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Yoongi era um músico em ascensão que, vítima de um acidente fatal, teve sua vida ceifada ainda muito jovem. Jimin, escritor e noivo de Yoongi, é incapaz de superar sua morte. Então, alimenta suas memórias através de fanfics, histórias que dão a eles o final bonito que não puderam ter juntos. Até que, em uma manhã, quando deveria completar cinco anos desde a partida de Yoongi, o próprio aparece para ajudar Jimin a reescrever-lhes um novo final.


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 21 (adultos).

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Preces ouvidas

Escrito por: @BreStoessel/@BreStoessel

Notas Iniciais: É um prazer estar de volta, minha pele estava para ressecar sem o choro de vocês kkkkkk. Brincadeiras a parte, peço que fiquem tranquiles pois essa fic é uma das que mais consegui escrever cenas fofinhas, então aproveitem esse evento apesar dos pesares.


Quero agradecer a @mimi2320ls/@bebeh1320alsey pela betagem que me ensinou bastante. E a @Lullies/@lilacbabie por ter feito uma capa TÃO impecável. Me deu o que eu precisava sem eu saber que precisava tanto.


Na fanfic de hoje, trouxe pra vocês uma semelhante de "Perdição", novamente contando com um Jimin triste e solitário curtindo ao lado do Yoongi fantasminha camarada. Apreciem!


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Palavras eram escritas vagarosamente letra por letra, na ilusão de suprirem aquelas que jamais foram ditas, como se pudessem compensar o sonido que jamais fora ouvido.

Jimin digitava até os dedos doerem ou até que já simplesmente não mais os sentisse, pois qualquer dor havia se tornado insignificante desde que perdeu quem amava; desde que perdeu quem amava sem sequer ter a chance de se despedir.

Durante a pequena pausa que dera para respirar do enxame de sentimentos que, de tão avassaladores quase o sufocavam, Jimin se entreteve desenhando corações no vidro embaçado pelo vapor gelado impregnado em sua janela. O ruído agudo do deslizar de seu indicador pela superfície úmida, em algum momento, lhe lembrou do arranhar de pneus naquela rua molhada.

Então, fechando a mão e os olhos com força, Jimin reprimiu para dentro de si a agonia de se lembrar quase claramente da cena que presenciou. Quando os pneus do carro de Yoongi deslizaram pela rua na tentativa de desviar de um carro que vinha desgovernado. Ou quem sabe, o Min que estivesse apressado demais para conseguir parar a tempo, antes da colisão.

Sinceramente, de quem era a culpa já não lhe importava mais.

Yoongi era músico — pianista, para ser mais exato —, não era exatamente um ídolo internacional, mas era bem famoso na região e um astro aos olhos de Jimin, que encontrava em seus momentos juntos as mais genuínas inspirações para suas obras como escritor.

Herdando, além da casa, algumas economias da avó, Jimin havia aberto uma biblioteca. E junto do que recebia pelo aluguel dos livros de terceiros — já que ainda não havia tido coragem de publicar nada do que escrevia — somado às apresentações de Yoongi, não poderiam dizer que esbanjavam dinheiro, mas o que recebiam era o suficiente para viverem satisfeitos em suas vidinhas tranquilas.

Viviam na casa que um dia o Park dividiu com a avó que cuidou dele desde a sua adolescência. Seus pais ainda eram vivos, mas depois de uma certa idade, aos seus dezenove anos, Jimin começou a acreditar que para o bem de sua relação com os progenitores, precisava se mudar. E bom, existe algum lugar mais aconchegante que a casa da vovó?

Dona Eun-ji faleceu algumas semanas depois de Jimin e Yoongi assumirem o namoro, mas desde sempre demonstrou grande apoio àquela relação, então partiu em paz sabendo que seu menino estaria em boas mãos. Literalmente.

Ela não poderia imaginar partida mais tranquila e bonita do que aquele momento em que pôde vislumbrar do rosto bonito e saudável de seu neto, acolhendo sua mão de pele já enrugada num carinho gostoso, parecido ao que recebiam seus ouvidos, sendo agraciados por uma graciosa melodia tocada por Yoongi num piano velho disposto no canto do quarto.

Naquele momento, a senhorinha já não sabia dizer se estava partindo por alcançar o auge da exaustão, ou por finalmente encontrar a paz máxima. Apesar da respiração pesar, seu corpo estava leve como se estivesse flutuando pela superfície do mar. Gostaria muito, mas não sabia se aguentaria esperar até a chegada da filha — mãe de Jimin —, mas se agarrava à ideia de que já havia feito por sua família tudo que lhe cabia, e talvez fosse essa a razão de sua partida.

Park Eun-ji acreditava que, alcançada a velhice — quando nossos propósitos acabam —, a vida acaba também. Como se entrássemos num constante domingo à tarde quando o tédio nos consome e nada mais nos instiga a atenção.

Conforme a música que Yoongi tocava ia se aproximando do final, as piscadas da velha Park tornavam-se mais demoradas e pesadas, como as lágrimas grossas do neto, que tentava prender o choro mordendo o lábio com força, mas seus olhos inundados prontamente entregavam-no. Tudo pareceu entrar em câmera lenta de repente, até que Eun-ji já não estivesse mais ali.

