Jeongguk abriu os olhos, enxergando silhuetas de móveis velhos na escuridão, e lembrou-se de onde estava.
Olhou para seu lado direito. Por conta de uma leve iluminação que provinha da lua, a qual adentrava o ambiente por um buraco no teto de madeira, conseguiu ver Taehyung ainda dormindo com a cabeça apoiada em um de seus braços dobrados. A mão direita dele se encontrava estendida em sua direção, tocando-lhe o braço, parecendo querer se certificar de que o garoto ficaria ao seu lado.
O relógio em seu pulso marcava meia-noite e sete. Estavam naquela casa caindo aos pedaços há uns bons minutos.
Direcionou seus olhos negros e arregalados para a face adormecida do Kim. A bochecha macia e gordinha era comprimida pelo braço dele, ocasionando um biquinho fofo nos lábios fartos e rosados. Os cílios longos faziam sombra sobre a maçã de seu rosto anguloso e bem esculpido. Tinha de admitir, Taehyung era muito lindo.
Um baixo rangido, característico de assoalhos de madeira, o fez desviar o olhar para a obscuridade que engolia tudo ao seu redor.
Outro rangido foi ouvido. Um arrepio percorreu-lhe a espinha quando percebeu que aquele som se assemelhava muito a alguém andando, passo por passo, lentamente, como se não quisesse chamar atenção.
Mais uma vez o som foi feito, parecendo rondar o espaço onde os dois garotos estavam deitados, chegando cada vez mais perto.
Jeongguk sentiu seu estômago gelar ao olhar novamente para o mais velho, segurando um grito que queria romper-lhe a garganta e arregalando mais os olhos, se possível.
Taehyung havia sumido e, em seu lugar, se encontrava um ser extremamente raquítico, agachado ao chão e inclinado em sua direção, com olhos vítreos e esbugalhados encarando o Jeon.
O moreno queria gritar e sair correndo, mas não conseguia. Permanecia paralisado pelo medo.
O monstro abriu sua boca completamente deformada, cheia de dentes desalinhados e afiados.
— Shh, isso vai acabar logo – proferiu com uma voz arranhada, que machucava os tímpanos de Jeongguk, fazendo-o sentir vontade de arrancar sua percepção auditiva.
Antes que conseguisse processar o que havia acontecido, aquele monstro cravou em seu peito uma de suas mãos de dedos longos e finos, com garras afiadas nas pontas, rasgando-lhe pele, músculos e ossos, até chegar em seu coração quente e pulsante, que bombeava sangue sem parar.
Jeongguk soltou um grito alto, repleto de horror e agonia intensa, o qual foi abafado pela outra mão daquele monstro.
— Shh...
O Jeon sentou-se de repente, a respiração completamente desregulada e o coração batendo tão forte que parecia querer pular para fora de sua caixa torácica.
— Jeongguk! O que houve!? – Taehyung perguntou preocupado, ficando ao lado do garoto. Havia acordado com um grito assustado dele.
Jeongguk colocou ambas as mãos sobre seu peito, tateando desesperado em busca de algum ferimento.
Nada. Tudo não passou de um pesadelo.
— T-tae... – Murmurou com a voz chorosa, observando o mais velho se aproximar e segurar-lhe o rosto, acariciando as duas bochechas cheinhas.
— Foi só um sonho ruim, Guk, tá tudo bem – falou, trazendo a cabeça alheia para se apoiar em seu ombro, descendo as mãos para as costas do garoto, acalmando-o.
— Que horas são? – Perguntou, tentando ocupar sua mente com outra coisa que não fosse aquele ser horripilante.
— Meia-noite e seis, por quê?
Jeongguk sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem imediatamente.
Era coincidência, não é? Tinha de ser apenas uma coincidência.
Mas, para seu azar, ouviu um rangido da madeira do chão, indicando que alguém se aproximava de onde estavam.
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