isismarchetti Isís Marchetti

Do lado de dentro a cidade dos sonhos, mas do lado de fora o verdadeiro caos instalado devido a um acontecimento que abalou o mundo. São Paulo era a cidade mais segura e muitos morreriam para conseguir entrar.


Cuento No para niños menores de 13.

#distopiabr #utopia #distopia #sobrevivencia
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Do lado de fora da cidade perfeita

São Paulo, a cidade que era um antro de perfeição. Não existia alguém que não tentasse de alguma forma ser escolhido para viver na capital perfeita. O sonho de qualquer um que estava do lado de fora, mas apenas a fantasia de um mundo perfeito de quem estava do lado de dentro.

Em uma jogada rápida, David, o governador do estado, propôs que levantassem a zona segura, uma redoma, em volta da capital. No ano de 2021 os casos da doença estavam cada vez mais altos e as pessoas não conseguiam fugir dela. Em todo canto, a doença havia se alastrado como uma praga, não havia temperatura no clima que ajudasse de alguma forma a amenizar o que vinha ocorrendo.

As pessoas, pelo menos em sua grande maioria, foram contra a ideia do globo em volta da grande capital. Muitas delas sabiam o que isso poderia gerar para quem vivia ali dentro; nada mais do que o custo de vida aumentando de uma forma muito brusca, existia a possibilidade de os órgãos de saúde ficarem com um atendimento precário, não só por causa da pandemia, mas por ser uma cidade isolada do que acontecia do lado de fora. O Sistema Único de Saúde iria ser extinto, e quem precisasse de ajuda médica ou qualquer procedimento relacionado, teria que pagar um valor pela consulta, mas isso não era argumento o suficiente para que a outra parte das pessoas se opusessem contra a ideia. Pelos olhos de quem era a favor, mais tinham a ganhar do que perder com os futuros confortos que seriam oferecidos.

Quando enfim a redoma fora levantada — com muito custo, devo acrescentar — campanhas e debates sobre os prós e contras ocorreram acirradamente, as pessoas que dependiam de seus serviços que eram fora da capital tentaram contestar, mas tiveram seus argumentos silenciados com as promessas de pagamentos para aqueles que dependiam do trabalho para fora. Mas não seria sempre assim, David tinha uma ideia visionária para dali a alguns anos, mas ainda era cedo demais para compartilhar e sabia que isso poderia gerar uma comoção da parte das pessoas. Queria implantar aquele “novo mundo” aos poucos.

O governador não conseguia compreender aquelas pessoas que eram contra de início, se questionava de várias formas e muitas vezes até perdia o sono por causa dos inúmeros pensamentos que lhe ocorria, não entendia como as pessoas não conseguiam enxergar o bem que ele propusera, ao invés disso elas preferiam morrer da doença desconhecida do que aceitar algumas pequenas mudanças em seu cotidiano.

Depois do primeiro e último caso que existiu na grande São Paulo da doença até então desconhecida no passado, mas nomeada de Cotard futuramente, o governador fechou as entradas e as saídas, as únicas passagens que ainda existiam depois que a redoma foi levantada durante o primeiro ano.

As mesmas pessoas que o questionavam no começo voltaram a fazer barulho. Não conseguiam imaginar como seria tudo dali para a frente. De onde viriam os alimentos que eles precisavam? De onde viriam as coisas das quais se eram necessárias para manter a cidade agora? As perguntas eram tantas, que em um momento de muito estresse e sobrecarga do homem, exigiu que os campos fossem preparados para cultivos. Só assim ele conseguiria manter as pessoas que não estavam do seu lado de bocas fechadas, pelo menos por um tempo, acreditava ele.

David fez de tudo o que podia para manter os custos de vida intocáveis. Queria que todos eles, aqueles que eram contra e os a favores, gozassem dos altos padrões de vida igualmente. Os impostos não estavam sendo cobrados; IPTU, IPVA, Água, Luz, entre muitas outras contas não eram mais cobrados também. Com o tempo, o governador se esforçou arduamente para que também não fossem mais necessárias as pessoas precisarem de supermercados. Os cultivos eram bons, tinham acres e acres ao seu dispor para as plantações e as fazendas com os animais necessários para que as pessoas pudessem ter carnes.