Yoongi prolongou ainda a canção, torcendo para que durante a passagem da senhora Park, ela ainda conseguisse escutá-lo um tanto mais, ao invés do choro compulsivo de Jimin. Sendo sincero, o Min nunca se aprofundou bem sobre essas teorias do que acontece após a morte, mas desejou do fundo do coração que Eun-ji não pudesse perceber como o neto estava desolado ao seu lado.

Quando a canção chegou ao fim, Yoongi acolheu Jimin em seus braços pelo que foram horas, que se transformaram em dias, meses e logo em anos. Até que o pedido de noivado viesse após 3 anos de namoro, mesmo que já estivessem morando juntos há um bom tempo.

Mas Jimin sempre foi muito piegas e fazia questão de oficializar sua relação com tudo que tivessem direito.

Continuaram na mesma casa, porque Jimin sentia que não haveria lugar melhor que aquele para se viver, e Yoongi acatou a ideia porque seu lar era onde Jimin estava. Além disso, ele gostava da vista do quarto para o quintal florido depois de substituírem uma parede mofada por uma enorme porta. Gostava de compor novas canções, assistindo Jimin inspirar toda a energia da natureza presente em seu quintal, bem como admirar as madrugadas estreladas e tranquilas quando perdia o sono às vésperas de alguma apresentação.

No quarto, Jimin dormia tranquilo, já acostumado com a inquietude do noivo durante quase todas as noites. E por esse motivo, mudaram o piano para a sala. Yoongi achava melhor assim para não incomodar o sono do noivo. Não mudava muita coisa, mas já ajudava. De qualquer forma, não é como se Jimin fosse achar ruim, quando sempre foi o fã número 1 de Yoongi.

Melhor amigo, namorado, noivo, fã e tudo mais que fosse possível ser. Jimin era completamente apaixonado por Yoongi de todas as mais diversas formas ou intensidades. E talvez fosse por isso que ainda hoje, passados cinco anos, Jimin ainda não era capaz de superar sua partida ou de seguir em frente seja como fosse.

Mesmo pela pequena brecha aberta da janela, Jimin foi ainda capaz de sentir um frio semelhante ao que fazia naquela noite, bem como todas as demais sensações que ainda hoje eram sufocantes como foram há cinco anos.

Jimin sempre se lembraria daquele fatídico dia. Era onze de novembro, quando o plano era terminar aquela noite chuvosa assistindo a uma comédia romântica da qual o trailer havia chamado a atenção de ambos igualmente; por mais que tal gênero normalmente não fosse do gosto de nenhum dos dois.

No dia seguinte, Yoongi teria uma apresentação com Jung-su, um amigo de início de carreira do moreno que nunca sequer se esforçou para esconder suas segundas intenções. Depois de tanto tentar cortá-lo e não ver resultado, Yoongi aceitou que a única solução seria se afastar ao máximo. Mas acontece que a profissão por vezes os unia, quando juntos carregavam o título de melhores músicos da região.

A apresentação que aconteceria contaria com um grupo de músicos, com Yoongi no piano e com Jong-su no violino.

No geral, não era obrigatório tanto contato entre as partes envolvidas, mas o rapaz mais novo era ousado o suficiente para lotar o Min de mensagens cheias de insinuações. Jimin já deveria ter se acostumado com aquele tipo de situação, bem como com as tentativas do noivo de evitar o outro o máximo possível. Mas acontece que no dia em especial, o Park talvez estivesse mal-humorado demais, exigindo de Yoongi que simplesmente desistisse da apresentação, como uma forma mais séria de provar a Jong-su que já não suportava mais suas brincadeirinhas.

Mas aquilo era um absurdo completo!

Yoongi amava seu trabalho, e precisavam do dinheiro que vinha dele. Desistir de algo tão importante seria como aguçar o ego de Jong-su, demonstrando o quanto conseguia afetá-los, e também alimentar o egoísmo que o noivo vinha apresentando. Não queria que, eventualmente, Jimin começasse a pensar que aquele era o modo correto de agir sobre situações como aquela, porque não era.

O motivo da discussão talvez tenha sido bobo, principalmente quando tudo que os movia era o impulso do agouro de um dia longo e exaustivo para ambos. Talvez o que mais os tenha ferido, ao ponto de Jimin apenas gritar que assistiria ao filme sozinho, fossem as ofensas despejadas um no outro sem pensar.

— Está agindo como a droga de um mimado, Jimin!

— Mimado? O cara dá em cima de você há meses e você ainda faz questão de dividir camarim com ele. Até parece que gosta de alimentar essa merda toda.

— Jimin, é o meu trabalho!

— O quê? Se oferecer?

— Jimin, você escutou a merda que acabou de dizer?! — Yoongi questionou exaltado, freando o carro com brusquidão na frente do shopping, assustando a todos que passavam por perto. — A música, Jimin. A música é o meu trabalho, a minha vocação. E eu sinto muito que existam esses empecilhos no caminho, mas eu não vou desistir do que eu amo por um imbecil inconveniente e por birra de um homem passado dos vinte anos, mas mimado pra caralho!

