fazer aquelas pinturas bonitas que alguns artistas da vila faziam e colocavam na feira para vender a um preço exorbitante.

Ele suspirou e voltou sua atenção para o barco. Pegou um dos apoios para o leme e o prendeu, para evitar que ele fosse em outra direção durante a noite, enquanto estivesse dormindo.

Quando se certificou de que estava bem preso, afastou-se e foi até um caixote onde tinha colocado os peixes que havia pego mais cedo. Tinha sido difícil pegá-los, pois, em sua pressa, acabou esquecendo de pegar uma rede, o que resultou em ter que pescar com o arpão, mas no fim capturou uma boa quantidade que daria para o seu jantar e café da manhã no dia seguinte.

O Park tirou sua pequena adaga da bota que usava e pegou um dos peixes pela boca, indo com ele até a borda do navio, para limpá-lo.

Como não podia acender uma fogueira e o barco era pequeno demais para ter uma cozinha, teria que colocar em prática umas receitas que aprendera sobre peixe cru com Namjoon, que era quase um mestre cuca nesse quesito.

Preparou ao todo quatro peixes médios e comeu todos com gosto, mesmo que tivesse ficado com nojo no início. E assim que ficou satisfeito, arrumou-se para ir dormir.

O barco tinha um pequeno porão de carga, mas era apertado demais para conseguir passar uma boa noite de sono lá, então embolou-se em meio a alguns caixotes e tirou de dentro de sua bolsa com roupas, uma pequena manta feita da pele de algum animal.

Estava um pouco frio, por isso, precisava se aquecer bastante para não acabar adoecendo rápido e morrer mais rápido ainda.

Ele soltou um suspiro e olhou para as inúmeras estrelas sobre sua cabeça, dando um pequeno sorriso e pegando no sono sem nem perceber.

Jimin acordou naquela manhã com o sol escaldante atingindo em cheio seu rosto. Ele estava bem alto no céu e quase o cegou quando abriu os olhos.

O moreno olhou em volta um pouco perdido pelo sono, mas logo sorriu ao ver apenas água.

Tratou de se levantar e dobrar a manta que tinha usado para se cobrir durante a noite. Como estava bem calor, tirou as peças de couro escuro, ficando apenas com as finas de linho.

A blusa era branca, mas estava um pouco amarelada por não ser lavada corretamente, tinha uma abertura em V bem no centro do peitoral, deixando à mostra boa parte das clavículas bonitas e bem marcadas.

Ele passou a língua pelos lábios um pouco ressecados e foi até as velas checar se ainda estavam em boas condições para a longa viagem que faria.

Já tinham se passado duas semanas desde que fugira da vila e, até o momento, não tinha avistado nenhuma fileira de terra. Não que estivesse preocupado, estava seguindo as regras de navegação que aprendera e, ao menos que as estrelas estivessem erradas, sabia que estava indo na direção que queria corretamente.

O Park passou a mão pelos cabelos já bem ressecados e suspirou, indo até o cesto onde estavam os peixes, soltando um resmungo irritado ao notar que estava vazio.

Mordeu o canto dos lábios e pegou o arpão encostado em um canto do pequeno barco, livrando-se da blusa fina enquanto caminhava até a beirada da embarcação.

Analisou as águas para ver se estavam calmas e se era seguro pular nelas para tentar pescar alguma coisa.

Quando terminou de analisar as velas, a velocidade do vento, as nuvens e até mesmo o movimento dos poucos peixes que apareciam abaixo de si, foi que Jimin se sentiu seguro para pular na água cristalina e gelada.

A temperatura quase o fez querer voltar para o barco, mas só foi ver o enorme cardume de sardinhas nadando um pouco mais ao fundo que mudou de ideia.

Tomou fôlego e afundou nas águas claras, segurando firmemente o arpão ao passo que tentava nadar, ignorando a ardência nos olhos por conta do sal, tentando ser o mais discreto possível enquanto se aproximava dos peixes.

Na primeira tentativa, conseguiu pegar três de uma vez, mas, em resultado, todo o cardume se dissipou e foi para longe, deixando Jimin nada surpreso.

Ele nadou até onde estava o arpão com os três peixes perfeitamente perfurados e bem presos e nadou de volta para a superfície, subindo na pequena escada de cordas na lateral do barco para jogar o que tinha pegado dentro da embarcação, logo voltando a pular na água.