As residentes da capital não precisavam se preocupar com nada, nada do que ocorria do lado de fora, não precisavam se preocupar com o abastecimento de suas casa; os alimentos eram dados em fração de quantidade de pessoas que existiam na família, um casal recebia uma cesta com um pacote de arroz que pesava 3k, 2kg de carne de frango e 2kg de carnes de boi e porco, fora os cereais que eram dados a cada quinze dias, e itens de higienes que eram dados 1 para cada, conforme seus registros.

Tudo era minimamente anotado e a quantidade de pessoas dentro do domo era controlada. Se um casal decidisse ter um filho, eles precisavam antes consultar como seria a colheita do ano para saber se teria provisão suficiente para mais uma criança. Ninguém queria tirar de outro para dar para um a mais que poderia somar na civilização, as pessoas haviam aprendido a respeitar a vida do próximo e viver em harmonia.

Após os anos que foram passando, o comunismo que criaram para si foi recebendo “melhorias” de acordo com o governador, que já não tinha mais esse título, mas ainda se mantinha na posição mais alta por ser o criador da cidade perfeita. No começo não fora fácil para as pessoas se adaptarem, mas com muita perseverança as ideias foram tomando formas e agora, 6 anos depois, a cidade era realmente perfeita. Em 2031, tempo atual, ninguém sabia da verdadeira catástrofe que acometeu o mundo do lado de fora.

Mas a realidade para quem estava do lado de fora era outra coisa. Os vidros da redoma até podiam ser o suficientes para poder enganar quem estava dentro, com seu aspecto de um céu azul claro e límpido, mas a verdade fora da Redoma era tão cruel, que poucos conseguiam sair dela.

Antes de ser anunciado que o governador iria de fato fechar as últimas saídas da redoma, as pessoas ainda tinham esperança, era pequena, uma chama dentro de si que mal ficava acesa, mas ainda estava ali. Eles só precisavam de um pouquinho a mais de estímulo e vontade de viver.

A praga se alastrou de uma forma nunca vista ou contada antes na história do mundo, nem os livros mais antigos tinham relatos sobre uma devastação caída sobre a terra igual havia acontecido. Veio tão de surpresa, que muitas pessoas não sabiam o que estava ocorrendo e no dia seguinte já havia se espalhado de forma surpreendente e inacreditável.

João Vitor não tinha as melhores lembranças de como viu inúmeras pessoas tirarem a própria vida por não aguentarem mais o sofrimento que a doença os causava. Viu um por um dos seus colegas de trabalho, no hospital em uma cidadezinha pequena próxima da capital, passarem de linha de frente para um corpo embalado sem identificação, jogado em uma vala junto com muitos outros e engazopado antes de atearem fogo.

O governador do estado, antes de levantar a proteção sobre a capital, em uma medida de desespero ao ver incontáveis mortes subindo e subindo, pediu para que a população se escondesse em suas casa. Muitos não davam ouvidos, os adolescentes mimados e que gostavam de ficar de festa em festa foram os primeiros que ignoraram a ordem, de lá para cá, dia após dias, contaminando seus pais e seus amigos, foram os primeiros a morrer. Logo depois a grade de pessoas contaminadas foi aumentando consideravelmente até que tudo tivesse virado um monte de nada.

As pessoas, em seus momentos de euforia e desespero, começaram a quebrar as lojas de conveniências e departamentos espalhadas pela cidade. Os carros cada vez mais eram menos usados, pois os que eram encontrados pelas ruas se tornavam alvos de vândalos. As pessoas estavam todas fora de controle, os pais que tiveram seus filhos levados pela praga estavam raivosos e culpavam os médicos e enfermeiros. Tudo virou uma bola de neve.

Diziam as más bocas que os cabeças por trás da redoma tentavam esconder com a própria vida o fato de que bombas foram lançadas em todas as cidades próximas à Capital. Não sabia até onde essa história era verdade, mas sabia que provavelmente a pessoa usaria isso como uma medida para que ninguém chegasse próximo da zona segura. João Vitor não sabia em até que ponto poderia acreditar nessa história, mas sabia que não queria viver mais um dia e correr o risco de mais uma vez lançarem bombas lá e ele virar apenas uma estatística.