— É assim que trata do meu desconforto? Como um capricho idiota?

— Nesse momento, sim — respondeu com sinceridade, ainda respirando pesado.

— Você é um idiota! — Jimin proferiu antes de abandonar o carro e apressar os passos para dentro do shopping.

Arrancando sozinho com o carro para longe da entrada daquele shopping extenso, Yoongi se sentiu zonzo. Estava acostumado a ser o alento para os tormentos de Jimin, mas não o motivo deles. E num conflito entre a busca de palavras ou gestos para acalmar o noivo, e a ânsia por continuar a revidar suas palavras tão duras, o amor venceu.

Amava Jimin o suficiente para saber que nada do que ele também lhe dizia quando estava tão bravo era mesmo verdade. Amava o suficiente para acreditar que Jimin estava ainda mais ferido que ele. Amava ao ponto de colocar as dores dele à frente das suas, porque curar Jimin era como curar a si mesmo também.

Quando o frio daquela noite cruel lhe feriu as bochechas, Jimin sentiu-se igual. Nenhuma das coisas horríveis que disse a Yoongi eram verdade e, olhando do ponto de vista de agora, ele nem sequer sabia de onde havia tirado tudo o que disse.

Poucos passos à frente foram necessários para que Jimin parasse de repente, varrendo o espaço em volta com o olhar em busca do sentido que faria estar naquela fila de ingressos sem Yoongi; do sentido que faria estar em qualquer lugar ou situação sem Yoongi.

Sem se importar com o penteado desfeito no gesto de esvoaçá-los com os dedos agoniados, Jimin virou-se para trás, sentindo o coração falhar uma batida como quem lhe avisa para tomar uma atitude. E foi o que ele fez.

Yoongi quase sempre foi quem deu o braço a torcer nas discussões, sempre prezando pela paz além da razão. Mas de repente, Jimin refletiu que talvez a segurança de não perder quem ama não estava na tentativa incessante de afastá-lo de alguém potencialmente melhor, mas ainda mais na iniciativa de mostrar-se melhor que sua própria antiga versão. De mostrar que além de suas virtudes e que apesar de seus defeitos, cuidaria bem de quem amava.

Com isso, concluiu que se o Min já havia cedido tanto por ele, talvez agora fosse a sua vez.

Ignorando as pessoas pelo caminho, o loirinho apressou os passos para fora daquela enorme construção cara, não se importando em quem trombava enquanto vasculhava seu bolso em busca do celular.

Precisava de Yoongi, e precisava agora!

No entanto, sua correria foi interrompida instantes depois. Não por uma grande concentração de pessoas dificultando sua passagem ou pelo sinal verde do semáforo, mas o destino certo entre dois automóveis num cruzamento a poucos metros de distância.

Tudo que Jimin viu antes de dois pares de faróis lhe cegarem e buzinas altas lhe ensurdecerem, foi o semblante surpreso de Yoongi, impulsionando o corpo para trás enquanto pisava firme no freio na falha tentativa de conseguir impedir uma colisão ou de ao menos diminuir o impacto desta.

O rosto do Park foi prontamente acertado pelo vento forte e indelicadamente quente dos motores fundidos enquanto o carro do Min capotava uma vez e mais outra na estrada, congelando todo o corpo de Jimin apesar da nuvem de fumaça escura e quente que começava a cobrir todo o ambiente, inclusive sua visão.

De repente, o coração do Park passou a palpitar feito louco, interferindo no funcionamento de seus pulmões que pareciam mais atrapalhados na troca do ar que pareceu faltar em abundância, tornando impossível qualquer fala. Seu cabelo foi novamente refém dos dígitos desesperados, repuxando-os com a força que suas pernas não tinham quando tão trêmulas.

O nome de Yoongi vazava entrecortado por diversas vezes, mas jamais saía inteiro, talvez por Jimin ainda teimar em não acreditar que era mesmo seu amado dentro daquele carro.

Quando pareceu recobrar a consciência, Jimin correu. Correu com todas as forças que nem sabia como tinha quando a cada dois passos, tropeçava em todos. Seus joelhos falhavam, fracos. Em algum momento até mesmo caiu ajoelhado na calçada, mas não se deixou abater, colocando-se de pé e voltando a correr. Só para ser parado logo depois por um grupo de pessoas pedindo para que não se aproximasse, pois poderia ser perigoso.

É claro que se debateu, é claro que insistiu. Mas estava tão em choque que a sua mente fez um looping entre o momento em que se ajoelhou aos prantos no meio de toda aquela gente, e o momento em que conseguiu ver, de longe, os paramédicos negarem com um aceno de cabeça um para o outro sobre a falta de vida naquele corpo desfalecido na maca.

