Olá gente!!
Há um tempo atrás, fuçando em umas músicas antigas no celular, acabei ouvindo "odeio amar vc" do Hiosaki e me surgiu inspiração para essa one. Escrevi tudo no embalo, em um dia só e revisei no dia seguinte, fiquei muito feliz de ter saído do bloqueio criativo.
AÍ VÃO ALGUNS AVISOS:
Aviso 1: as partes em itálico são lembranças de ambos os rapazes e são importantes para o desenvolvimento.
Aviso 2: é sadfic! porque essa é a vibe que a própria música que me inspirou passa. É minha primeira vez escrevendo sadfic! então peço desculpas se não estiver bom
Aviso 3: para entrar mais no clima recomendo ouvir a música antes ou durante a leitura.
Link da música: https://youtu.be/F5-KgaMIsTU
Não se esqueçam de me dizer o que acharam por aqui ou no Twitter, meu @ é @hubbiling por lá!!
Boa leitura.
⸙
O sofá cheirava a bebida e suor, esticando um braço Taehyung alcançou o pacote amassado, puxando o último sobrevivente daquele final de semana desastroso. O isqueiro estava quase no fim, a chama fraca bruxeando pelo cômodo escuro, apagou assim que transferiu o calor.
A balada estava turva e barulhenta, quente como um forno, com corpos se esbarrando no espaço ridiculamente pequeno da pista de dança, o cheiro de cerveja quente se sobressaindo a qualquer outro. Não viu exatamente quando o garoto de cabelos pretos se aproximou, apenas sentiu uma mão gelada em contato com a pele quente do seu braço, que lutava para não acabar queimando ninguém com o cigarro.
- Tem fogo? – A voz era soprada contra sua orelha, melodiosa e carregada de segundas intenções que ficavam claras naquele tipo de ambiente.
- Para você, tenho até de sobra gracinha.
Soprou a fumaça em direção ao teto, se demorando na segunda tragada. Ouviu passos no corredor, pesados e sem direção certa, quase como se temesse ver o outro ainda na sala. Se levantou do sofá, indo em direção a cozinha, apenas vislumbrou a figura alta na porta.
Recolheu os copos plásticos que estavam espalhados pela mesa, colocando-os no balcão. Viu quando Jungkook abriu a torneira e encheu um copo laranja, logo tratando de usar o conteúdo para empurrar o remédio garganta abaixo. Voltou para a sala, olhando pela fresta da cortina para a cidade lá embaixo, cinzenta, com o céu ameaçando se derramar, um clima ruim, combinando com o estado de espirito que o Kim se encontrava.
- É pequeno, mas tem uma vista legal. – O mais novo havia acabado de voltar da cozinha, onde havia ido buscar uma bebida para ambos. Apoiou os copos no braço do sofá e retirou a jaqueta puída que usava, sob o olhar atento de seu convidado.
- É. A vista é realmente linda.
Quando entrou no quarto, a jaqueta estava ali. No meio da desordem da cama de casal, quase brilhava aos olhos, significava muito. Perdera a conta de quantas vezes a retirou do corpo esguio do garoto que agora se encolhia no sofá do cômodo ao lado. Decidiu que precisava se distrair, o que o acabou levando a se unir as pessoas que se apressavam para não serem alcançadas pela chuva do lado de fora.
O sino da porta tocou quando ele entrou na loja de conveniência, não se incomodando pelo silêncio do atendente, talvez pela primeira vez o agradecendo mentalmente pela sua ausência de palavras. Colocou o pão, a bandeja de ovos e o leite no caixa, pagando com uma única nota e se preparando para voltar.
Encontrou o apartamento com cheiro de café e ouviu o chuveiro ligado. Colocou as compras ao lado dos copos no balcão, pegou a frigideira e começou a preparar um café da manhã. Quando o dono da casa saiu, enxugando os cabelos, a vida parecia quase normal naquele local. Como se estivessem em um comercial alternativo de margarina “saudável”.
- Dormiu aqui? – O Jeon estava apoiado na porta, os braços cruzados enquanto o observava. Tae balançou negativamente a cabeça enquanto engolia o pão que anteriormente estava mastigando.
- Passei a noite no sofá. Você já estava dormindo, não quis correr o risco de te acordar. – O moreno se sentou, fazendo com o que o som do garfo raspando no prato de cerâmica barata, fosse o único a preencher a lacuna que as palavras não ditas deixavam. Se olhavam, em busca de algo que pudesse ser feito para restaurar a paz em que pareciam mergulhados no início daquilo tudo.
