“Às vezes temos que olhar a realidade de frente, e negá-la.“
Garrison Keillor
Pouco depois de eclodir (acontecer) a revolução francesa, 1789, o francês Jean-Andoche Junot, então com 20 anos, alistou-se voluntariamente no exército. Tornou-se secretário de Napoleão Bonaparte e por se mostrar muito corajoso, Junot logo conquistou a admiração e o reconhecimento de Napoleão. Participou de várias batalhas ao lado dele e sempre se destacou bravamente. Foi promovido a general e ocupou várias funções políticas diferentes, como governador de Paris em 1801 e embaixador da França em (Lisboa, capital de) Portugal, em 1804.
Em abril de 1805, teve a oportunidade de conhecer o príncipe regente, Dom João VI e toda a família real. E qual não foi sua surpresa quando viu a figura de Dom João VI! Na volta do tal encontro, confidenssiou (contou em segredo) a seu diário: “Meu Deus! Como é feio! Como é feia a princesa! Meu Deus! Como são todos feios! Não há um só rosto gracioso entre eles, exceto o do príncipe herdeiro.”. Note que o príncipe herdeiro não era o príncipe regente. Neste mesmo ano o General Junot teve que largar a posição de diplomata em Portugal para se juntar à Napoleão em outras batalhas.
Tempos mais tarde Napoleão impôs à toda Europa o que se chamou de Bloqueio Continental, que era a proibição a qualquer forma de comércio (compra e venda de mercadorias) com a Inglaterra. Por não ter qualquer interesse em cessar (parar) o comércio com a Inglaterra, Portugal resolveu desobeder as ordens do homem mais poderoso do mundo naquela época e como consequência o país foi invadido pelos franceses. O francês general Junot, braço direito de Napoleão, voltou por essa razão em novembro do ano de 1807 à Portugal, mas desta vez não como amistoso (amigo) diplomata, mas como inimigo de Portugal. Antes porém de invadir Lisboa, a capital do país, onde se concentrava a família real, Junot resolveu instalar seu quartel general em Abrantes, cidade que fica a 152 quilômetros de Lisboa, na margem do rio Tejo, famoso rio que corta Portugal.
Junot tomou facilmente o governo da cidade de Abrantes e não encontrou qualquer resistência. Isso, porque sabendo que ele já estava a caminho de Abrantes, e logo invadiria Lisboa, o príncipe regente de Portugal, Dom João VI, já havia orientado a todos que recebessem os franceses sem qualquer hostilidade. Ao contrário! Foi-lhes recomendado que os recebessem bem, com respeito e até com banquetes e homenagens.
Enquanto os franceses tomavam fôlego em Abrantes, comendo bem, descansando e se recuperando depois da longa jornada, a família real portuguesa fugiu para o Brasil e com medo do que pudesse acontecer naquele país desgovernado, ninguém se opunha ao novo governo do francês general Junot. O que ele dizia era o correto, o que ele queria era uma ordem.
Napoleão Bonaparte então resolveu conceder a Junot o título de Duque de Abrantes. Como não foram os portugueses que concederam este título a Junot, eles posteriormente (depois) se recusaram a reconhecer sua validade. Mas àquela época, por conveniência, o general passou a ser conhecido como Duque de Abrantes.
Todos em Abrantes fingiam viver na mesma paz que viviam antes de serem invadidos pelos franceses. E por conta dessa ironia é que quando indagavam (perguntavam) a um abrantino (que pertence a Abrantes) como andavam as coisas por lá, a resposta era invariavelmente a mesma: “tudo como dantes no quartel d’Abrantes”, que quer dizer, “está tudo como era antes, nada mudou”.
Notas:
Garrison Keillor: Autor norte-americano, contador de estórias, humorista, colunista, musicista e principalmente uma personalidade do rádio. Nasceu em agosto de 1942. Ele é conhecido como o apresentador do show ao vivo da Rádio Pública de Minesota chamado “A Prairie Home Companion”. Minesota é um estado dos Estados Unidos. Quando ele dissse a frase “Às vezes temos que olhar a realidade de frente, e negá-la.”, ele certamente brincou, passando a idéia de que às vezes, para amenizar nosso tormento, é mais conveniente não aceitar a realidade. Mais ou menos como parece terem feito os portugueses de Abrantes. Apesar de ter seu país de um dia para o outro totalmente controlado pelos inimigos franceses, e não ter mais idéia do que lhes reservava o futuro, repetiam para todos que nada havia mudado; que tudo era igual a antes no quartel de Abrantes.
Teste seu conhecimento:
1 – Para quem trabalhava o militar francês Jean-Andoche Junot?
1. Adolf Hitler;
2. Hirohito;
3. Napoleão Bonaparte;
2 - Em que ano eclodiu a revolução francesa?
1. 1789;
2. 1987;
3. 1234;
3 – O que foi o Bloqueio Continental?
1. Foi a proibição imposta por Napoleão a qualquer forma de comércio com Portugal;
2. Foi a proibição imposta por Napoleão a qualquer forma de comércio com a Inglaterra;
3. Foi o bloqueio imposto por Napoleão a qualquer importação de produtos da Inglaterra; Ninguém mais na França poderia tomar chá;
4 - Aonde morava a família real portuguesa antes de fugirem para o Brasil?
1. Na ilha da Madeira, cidade de Portugal;
2. Em Lisboa, capital de Portugal;
3. Em Abrantes, cidade de Portugal;
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