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Desde que nasceu, Jimin sempre havia escutado de todos à sua volta que era uma pessoa muito sortuda e especial por ter sido escolhido entre tantos outros para nascer no único lugar seguro após a guerra que destruíra todo o mundo: o Céu. Durante os dezenove anos de sua vida, o garoto havia dado o seu melhor para ser um bom cidadão, grato e útil para o seu lar. Quando as coisas em sua vida começam a mudar e ele passa a ter certeza de que nada pode ficar pior, Jimin descobre que, talvez, tudo o que acreditava sobre sua realidade fosse mentira. E que, direto do Inferno — o mundo destruído em que ninguém deveria conseguir sobreviver —, Yoongi tentava chamar sua atenção.


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 18.

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Céu

Escrito por: bbmoonie /bbmoonie


Notas iniciais: Oi :D Como estão? Estou animada para compartilhar essa nova fic TuT esse tema é tudinho!
Espero que curtam essa história meio distopia e que se interessem pelas descobertas do Jimin ksjdskdj.
Muito obrigada @Yoonieris/Yoonieris pelas capas e banners lindos TuT e jupteryoon/jupteryoon pela betagem incrível e pelas palavras que me animaram demais! <3
Boa leitura!


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Um familiar silêncio pairava na casa dos Park naquela manhã.

Enquanto o arrumava, a mãe de Jimin não dizia nada. Ajeitando seus cabelos e suas roupas, ela se movimentava pelo pequeno quarto, analisando o filho com os olhos semicerrados. Foi apenas quando um pequeno sorriso satisfeito se abriu em seu rosto que finalmente falou:

— Agora sim você está pronto. Você conhecerá muitas pessoas importantes hoje, então garanta que estará impecável, sim?

— Garantirei. Obrigado, mãe — respondeu ele, virando-se para encarar a si mesmo no espelho.

Jimin se sentia estranho. Ele sabia que a pessoa que estava vendo refletida naquele momento era a mesma que via em todos os outros, mas, por algum motivo, aquele o encarando parecia ser alguém totalmente diferente. Um outro Jimin, mais velho, mais sério, mais... cinzento; como todos os adultos do Céu pareciam ser.

O garoto suspirou, forçando um sorriso. Ele deveria estar grato pela oportunidade de finalmente deixar o Centro de Estudos para seguir o caminho de seus pais no trabalho, como todos os jovens adultos faziam, mas não conseguia sentir isso. Então, tentou manter a expressão mais contente que pôde mascarar no próprio rosto.

— Vamos, não deixe seu pai esperando — chamou sua mãe, alisando as próprias roupas e se virando para a porta. — Lembre-se, essa é uma chance única. A chance de estar aqui é especial, Jimin, então dê o seu melhor para honrá-la.

— Sim, senhora.

Com um suspiro, olhou uma última vez para o próprio reflexo e saiu do quarto.

Por mais que aquele Jimin arrumado e sério do espelho fosse estranho, ele sabia que teria que dar o seu melhor para aprender a ser como ele.

Enquanto andava pelas largas calçadas do Céu, o Park não podia deixar de observar as outras pessoas à sua volta. Sua mãe sempre lhe dizia que encarar os outros era uma tremenda falta de respeito e que ele devia sempre se manter focado no próprio caminho, mas era praticamente impossível para o garoto curioso se conter quando tantas pessoas diferentes andavam ao seu redor.

— Para frente, Jimin! — bradou seu pai. — Não observe, não questione, não interaja. Você já sabe muito bem como isso deve funcionar. Se eles quiserem que você repare neles, lhe chamarão, se não, cuide de sua própria vida.

Mesmo tendo ouvido um milhão de vezes as mesmas palavras, ele não entendia o motivo daquilo. O que poderia acontecer se ele olhasse para as outras pessoas? Veria as vidas diferentes que elas viviam? Faria amigos?

Transtornado, respirou fundo e continuou andando calmamente. Aquelas eram as regras do Céu, ele não tinha motivo nenhum para contestá-las. Se estavam ali, eram para mantê-lo seguro, e ele deveria ser grato por isso.

— Bom dia, Parks. — Uma voz grave soou ao seu lado, pegando-o de surpresa. — Podemos seguir juntos?

— Bom dia, senhor Kim. À vontade — respondeu sua mãe, esboçando um sorriso amarelo.

A família Kim morava na casa ao lado e, desde que se lembrava, havia sido muito próxima de sua família. Desde pequeno, Jimin havia feito uma intensa amizade com o mais novo Kim, e logo não pôde deixar de sorrir ao ver o amigo se aproximando.

Às vezes, quando tudo parecia ser frio ou distante demais, Taehyung o lembrava de que nem tudo estava perdido. Ele não estava sozinho ali. Não quando tinha o amigo ao seu lado.