A boate nos arredores da cidade de Seul, era pouco iluminada, apertada e frequentada por pessoas que passavam longe do politicamente correto, era o lugar preferido de Jeon Jungkook. Morava há dois anos na cidade grande, e se encontrava na euforia única que era ser bonito e jovem. A fumaça, as luzes neon, copos de papelão que se desmanchavam no segundo drinque, por mais caótico que soasse, parecia absurdamente atraente para os universitários suados que se espremiam em contato ridiculamente intimo na pista de dança.
Sentado no bar, sugando pelo canudo de papel mais uma bebida com nome estranho e gosto amargo, o moreno bateu seus olhos pela primeira vez em Kim Taehyung.
Para si, nunca existira e nem viria a existir algo tão belo quanto o garoto de fios vermelhos. Ele se destacava, não apenas pelo tom chamativo ou roupas extravagantes, era lindo, uma imagem saída de sonho. Ele dançava, parecia por sua alma nisso, junto ao melhor amigo Park Jimin, tão próximos que poderiam ser interpretados como um casal.
Haviam boatos.
Aparentemente um veterano do curso de música havia partido o coração do ruivinho, e desde então ele já nem parecia mais o mesmo. Aos 21 anos, descobrindo que a vida não era o conto de fadas que lhe haviam prometido na infância, se permitiu a muito. Assim, acabou conhecendo o garoto de cabelos pretos, voz mansa e olhos brilhantes. Não foi necessário muito, Taehyung buscava esquecer a decepção em drinques caros e corpos esculpidos, Jungkook não queria mensagens no dia seguinte.
A ruína que veio do autoengano.
Os cabelos, agora castanhos, do mais velho se espalhavam pelo tecido desbotado do sofá, com o braço servindo de travesseiro. Pela primeira vez em dois anos, haviam visto um filme juntos.
Jungkook se desvencilhou do edredom que o cobria, o colocando de volta no corpo de Tae. O olhou de cima, ressonando tranquilamente. Quando o viu pela primeira vez naquele clube suburbano, nunca pensou que sentiria o que estava sentindo agora, não pensou que sentiria tanto.
Naquela primeira noite, haviam se divertido e, tal como planejado, na manhã de sábado sua caixa de mensagens estava vazia. Não havia sequer um bilhete na mesa de cabeceira, e por duas semanas não houve nenhuma tentativa de aproximação. Passado esse período, o destino os colocou novamente no local onde se conheceram, passaram aquela noite entre arfares curtos numa das cabines da boate. Com o passar dos meses, se encontraram várias vezes, sempre atribuindo isso a um acaso do destino, uma mera coincidência.
As lembranças o invadiam enquanto acomodava os livros empoeirados na mala pequena, ao lado de suas poucas peças de roupa. Pegou a jaqueta, sentindo dois perfumes diferentes, que pareciam muito melhores juntos. Não permitiu que a primeira lágrima fugisse de seus olhos.
Havia sido sua culpa.
Ele tinha se apaixonado. Se enganou por muito tempo antes de aceitar a verdade, amava Kim Taehyung e não havia nada que pudesse fazer quanto a isso.
- Foi só coisa de momento Kim, eu não quis dizer aquilo. – Jungkook estava patético, tentando subir a calça de moletom enquanto ia atrás de Taehyung.
- Você acabou de foder essa merda toda. Você fodeu todo Jeon, acabou! – A careta de desagrado era clara, ele se movimentava freneticamente pela sala enquanto procurava sua camiseta que devia estar por ali. – Eu vou embora agora. Isso saiu de controle há muito tempo, eu deixei isso ir longe demais.
Ele saiu pela única porta do apartamento pequeno, deixou um Jungkook trêmulo se derramando em lágrimas grossas que lhe manchavam a face.
Foi a primeira vez que ele se sentiu tão abandonado pela partida do outro. Foi também a primeira vez que secou três garrafas de vodca barata.
Todos os cadernos já estavam guardados, só uma folha e uma caneta foram deixados na mesa, ao lado das sobras do almoço. Tudo estava pronto, menos Jungkook. Ele ainda não se sentia pronto.
Foram 3 dias.
Ele se sentia parado no tempo. Passava horas deitado no carpete da sala, olhando para o teto, como se uma solução fosse cair em cima dele a qualquer momento. Não havia saída, em alguns momentos ele se sentia sem ar, sem uma mínima vontade de voltar a sua antiga vida.
No quarto dia ele saiu de casa, tarde da noite, ouvindo o cumprimento do sino irritante da loja de conveniência. Nem mesmo pegou o troco que lhe foi ofertado.
Na manhã do quinto dia, ainda sofrendo os efeitos do álcool ingerido na noite anterior, trancou a matricula da faculdade. Se convenceu de que era temporário, de que só precisava de um tempo.
Dois meses depois, ele abriu a porta com espanto ao ver quem batia. Nem hesitou ao deixa-lo entrar.
Ele observava o garoto adormecido, no sofá que costumava ser seu. Com certeza os novos donos teriam de arranjar um novo, aquele tinha memórias demais e manchas de café.
