lud Ludimila Simões

Red River View sempre foi conhecida por ser um pedaço esquecido no mapa da grande nação dos Estados Unidos da América, conhecida por ser uma cidade pacata e sem violência ela permanecia lá, intocada e serena. Pelo menos era isso que todos imaginavam. A família Halen era conhecida por ser possuinte de metade de Red River View, por isso eram respeitados e não havia um que fosse louco o suficiente para se meter em seus negócios, negócios esses que envolviam Skull, uma irmandade secreta. Composta apenas por mulheres, Skull era uma lenda, um mito, história que ninguém realmente colocava fé, afinal, como mulheres fariam o que as recrutas supostamente fazem, não é? Os Halens estavam felizes assim, o dinheiro entrava, o serviço era feito, não havia burocracia. Até que um alvo muda tudo e Rake Halen se vê em um emaranhado de perguntas sem respostas. O medo da perda era tudo para Rake, e depois de ver seu mundo desmoronar, já não possui mais o que temer. Rake Halen não faz mais perguntas, ela pune culpados.


Drama Todo público.

#luta #amor #vingança #agente #feminista #ódio #revenge #drama
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a n t e s

Os raios de sol atravessavam o fino vidro do para-brisas do carro enquanto uma música qualquer ecoava nos ouvidos de todas, as companheiras de Rake encaravam o pôr-do-sol de Red River View, o único lugar que ela já conhecera. A estrada bem pavimentada e sinalizada mostrava como o prefeito estava cumprindo seu trato com o Skull, Rake ainda se lembrava de como havia sido divertido arrancar alguns dentes de John Darius.

— Vamos ao Pete’s? — Joane batuca as unhas pintadas de preto no painel do carro.

Isso irritava Rake, mas ela já havia se cansado de avisar a garota.

— Temos que iniciar a novata, ele estará lá. — o cigarro de Rake pairava em sua mão esquerda enquanto ela dirigia pacientemente.

Seu carro era presente de sua avó, a matriarca da família que agora era aposentada da vida no Skull. O Cadillac Deville 1964 com sua capota reversível era sua garantia de não haver cheiro de cigarro impregnado em seu templo.

— Preciso ter medo? — a novata qual Rake não se recordava o nome se interpôs dentre os dois bancos da frente.

— Precisa tirar as mãos do meu banco de couro. — Rake traga seu cigarro e mantém os olhos focados no centro da cidade, que já anuncia o Pete’s no fim da principal.

O Pete’s era um dos únicos bares onde qualquer membro da Skull era bem vindo, o trato com Fitz era que ele as deixasse tocar seu negócio e elas o deixariam tocar o dele. Ninguém rouba dentro do Pete’s.

Nunca.

O letreiro de madeira negra era visível mesmo de noite por conta da iluminação por detrás das letras, o lugar era como uma casa rústica de esquina, onde havia mais homens babacas do que pessoas decentes, mas ainda assim, era o point de Rake e suas companheiras, mesmo que por protestos de Jade, sua mãe nas horas vagas.

— Chegamos. — Rake estaciona o carro na primeira vaga que aparece.

As cinco garotas pulam do conversível de Rake e ajeitam suas jaquetas negras, do couro mais caro que poderiam pagar. Os coturnos amassam os cascalhos enquanto elas andam pelo estacionamento e sobem as pequenas escadas para o Pete’s, que está abarrotado de homens suados e cheios de testosterona que Rake tanto odeia. Todos empoleirados pelas cadeiras, gritando nomes ridículos sobre os jogadores expostos pela tela plana de cinquenta e sete polegadas, que exibe mais um dos jogos de futebol americano do dia.

Rake achava qualquer esporte uma perda de tempo, mas isso não a incomodava mais do que a forma que os homens tinham de mostrar quão masculinos eram tentando gritar com a televisão.

A mesa de sempre permanece vazia mesmo com o bar lotado. As cinco garotas se sentam, mas a novata se senta na ponta do pequeno sofá.

— Novata. — Rake a encara, esperando que ela a encare com os olhos medrosos.

Todos a encaravam assim, e ela gostava muito disso.

— Georgia. — a novata responde entre dentes.

— Georgia. — Rake testa o nome em seus lábios, mas sabe que vai demorar para realmente gravar seu nome, talvez nunca o faça. — Você tem sua primeira missão hoje, sabe bem o que fazer. — Rake acende um cigarro e encosta as costas no estofado confortável.