— Animado? — sussurrou Taehyung, da forma mais discreta que conseguiu.

Jimin lançou um rápido olhar para o amigo, temendo encontrar a mesma frieza que havia nos olhos da mãe naquela manhã — um aviso mudo de que só havia uma resposta possível para uma pergunta como aquela —, mas tudo o que viu foi uma genuína curiosidade e o característico brilho divertido em seu olhar.

— De verdade? Não. E você? — respondeu o mais baixo o possível, temendo ser repreendido por seus pais.

— Estou, um pouco. Vou sentir falta do pessoal do Centro de Estudos, com certeza, mas estou curioso para descobrir como vai ser trabalhar com as notícias.

— Pelo menos o seu trabalho é interessante — resmungou Jimin, sem conseguir esconder a decepção de seu rosto. — Eu vou ter que mexer com documentos entediantes todos os dias.

— Calma, você nem sabe como vai ser! — Taehyung rapidamente olhou em volta antes de estender a mão para acariciar o ombro de Jimin, fazendo-o arregalar os olhos. Contato físico era algo considerado íntimo demais para acontecer em lugares públicos. Se alguém os visse fazendo aquilo, com certeza teriam problemas, mas o jovem Kim parecia determinado a ajudar o amigo a se sentir melhor. — Talvez você encontre algo legal por lá.

— É, talvez. — Deu de ombros, lançando um pequeno sorriso para ele.

— Crianças? — Os dois se calaram, parando de andar para olhar para a mãe de Taehyung, que os encarava irritada. — Não acho que agora seja uma boa hora para as brincadeiras de vocês. Lembrem-se de suas devidas responsabilidades, sim?

— Desculpe — murmurou Jimin.

— Desculpe, mãe.

Os dois seguiram calados, olhando para frente como bons cidadãos do Céu deveriam fazer.

[...]

— Este é o começo de algo muito importante para todos vocês, jovens. — A voz rouca soava alta por todo o auditório. — É quando vocês vão começar a retribuir a oportunidade de viverem aqui, à salvo de toda a dor e do sofrimento. A partir de hoje vocês vão aprender com seus pais e outros adultos o que precisam fazer para contribuírem para a nossa maravilhosa sociedade.

Jimin observava o homem, imaginando quantas vezes ele havia repetido aquelas mesmas palavras. Quantas pessoas haviam estado em seu lugar? Quantas pessoas haviam iniciado este “novo caminho”? Quantas pessoas haviam se tornado tão frias quanto todos os adultos que via?

— Imaginem quantos não gostariam de ter a chance que vocês têm. Todos aqueles que não puderam ser salvos, aqueles que morreram quando o mundo se tornou um lugar hostil como nunca antes — falou em um tom melancólico, com os olhos enchendo de lágrimas. — Oh, aqueles que têm suas almas perdidas no Inferno, que não puderam desfrutar da segurança de nossa realidade protegida... Eu sinto muito por cada um deles.

O Park não pôde deixar de se sentir triste. Era realmente difícil pensar naqueles que morreram do lado de fora dos muros que os protegiam. Desde pequenos, ele havia escutado histórias sobre como a Guerra e as bombas haviam matado quase todas as pessoas e de como deveria ser grato por ser descendente de dois dos poucos que sobreviveram.

Uma pontada de culpa o fez engolir em seco. Ele estava sendo ingrato demais com aqueles que haviam o mantido seguro. Ele poderia não ter nascido, poderia nem sequer estar ali se seus pais não fossem alguns dos únicos a terem conseguido se salvar.

Pensando daquela forma, viver analisando documentos não parecia ser tão ruim.

— Então, por todos nós, pelas gerações que vão vir e por aqueles que não puderam viver isso, deem o seu melhor.

Todos os jovens escutavam calados, sem esboçar nenhuma reação. Não havia felicidade ou desagrado, havia somente a necessidade de cumprirem seus deveres.

— Portanto, sigam agora para seus novos trabalhos, onde encontrarão seus supervisores. Aprendam com eles e com os outros adultos a serem úteis para este lugar que tão bem os acolhe e protege.

Rapidamente, todos levantaram-se. Jimin e Taehyung trocaram um último olhar antes de seguirem para lados diferentes.

— Então você é o garoto novo. — Um homem da idade de seus pais se aproximou, parando ao seu lado com um sorriso simpático. — Filho dos Park, certo?

— Sim, senhor.

— Prazer, eu sou o supervisor de sua divisão. Sinta-se livre para me chamar de Choi.

A estranha hospitalidade fez Jimin se sentir um pouco mais leve. Era tão incomum ver pessoas agindo de uma forma mais tranquila, que ele mal sabia o que responder.

