—Há 14 anos
— E se lembre -Richard falou alegre, como sempre.
— Seja sempre honesta -falaram ambos em conjunto.
— Eu já sei disso, pai, agora posso ir brincar? — falou Helena para o seu pai e o mesmo concordou.
A pequena criança foi para o seu quarto e como dito começou a brincar.
— Helena venha cá por favor!-chamou Clara, a menina deixou as bonecas no sítio e foi em direção de onde vinha a voz.
— O que eu fiz agora? — perguntou olhando para a criada.
— Nada, meu amor, só vamos ter que trocar de roupa -respondeu à sua pergunta com ternura.
— Vou ter que utilizar vestido? — Helena perguntou ao observar a tal mulher que escolhia as suas roupas.
— Sim, meu bem, vais ter que te esforçar um pouquinho e por algum tempo, está bem? — perguntou e a pequena só concordou.
Tomou um banho de espuma e ficou um pouco a brincar na banheira até que Clara disse que ela tinha que sair.
***
— Tenho mesmo que utilizar um vestido assim tão grande? Pareço a mãe nas fotos do seu casamento! — a pequena reclamava fazendo careta.
— Eu sei que é difícil, mas é o que os seus pais me pediram para utilizares hoje.
Helena
Após vestir- me, eu e Clara fomos ter ao encontro dos meus pais no salão de festas.
— Olha só, a minha princesa está tão bonita nesse vestido! — falou meu pai.
— Esta muito grande para ela pai- Afonso, meu irmão do meio de 9 anos, deu a sua opinião.
— Concordo com o Afonso, meu pai! Não julga que exageram nas roupas dela? Ela ainda é muito pequena… ainda só tem 5 anos -Erick meu irmão mais velho de 12 anos também interviu na conversa.
— Não, eu penso que está ótimo e é assim que ela tem que utilizar, agora fiquem todos direitos e quietos que as visitas já devem estar a chegar- respondeu a minha mãe.
Dez minutos passaram-se e nós ali sem fazer nada, à espera que alguém chegasse.
Clara foi receber as visitas e eu só fiquei a ver todos a conversarem, mas como sempre eram as mesmas visitas, as visitas que não largam o pé de mim.
— Que prazer em vê-lo meu caro amigo, percebi que veio com o seu filho -meu pai aproximou-se de Ricky e o abraçou como sempre faz.
— Sim, espero que não seja um problema tê-lo feito vir comigo -Ricky perguntou falando para os meus pais.
Sim! Para mim era um enorme problema, mesmo que ninguém se se interessa pela minha opinião.
— Claro que não, assim a Helena e o Matheu podem ir um pouco para o jardim, juntos! — minha mãe, Melody respondeu calorosamente.
Matheu e eu fomos para o jardim como minha mãe disse, não que seja minha vontade, afinal eu preferia estar a brincar com as minhas bonecas do que estar no jardim com o Matheu.
Ficamos em silêncio por algum tempo até que perguntei sobre uma coisa que estive curiosa.
— Matheu, sabes porque os nossos pais querem que fiquemos sempre juntos e estão sempre a falar de nós no escritório?-perguntei encarando-o.
— Sei sim, eles querem que nos casemos, por isso que falam tanto sobre nós -falou com um sorriso no rosto.
— Mas eu ainda só tenho 5 anos e tu já tens 14, isso não é justo, as nossas idades são bem diferentes! — falei sincera.
— Pelo que meu pai me contou, os nossos pais fazem um acordo para que tu poças casar comigo quando tiveres 19 anos -Matheu respondeu-me sério.
— Ah! Ainda falta tanto, talvez daqui até lá esse acordo é cancelado! — falei com um sorriso no rosto.
— 14 anos depois
— Não, não, não! — falei lembrando-me que dia era hoje.
Hoje faço 19 anos e o maldito do Matheu e o pai dele vêm cá para falar sobre o acordo como já é previsto… andaram a semana toda a me dar dor de cabeça.
Tomei um banho e relaxei um pouco, não tinha pressa nenhuma em ver aqueles dois tarados, depois do banho vesti um vestido meio bege, talvez um pouco mais escuro, com alças finas e justo na parte de cima deixando que a partir da cinta se solte bastante.
Sai do meu quarto e a cada pessoa que passava por mim naquele momento só me dizia "parabéns, alteza"... que nojo, arrependi-me logo de ter saido e voltei novamente para os meus aposentos.
Para mim este vai ser o meu pior aniversário, ainda por cima ter que me casar com o "pegador".
Sim, "pegador", ele faz-se de santinho e de príncipe "encantado", mas de encantado não tem nada, ele aproveitou estes anos para ficar com outras mulheres e levá-las para o seu quarto, era a única coisa que sabia fazer.
Perguntem-lhe se sabe arrumar o seu quarto ou pelo menos a gravata do seu terno, a resposta é não, ele precisa dos seus criados para tudo e o pior é que depois só sabe criticar tudo e todos.
Meu pai quer uma festa grande, não que seja do meu agrado, preferia estar no meu quarto a ler do que a fazer uma festa.
Ouvi três batidas na porta e já podia esperar de quem eram.
— Senhorita, sou eu — falou Beatrice, minha dama de companhia.
Fui até à porta e a abri dando passagem para ela entrar.
— Está tudo bem?- perguntei ao vê-la um pouco afogante.
— Sim, mas vim ver se já estavas pronta, porque o seu pai está muito exaltado e anda à tua procura.
— E não sabes o porquê de ele estar assim?- perguntei com um pouco de receio, ela só negou com a cabeça.
— Acho melhor então ir rápido- sai do meu quarto e Beatrice acompanhou-me, olhamos para os lados para ver se tinha alguém.
— Podes ir- deu-me cartão verde para ir -vai para a sala de reuniões! — concordei e a seguir começei a correr pelos corredores do palácio sem parar.
Ao chegar na porta da sala, parei um pouco para recuperar o fôlego e voltar à minha respiração normal.
Por fim abri a porta devagar e entrei calmamente, ao olhar para os arredores, só assistiram naquela sala os meus irmãos a me encarar.
— Finalmente chegaste!- falou Afonso com os braços cruzados.
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