Arrastando-se com os últimos vestígios de sanidade que ainda possuía, o Park lutou uma batalha de palavras atravessadas pelo choro com os paramédicos, recusando-se a soltar o corpo de seu amado. Preferiu acreditar veemente que se lhe escutasse, que se ouvisse seu pedido de desculpas, Yoongi acordaria; Yoongi voltaria.

Lembrou-lhe de todas as razões para estar ali, de todos os planos e sonhos que ainda havia para cumprir.

A chuva que começava a cair se misturava às lágrimas quentes de Jimin, regando o rosto pálido de seu amado. Os lábios tão rosadinhos que Jimin amava tanto, já começavam a perder a cor e temperatura, sugando cada energia do loirinho a cada novo beijo falho. Yoongi não se mexia, não reagia de forma alguma.

O único algo vívido presente ali, era o tom avermelhado do sangue que escorria do topo da cabeça de Yoongi para ser lavado pela chuva instantes depois. Como acontecia com os demais ferimentos espalhados pelo corpo dele, impulsionando o desespero de Jimin, que vagava com as mãos trêmulas por cima de cada machucado que encontrava pelo caminho.

— Amor, fala comigo. Por favor! — suplicava, e mais lágrimas borravam sua visão. — Você não pode ir. Não assim!

Em desespero, sacudiu o corpo alheio em seus braços, e em seguida, acariciou o cabelo escuro como o céu daquela noite. Desejou poder ver as estrelas que o Min possuía em seus olhos também, mas estes já não se abriam mais.

— Por favor, por favor… — implorou mais baixinho desta vez, como se apenas para que os dois ouvissem enquanto abraçava forte o corpo desacordado, como quem promete que jamais iria soltá-lo, a qual era sua real vontade.

É claro que Jimin tinha noção de que um dia todos hão de partir, mas esse não foi o fim que ele imaginou para ele e Yoongi. Não assim, tão repentino, tão trágico. Sem entregas de amor ou sem um último beijo. Não com o corpo fervendo de desejo. Mas assim, sem poder se despedir.

O que veio depois dali, foi um grito esganiçado, dolorido, desesperado. Jimin chorou e gritou a plenos pulmões e, pela primeira vez, o som estrondoso dos trovões não lhe assustaram. Só então, Jimin teve a percepção de que algo muito mais assustador poderia não só acontecer, como já estava acontecendo.

Porque um raio pode até não cair no mesmo lugar duas vezes, mas a morte sim, poderia acometê-lo uma, duas, ou outras trocentas vezes. E ainda assim, Jimin jamais se conformaria.

Dali em diante, Jimin se deixou ser engolido pela dor e pela saudade de Yoongi, preferindo viver esperando por um retorno que nunca viria, do que aceitar sua partida.

Vieram primaveras e invernos, e todas as outras estações que o Park já não ligava muito para diferenciar. Nada mais importava. A vida tranquila que antes lhe era tão querida, havia se transformado num inferno.

Jimin sempre foi do tipo que via beleza em todos os sentimentos, desde os mais felizes aos mais tristes e pesados. Como o artista que era, enxergava cada sensação como um grande aliado para as mais bonitas e singelas obras.

Não conseguia superar a falta de Yoongi, mas passou a acreditar na ideia de começar a preencher seu vazio com suas próprias obras. Decidiu escrever para os dois, o fim bonito que nunca poderiam ter.

Foi após longos nove meses tentando recobrar forças suficientes para ao menos conseguir se sentar em frente ao computador, que Jimin teve a ideia de escrever pequenas histórias — fanfics —, com o astro de sua vida; com seu eterno Min Yoongi. E, já não conseguindo mais guardar para si tudo o que sentia, começou a publicar numa plataforma online as pequenas histórias que escrevia inspiradas em Yoongi. Começou a ver a escrita como um ofício e não mais como apenas um hobby.

Em alguns lugares ainda perguntavam ao baixinho como ele estava, instantes antes de se aprofundarem em lembranças sobre o Min, comentando sobre a falta que seus concertos faziam e o sucesso arrebatador de suas canções na internet após sua morte.

Ainda era estranho para Jimin encaixar “Yoongi” e “morte” numa mesma frase, e era por isso que em todas as suas obras mais curtas de um ou dois capítulos, esse fim jamais existia. Não nesse formato, não da mesma forma trágica que aconteceu.

Jimin criava e recriava diversas outras “últimas vezes” para ele e Yoongi, onde os dois pudessem ter o luxo de partir lado a lado. Ou ao menos, a sorte de poderem sorrir um para o outro uma última vez antes dos olhos se fecharem para sempre, seja quem for que partisse primeiro naquelas novas versões alternativas de vida. Em algumas de suas obras, o Park ainda ousava um tanto mais, inventando um reencontro do outro lado, onde pudessem viver uma nova eternidade juntos.

Aproximava-se da meia noite, faltando somente alguns minutos para completar exatos cinco anos desde a partida de Yoongi. O Park via-se outra vez preso no dilema de qual tipo de final escreveria desta vez, mas a mínima menção ao acidente na data em questão acabou com todo seu ânimo para sequer conseguir voltar à cama de uma vez.

