— Dio mio! Ragazza sei fantastica!...
— Shhh... Cala boquinha.
Pressionou o corpo com mais força e em resposta braços fortes envolveram sua cintura.
Com um preciso rebolado arrancava dele sons selvagens de intenso prazer.
— Acho que eu vou...
— Tu não precisa avisar. — falou irritada.
— Ahhh!... Dio mio... Dio mio...
Fechando os olhos e ignorando os sons advindos do homem, ela também se permitiu ao orgasmo.
Apoiou a cabeça sobre o ombro de seu parceiro para tomar fôlego. Só após alguns segundos e um longo suspiro desceu de seu colo pondo os pés no chão.
Sorriu satisfeita para o homem alto à sua frente. Nunca gostou dos baixinhos. Os grandes embalam e dão colo.
Aquele diante de si não era grande só em estatura mas também em largura, do tipo armário. Coisa rara para um brasileiro, a maioria ficava um pouco abaixo do seu 1.77m.
Ele tinha cabelos compridos, um bumbum redondo e lábios sensuais que ela queria muito beijando uma região bem específica de seu corpo.
— Ragazza... Você é... Deliziosa!... — gaguejou, em uma briga para subir a calça, ainda liberando espasmos de prazer.
— Eu sei, eu sou foda! — concordou, pondo atrás da orelha seu cabelo curto e arrumando de volta o espartilho. Encarou o grandão à sua frente e deu seu melhor sorriso de agradecimento — Vou indo. Grazie.
— Calma princesa... Me diz teu número ou como faço pra te encontrar. — pediu sacando o celular.
— Pra que?
— Ué... Pra né?... Pra gente bater um papo.
— Tudo que eu queria bater contigo eu já bati. — respondeu selando seus lábios nos dele - Valeu pela transa e bom carnaval.
— Peraí gatinha... — pediu segurando seu braço. Ela encarou sua mão erguendo as sobrancelhas e imediatamente ele a soltou — Scusa... É que foi tão bom... — subitamente ele arregalou os olhos — Não foi bom pra você?
— Foi legal sim. Mas não é por isso que eu vou querer alguém enchendo meu celular de mensagens.
— Que isso loirinha!... Quem sabe não rola alguma coisa a mais?
— Brigada, mas tô fora!
— Mas por quê? — perguntou colocando de volta a máscara sobre o rosto.
Ela deu uma boa olhada de cima a baixo no brasileiro diante de si.
Calça preta com meias longas, camisa cuja estampa lembrava um tabuleiro de xadrez. Luvas e um chapéu de bobo da corte.
Uma bela fantasia no estilo do carnaval veneziano.
Apesar dos muitos panos, era impossível esconder aquele corpo musculoso.
— Porque eu sou do tipo que apaixona, mas não do tipo que se apaixona.
— Dá pra perceber! — sorriu, encantador — Mas dá uma chance pra mim e prometo te encher de amor — disse ele, escorregando a mão por sua cintura.
— Já tenho amor demais, meu bem!... — falou, afastando-se de seu abraço.
— Você tem namorado?
— E quem falou de boyzinho?
— Você disse que tem amor...
— Amor próprio! — afirmou, pondo as mãos nos quadris.
— Pense direitinho, não é fácil encontrar homem como eu — insistiu, passando a mão no próprio abdômen cheio de gominhos.
Ela mordeu os lábios, daria tempo para uma rapidinha se não tivesse uma festa para aproveitar.
— Brigada de verdade, mas tenho que ir.
— Você não gostou de mim? — perguntou o bobo da corte.
— Tu transa bem, cara! É tudo que eu sei e pra mim é suficiente.
— Eu pensava que as mulheres tivessem em busca de um cara bonito, bom de cama e carinhoso.
— Com tanto peixe no mar, a última coisa que eu vou querer é nadar em aquário!... Ainda mais viver presa a macho? Deus que me livre! — disse, andando de volta para o centro da festa.
— Com essa exigência toda você vai terminar sozinha. A regra é clara: Homem não gosta de mulher exigente demais.
Soltando um dos seus risinhos debochados para aquele macho sem noção ela perguntou com o queixo erguido:
— De quem é o priquito?
— Seu...
— Então quem faz as regras também sou eu.
Dando as costas para ele com o cabelo ao vento, seguiu de volta para a multidão, pois a noite estava apenas começando.