Ao todo, Jimin topou com outros cinco cardumes, conseguindo capturar com sucesso um ou dois peixes de cada um deles, para sua satisfação.

Foi quando estava voltando para o barco, depois de ter recuperado o arpão com os peixes, que notou que algo estava errado.

As águas à sua volta, mesmo que fossem um tanto profundas, estavam agitadas, o que não era nada normal.

Ele tratou de subir até o barco mais rápido, percebendo que lá em cima estava bem pior. O céu, que antes era límpido e totalmente azul, estava manchado de cinza e com alguns pontos mais escuros, os ventos tinham aumentando e Jimin se sentiu sortudo por eles não terem puxado seu barco para longe dele, já que não tinha jogado a âncora na água quando pulou para pescar.

O Park subiu rapidamente pelas cordas e correu até as velas, abaixando-as para não correr o risco de a tempestade arrastá-lo para tão longe.

Prendeu os poucos barris que tinham água potável juntos e os colocou no pequeno porão, assim como sua pequena bagagem e os peixes que tinha pescado.

Como um bom pescador da vila que era, tinha muitas experiências com tempestades no meio do mar e, por isso, sabia exatamente o que fazer para não perder as coisas mais importantes que tinha na embarcação.

Foi para a frente do barco e tirou o remo que prendia o leme, tomando o lugar dele, tentando se manter firme para quando as ondas altas viessem e para que ele pudesse tentar desviar delas.

Apertou as mãos na estrutura de madeira e esperou — esperou por um bom tempo, mas nada aconteceu. E então ele percebeu que não tinha nenhum som de trovão, ou o clarão dos raios, muito menos pingos de chuva.

Jimin se distraiu por um instante e olhou à sua volta, com as sobrancelhas franzidas, tentando descobrir o que estava acontecendo.

Foi quando veio uma pancada forte, tão forte que o fez ter que se segurar no leme para não cair.

Ele recuperou o equilíbrio e se pôs de pé outra vez, mantendo a calma por acreditar se tratar apenas de uma onda, mesmo que em sua cabeça uma luz de alerta começasse a acender.

Então veio outra pancada, e outra, uma mais forte que a anterior, mas o mar ainda permanecia calmo e as ondas que atingiam o barco eram pequenas demais para causar todo aquele alarde.

Só quando a quarta pancada o atingiu que ele percebeu que elas vinham debaixo do barco, e não das laterais.

Jimin andou cambaleante até a lateral do barco depois de prender o leme, com o coração acelerado, tentando ver o que era, acreditando se tratar de uma baleia, já que era normal estes mamíferos gigantes nadarem sob as embarcações.

Mas, em vez da calda e um corpo grande e escuro, o Park viu um tentáculo, de um tamanho que não era natural e que o fez arregalar os olhos.

E então veio outra pancada, seguida de uma mais forte que derrubou Jimin.

O moreno ficou assustado, levantando-se rapidamente para ir até a beira de novo, mas outro golpe acertou o barco e ele quase caiu na água. Por sorte, segurou-se na corda que prendiam alguns barris.

A essa altura, a pequena embarcação já balançava tanto que entrava água por todos os lugares, deixando Jimin ainda mais apavorado.

Desde que tinha começado a trabalhar como pescador para a ilha, sempre ouvira histórias no meio da viagem, histórias sobre criaturas místicas e assustadoras que foram criadas pelos deuses para castigar os navegantes que pegavam o que não deveriam.

Muitos diziam que era por isso que não existiam muitos piratas, já que todos eram mortos por essas criaturas, por roubarem de todos.

Entre as criaturas, estava o temido Kraken, que era um polvo gigantesco, com tentáculos que podiam partir um barco ao meio de tão fortes. Ele era a mais temida das criaturas, pois não avisava quando estava chegando e, quando você percebia, já estava sendo atacado por ele e não dava mais para fugir.

Jimin nunca acreditou nessas histórias, achando que não passavam disso: histórias. Mas ali, no chão de seu barco, sentindo os golpes aumentarem cada vez mais, ele começou a se sentir um tolo por ter discriminado tanto o que os outros diziam.

Ele estava se preparando para se levantar do chão e correr até as velas para subi-las — para se aproveitar do vento forte e tentar escapar dali — quando um tentáculo indescritivelmente grande emergiu da água.