A janela virtual ao lado da que estava aberta, tomava destaque pela notificação que piscava. Jimin não precisava de muito para saber de quem se tratava e, por um instante, até permitiu-se sorrir pelo pensamento.

Apesar da motivação trágica de suas últimas histórias, ainda havia quem lhe acompanhasse, e dentre as pobres almas solidárias de seu sofrimento, um leitor fiel sempre se fazia presente: Mingi.

O rapaz parecia alguns anos mais velho que Jimin, mas sempre que aparecia na biblioteca aparentava ser alguns anos mais jovem pela personalidade alegre que possuía. Parecida à de Jimin antes de… tudo.

Mingi sempre marcava presença em todas as obras publicadas por Jimin, desde aquelas físicas, até as mais curtas que o loirinho mantinha abertas ao público num site específico. Suas dezenas de comentários e outras dúzias de mensagens ansiando por uma atualização ou nova obra serviam como combustível para que o Park continuasse a fazer o que fazia. Mesmo que há anos já não sentisse mais o mesmo e, consequentemente, sentisse que suas obras estavam seguindo o mesmo caminho depreciativo.

E, apesar de por vezes recusar cordialmente as cantadas ou convites de seu leitor, Jimin realmente se sentia grato e sortudo por tê-lo consigo, bem como os demais leitores que possuía. Foi mesmo por isso que considerou se não deveria escrever alguma nota dando uma melhor explicação sobre o motivo de não publicar nada no dia em questão ou do porquê não abrir a biblioteca. Não precisava ser claro e detalhado, mas, ao menos, dissertar algo menos curto e direto.

Bom, era sua intenção, mas ele não conseguiu.

Ao invés disso, ele se pegou minimizando a janela onde guardava seus textos e se perdendo na pasta de músicas gravadas por Yoongi. A maioria já tinha sido lançada e algumas o escritor seguiu mantendo para si, como era de desejo do próprio Min, que por vezes, o presenteava com canções especialmente para ele.

Aquelas mesmas canções por bastante tempo foram um alento para os dias mais saudosos do loirinho, e continuavam sendo ainda hoje. No entanto, a lacuna dentro de Jimin era profunda demais para ser preenchida somente com as canções do noivo, porque quando se perde alguém, até os pequenos e mais efêmeros detalhes passam a fazer falta, como poder escutar por horas Yoongi papeando sobre trivialidades. A voz grave e rouquinha divagando sobre um assunto qualquer, respondendo a questões atuais ou sobre propostas futuras baseadas no presente.

Mas tudo que Jimin possuía do outro agora eram lembranças repetitivas firmadas no passado. Diferente de sua saudade que se renovava todos os dias.

Exausto, o Park apenas fechou a tela do notebook de uma vez, irado demais para se preocupar com a força que usou para executar a ação. Liberou o ar dos pulmões com força, usando uma igual indelicadeza para esfregar o rosto com as mãos e seguir repuxando o cabelo.

Decidiu que a história de hoje não teria um final.

Nos primeiros anos, ele ainda tentou mentir para si mesmo e prometer que no ano seguinte estaria mais forte, que não iria chorar. Mas a quem queria enganar?

Quanto mais o tempo passava, mais desolado Jimin se sentia. E como se estivesse vivendo um constante dèjá vu, todos os anos naquele mesmo horário, o baixinho também se encolhia na cama, chorando compulsivamente até que não fosse capaz de escutar o tic tac do relógio até que finalmente batesse meia-noite.

O rosto que antes corava das mais singelas palavras de Yoongi, agora estava intensamente ruborizado pelo esforço dedicado ao choro intenso. Numa tentativa árdua por colocar para fora toda dor e angústia de não ter mais os braços do noivo acolhendo-o durante aquela noite fria ameaçada de chuva.

O suor e as lágrimas de Jimin se misturavam com facilidade, encharcando o rosto delicado, sendo sufocado hora ou outra no acolchoado, buscando amenizar o volume esganiçado de sua voz em agonia, que não era diminuída nem no gesto de apertar com força o lençol e os travesseiros. Por dentro, tudo no garoto doía, como se fosse mais simples e possível arrancar para fora o coração, ao invés da dor avassaladora.

Flashes de imagens ao lado do noivo passavam por sua mente, e naquele momento, ele não saberia dizer se as lembranças o consolavam ou intensificavam seu sofrimento. Não saberia dizer nada sobre qualquer coisa.

Ele só queria Yoongi de volta.

— Por favor… — suplicou baixinho, soluçando repetidamente como uma criança, sentindo o peito tremer durante a busca tortuosa por fôlego, para repetir a súplica mais uma vez e outra. — Eu imploro.

Não sabia exatamente a quem estava suplicando e, no fundo, não importava. Ele só queria ser ouvido, só queria ser atendido.

Era assustador demais notar que a mesma pessoa que estava consigo há poucos instantes, minutos depois, já não estava mais e jamais estaria novamente. Estranho pensar que o que deveria ser apenas mais um momento comum, tomara a valorosa significância de ser o último instante ao lado de alguém.