— E qual é o seu nome?

— Jimin. Park Jimin.

— Venha comigo, Jimin. Vou te mostrar como as coisas funcionam por aqui.

Algumas horas depois, após um longo passeio por diversas salas, o jovem Park já estava exausto.

Ele não podia imaginar o quão grande aquele lugar era, quantas pessoas trabalhavam ali, juntas. Eram os mais diversos tipos de documentos e informações, alguns em papel, outros no computador e outros tão confidenciais que ele não podia nem se aproximar.

O prédio era enorme e o trabalho parecia não acabar mais.

Perdido e cansado, ele só esperava que em meio a tantas pessoas apáticas e caladas, conseguisse um espaço para si.

Mas, conforme os dias se passavam, parecia ser mais e mais difícil se acostumar à nova rotina. Era um trabalho cansativo, monótono e extremamente tedioso. Jimin não conseguia nem sequer se sentir animado para levantar todas as manhãs, e isso o agoniava.

Ele sabia que deveria estar contente por poder contribuir para que as coisas continuassem funcionando no Céu, mas tudo o que conseguia sentir era tédio. Ele se perguntava se viveria o resto de sua vida daquela forma e seu coração se apertava ao imaginar que a resposta fosse “sim”.

— Jimin, você precisa rever essas assinaturas. Está faltando um monte de anotações nesses documentos. — Uma de suas supervisoras aproximou-se, transtornada, da mesa onde se sentava.

— Sinto muito, senhora Lee. Vou rever todos e já entrego para a senhora — respondeu, envergonhado, recolhendo os papéis da mão da mais velha.

Ela apenas arqueou uma sobrancelha, como se duvidasse do que ouvira. E Jimin não a culpava.

Desde seu primeiro dia, ele cometia erros atrás de erros.

Não era por maldade ou por não querer fazer seu trabalho direito. O Park só achava difícil se concentrar até mesmo nas mínimas tarefas quando tudo o que queria era estar fora daquela sala apertada, cheia de adultos ranzinzas e papéis inúteis.

Suspirando, o garoto pegou os papéis e começou a carimbá-los, tomando cuidado para não cometer os mesmos erros que certamente o fariam levar mais uma bronca de seus superiores — seus pais já estavam irritados demais com seu desempenho, ele não precisava de mais um problema para deixar tudo um pouco pior.

— Jimin?

O Park estava tão concentrado que não pôde evitar o susto quando uma mão larga pousou em seu ombro.

— Ah, senhor Choi — exclamou, levando uma mão até o peito em um gesto exasperado. — Desculpe, o senhor me pegou de surpresa.

— Está tudo bem. Deixe esses papéis aí, venha andar um pouco comigo.

Jimin franziu o cenho, confuso. Ele sentia que se deixasse seu trabalho para depois, teria problemas. Mas se seu chefe estava lhe chamando, como poderia dizer não?

— Fique tranquilo, já falei com a senhora Lee. — O homem lhe lançou um sorriso simpático. — Pode deixar isso aí.

Logo, os dois andavam lado a lado pelos corredores do prédio, onde algumas poucas pessoas circulavam levando documentos e dirigindo-se para salas de reunião.

— No começo, é bem difícil, mesmo.

O Park arregalou os olhos, olhando para o homem mais velho que falava com calma.

— Vocês, jovens, são cheios de energia. Não deve ser nada divertido ter que mexer com papéis o dia todo, eu imagino. — O supervisor lhe lançou um sorriso que parecia ser quase reconfortante. — Você tem muitas expectativas para atender, garoto. Em relação aos seus pais, aos seus amigos e a você mesmo. E eu espero que as atenda. Mas sei que isso não vai acontecer se você continuar onde está.

— Senhor, eu posso melhorar! Eu tenho certeza que...

— Jimin — o chefe o interrompeu —, eu não estou brigando com você. Isso não é uma punição. Eu estou tentando dizer que te entendo e que acho que não vai ser bom para você continuar fazendo o que está fazendo agora.

— Eu não estou entendendo o que o senhor quer dizer.

— Vou te realocar por alguns dias. Só para tentar melhorar as coisas um pouco. Eu sei que você não está gostando do seu trabalho e isso vai continuar sendo assim até que se acostume. Então vou tentar te dar algo um pouco menos repetitivo para fazer, entende?

— Entendi — murmurou, sem de fato entender o que o levava a fazer aquilo. — Mas, por quê? Por que o senhor está fazendo isso? Eu deveria estar sendo repreendido.

— Porque você deve ter algum talento, algum destaque, e não quero desperdiçar isso te deixando carimbar os mesmos documentos todos os dias, o tempo todo.