— Aqui? Como faço isso sem chamar a atenção para a Skull? Vou quebrar uma das regras! — o pânico da novata era palpável, e isso irritava a líder do grupo.

Esperava que a mãe não tivesse errado ao escolher a garota que sempre pareceu muito frágil para Rake, mas Jade nunca errava, não era atoa que ocupava o lugar de Matrona. Quem era escolhida tinha de ser o suficiente.

Não havia outra opção.

Nenhuma das companheiras respondeu, então Rake viu o fogo nas íris da novata, o fogo da excitação, a adrenalina começava a correr nas veias da garota de cabelos de fogo. Suas pernas grandes se moveram e ela se levantou, soltando as camadas flamejantes do elástico negro, sua jaqueta feita sob medida carregava o fardo de ser o que todas que a vestiam carregavam.

Discreta, eficiente e responsável.

A garota andava e balançava o corpo sinuosamente, as botas batiam no chão e para Rake, era hipnotizante olhar o movimentar de cabeças dos homens que se viravam para perscrutar o corpo da novata, e ela sabia disso, ela sabia jogar com o que tinha. A garota se sentou ao lado do alvo no bar, que por um golpe de sorte era o melhor lugar para se aproximar de alguém como ele.

Alguém escorregadio, porém, manipulável.

Rake sabia que o alvo em questão nunca havia sido um real problema para a Skull, não até se meter com uma das recrutas, que desaparecera há duas semanas sem dar notícias, e sabendo que seria procurada até os confins do inferno se não avisasse para onde iria, não teria simplesmente desaparecido do mapa.

Em questão de segundos o alvo está com as mãos nos cabelos da novata, a leitura labial permite que todas suas companheiras entendam que ele está elogiando os cabelos dela, e ele tem razão, são estonteantes. A boca da novata se move sensualmente os seios espremidos em uma camiseta branca decotada não deixavam espaço para indecisão, Luke Potter era dela.

Quando as garotas perceberam a mão da novata puxando as de Luke para fora do bar e analisaram o sorriso nos olhos dele para os outros homens como um predador que garantira a presa da noite elas entenderam, era hora de ir.

O casal saiu do bar e as quatro figuras femininas se levantaram da mesa sorrindo e fazendo piadas, despreocupadas com o que viria a seguir, porque no fim, era apenas a rotina, era o trabalho delas.

Ao empurrar a porta e avistar o corpo de Luke desacordado no chão, o sorriso rasgou o rosto de Rake. Jade estava certa e a novata servia de algo, apesar de ter pego um alvo fácil.

Rake nunca foi uma pessoa de se agradar com pouco, a vida inteira foi ensinada que mesmo que parecesse muito, nunca seria suficiente. Jade fora sua mentora durante toda sua infância, adolescência e juventude, a garota sabia ser acima do excelente, se impressionar não era uma característica de Rake.

As quatro garotas jogaram o corpo desacordado de Luke no apertado porta-malas de Rake, não havia ninguém na rua pela hora e pelo local, então não haveriam perguntas. Joane empurra uma fita no tocador na maior altura, deixando o som de Beethoven soar no carro.

— Você não tem coisa melhor aí não? — a loira do grupo, chamada Haiden, sempre odiou o gosto musical de Rake.

A questão era que Rake não se importava com isso.

— Quer que eu te deixe na Silver Road como ontem? Não tenho problemas com isso. — Rake empurrava o acelerador do carro com raiva enquanto se encaminhava ao Porão.

Na noite anterior, em um surto de bebida demais misturada com a droga que colocaram em sua bebida, Haiden colocou os pés no estofado de Rake, isso a rendeu uma hora na rua na companhia da novata.

— Você teria que me buscar depois, tem certeza de que quer fazer isso? — o sorriso da loira era desafiador, e Rake gostava disso na garota.

Ela tinha sua equipe, mas cada uma teve que conquistar seu espaço. Não que a garota se sentisse a última Coca-Cola do deserto, mas sabia que haviam pessoas que gostariam de sua cabeça a sete palmos do chão, então Rake era reservada até demais, o que acarretou-a a ter companheiras, irmãs, não amigas.