O Park arregalou os olhos em pavor, sentindo seu coração acelerar de uma forma absurda, quando notou esse mesmo tentáculo descer outra vez, mas inclinado, bem em direção ao seu barco.

Ele se encolheu assim que o membro cheio de ventosas atingiu em cheio a vela, partindo-a sem dificuldade, quebrando também o leme no momento em que acertou o convés do barco.

As laterais se partiram, fazendo assim mais água entrar, quase inundando tudo.

Jimin conseguiu se apoiar com muito sacrifício e estava quase se levantando quando outro tentáculo apareceu, caindo bem perto de onde ele estava, acabando por acertá-lo sem que esperasse, arremessando-o na água.

O pequeno navegador sentiu o forte impacto da água em suas costas, o que o fez perder o ar por alguns instantes e abrir a boca, ocorrendo do moreno engolindo um pouco da água.

Ele tentou subir de volta para a superfície para recuperar o fôlego, mas acabou quase sendo atingido por um dos destroços do barco, fazendo-o olhar à sua volta para procurar um lugar seguro para emergir.

Foi só aí que conseguiu ver que estava a alguns poucos metros longe da embarcação e então enxergou a criatura assustadora abaixo da estrutura do barco, que jogava seus tentáculos para cima na esperança de puxar toda aquela madeira para baixo, em direção à sua boca que estava bem aberta.

O moreno tentou não se desesperar para não chamar atenção para si, mesmo acreditando que o monstro o acharia apenas se seguisse o cheiro de seu medo. Esforçou-se para ir até à superfície devagar e sem alarde, mas já estava perdendo o fôlego e sentia que a qualquer momento iria perder a consciência.

Desviou do máximo de destroços que apareciam em sua frente, até finalmente conseguir subir e puxar o ar com força para seus pulmões, porém uma parte maior da embarcação o acertou com força na cabeça devido às ondas e Jimin se sentiu tonto, assim como todo seu corpo começou a pesar e ele voltou para debaixo d'água.

A última coisa que ele viu antes de apagar totalmente foi seu barco embrenhado entre os braços daquela criatura, sendo puxado para as profundezas.

Antes mesmo de abrir os olhos, Jimin pôde sentir a dor em sua cabeça, assim como o sol queimando a pele de seu rosto, as pedrinhas minúsculas de areia abaixo de sua mão e a água tocando até suas coxas suavemente em um vai e vem gostoso, mas que, ao mesmo tempo, era irritante.

Ele tentou abrir os olhos lentamente, incomodado com a claridade em excesso.

A primeira coisa que viu foi um pedaço de madeira ao seu lado, a apenas alguns centímetros de distância. Mais além, ele pôde ver algumas árvores altas, que faziam parte de uma floresta bem densa, a qual começava logo após a grande fileira de areia.

Jimin fez uma careta ao fazer um esforço para se levantar até o ponto de conseguir se sentar, olhando atentamente para aquele monte de verde à sua frente antes de desviar para o mar atrás dele.

Levantou-se com dificuldade e olhou à sua volta, percebendo que aquele pedaço de madeira que viu ao abrir os olhos não era o único perto dele. Tinha até alguns dos barris que tinham sido presos no fundo do barco antes do ataque, quando achou que se tratava apenas de uma tempestade.

Deu alguns passos cambaleantes pela praia, olhando para todos os lugares à procura de alguma referência para saber onde estava exatamente.

Quando estava navegando, não havia visto nenhuma ilha próxima, o que significava que tinha ficado um bocado de dias desacordado boiando pelo mar até parar naquela ilha desconhecida, que aparentemente era desabitada.

— Merda — resmungou, fechando os olhos pela frustração ao notar que não fazia a mínima ideia de onde estava e que muito menos tinha um barco para sair dali.

Ilhas silenciosas assim eram perigosas, pois costumavam abrigar tribos inteiras que poderiam ser bem agressivas com desconhecidos. Só a possibilidade de essa ser uma delas, já deixava o coração do Park acelerado e apreensivo, pois não tinha armas para se defender caso fosse atacado.

Resolveu ir para um rochedo em um dos cantos da extensa praia, acreditando ser o mais seguro, porque poderia ter uma caverna onde ele poderia se esconder tranquilamente e também porque se manter longe da floresta seria o melhor. Pelo menos até recuperar suas forças para explorar.

