Não sabia ao certo o que estava fazendo ali. Mas ainda assim, lá estava eu: há trinta palmos debaixo da terra, na última e mais putrefata cela do calabouço.
Os guardas me deixaram a sós com o prisioneiro. Entre nós havia apenas a distância das grades e um odor horrível.
— Olá, papai. — Cumprimentei-o, com relativa frieza.
Rothbart franziu o cenho ao ouvir minha voz. Remexeu-se, tentando arrastar as correntes encrustadas em seus punhos com a força ainda remanescente de seu frágil corpo.
— Odile. — Foi sua saudação. Sorri.
— Suponho que nem tudo foi como o planejado. — Debochei. Irônico vê-lo daquele forma; justo ele, que sempre fingiu ter o controle sobre tudo.
Se a Corte pudesse ver a situação do ilustre marquês de Samênia agora...
O moribundo agarrou-se às grades da cela. Seus olhos brilharam de esperança — era a única coisa que ainda tinha.
— Mas tenho certeza que minha brilhante filha terá algum plano. — Ele engoliu à seco, olhando para os lados para conferir se alguém não poderia estar nos ouvindo. — Para me tirar deste lugar imundo.
— Oh, sim, eu tenho planos. Os meus planos. — Admiti, com a voz seca e postura inabalável. Exatamente como ele me ensinara. — Mas eles não te envolvem, papai. Será mais fácil para mim que você permaneça onde está.
Rothbart bateu nas grades com uma força animalesca, buscando me amedrontar como o de costume. Sequer pisquei.
— Fedelha ingrata! Como ousa falar com o seu pai desta forma?!
Não pude evitar de rir.
— Deixá-lo solto para o quê, velho? Para que arruíne tudo de novo, e desta vez me arraste junto? — Cuspi, aproximando o meu rosto de forma ameaçadora. — Não. Você quase conseguiu acabar com a minha vida, como sempre quis. Por mim, e apenas graças a mim, saí ilesa. Agora, finalmente iniciarei minha vida livre, léguas daqui e léguas de você.
Afastei-me alguns passos, admirando sua expressão de desespero. Ah, como esperei para assisti-lo daquela forma.
— Eu quando eu for a próxima rainha, e me escute quando digo que serei — afirmei, com a voz rasgada. — voltarei para te executar pessoalmente.
A expressão de Rothbart fechou-se. Ali, deu-se conta do que havia criado.
Um monstro.
— Até lá... — Dei de costas, com um largo sorriso. — Reflita seu completo fracasso. Terá bastante tempo para isso.
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