O caminho é curto, mas tenso. O homem havia acordado antes do previsto, o que mostra que a dose que a novata deu não foi suficiente. Isso nunca aconteceria se Rake tivesse feito o trabalho.

É a única coisa que se passa na mente da garota.

— Não entendo, ele deveria ficar apagado durante três horas no mínimo. — a novata sabe que fez besteira, pois suas mãos tremem.

Rake se lembra de sua iniciação, se lembra de que foi criada a vida toda para isso, diferente de suas companheiras. Ela precisava ser mais compreensiva, mas isso não aconteceria fora de sua mente. O carro desacelera e ela faz o mesmo que fora feito anos atrás com ela, quando tinha apenas dez anos.

— Saia. — os olhos de Rake estão fixos na estrada, não há remorso no rosto da garota.

— Ficou louca? Já é noite! — a novata grita.

Rake odeia gritos, mas permanece em silêncio porque sabe que no fim, sua palavra é a última e a novata entende isso quando todos os olhares permanecem pregados nas faixas amarelas da estrada cinza. Seu bufar alto incomoda Rake, mas há uma magia em vê-la pular do banco traseiro e arrastar suas botas pelo asfalto liso.

— Se não faz seu serviço direito, não merece estar conosco. — Rake lança um último olhar para a novata antes de arrancar com o carro.

Os postes de luz passavam em fileira, o som calmo de Beethoven foi trocado para a rádio, que tocava What Goes Around Comes Around, do Justin Timberlake. A música era tão nostálgica que Rake não se importava de aumentá-la, o que abafava os gritos ridiculamente finos do homem preso em seu porta-malas.

— Jade errou dessa vez, não acha? — Alyssa pela primeira vez na noite disse algo.

Essa era uma característica interessante na garota, ela simplesmente não se importava de não falar nada, seus lábios eram um túmulo e só os abria quando tinha certeza de algo, uma das coisas que fez com que Rake gostasse dela, o que era raro.

— Tenho que concordar. — Haiden lê um livro calmamente, o que destoa completamente do cenário. — Esse cara não vai parar de gritar não? Estou tentando ler e ele não cala a merda da boca. — diz enquanto enrola uma mecha dos cabelos na mão e masca seu chiclete de framboesa, companheiro certo de seus lábios.

A paciência de Rake não era lá das melhores coisas, apesar de ter aprendido a ser paciente nas missões ela simplesmente não suportava a ideia de algo dar errado, possibilidades eram coisas completamente hipotéticas e ela sempre tinha um plano B, mas nunca precisou. Não até hoje.

A imagem de Jade trazendo a péssima notícia de que ela teria que ser a babá da novata frustrou seus planos com o Sr. Potter, que por mais que tivesse o sobrenome igual ao do bruxo, não era nada flor que se cheirasse. Haviam ao menos cinco passagens na polícia no nome do salafrário, inclusive agressão e tráfico de mulheres.

Como o safado ainda estava vivo? Era uma coisa que Rake não entendia, mas isso não duraria muito. Ele nunca deveria ter pisado em Red River View, ou em qualquer lugar que Rake estivesse.

— Rake, faça ele calar a porra da boca. — Joane esfrega as têmporas enquanto mexe em seu celular.

— Você não tem mãos? — a garota queria sim dar uma surra em Potter, mas temia acabar com sua vida antes do que deveria.

— Tenho, mas você faz de um jeito melhor. — o sorriso branco de Joane encara Rake, como um desafio a ser cumprido.

Suas irmãs a conheciam, sabiam que a garota nunca recusaria um desafio, mesmo que não precisasse ser dito que era um. Isso a colocava sempre em uma merda diferente, mas como lidar com o instinto esquisito e pulsante que ela sentia cutucar suas veias toda vez que lhe pediam algo? Uma questão com a qual ela nunca se importou, a sensação sempre era boa, então não havia por que parar.

O carro é estacionado embaixo do velho carvalho na estrada cinco, onde poucas pessoas passam e as que se atrevem aceleram o máximo possível. De acordo com Joane, que sempre foi ligada a histórias de fantasmas, muitas pessoas já perderam suas vidas aqui em assassinatos comprados por moradores da cidade, mas Rake nunca foi de ligar para boatos, os vivos sim eram perigosos.