Pelo caminho pegou alguns galhos e folhas secas para fazer uma fogueira, para não se arriscar a morrer de frio.

Subiu pelos rochedos com cuidado para não acabar caindo, já que as pedras eram bem escorregadias e ele não queria escorregar e se machucar.

Andou um tempo em meio àquelas rochas até achar um lugar seguro para ficar, que era perto do topo e parecia uma caverna, mas que não era tão funda, não parecia ter nenhum animal vivendo ali e não corria o risco de ser inundada caso a maré subisse ou houvesse alguma tempestade.

Foi um pouco mais para o fundo e amontoou no chão os galhos e folhas secas que tinha pegado pela praia, colocando ao lado duas pedras médias que achou dentro da caverna para que pudesse acender o fogo mais tarde.

Soltou um suspiro e se sentou com as costas contra a parede fria, fechando os olhos para tentar arranjar forças para se levantar dali um tempo para poder arrumar alguma coisa para comer.

Estava tão distraído e cansado que não percebeu que era observado por uma criatura de orelhas pontudas e cabelos brancos, que estava muito bem escondida por entre as árvores e que correu para dentro da mata assim que Jimin fechou os olhos.

O elfo subiu em uma das árvores mais altas e esticou a mão, pegando em um dos cipós, assim que ele chegou perto dele. Foi pulando de um em um até chegar próximo à clareira que vivia com os outros. Olhou para trás, mesmo sabendo que não tinha sido seguido, e atravessou pela pequena trilha até chegar à pequena aldeia que abrigava os outros elfos que viviam ali.

Passou rápido por entre eles, olhando em volta à procura daquele que eles protegiam, achando-o próximo ao lago, sorrindo para algumas crianças que brincavam na água.

— Yoongi! — chamou-o ofegante, parando atrás dele e apoiando as mãos nos joelhos.

Yoongi se virou um pouco assustado, mas logo sorriu ao ver quem era.

— Aconteceu alguma coisa, Seokjin? — questionou preocupado, levantando-se do chão e indo até o elfo, ajudando-o a se sentar para descansar.

— Eu vim da praia — começou a dizer, fazendo Yoongi assentir. — O pescador que salvamos está lá.

O outro fechou os olhos e suspirou aliviado.

— Ele parece machucado?

Seokjin negou.

— Só parece um pouco tonto e perdido. Está escondido nos rochedos, naquela pequena caverna no alto — explicou, abaixando-se para beber um pouco da água do lago, que era tão cristalina quanto a do mar em volta da ilha.

— Está bem, avise as fadas, precisamos ficar de olho nele. Se apresentar perigo para nós, peça para jogá-lo de volta ao mar.

Seokjin assentiu e se levantou, voltando a correr pela pequena aldeia até às criaturas mágicas, que ficavam nas maiores árvores as quais cercavam toda a clareira, afastando-se do outro homem, que tinha os cabelos tão brancos quanto os seus.

~~~~


Notas Finais: Acho que foi uma ótima introdução kkkkkk tem várias informações jogadas por aí, espero que tenham conseguido captar🤭

Olha gente, meu conhecimento sobre piratas e essas coisas vem todo da saga de piratas do Caribe, ent não estranhem se virem alguma coisa parecida com os filmes!

E foi isso, não esqueçam de deixar o favorito e comentário pra eu saber se estão gostando!

Queria agradecer a @mimi2320ls / @bebeh1320alsey por sempre ter um trabalho incrível na betagem

E a busanjimin / @xbusanjimin por essa capa M A R A V I L H O S A que me deixou encantada por ter pegado toda a essência da história. Muito obrigada, Inna, eu amei demais (acho que cansei de te dizer isso, mas enfim)

Meu twitter é @ yminboy e meu ccat tá na minha bio caso queiram fazer perguntas!

Até a próxima, bolinhos!

Amo vocês 💜

4 de Abril de 2022 a las 02:36 0 Reporte Insertar Seguir historia
2
Leer el siguiente capítulo Achar

Comenta algo

Publica!
No hay comentarios aún. ¡Conviértete en el primero en decir algo!
~

¿Estás disfrutando la lectura?

¡Hey! Todavía hay 3 otros capítulos en esta historia.
Para seguir leyendo, por favor regístrate o inicia sesión. ¡Gratis!

Ingresa con Facebook Ingresa con Twitter

o usa la forma tradicional de iniciar sesión