João Vitor sabia que eles se protegiam não só da doença, mas também do massacre que estava por vir. Sobrevivendo por anos de literalmente restos, ele ainda lutava por sua vida. Em sua mente, algo lhe dizia que, se ele batesse na redoma, eles saberiam que existia ainda gente do lado de fora e os deixariam entrar. Não era como se ele tivesse reunindo várias pessoas para ir junto, mas tinham muitos que compartilhavam dessa mesma ideia. Já viu um ou outro por ai, mas nunca andava em bando, não era seguro. O distanciamento mínimo de um metro fazia com que eles agissem como zumbis, mas era melhor assim, quanto menos pessoas você tinha em seu círculo, menor seria seu sofrimento se você as perdesse. Se você estivesse sozinho, só precisava se preocupar consigo mesmo, era mais fácil assim.

Diferente de um ano atrás, os prédios já não estavam mais em chamas insistentes, agora não passavam de fumaças e escombros que também se espalhavam pelas ruas. O ar era tão pesado, que ele, por ter nascido desventurado e portador de doenças crônicas, precisava andar com um pano sobre seu nariz e boca. Não era a solução para o problema, é claro, mas ajudava de alguma forma.

Havia destroços do que um dia fora consideráveis veículos necessários, ônibus estavam de cabeça para baixo, mas não restava muito além da carcaça de metal, no chão existiam misturas de vidros, que provavelmente eram das janelas, cinzas e materiais sintéticos, provavelmente dos bancos. As lojas de conveniências, as poucas que ainda restavam algo delas, tinham pacotes de embalagens de salgadinhos e garrafas pets jogados pelo chão, jaziam vazias, alguém passara por ali em algum momento em busca de alguma refeição. Já as refeições de verdade mesmo, arroz, feijão e um pedaço de carne, não existiam há um tempo.

Depois que a zona segura fora levantada, tudo o que estava, vivia e se mantinha do lado de fora virou um grande caos, um grande nada sobrava para aqueles meros mortais esquecidos e abandonados por pessoas que estavam do lado de dentro.

Mas João Vitor ainda acreditava que poderia entrar dentro da Capital, essa certeza era a única coisa que ainda o fazia enfrentar o grande nada que estava diante de seus olhos. O homem estava em sua viagem em busca da zona segura há um tempo. Embu das Artes o fazia ficar tão próximo da capital que era só mais alguns meses viajando a pé por outros nadas para poder chegar em seu destino.

As pernas nem sentiam mais o cansaço que sentiu no começo de sua jornada, veio de uma cidadezinha com poucos habitantes no interior de São Paulo, pelo menos sentia sorte em saber que estava mais perto do que muitas outras pessoas que tentavam ir para aquele lugar se refugiar. Devido ao seu plantão noturno, sempre preferiu dormir de dia e andar de noite, assim tinha a impressão de que sua viagem era mais valorizada e com a probabilidade de encontrar menos pessoas para tentar se juntar a ele em sua jornada.

As cidades abandonadas eram como a cena do apocalipse. Nunca fora uma pessoa religiosa, acreditava, sim, em divindades, mas não era praticante assíduo de nenhuma religião, mas não conseguia entender como Deus havia deixado que aquilo acontecesse com seus filhos, e de certa forma tinha para si que provavelmente isso era uma consequência do que as pessoas que Ele deveria proteger causaram. No fim, sempre deixava esse assunto de lado e seguia para mais um dia de caminhada.

Conheceu alguns grupos e viu outros definharem, um por um, fosse pela fome ou fosse pela doença que ainda os assolavam, ninguém nunca conseguiu compreender como ela ainda perdurava por tanto tempo, mas já não existiam pessoas do lado de fora da redoma que procurassem entender a Cotard . E aquelas que estavam do lado de dentro não se preocupavam mais com a doença que um dia passou por lá, mas não passou de um mero caso, um acaso por sinal.

Lembrava-se de uma noite desafortunada, a qual não havia conseguido encontrar nada para calar seu estômago barulhento. Havia desistido de caminhar, a fome era tanta que fazia com que ele sentisse náuseas, mas foi agraciado com um rato que estava próximo de si, com um pouco de álcool 70 que havia encontrado, sendo esse item o que mais encontrava pelas lojinhas de vendas; jogou-o no bichano após o pegar e prender em uma lata jogada no canto e ateou fogo. O berro do bicho era estridente, mas a fome era maior, deixou quase que carbonizasse para ter certeza de que não pegaria nenhuma doença ao consumir uma carne nem um pouco convencional, bom, não antes, nos dias de hoje era um pouco mais comum do que desejava se lembrar. E então comeu como se sua vida dependesse daquilo, e de certa forma dependia.