O Park assentiu, surpreso. Ele esperava tudo, menos aquele gesto vindo de um superior, de um adulto.

— Nós precisamos de mais pessoas como você, Jimin. Pessoas que não se deixam levar pela repetitividade dos dias. — Antes que Jimin pudesse perguntar o que o homem queria dizer com aquilo, ele parou em frente a uma pequena porta. — Chegamos.

— Chegamos?

— É aqui que você vai trabalhar pelos próximos dias. Eu prometo que não é tão ruim.

Então, ele abriu a porta, revelando para Jimin uma pequena sala com estantes e mais estantes. O lugar era mal iluminado e apertado, com apenas uma pequena luz amarelada iluminando as caixas e pastas que se espalhavam por todas as prateleiras.

— Aqui ficam todos os documentos e scripts de reportagens antigas. Todos os documentos dos anúncios da televisão e da programação dos noticiários diários.

— É muita coisa — falou Jimin, observando as caixas entreabertas e as pilhas intermináveis de folhas.

Era tudo uma grande bagunça, como se tudo tivesse sido jogado e esquecido ali por anos e anos.

— Eu preciso que você organize tudo, sim?

Naquele instante, o Park teve que se segurar ao máximo para não questionar a ordem lhe dada ou para não ser desrespeitoso. Como ele poderia passar a gostar mais de seu trabalho se era aquilo que precisaria fazer por incontáveis dias sem objetivo algum?

— Estou contando com você. — Foi tudo o que o superior disse antes de deixar a sala.

Assim que a porta se fechou atrás de si, Jimin suspirou, esfregando as mãos pelo rosto.

— Contando comigo... — resmungou, revirando os olhos. — Acho que nunca vou parar de me decepcionar aqui.

Desacreditado com a quantidade de trabalho que teria, lançou um rápido olhar por toda a pequena sala. Quatro estantes grandes de madeira se estendiam pelas paredes, cada uma delas com todas as prateleiras abarrotadas de caixas, pastas e papéis jogados a esmo. No chão, um tapete antigo e cheio de poeira se estendia, tentando fazer o cômodo parecer um pouco mais agradável.

Durante horas a fio, o Park organizou os documentos por suas datas, sem conseguir se conter em ler alguns dos papéis. Era tudo muito confuso e falava de coisas que ele não entendia, então logo acabou perdendo o interesse.

— Quanta poeira. Será que nunca limparam isso? — sussurrou, abanando as mãos para afastar o pó enquanto abria outra caixa.

No mesmo instante, um barulho o fez se calar.

Um arrepio percorreu sua espinha. Se ele estivesse sendo supervisionado, estava completamente perdido.

Rapidamente o garoto começou a olhar em volta, em busca de alguma câmera como as que pareciam estar em todo lugar — no Centro de Estudos, no trabalho e até em suas casas —, mas ele não conseguia encontrar nada. Aquela sala parecia ter sido esquecida de tal forma, que nem mesmo as câmeras estavam presentes.

Antes que pudesse se permitir relaxar, convencendo-se de que havia imaginado aquilo, o chiado se repetiu.

Tomado pela curiosidade, levantou-se, tentando descobrir de onde o barulho vinha.

Jimin andou com a orelha próxima às prateleiras, abaixou-se para tentar ouvir melhor e subiu no banquinho para descobrir se o som estava vindo de algum lugar mais alto, mas foi só quando estava quase desistindo que se aproximou de uma das últimas caixas do fundo da sala. O chiado parecia estar mais alto ali, como se viesse de dentro da caixa.

O Park mordeu os lábios, ponderando se deveria ou não abrir. Talvez fosse uma armadilha para prejudicá-lo ou testá-lo, mas ele não conseguiu conter a curiosidade e, com cuidado, pegou a caixa, colocando-a sobre o tapete.

Respirando fundo, lentamente retirou a tampa, encolhendo-se enquanto esperava o pior. Mas, rapidamente, seu medo se tornou o mais intenso interesse.

Dentro da caixa, havia um objeto estranho.

Uma caixa retangular e fechada, com botões que clicavam e giravam e pequenas luzes que acendiam a apagavam. Um dos botões tinha “ligar” escrito sobre si, o outro “volume” e o terceiro tinha “frequência”. Entre eles, um fio conectava à caixa um outro objeto estranho, quadrado, que tinha sobre si escrito “microfone”.

Ele nunca havia visto nada igual, nem mesmo no quarto de seus pais ou nas salas de computadores, e sabia que se nunca havia visto ou sido ensinado a mexer em algo como aquilo, então era porque não deveria nem sequer saber de sua existência.

Mas sua curiosidade falou mais alto e ele rapidamente começou a mexer nos botões, tentando entender como aquilo funcionava.