Sua fantasia ousada, diferente do estilo italiano de brincar carnaval com roupas de época, chamava ainda mais atenção e as cantadas a acompanhavam enquanto desfilava pelas ruas venezianas.
Vestia um espartilho preto, que se ajustava em seus seios, deixando-os ainda mais apetitosos do que já eram. Em volta do pescoço estava uma cobra de pano, nos pés saltos pretos, na cabeça um par de imensos chifres e no rosto uma máscara negra que escondia seus olhos cor de mel.
Usaria apenas o espartilho se estivesse em sua cidade natal, Recife.
Mas ali, em território estranho, optou por uma longa saia preta, com duas aberturas que subiam até seus quadris, deixando à mostra suas belas pernas torneadas.
— Ma che bella ragazza! — falou uma voz aleatória.
— Dio mio, che bel diavolo!... — Outra cantada.
Ela deu uma olhada para trás na direção de onde vinham os elogios e antes que voltasse sua atenção para frente esbarrou com tudo em um corpo quente e rijo.
— Scusa! — disse ela, tentando manter o equilíbrio para não se espatifar no chão.
Mãos fortes seguraram seus ombros mantendo-a de pé.
— Stai bene? — perguntou o soldado romano à moda antiga.
— Si, grazie — agradeceu ela.
Ainda segurando-lhe os ombros ele perguntou:
— Da dove vieni, bella?
— Sono brasiliana — respondeu, com orgulho de sua origem.
Escorregando as mãos pelas costas dela, ele apertou seu traseiro, fazendo-a saltar como um gato arisco.
Ela fechou a cara para o homem de máscara diante de si.
Branco e dourado eram as cores predominantes de sua fantasia cheia de pelos na região dos ombros. A máscara que ele usava não permitia que ela visse seu rosto.
Mas mesmo assim inflou o peito e estendeu um dedo na direção dele.
— Rispetta le donne! — disse furiosa e completou em sua língua nativa - Seu monte de merda!
— Una ragazza brasiliana. È deliziosa! — falou o soldado apalpando-lhe as nádegas de novo.
Ela buscou por uma gola naquela roupa estranha. Não encontrando, puxou o monte de pelos em seus ombros ou seja lá o que fosse aquilo.
Ouviu um murmúrio temeroso ao redor.
Ótimo, que todos vissem e aprendessem a como tratar uma ragazza.
— Eu não quero acreditar que tu tais com essa liberdade toda porque eu sou brasileira.
— Calma, calma! Scusami! — pediu ele, com as mãos para o alto.
— Não fica pensando que toda mulher vai se calar não, visse? Esse tempo já passou! Eu vou me virar e vou pra bem longe de tu. Se por acaso tu tentar alguma coisa , eu arranco essa tua fantasia de pavão. Ouvisse?
O homem não entendeu nada daquelas ameaças e ela estava furiosa demais para se lembrar de falar na língua dele. Mas tinha algo que ele entendia: A linguagem corporal e a dela estava ameaçadora.
— Perdonami!!!
Soltando o soldado diante de si ela virou-se para longe. Nunca foi uma garota atípica. Nunca foi do tipo meiga e pura.
Por algum motivo esse é o tipo de garota apreciada pela maioria e as que mais se fodem, em sua opinião.
Ela era o contrário. Independente e completamente capaz.
As pessoas olhavam assustadas ao redor e o homem se afastou o mais rápido que pôde.
— Caralho!... Que diaba gostosa da porra! — um brasileiro. É como dizem, estavam em todos os lugares.
Analisou-o por alguns segundos.
Não. Não era seu tipo. Não como o primeiro.
Ignorando-o seguiu em frente.
E sim, a sua autoestima batia no céu.
Manuela Gomes, brasileira, nordestina e linda como uma diaba.
Mas diferente do que a maioria das pessoas pensa, não foi sempre assim. Passou a se valorizar depois que entendeu que o amor começa por si mesma.
Ah, mas é óbvio!
Não, não é.
Frequentemente as mulheres se comparam e se diminuem. Mesmo as que estão dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade.
Afetando seu bem estar, emoções, humor e relações interpessoais. Quando Manu entendeu isso, ela estabeleceu sua primeira regra de ouro: Encontrar em si mesma diariamente pequenas qualidades.