Com a fome enganada por um tempo, decidiu que viajaria mais alguns quilômetros, não podia se dar ao luxo de parar, faltava tão pouco para que conseguisse chegar em seu destino, que não se importava de ter que realmente encher sua barriga de comida. Quando chegasse na zona segura, poderia se esbaldar. Pelo que se lembrava, Embu das Artes era aproximadamente 30km da capital, faltava tão pouco que não queria se deixar ser vencido por um pouco de fome.

No dia seguinte, ao passar por um posto de gasolina, notou que aquela conveniência ainda tinha um pouco de comida, assaltou algumas barras de cereais, estavam vencidas, mas era luxo, um pote de batatas e uma lata de coca cola sem açúcar. Achou graça quando se lembrou que, em seus melhores dias de fartura, odiava aquele refrigerante, não via sentido em ser sem açúcar e, ao contrário do que as pessoas diziam, ele sentia, sim, que o gosto era muito diferente do original.

Do lado de fora, o alvorecer já despontava no céu e mostrava a redoma cintilante, parecia do mesmo jeito que ele havia imaginado, um grande semicírculo, que reluzia no brilho conforme o sol apontava no céu. Sentia sua energia ser recarregada com a esperança. Sentia que seria capaz de chegar ali sem precisar parar para dormir, poderia dormir quando estivesse do lado de dentro, banhado e limpo. Sorriu e então avançou com firmeza nos pés em direção ao paraíso.

Do lado de dentro, David fazia a inspeção de como estava o lado de fora, ao contrário daqueles que viviam sob seu domínio, ele sabia a verdade que estava por trás daquelas paredes de mentira: destruição. Sabia que, se um dia alguém descobrisse tudo o que ele fez para implantar uma nova forma de vida para aquelas pessoas, fazendo lavagem cerebral, o condenariam à morte mais tortuosa possível, mas já não havia mais ninguém que pudesse estragar seu reinado, sua cidade dos sonhos.

Lutou muito para conseguir fazer com que as pessoas tivessem o mesmo tipo de pensamento que o seu, que todos vivessem em sintonia e que aquela cidade fosse utópica. Diferente do que era do lado de fora, mas as pessoas não precisavam sofrer por aqueles que estavam lá se não soubessem o real estado do mundo e ele definitivamente não estava nem aí para o resto.

Quase teve seus planos frustrados quando a câmera de segurança de vigilância infalível mostrou a ele que alguém se aproximava. Seu coração acelerou de uma forma disforme e temeu que o ser humano colocasse a mão na sua obra de arte e arruinasse tudo o que havia construído com muito custo.

Sem dar uma chance sequer para que a pessoa se aproximasse mais, David acionou um botão que só ele sabia que existia, assim como sua sala secreta de vigilância. Ao pressionar o botão uma corrente de energia passava pela redoma, tão forte que era capaz de causar um choque elétrico em quem a tocasse.

A ideia era brilhante, já que de forma alguma ela interferia do lado de dentro, já que as pessoas abdicaram da energia depois de um tempo, claro, para abrir mão de receber os impostos teve que fazer alterações, o que gerava energia para cada casa agora era seus próprios moradores. Dividiram-se dentro de suas próprias casas para manterem os geradores funcionando, o momento da pausa era de noite, quando todos pudessem dormir e não se fazia necessário o uso de energia.

Então tinha a carga o suficiente para eletrocutar quem ousasse tocar a redoma. E foi o que ele fez.

João Vitor sentia em cada célula de seu corpo a felicidade passando por ele, lutou tanto para se manter vivo e poder chegar ali e encontrar um lugar onde pudesse chamar de seu. Os seus olhos refletiam a pura e mais sincera esperança… que foi sumindo pouco a pouco ao tocar a parede reluzente e sentir cada vibração dentro de si, vibração essa que passava por cada célula de seu corpo, aquelas que antes carregavam tanta felicidade.

É claro, o choque foi tão forte que fritou sua mão e em uma explosão sem barulho o jogou para longe. João Vitor não teve nem tempo de imaginar qual seria seu primeiro ato ao estar do lado de dentro, pois havia morrido com a carga elétrica.

3 de Marzo de 2021 a las 13:24 17 Reporte Insertar Seguir historia
11
Fin

Conoce al autor

Isís Marchetti “Se você não tem tempo para ler, você não tem tempo (nem o ferramental) para escrever. ” Apaixonada por livros, mangás, fanfic's e séries, e por escrever também! Já li tantos livros, que até a conta já perdi. Adoro escrever, mas não tenho muito tempo para isso. Taurina (mas nem um pouco ciumenta, como dizem por aí) e um trabalho de 24horas por dia, da qual a palavra que mais escuto é "mamãe". E é isso aí...