Por minutos a fio, ouviu apenas o mesmo barulho, por vezes se tornando mais alto do que esperava, outras se tornando baixinho, como se estivesse sumindo.

Foi então que sentiu seu corpo gelar. Vinda do objeto, soava uma voz grave:

“Alô? Pode me ouvir? Eu sou Yoongi, do Inferno. Alguém pode me ouvir?”

O coração de Jimin disparou no peito. Ele podia. Ele podia o ouvir.

Rapidamente, o garoto começou a apertar os botões aleatoriamente, tentando descobrir se havia alguma forma de responder aquela pessoa.

“Eu te falei que isso é inútil, para de perder tempo com esse rádio, Yoongi.” Uma voz soou ao fundo, fazendo Jimin se afobar ainda mais.

Não era perda de tempo. Ele estava ali. E tinha que responder antes que fosse tarde demais.

Quando finalmente apertou um dos botões do pequeno microfone conectado ao aparelho, um pequeno “bip” inesperado soou.

— Alô? — sussurrou, incerto, sem saber se havia conseguido.

Um silêncio ensurdecedor se instalou na sala.

— Alô? Você ainda está aí? — perguntou de novo.

E então, ouviu um suspiro. Um suspiro que definitivamente não era seu.

“Eu não acredito... Não acredito.”

— Yoongi? — perguntou pelo nome que ouvira.

“Puta merda. Quem é você? Você é do Limbo?”

O Park hesitou. Ele não sabia se era seguro dizer qualquer coisa sobre si para alguém que não conhecia.

“Você está no Inferno?” A voz soou de novo.

— Claro que não. Eu estou no Céu.

“O quê?!” Dessa vez a voz soava mais assustada do que aliviada.

— É verdade? É verdade que você está no Inferno? Como isso é possível? — Jimin passou a mão pelo rosto, estupefato. Ele não conseguia entender como aquilo poderia ser real. — As pessoas não sobrevivem no Inferno.

“Então como caralhos eu estou falando com você? Eu estou bem vivo. Mas e aí? Vai me dizer seu nome ou não?”

“Pega leve, Yoongi.” Outra voz soou ao fundo, aos sussurros.

— Jimin — falou, sem conseguir se conter. — Meu nome é Jimin.

Os poucos segundos de silêncio que se seguiram pareceram durar horas.

“Prazer, Jimin, do Céu.”

— Prazer, Yoongi, do Inferno. Você precisa de ajuda? — O garoto sabia que aquela era uma pergunta boba. É claro que ele precisava de ajuda. Yoongi podia ter dado a sorte de sobreviver ali, mas certamente não duraria muito.

Uma risada anasalada soou.

“Se eu preciso de ajuda? Eu acho que você já deve ter a resposta para isso, Jimin.”

— Como... — Ele engoliu em seco, tentando controlar a respiração agitada. — Como eu posso ajudar?

“Eu não sei. Como as pessoas daí de dentro nos ajudam?”

— Nós não ajudamos. — Aquelas palavras pareciam ter um peso maior do que ele esperava. — Eu nem sabia que existiam pessoas vivas aí fora. Achei que estivessem todos mortos.

O garoto ouviu um murmúrio irritado vindo da pessoa do outro lado.

— Depois da guerra, todos que não foram escolhidos para serem salvos no Céu, morreram. Aqueles que ficaram ou que vão para o lado de fora, não sobrevivem. Eu realmente não entendo como você pode estar aí.

“Como assim ‘vão para o lado de fora’? As pessoas entram e saem daí?”

— Nós nunca trouxemos ninguém para dentro.

“Então ninguém entra. Só sai”, resmungou Yoongi, soltando um gemido irritado. “Porra.”

Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, Jimin ouviu passos se aproximando no corredor, fazendo um eco alto que reverberava pelas paredes brancas.

— Tem alguém vindo, eu preciso ir agora. Yoongi, você pode me chamar amanhã de novo? Você vai ficar vivo até amanhã?

“Eu já vivi vinte e dois anos aqui, garoto. Mais uma noite não é nada.”

— Me chame amanhã — repetiu, colocando o rádio dentro da caixa com pressa. Ele queria dizer tantas coisas, perguntar tantas coisas, mas o tempo corria e os ricos aumentavam a cada segundo.

“Chamarei. E, ei, Jimin? Não importa o que aconteça, não fale sobre isso para ninguém.”

Poucos segundos depois de fechar a tampa da caixa e escondê-la no meio de tantas outras, a porta se abriu.

— Seu expediente acabou, Jimin. Seus pais estão te esperando para irem para casa.

Mais uma vez, o senhor Choi o olhava. Seu sorriso brilhante como sempre.

[...]