E para Jimin e Yoongi, seu último momento juntos não foi nem de longe o tipo de momento do qual se gostaria de relembrar, mas foi só o que restou ao Park. E com isso, ele jamais iria se conformar.

Mas conformado ou não, em algum tempo, o rapaz estava mergulhado num sono pesado que o carregava para o que seria um novo dia, mesmo que o sentimento fosse de estar repetindo o anterior.

Ao menos assim, não teve tempo de acompanhar mais dos tormentos que aquela noite separou para ele. Como os fortes trovões que sucederam pela madrugada, causando uma queda na energia que mesmo após retornar, continuava falha, tornando o ambiente mais sombrio do que realmente parecia perante a visão amargurada do Park.

A tempestade parecia tão forte, que mesmo a mínima brecha para dentro da casa foi suficiente para sacudir as cortinas do quarto. Ou ao menos, seria a explicação que o rapaz daria quando todas as janelas estavam muito bem fechadas.

Dormir vinha sendo o único momento de luxo para um alguém de corpo e alma cansados de vaguear sem um estímulo para continuar.

[...]

Quando despertou, Jimin ainda não sabia dizer se já era dia ou se ainda era noite, pois todo o quarto ainda estava bastante escuro. A tempestade insistente do lado de fora mantinha tudo ainda muito soturno, sustentando um sentimento igual no rapaz.

Mexeu-se desgostoso na cama, com preguiça até mesmo de respirar, como se já não bastasse fazê-lo por pura obrigação todos os dias. O cabelo era apenas um dos diversos indicadores da completa bagunça que o Park era, mas ele não podia se preocupar menos.

Encarando o teto por mais tempo que o verdadeiramente percebido se depreciando, o rapaz sentia pouco a pouco os sentimentos frios de tão solitários voltarem a congelá-lo por dentro, impulsionando seu costumeiro mau humor matinal. Esfregando o rosto amassado pelo travesseiro e com olheiras fundas pela longa sessão de choro, tentou ao menos dispersar um tanto da névoa em sua cabeça que ameaçava se tornar uma enxaqueca posteriormente.

O loiro não sabia o que pretendia para aquele dia. Talvez visitar o túmulo de Yoongi e o de sua avó como de costume e depois passar todo o restante do dia assistindo a alguma série, enquanto ignoraria as dezenas de ligações dos pais e amigos preocupados pelo seu sumiço repentino, como se não soubessem o significado do dia em especial.

Pensou em escrever também para tentar aliviar o peito entristecido, mas concluiu que não teria cabeça para formular sequer uma frase inteira.

Virando-se de lado na cama espaçosa, Jimin liberou um excesso espesso de fôlego, depois coçou o espacinho acima de seu lábio superior por uma coceirinha repentina. Gestos simples, mas que tomaram mais uma boa parte da sua manhã quando o rapaz fazia tudo tão exageradamente devagar.

Talvez por isso foi capaz de estranhar a tela aberta de seu notebook, o qual se lembrava de veemente ter fechado na noite anterior, bem como se lembrava de ter minimizado a janela do capítulo final que escrevia e que agora estava sendo bem exibido na tela em questão.

Sentando na cama, Jimin inclinou a cabeça para o lado, trazendo cor aos seus lábios ao formar um biquinho em confusão. Estou ficando louco?

De qualquer forma, ainda teve o cuidado de se levantar para desligar o aparelho adequadamente desta vez, não se sentindo confortável naquele momento em ler sua própria obra sobre o noivo. Jimin amava o que fazia, mas confessava que em alguns momentos se sentia um bobo por escrever sobre alguém que já não estava mais ali, literalmente falando.

Ainda assim, de braços cruzados e ombros caídos, ele perdeu alguns segundos encarando o risquinho vertical que piscava na tela, marcando o ponto onde ele havia parado de escrever, sem saber se deveria continuar. Talvez terminar com seus personagens se beijando debaixo da chuva já fosse o suficiente; ao menos, já estaria sendo melhor que seu fim real com Yoongi, de qualquer forma.

— Sabe, eu acho que se é para ser a última vez, eles merecem ter tudo o que tem direito. Não acha? — Escutou alguém dizer.

E por um momento, todo seu corpo congelou.

Conhecia aquela voz.

Jimin já havia “escutado” Yoongi falar consigo outras vezes. Nas primeiras semanas de luto, quando o rapaz precisou buscar algum tipo de incentivo para levantar da cama e executar ao menos os cuidados essenciais para sua sobrevivência, e a ilusão demonstrou-se como a única solução.

Mas agora o rapaz pôde jurar sentir sua audição tremer com o timbre da voz de seu amado, que sequentemente fez todos os pelos de seu corpo arrepiarem e seus movimentos travarem. Até mesmo sentiu o pescoço doer durante o lento e dificultoso processo de movê-lo para o lado, até conseguir passar por cima da repentina dormência nos pés e virar-se para trás.

A última vez que sentiu tanta dificuldade para respirar foi quando Yoongi partiu, e ter essa certeza, tornava ainda mais assustadora a ideia de acreditar que o que encontrou a alguns metros de distância era mesmo real.