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Olá, Isís! Primeiramente, gostaríamos de agradecer a sua participação no #DistopiaBr! Ter vocês, autores, nos apoiando com suas histórias incríveis e participando ativamente deste desafio nos deixou realmente felizes. Assim como temos São Paulo sendo retratada como o antro da sua perfeição em sua história, existe maneira mais perfeita de desenvolver uma distopia mostrando um povo oprimido enquanto uma parcela privilegiada da população desfruta de uma utopia? Ficamos boquiabertos conforme o texto avança e sublinha os contrastes entre a vida dos brasileiros dentro e fora da redoma. Enquanto uns usufruem de uma vida confortável, apesar moderada, uma vez que é controlada pelo governo, os demais sofrem com doenças, fome, destruição e caos. No quesito da relação ao tema proposto pelo desafio, sua história é impecável: nos mostra uma perfeita distopia em terras brasileiras, com direito a sentimentos angustiantes, revolta, e aquela expectativa de um final feliz conforme o final se aproxima; o maior momento de frustração de “Do lado de fora da Redoma”. Seu conto nos permite ficar bem ambientados com relação aos cenários, as mudanças que ocorrem e as diferenças de um lado para o outro da redoma; dentro e fora. Com essas informações bem delineadas, tecer um paralelo entre as situações e compreender a atual situação e contextos se torna facílimo, e nos deixa ainda mais imersos no texto. Temos então a parte de personagens, que tão pouco decepciona conforme se desenvolve. Ficamos afoitos por João Vitor, sentimentos as dores de sua carne na pele, imaginamos tudo aquilo pelo que ele passou e tudo que ainda teve de enfrentar, seja quando esteve na linha de frente em combate à peste ou quando caminhou uns bons quilómetros com a expectativa de chegar a São Paulo e viver uma vida feliz, uma vez que estivesse seguro dentro da redoma. Outro personagem de destaque é David, que tem de manejar muito bem um jogo de aparências enquanto sustenta a empreitada da redoma, que é um enorme sucesso se encarando apenas um lado da moeda. Até é possível se compadecer dos ideais de David, ao menos até que o caos do lado de fora seja revelado; Você, Isís, também não nos decepciona como coordenadora da embaixada. Somos muito gratas por contarmos com seu apoio e presença, e é maravilhoso devorar e digerir os textos que você carinhosamente escreve e publica nos desafios. Há sempre presente uma reflexão, um artifício que nos faça refletir, e “Do lado de fora da redoma” não ficou de fora nesses quesitos! Obrigada pela sua participação, foi muito bom poder contar com você neste desafio e esperamos poder vê-la em outros. Os resultados serão divulgados em breve nas nossas mídias sociais. Fique de olho e boa sorte!
March 06, 2021, 21:50
Max Rocha Max Rocha
Um conto genuíno, com poucos personagens, como deve ser; enredo coeso e final impactante. Uma alusão terrível e coerente ao período sombrio pelo qual passamos, onde uma parcela da população alienada por cegueira política vive numa bolha de ignorância e negação da realidade, enquanto a maioria sofre as consequências de um mal inevitável. O texto assusta á medida em que imagina uma distopia teoricamente possível... Me senti em meio a um apocalipse zumbi, apesar de também enxergar pouca esperança aos confinados. Muito bom conto! Parabéns e abraços do Fantasma.
March 05, 2021, 20:18

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Olá, Max! Obrigada por ter lido esse humilde conto, haha. Não era a minha intenção ter feito aparecer algo como o apocalipse, mas fiquei realmente feliz com a forma que as pessoas foram impactadas com texto. March 08, 2021, 17:24
Alex Lorenzo Alex Lorenzo
Olá, Isis! Quando eu vi que postou uma história para o desafio, corri logo para ler. Gostei bastante da proposta utopia x distopia. A jornada do protagonista até o final, e final mesmo para ele, sintetiza esse futuro distópico. A narrativa do texto teve uma pegada de reportagem onde você se preocupou em enumerar e descrever com detalhes os eventos, ficou bem interessante. Enfim, parabéns pelo seu trabalho!
March 04, 2021, 21:51