Pela primeira vez desde que começara a trabalhar, Jimin voltava para a casa com a mente à mil. Seu mundo parecia ter sido revirado várias e várias vezes em uma tarde só. Tudo estava de cabeça para baixo.

Havia pessoas vivas no Inferno. Yoongi vivia no Inferno há vinte e dois anos.

Milhares de dúvidas o atormentaram durante todo o caminho. Ele queria contar para alguém, queria saber quantos outros também estavam lá. Afinal, ele ouvira mais vozes e, se já era difícil acreditar que uma pessoa havia conseguido sobreviver do lado de fora, imaginar que havia outros que também conseguiram era assustador.

O garoto mal percebeu quando finalmente chegou em casa, perdido demais nos próprios pensamentos para prestar atenção nas coisas à sua volta.

— Vá se arrumar e desça para o jantar. — A voz fria de sua mãe o tirou de seus devaneios. Ela parecia estar estranhamente descontente. Mais do que normalmente estava. — Não demore.

Assim, fez o mais rápido possível, logo voltando para ajudá-la a terminar de arrumar a mesa, sentando-se logo em seguida sem dizer uma palavra.

Por alguns segundos, imaginou que passaria aquela noite em um intenso silêncio, mas logo descobriu que estava muito enganado.

— Jimin, você não quer nos orgulhar? Não se sente grato por tudo o que fizemos por você? — perguntou seu pai, sem desviar os olhos do prato.

— É claro que eu sou grato, pai.

— Não é o que parece.

— Você está nos envergonhando, Jimin. — Sua mãe pousou os talheres no prato para olhá-lo diretamente nos olhos. — Eu não me importo se você gosta ou não de seu trabalho, mas é seu dever, como meu filho e como morador do Céu, fazê-lo bem feito.

— Você foi realocado para um serviço inútil, para organizar coisas que ninguém nunca se importou em mexer, porque não têm mais valor nenhum. Seu trabalho não tem valor nenhum.

— Como pode ficar animado com isso? Como pode voltar para casa radiante como fez hoje depois de saber disso? Você gosta de nos envergonhar? De ser um ingrato?

Jimin engoliu em seco, pressionando os lábios para segurar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos.

— Você precisa se organizar logo, ou vai acabar tendo problemas — falou sua mãe, voltando a comer tranquilamente, como se dizer palavras tão duras para o filho nem sequer a incomodasse. — Lembre-se que não perdoamos aqueles que não honram a sorte de terem sido salvos.

— Se quiser continuar aqui, você terá que fazer por merecer.

Pelo resto da noite, o Park não conseguiu pensar em mais nada. Até mesmo Yoongi ficara esquecido no fundo de sua mente.

Os pensamentos que tanto o atormentavam haviam se concretizado e se tornado sua mais dolorosa realidade.

Se ele não melhorasse logo e se mostrasse útil e grato, teria o mesmo fim que todos os traidores e ingratos do Céu tinham: seria jogado para fora.

[...]

Por mais que tentasse se convencer de que deveria esquecer aquele objeto estranho e focar em seu trabalho, Jimin não conseguia conter a curiosidade. Ele não conseguia simplesmente ignorar que talvez pudesse ajudar alguém que vivia no Inferno.

Durante algumas horas, trabalhou arrumando os documentos antigos sem muito interesse, sentindo o coração disparar com qualquer chiado que ouvia, esperado ansiosamente pela voz de Yoongi.

Quando finalmente a ouviu, sentiu um estranho alívio tomar conta de si.

“Alô?”

— Yoongi! — sussurrou, animado. — Você está vivo!

“É claro que estou vivo. O que você esperava?”

O garoto suspirou, afastando algumas caixas para o lado e se deitando de barriga para baixo no tapete empoeirado.

— Eu não sei. É difícil acreditar que vocês possam viver do lado de fora.

“Nós estamos aqui. Sempre estivemos. Como você pode não saber disso?”

— Eu sempre ouvi que o Céu era o único lugar em que as pessoas conseguiam sobreviver.

Uma risada sarcástica soou, fazendo o estômago de Jimin se revirar.

“Então mentiram para você, garoto. Porque existem muitas pessoas do lado de fora. Provavelmente muito mais do que você pode imaginar.”

— Eu não entendo. Por que nós não sabemos disso? Por que não mandamos reforços?

“Porque é mais fácil nos esquecer e fingir que nunca existimos.”

— Por que está falando comigo, então? Se você sabe disso, por que tentou falar comigo?

“Eu não tentei falar com você, não com alguém do Céu. As pessoas do Céu nunca atenderam. Eu só estava procurando algum contato.”