Os olhos estavam fechados, mas ele conseguia se lembrar perfeitamente da intensidade que eles carregavam, um castanho profundo que o rondava com perguntas que nunca eram feitas. Não havia conversa, a necessidade por contato físico suprimia a carência que nenhum dos dois jamais assumiria. Passou os dedos entre os fios brilhantes e macios, se demorando ao tocar a bochecha alheia. Duvidava que um dia esqueceria aquele garoto, jamais seria capaz de deixar o tempo retirar de si a presença que o outro implantou em sua vida. Jurou não esquecer.
Passar pela porta acabou se revelando mais fácil do que parecia quando havia tomado a decisão. Entregar as chaves ao porteiro e pedir que ele avisasse ao convidado que sairia depois, que ele não voltaria, fez com que o peso em seus ombros dobrasse.
Ainda estava cedo, e sua carga era menos pesada que sua angústia.
- Você ainda pode fazer muito. – A ressaca o fazia torcer a cara toda a cada sentença proferida pelo amigo. – Tem muitas oportunidades por aí, e você é muito inteligente Gukkie.
- Eu larguei a faculdade e minha maior conquista ultimamente tem sido chegar em casa sem ajuda hyung. - O amigo estava de passagem na cidade, e mesmo assim havia se deslocado até ali para lhe fazer companhia. O fazia se sentir culpado, mas também o deixava grato e feliz por ainda ter com quem contar, por não se sentir tão miserável para variar.
- A minha proposta ainda está de pé. – Hoseok e o namorado tinham uma empresa grande no Canadá, e o amigo vinha tentando convence-lo a trabalhar com eles há quase um ano. – Mas, a escolha é sua. Só não pode negar que sua situação aqui está deplorável.
O telefone de Hoseok anunciou uma nova mensagem. A qual foi conferida rapidamente, o sorriso de coração denunciando o remetente.
- É o Yoon. Eu tenho que ir. – Ele se aproximou, deixando um beijo na testa do mais novo. – Se cuida. – Ele suspirou alto e se sentou na ponta da cama novamente, colocando a mão sobre o tornozelo do rapaz que se debruçava para se despedir. – A gente aceita o amor que acha que merece Koo, e você merece muito mais do que isso. Pensa no que eu te falei, sim?
- Eu vou pensar hyung. – Dessa vez ele realmente quis soar sincero, se permitindo imaginar como seria partir. – Eu prometo.
O som mecânico e os processos exaustivos do aeroporto faziam seus olhos pesarem. Famílias, amigos e amantes, se encontravam, se despediam, pessoas buscavam novas chances, novos caminhos. Ele já estava fazendo isso, deixando uma vida para trás enquanto tentava fingir concentração para configurar o novo chip no celular. O wallpaper denunciava o quanto não estava pronto para ir, estava abandonando um pedaço de seu próprio coração.
Era a maior prova de amor que poderia dar ao Kim, o amava tanto que o deixava livre para ser feliz, coisa que ele nunca seria consigo.
O chip antigo sinalizou uma chamada, de um número desconhecido. Suspirando, quase que entorpecido, ele atendeu.
- ONDE VOCÊ ESTÁ? – Jungkook odiou o tom de desespero na voz de Taehyung, não queria que ele sofresse e nem imaginou que ele iria. – Por favor, me diz que não vai fazer nenhuma besteira Jungkook, por favor me diz que é uma brincadeira de mal gosto e que só foi buscar uma bebida na lojinha, DIZ.
- Desculpa hyung. – Ele prendeu o lábio inferior entre os dentes, tentando segurar as lágrimas em vão. – Eu me apaixonei por você. Eu não devia, mas eu fiz. E quando você ia embora, doía tanto que me quebrou por inteiro. Desculpa hyung.
- Onde você está? – O tom estava se tornando calmo, mas ele não disse o que o Jeon sonhou inúmeras vezes vê-lo dizer. Alguém parecia tentar conforta-lo, provavelmente o dono do número sem identificação – Eu te busco e nós vamos para o seu apartamento, nós vamos conversar.
- Não dá hyung. Eu estou tentando consertar meu erro. – Ouviu a primeira chamada para o seu voo. – Sabe hyung, eu poderia ter ficado, mas eu não posso continuar fazendo isso. Eu odeio o fato de amar você hyung.
Sem esperar resposta ele desligou. Tratou de tirar o chip e jogá-lo na lata de lixo mais próxima.
Pouco antes de embarcar, conseguiu falar com seu amigo.
- Me espera Hobi hyung. – O mais velho sorriu grande do outro lado da linha, em expectativa. – Eu estou chegando.
⸙
Espero que tenham gostado da fic, até a próxima.
Gracias por leer!
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