Desse modo, aos poucos aprendeu a lidar com as chacotas na escola de apelidos como Manu Tábua ou Manu Palito.
Agora, aos vinte e um anos, o universo tinha sido mais gentil com ela, dando-lhe um corpo delgado e cheio de curvas apetitosas.
Depois de muitas cervejas e alguns spritz, ela dançava ao som de Carnaval de Venise de André Campa.
Rindo e brindando seu copo de bebida nos dos passantes, enquanto em uníssono cantarolavam ao ritmo da melodia: Lá, lá, lá, lá, lá, lá lá...
Foi quando o viu a poucos metros de distância.
Mesmo usando uma máscara negra com imensos chifres que escondia seu rosto. Manu podia sentir a energia emanada por sua fantasia de diavolo.
Todo de preto exceto por um colete vermelho. A roupa justa deixava a mostra seu corpo espetacular, apesar dos babados e qualquer excesso que fazia referência a séculos passados.
Grande, cerca de 1.90m de altura.
Olhava para o alto atraindo a atenção de Manu para o mesmo. Uma figura vestida de preto estava pendurada com alimentos presos nas barras do vestido.
Seria um boneco assustador se ela não soubesse que se tratava da quaresma de molise. Era o símbolo do fim do carnaval e início da quaresma, comum no último dia da festa da carne.
Manu aproveitou a distração para observar um pouco mais o homem elegante a sua frente.
Ele tinha uma boa postura e parecia usar roupas de qualidade. Uma súbita curiosidade a tomou para saber o que havia sob a máscara.
De repente ele começou a se mover e ela ergueu os olhos, foi quando percebeu que ele também parecia encará-la.
Um sorriso se formou nos lábios carnudos de Manu.
Boa menina!... Diabo fisgado!...
Caminharam um na direção do outro e estavam a poucos centímetros de distância quando ele disse com uma voz grave e sensual:
— Ciao, Lilith.
Manu se surpreendeu pois poucas pessoas acertavam sobre o que era sua fantasia, pelo menos no Brasil. A maioria achava que era apenas uma diaba sensual.
Estendeu a mão na direção dela em uma mesura que parecia ter sido ensaiada.
Ela engoliu em seco a energia que emanava dele estava cada vez mais forte.
Observou ele segurar sua mão e levantar um pouco a máscara, deixando à mostra lábios cheios que formavam um sorriso torto.
Convencido!
Ele sabia de todo o seu charme e porte mesmo todo coberto como estava e ela franziu os próprios lábios irritada com toda aquela presunção.
Antes que o beijo tocasse sua mão ela a puxou de volta. Não daria a ele o gostinho de vê-la enrubescer.
Logo ela, que tinha todos os homens aos seus pés, não ficaria caída por um estranho qualquer. Ainda mais mascarado!
Virou-se pronta para dar as costas àquela criatura advinda do inferno, mas ele segurou sua mão puxando-lhe de volta, deixando-a ainda mais irritada.
— Me solte!
— Sei brasiliana?
Foi quando ela lembrou que estava falando em sua língua nativa, parece que a raiva fazia-lhe esquecer de usar o italiano.
— Sì, io sono.
— E como se chama? — perguntou em um perfeito português ainda segurando-lhe a mão.
— Não te interessa — falou, lembrando-se do sorriso torto.
Mãos largas tocaram sua cintura e ela sentiu sua calcinha molhar. Como se lesse seus pensamentos, o diavolo a sua frente soltou uma risadinha.
Sentindo suas narinas se dilatando, Manu empurrou o peito duro dele para longe.
— Tais rindo de que?
— De você. Se irrita fácil.
— Não me irrito, não! — defendeu-se — Na verdade eu sou bem de boa com a vida, mas tu se acha a última bolacha do pacote!
— E o que lhe faz pensar assim?
— O jeito como tu anda, parece que a rua é tua. O jeito como tu fala e eu vi teu sorriso de cu quando tu levantou a máscara.
Uma risada alta e debochada tomou a Praça de São Marcos chamando a atenção dos passantes.
Manu se enfureceu ainda mais, empurrando-o para longe e dando-lhe as costas.
Um estranho qualquer não tiraria sua paz.
— Espera! Não vai me dizer seu nome?
— Não! — respondeu sem olhar para trás.
Mas por alguma razão, sua intuição não parava de apitar que aquela não seria a última vez que o veria.
Gracias por leer!
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