De olhos arregalados, boca seca e mãos trêmulas, Jimin emitiu um grito mudo, como se tivesse ofegado durante o processo de dar um pulo para trás, esbarrando na escrivaninha do quarto e derrubando a tigela de biscoitos esquecida na noite anterior.

Como se cada membro do corpo de Jimin tivesse tomado vida própria, suas mãos encontravam-se confusas sobre onde se fixar. Apoiavam-se na mesa para ajudar o rapaz a se manter de pé quando suas pernas o traíram, ou no peito para tentar segurar o coração que faltava querer saltar para fora. Não é como se o órgão em questão sentisse vida ali há bastante tempo, vivendo somente sob os comandos da mente, que também já não vinha tendo seus melhores momentos.

— Yoon?

Como se nada demais estivesse acontecendo, Yoongi sorriu para o fio de voz que o noivo usou para chamá-lo. Estava de pés e braços cruzados enquanto usava do ombro para se apoiar no batente da porta, o Min observava calado a feição assustada do outro, disfarçando o quanto seu coração batia rápido.

Havia sentido tanta falta de ter aqueles olhinhos diretamente sobre si…

— C-como? — insistiu Jimin, ainda sentindo suas cordas vocais tremerem como a visão estava se tornando pelas lágrimas. Como se elas pudessem conseguir limpar a miragem que ele jurava conseguir ver à sua frente.

Yoongi continuou quieto por mais algum tempo, dando a Jimin mais algum tempo para se recuperar do susto inicial, pois já imaginava que não conseguiria ser escutado pelo rapaz naquele estado.

— Você está lindo — comentou, somente aumentando o sorriso.

E se Jimin não estivesse ainda tão abalado, teria lhe dado uma bronca por mentir assim tão descaradamente.

— Você… como está aqui? — Finalmente a primeira lágrima grossa despencou do rosto pálido de Jimin, que ainda não conseguia se mover sequer para secá-la.

— Eu sempre estive aqui, meu amor. Eu nunca saí do seu lado, nem por um só segundo.

O Park chacoalhou a cabeça acenando negativamente por diversas vezes, sentindo mais lágrimas regarem seu rosto gordinho.

Yoongi estava mentindo mais uma vez.

— Você foi embora, eu vi! Eu-eu senti… — Jimin dizia com os olhos inundados, gesticulando com as mãos trêmulas como se pudesse sentir novamente o toque frio do corpo sem vida de Yoongi.

— Eu não preciso estar em carne e osso para ficar do seu lado, Jiminnie. — Fez menção de se aproximar. Mas Jimin foi mais rápido e agarrou a tigela pesada de porcelana em suas mãos.

— Não chega perto! — vociferou, fazendo Yoongi pausar os passos já no centro do quarto. — Céus, eu só posso estar enlouquecendo… — Com a mão livre, Jimin esfregou a têmpora numa massagem indelicada, sentindo-se ainda mais tonto de repente.

— Se quiser posso te beliscar ou algo assim.

— Não fala comigo!

— Jimin-ah! — manhou.

— Você é só uma invenção da minha mente.

— Posso te provar que não — Yoongi insistiu.

De tão fraco e tonto, Jimin começou a sentir náuseas, até que teve de soltar a vasilha para conseguir se apoiar adequadamente agora de frente para a escrivaninha. Conforme Yoongi aproximava-se, arrepios iam tomando conta do loirinho, que teve de abraçar o próprio corpo para se aquecer dos calafrios.

— Foi tão difícil te chamar e ver que não me ouvia… — o Min comentou, erguendo o braço devagar na tentativa de alcançar o ombro do rapaz, que só se encolhia mais para longe do toque.

O Park continuava acenando em negativo com a cabeça, não querendo aceitar que a loucura finalmente o havia alcançado. Nem mesmo tapar os ouvidos com força e fechar os olhos, parecia ajudar dar fim ao delírio.

— Por favor… — suplicou ainda mais baixo, como se fosse suficiente falar apenas para si mesmo.

Já vinha sendo um desafio impossível superar a falta que Yoongi fazia, começar a reproduzi-lo de forma tão real era compreensível, mas mais do que o rapaz achava possível aguentar.

— Jimin, olhe para mim. Sou eu.

— Não é! É tudo coisa da minha cabeça, eu não posso acreditar. Eu vi você, vi quando o carro capotou, eu estava lá quando… quando… droga! — Esmurrou a mesa, dando o impulso que faltava para que o choro voltasse com tudo.

Igualmente abalado, desta vez o Min que começou a negar com um aceno de cabeça, não querendo aceitar ver o seu garoto tão abatido daquela forma mais uma vez.

Jimin, por sua vez, tinha medo de aceitar que o que via era real, e estar entregando-se de uma vez à completa insanidade. Por vezes, já tentou desistir de si mesmo de diversas maneiras diferentes, mas uma parte de si continuava insistindo que Yoongi jamais iria querer vê-lo definhar completamente, e ficar internado numa clínica psiquiátrica fazia parte dessas negações.