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Olá. Alex! Sabe, eu tivesse essa ideia de utopia x distopia do nada e pensei "vai ser um pouco diferente das histórias que estamos vendo por aqui" e deu certo! Foi uma bela façanha, devo admitir. Obrigada por ter tirado um momento do seu tempo para ler. Abraços. March 08, 2021, 17:35
𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
Oi, tia Isis! Tutupão? ♡ Cara, eu amei como você construiu sua história nos contrastes de utopia versus distopia. Apesar das coisas dentro da redoma irem bem, por fora dela só havia devastação. Pude sentir todo o desespero de João Vitor em sua jornada, assim como fui infectada por sua felicidade quando ele se achegava à redoma. Mas é claro, David estava ali de plantão e não colocaria todos os seus esforços a perder. O final foi triste, até já esperava pelo pior assim que a narrativa passou a acontecer do lado de dentro logo nos últimos parágrafos, mas reforçou ainda mais a parte distópica do seu conto. Do início ao fim, a sua narrativa foi instigante, fez paralelo com a realidade apesar de não usar os mesmos nomes para alguns casos; como a doença que sobreveio à população como uma praga. Meus parabéns pela sua história! E muito obrigada por ter se unido a gente no #DistopiaBR.
March 04, 2021, 16:44

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Oi, sobrinha! Confesso que até o ultimo momento eu não sabia se eu conseguiria participar porque nenhuma ideia me vinha na cabeça, mas ai pensei "melhor escrever qualquer coisa e participar do que não participar né, afinal tenho que dar exemplo" e realmente funcionou" Eu não tinha ideia que meu conto seria tão recebido como foi. De prega infelizmente não tem só a pandemia no momento né, mas procuramos nos manter motivados e com esperanças de que uma hora tudo isso acabe. Abraços. March 08, 2021, 17:54
Alexis Rodrigues Alexis Rodrigues
ai, esse final acabou comigo ;-; coitado do João nada pior que ter esperança e no final, ser literalmente fritado por uma realidade cruel ;-; parabéns pelo conto, Ísis <3
March 04, 2021, 04:30

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Juro que eu não matei ele de proposito! Haha Precisava enfatizar o quanto nada atrapalharia o que o David queria para sua cidade utópica, hehe. Obrigada por ter lido. Abraços. March 08, 2021, 17:47
Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Eu gostei muito do final da história. Acho que ele sintetizou bastante bem o que um cenário distópico é e como a população é afetada - e a sensação da utopia passada por quem está dentro da redoma é um grande paralelo, que enfatiza ainda mais a tragédia. Parabéns pelo conto.
March 03, 2021, 20:21

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Oiie! Obrigada por ter tirado um tempo para poder ler! Abraços. March 08, 2021, 17:43
Tomas Rohga Tomas Rohga
Ísis, o que dizer deste conto? Gostei de como você mostra essa realidade como um recorte jornalístico de um futuro utópico para alguns, mas distópico para outros. O David me lembrou um certo líder que temos aí, que pensa estar sempre certo em tudo, e quem pagou o pato nesse caso foi o pobre João Vitor que só queria melhorar de realidade. Ótimo conto.
March 03, 2021, 16:32

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Olá, Tomas! Haha, nem eu sei o que dizer sobre ele (e.e) Haha, verdade, tenho que dizer que apesar de evitar associar as coisas com a realidade, infelizmente eu precisei usar um certo alguém como base. Obrigada por ter tirado um tempo para ler meu humilde conto. Abraços. March 08, 2021, 17:41
CC C Clark Carbonera
Oi, Ísis, tudo bom? Que legal que você também está participando do Desafio :) Sua narrativa ficou boa, pareceu até como se fosse uma reportagem, sabe? Quase como se eu tivesse aberto um jornal ou lido um livro de história que falasse sobre o século passado...Pelo jeito neutro dela. Ainda não vi uma história do Desafio com essa premissa, ficou bem interessante! A riqueza de detalhes sobre a estrutura social, econômica etc foi muito bem bem feita, de maneira que eu consegui visualizar tudo aquilo que você propunha nesse mundo distópico! Parabéns pela publicação, ficou massa :DD
March 03, 2021, 15:21

  • Isís Marchetti Isís Marchetti
    Oie! Tudo bem comigo e com você? Haha, esse conto deu um pouco de trabalho, inclusive achei que não iria ter nenhuma ideia, pelo menos não do nível impactante, para o desafio e eu realmente acabei me surpreendendo como ela foi muito bem recebida! Abraços. March 08, 2021, 17:38
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