— Eu só consegui responder porque achei esse negócio. Eu nunca tinha visto um desses antes. Não era para eu ter encontrado — explicou, tentando defender aqueles que, como ele, não sabiam de nada. — Nós não sabíamos que existiam pessoas aí! Yoongi, você não compreende o quanto isso muda a nossa realidade. Desde que eu nasci, aprendi que nós, do Céu, havíamos sido salvos, que havíamos sido os únicos a ter oportunidade de sobreviver. Saber que tem pessoas vivendo no Inferno é assustador!

“Eu sei que é assustador. E você vai se meter em problemas por mexer com esse rádio, não vai?”

— Eu já estou com problemas — respondeu, amargurado, lembrando das palavras dos pais na noite anterior. — Se for para ter que arcar com as consequências, então eu quero arcar com as consequências de algo importante.

“O que você quer dizer com isso?”, Yoongi perguntou, confuso.

— Eu já disse que quero te ajudar.

“Se alguém daí de dentro pudesse nos ajudar, já teriam ajudado.”

Jimin respirou fundo, passando a mão no rosto. Doía não poder discordar e imaginar que alguém sabia a verdade enquanto todos eles eram ensinados o contrário, enquanto pessoas sofriam.

— Como vocês sobrevivem?

“É uma luta. Não é a mesma mordomia que vocês devem ter aí dentro. Se precisarmos comer, temos que arranjar a comida, se precisarmos nos proteger, fazemos isso com o que temos em mãos. Nós lutamos para sobreviver.”

Jimin sentiu lágrimas se acumulando em seus olhos. Ele mal conseguia imaginar quantas pessoas viviam aquela realidade.

Quantos sofriam do lado de fora enquanto ele vivia em paz? Quantos precisavam sofrer para que ele não desconfiasse de sua realidade?

“Eu acho que você, sozinho, não pode fazer muito por nós, Jimin. Você precisa contar para alguém.”

— Para quem? Se eu contar para algum superior, vou ser acusado de traição e...

“E...? O que vai acontecer?”

— Eu vou ser jogado para fora.

“Jimin, você realmente quer trocar a sua segurança por isso? E se você não puder nos ajudar?” A voz de Yoongi se tornara séria e ainda mais grossa do que normalmente era. Ele parecia genuinamente preocupado consigo, e isso fez o coração Jimin se esquentar no peito.

— Eu preciso saber que tentei. Não posso simplesmente ignorar isso.

“E se isso custar mais do que você imagina? Estou sendo honesto com você, eu não acho que você vá conseguir nos salvar.”

— E eu estou sendo honesto com você, Yoongi. Eu não vou saber se não tentar. E se eu tiver que sofrer as consequências, as sofrerei sabendo que foi por algo que, pela primeira vez na vida, eu quis fazer, e não fui ensinado a querer.

“Tudo bem.” Yoongi se deu por vencido, seu tom se tornando mais determinado. “Então precisamos pensar em um plano.”

[...]

Bolar um plano sob pressão não era fácil. Principalmente quando Jimin nem sabia por onde começar.

Para conseguir a ajuda de mais pessoas, era necessário contar para elas, e a única forma que tinha de fazer aquilo era transmitir a notícia de boca em boca — lento demais. E, com exceção de Taehyung, o Park não podia imaginar mais ninguém a quem pudesse contar sem correr o risco de ser automaticamente delatado.

Conforme os dias se passavam, seu tempo parecia ficar cada vez mais curto. Uma contagem regressiva para algo que ele nem sabia o que era.

“Parece que eles fazem de tudo para impedir que vocês conversem.”

Após alguns dias analisando as alternativas, ambos pareciam cada vez mais desacreditados.

“Não tem nada que seria capaz de fazer várias pessoas saberem ao mesmo tempo? Algum alto falante, um microfone.”

— Os anúncios diários! — exclamou o garoto, sentando-se ereto pela animação ao imaginar a possibilidade. — Todos nós temos que assistir os anúncios diários de noite. Se eu conseguisse fazer isso passar na televisão... Não. É impossível chegar até a parte de transmissões.

O que ele poderia fazer se em todas as alternativas era necessário ter o apoio das pessoas que mais tentariam o silenciar?

“Nós podemos pensar em outra coisa, não se preocupe.”

Jimin soltou um muxoxo sem perceber que ainda segurava o botão do microfone, logo ouvindo a risada rouca de Yoongi em resposta. O garoto imediatamente cobriu a boca, com as bochechas quentes.

“Relaxa, Jimin.”

— Você sempre me fala para relaxar, parece que nem está nervoso.

“É porque eu acho que isso não vai dar em nada.” A resposta sincera fez o coração do Park se apertar. “Não há muito o que fazer por nós daí de dentro, Jimin.”

— Você não tem esperança nenhuma?