— Eu vi quando os médicos deram a palavra final. Eu te peguei no colo. Seu corpo mole, sem vida, sem respostas. Eu sei o que eu vi, eu sei o que eu senti! — o Park prosseguiu.

Ainda não havia conseguido olhar para trás, mas nem precisava. Mesmo a alguns passos de distância, o moreno conseguia ver claramente lágrima por lágrima despencando sobre a escrivaninha onde o outro se apoiava vez ou outra. — É impossível você estar… — pausou por um instante, respirando um pouco de ar apesar da dor de continuar a falar — Eu queria tanto, mas eu sei que é impossível. — Soluçou.

— Eu sei que é difícil de acreditar, mas é verdade.

— É impossível, impossível… — voltou a lamuriar baixinho, tapando os ouvidos enquanto sacudia a cabeça em negação.

— Jimin…

— Eu estive sentindo tanto a sua falta…

Yoongi sorriu, pois sentia o mesmo.

— Eu estou aqui agora. Eu voltei para você.

O Min finalmente conseguiu tocar o ombro do noivo, mas seu sorriso vacilou ao notar que ele, apesar de não refutar suas palavras, continuou a tremer dos pés a cabeça sem conseguir se virar para olhá-lo nos olhos.

— Você precisa acreditar em mim. Eu posso também não saber com exatidão o que está acontecendo, mas sei que quero aproveitar essa nova chance do seu lado. — Aproximou-se mais alguns passos. — Eu tenho tanta coisa para te falar…

Devagar, o Park começou a levantar o olhar, o suficiente para ver um rastro branco da camiseta de mangas longas que Yoongi usava. Aparentemente sua roupa era a mesma do dia do acidente; a calça preta bem colada nas coxas que apesar de finas, possuíam lá alguns músculos. Nos pés, um sapato fechado sem cadarços e envernizado, brilhando junto com os acessórios prateados que o homem carregava no pescoço e no dedo, o anel de noivado.

Aparentemente o homem ainda não havia cruzado portão algum, seja do céu ou inferno, Jimin pensou.

— Eu não vou te fazer nenhum mal, Jiminnie. Eu jamais seria capaz, e sabe disso — ressaltou quando notou a tentativa do noivo de desviar o olhar mais uma vez. — Olha para mim, anjo — pediu com carinho.

Jimin respirou fundo algumas vezes. O choro já havia cessado, mas os soluços continuavam assim como a tremedeira, que o tornou falho mesmo quando se esforçou para virar-se de frente para a figura plantada à sua espera.

Ainda com bastante medo, o loiro começou a levantar a cabeça devagar, encarando primeiro os sapatos do Min, os tornozelos, e assim subindo gradativamente até que sua visão parasse sobre o peito que subia e descia descompassado, como se o noivo jamais tivesse parado de respirar.

Voltando a sorrir e até permitindo-se rir baixinho, o moreno decidiu ajudar seu amado, tocando-lhe o queixo com ternura, levantando o rostinho até ter os orbes caramelados sobre ele. Assistiu Jimin umedecer os lábios secos devagar, ainda sentindo o peso do medo, e acreditou nunca ter desejado tanto beijá-lo como quis agora.

— Está tudo bem agora, não tem mais que chorar — Yoongi lhe garantiu, varrendo com o polegar as lágrimas salgadas de Jimin para longe. — Eu voltei.

Mesmo com as palavras tão doces do outro, o choro de Jimin só fez intensificar por mais que som algum emitisse. Foram tantas as vezes que sonhou com um momento como aquele, foram tantas as vezes que desejou aquilo fervorosamente.

Mas acontece que ele queria na mesma medida que sabia que era impossível de acontecer.

Fechar os olhos e deixar-se acalentar pela quentura do toque do noivo, foi como jogar álcool na própria ferida. E talvez o fato de estar sendo tocado por um homem declarado morto há cinco anos atrás fosse o fato menos pavoroso no momento quando, aos prantos, Jimin temia abrir novamente os olhos e não o enxergar ali outra vez.

Por isso, seguia se recusando a acreditar sequer que ele estava mesmo ali, independente das circunstâncias.

— O que quer de mim? — A pergunta seria cômica se não fosse carregada de tanto pavor. Poderia soar bobo, mas, por algum tempo, ele começou a acreditar que Yoongi estava ali para levar sua alma para o além, e teve medo de que não fosse para o lado bom.

Yoongi precisou morder o lábio para não sorrir demais. O momento era delicado e ele não queria que o rapaz pensasse que estava zombando dele ou de sua situação aterrorizada, mas acontece que o Park era adorável demais. Chegando um pouco mais pertinho, o homem beijou a bochecha molhada do noivo antes de unir suas testas e proferir:

— Vim te dar o fim digno que não tivemos.

~~~~


Notas Finais: Me desculpem, eu não consigo ficar sem escrever uma cena angst :( espero que tenham gostado da leitura ainda assim. O que acham? Yoongi voltou mesmo ou Jimin tá enlouquecendo?

6 de Marzo de 2022 a las 06:14 0 Reporte Insertar Seguir historia
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