A porta do carro faz um clique quando é aberta, os olhos minuciosos de suas irmãs se arregalam e todas sorriem, sabem que a irmã mais velha não tem um temperamento fácil, então o show será garantido caso o velho Potter não se comporte. Ela anda na lateral do veículo azul e para em frente ao porta-malas, a respiração é calma e quase não se vê seu diafragma subir e descer, ela puxa um canivete suíço do coturno e o posiciona em frente ao porta-malas, grudando-o ao torso para mantê-lo firme. Não há um traço de excitação em seus olhos, aquilo não a agradava, ela queria apenas chegar ao Porão o quanto antes, mas nada aconteceria direito caso um policial as parasse e resolvesse checar quem tanto grita dentro do veículo.

O porta-malas é aberto e o pé de Potter voa em direção ao estômago de Rake, mas o pequeno canivete que ela empunhou em mãos anteriormente atravessa a sola do sapato de Luke, o grito gutural do homem é desesperado, há suor em seu rosto, suas roupas estão sujas da lama onde caiu, não há um traço de dignidade no rapaz. Lágrimas escorrem de seus olhos e ele se debate ridiculamente dentro do pequeno espaço, Rake arranca o canivete e empurra o pé do homem para dentro do porta-malas sem preocupações, ela nunca deixava o espaço sem revestimento plástico, muitos corpos já passaram por ali.

— Grite mais uma vez e eu juro por Deus que corto sua língua. — ela não espera uma resposta, o porta-malas é fechado e o silêncio volta a reinar.

As garotas riem enquanto ela se senta novamente em seu banco, o restante do caminho é feito tranquilamente.


$$$


O Porão é uma extensão do Skull onde as recrutas costumam levar seus alvos, é discreto e funciona abaixo de uma sorveteria muito frequentada pelos cidadãos de Red River View, o lugar é como um bunker muito bem preparado para qualquer sobrevivente que fugisse de alguma armadilha ou até mesmo de um possível apocalipse, mas enquanto nada disso acontecia ele tinha uma ótima serventia como um playground.

Pelo menos era assim que Rake o nomeava.

A entrada lateral foi aberta por Haiden e o carrinho de serviços levado para a rua de trás, o porta-malas aberto e uma coronhada dada na cabeça do homem que por sua vez só pedia por misericórdia, mas Rake não se queria saber de seus pedidos, ela queria encontrar a recruta desaparecida. O corpo pesado e suado de Luke foi depositado no pequeno carrinho, e agora era a hora mais chata entre todas as missões, saber quem ficaria com a missão de lavar o porta-malas do Cadillac.

— Eu já fui da última vez, não vou perder a diversão de novo. — as unhas de Joane já apresentavam falhas no esmalte, que ela arrancava para não as comer.

— Não vou deixar esse grande babaca na mão de vocês sozinhas. — Alyssa cruza os braços.

Rake não tinha paciência para a discussão infantil, para ela, isso deveria ter sido decidido quando estavam em fase de planejamento, mas no fundo ela sabia que não adiantaria muito, suas irmãs eram extremamente competitivas, por isso ela nunca ficava no meio de suas discussões. Ela arrasta o carrinho para dentro da entrada lateral antes que alguém as veja e a sala acolchoada entra em sua visão, Jade e Martha estão paradas fumando, e quando colocam os olhos no carrinho Rake enxerga o brilho sanguinário nas íris de sua mãe e sua avó.

Ela reconhecia o mesmo brilho no espelho.

— Pensei que estivesse de férias nas Maldivas, vó. Você não consegue se afastar nunca? — Rake diz enquanto abre o carrinho, que tem o odor pungente do sangue do homem.

Ele está debilitado, Rake havia machucado ele e se não fizessem algo ele perderia sangue muito rapidamente e as respostas de que ela precisava iriam para o lixo com o corpo do verme. As três gerações Halen carregam o homem corpulento e o colocam na cadeira, amarrando seus pés e mãos com as tiras já postas nos braços dela. Elas já haviam feito aquilo tantas vezes que não aguentavam mais usar dos métodos antigos, as garotas conheciam muitas maneiras de torturar seus inimigos, mas muitas delas ainda não tinham passado por uma reforma até a mãe de Rake tomar uma posição sobre isso quando tomou o bastão de Martha.

— Vocês demoraram, onde estão Georgia e suas irmãs? — a mãe de Jade sempre se preocupou demais com todas.

— Quem é Georgia? — o nome era estranho para Rake.