“Como poderia ter?”

— Então por que continua falando comigo? Se você acha que nada vai acontecer, por que me chama todos os dias?

O silêncio tomou conta da sala por longos segundos.

“Eu não sei.” Yoongi suspirou. “Eu não tenho esperança nenhuma, mas... mas talvez eu queira ter. Falar com você faz parecer que pode acontecer.”

Jimin engoliu em seco, sem entender por que seu coração estava disparado.

— Acho que isso é o bastante para tentar. Não custa nada, afinal.

“Nós dois sabemos que custa. Porra, Jimin, você vai ser jogado no Inferno. Acho que isso já custa muito, não?”

— Se for para acontecer, acontecerá. Eu não posso continuar vivendo normalmente aqui dentro sabendo que estão mentindo para todos nós e ignorando vocês.

“Eu realmente acho que viver assim ainda seria melhor do que viver aqui. Você nem imagina as dificuldades do mundo de fora. Esse lugar se chama Inferno por um motivo. Eu não quero que você abra mão da sua vida por uma tentativa falha.”

— Você já tem coisas demais para se preocupar aí fora, com certeza. Não quero que perca seu tempo se preocupando comigo.

“Eu acho que isso é inevitável, garoto.” A voz soara baixinho, como se não devesse ser ouvida.

Os dois ficaram em silêncio, apenas ouvindo suas respirações enquanto aproveitavam a companhia um do outro — uma companhia que estavam passando a apreciar cada vez mais com o passar dos dias.

[...]

Aquela era uma manhã estranha. Pela primeira vez desde que começara a trabalhar, Jimin e Taehyung seguiam sozinhos pelas ruas. Seus pais haviam saído mais cedo para uma reunião de emergência, deixando-os em casa para irem juntos no horário normal.

— Que estranho, Jimin. Isso nunca acontece.

— Vamos aproveitar, então — respondeu o Park. Ele estava, na verdade, aliviado. Aquela era a chance que precisava para contar para o amigo o que havia descoberto sem comprometer a segurança de nenhum dos dois. — Eu preciso te contar uma coisa.

O tom sério fez o Kim franzir o cenho, olhando-o intrigado.

— Eu não sei como tornar isso menos chocante, então só vou contar de uma vez — falou, após se assegurar de que não havia ninguém em voltar para ouvi-los. — Eu encontrei um rádio na sala de arquivos onde estou trabalhando. E consegui falar com uma pessoa de fora.

— Como assim “de fora”? — sussurrou de volta, com os olhos arregalados. — Jimin, isso é muito perigoso. Se alguém descobre...

— Eu sei, Tae, eu sei. Mas é um risco que eu quero tomar. Se for para ajudar as pessoas de lá...

— O que você quer dizer com isso? Pessoas de onde?

— Do Inferno. Tae, existem pessoas vivendo no Inferno. Muitas delas, e há muito tempo. Nunca deixou de existir.

— Ah, minha nossa! — exclamou, colocando a mão sobre a boca.

— Por favor, não conte para ninguém, sim? Estou te contando porque você é meu melhor amigo, a pessoa que eu mais confio nesse mundo, então se algo acontecer comigo, pelo menos você vai saber a verdade.

O Kim queria fazer mil perguntas para Jimin, queria descobrir tudo sobre o que ele estava falando, mas logo chegaram às portas do prédio onde trabalhavam.

— Eu te conto depois, sim?

— Tudo bem — murmurou Taehyung, lançando em sua direção um olhar cheio de preocupação. — Tome cuidado, por favor. Não deixe que ninguém saiba disso. Eu não quero que você se machuque por isso, Jimin.

— Não deixarei, Tae. Vai dar tudo certo — disse, sabendo que aquilo provavelmente estava longe de ser verdade.

Com um último aceno, Jimin se despediu do amigo, indo até a pequena sala no final do corredor onde havia passado dias e mais dias.

Assim que seus dedos tocaram a maçaneta, sentiu seu coração disparar, animado para falar com Yoongi mais uma vez.

Mas, ao invés disso, ao abrir a porta, toda a animação se tornou o mais puro medo.

Parados no meio da sala, estavam seus pais, Choi e o supervisor de serviços de todo o prédio.

Aos seus pés, o rádio ligado.

— Park Jimin, você está sendo detido por traição.

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Notas finais: Foi isso! Espero que tenham gostado!
Se você curtir ler ouvindo músicas, essa fanfic tem uma playlist! É essa aqui: https://open.spotify.com/playlist/75cmMJzvingPUd9LpvgB2L?si=af314c270292485a
Muito obrigada por ter lido <3

6 de Diciembre de 2021 a las 19:59 0 Reporte Insertar Seguir historia
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