— A novata, Rake. — Jade revira os olhos, ela sabe que a filha nutre um desprezo gigante pelas tarefas que envolvem novatos.

— Ah sim, ela vacilou e eu a deixei na Silver Road. — Rake amolava as facas naturalmente, não havia alarme na sua fala.

— Temos uma desaparecida e você acha responsável largar uma irmã assim? — Jade se aproxima de Rake com sangue nos olhos.

A mãe da garota nunca foi doce ou compreensiva, Rake teve a quem puxar.

— Não disse para eu iniciar a novata? Não sou mole como você. — Rake testa a faca na pele do homem, que abre um corte superficial com facilidade. — Não venha me dar sermão, sabe que não suporto que me coloque nessas missões, eu lidaria com Potter em dois minutos se não fosse pela novata.

— Pare de cortar ele, ele não está sentindo nada e está perdendo espaço. — Jade empurra Rake e aproveita para retirar o sapato encharcado de sangue do pé do homem. — Você furou o pé dele?! — Jade encara Rake com raiva.

— Ele estava me dando problemas, e não é como se ele fosse precisar dos pés quando acabarmos. — Rake dá de ombros. — Isso é culpa da sua novata.

Jade se silencia quando Martha coloca a mão no ombro da mulher, seus olhos se acalmam e Rake silencia ao mesmo tempo. Ambas respeitam Martha com a vida, ninguém contraria a matriarca da família, é como uma lei sagrada que não precisa ser dita, todas apenas a seguem.

— Vocês duas parem de brigar e façam o que tem de ser feito, quando eu voltar quero informações. — a mulher de cabelos brancos tem as feições duras, porém a beleza não se afastara dela com a idade, ela era deslumbrante.

A cadeira de couro negro era acolchoada e provavelmente confortável, mas nada do que Rake planejava para aquele momento era reconfortante, nada garantia que algo de bom sairia dali, ou que Potter saísse com vida.

— Vamos começar, estou sem tempo e não quero me estressar mais. — Alyssa invade o lugar e arranca a jaqueta rapidamente, jogando-a no pequeno sofá do canto.

— Na próxima vez eu juro que mato Haiden. — Joane entra com seus cabelos antes belos, agora desgrenhados.

— Vocês brigaram mesmo? — Rake fecha a expressão. — Estarão banidas das próximas duas missões.

Era terminantemente proibido que as irmãs brigassem entre si, a lealdade era uma fortaleza, e brechas não eram opcionais entre elas, vidas dependiam do que faziam, uma dependia da outra e se nada disso funcionasse, a Skull não seria o que é hoje.

— Sério mesmo? — Joane encara Rake com as mãos na cintura.

— Não comece, sabe que entre você e ela, você sempre vai perder. — Alyssa entra na frente de Joane, que fuzila Rake.

— Não tolero insubordinação, quando entrou para minha equipe eu fui concisa, não tolero desavenças, ainda mais em meio as missões, que profissionalismo há nisso? — Rake mantém a voz controlada.

— Não há profissionalismo em deixar a novata no meio da Silver Road. — Joane rebate.

— Não devo nada a você, é bem o contrário, então se quiser voltar ao mundo das recrutas que pegam peixe pequeno, a porta da rua é serventia da casa. — Rake encara Joane silenciosamente.

Joane sabia no fundo que se largasse seu grupo, as coisas não acabariam bem para ela. Apesar de toda a arrogância que Rake carregava, ela sabia que a garota se importava com ela, mas não concordava com o jeito bruto da irmã lidar com elas, apesar de entender o porquê de ela ser assim, ela conhecia bem a família de Rake. Num relance de coerência, Joane se calou e apenas arrancou a jaqueta, que já grudava em seus braços pelo calor do local fechado.

As três garotas largaram seus trajes no canto e observaram calmamente os pontos mais sensíveis do corpo de Potter, demorou trinta minutos para que o homem finalmente abrisse os olhos amedrontados e começasse a berrar como um bezerro pronto para o abate.

— Não sei o que querem de mim, mas eu não roubei nada nessa maldita cidade! — a voz fina de Potter preenchia o cômodo.

Rake ligou seu som no máximo e Beethoven ressoou em todos os cantos da pequena sala, havia algo nos acordes do alemão que fazia com que cada pedaço de seu trabalho se tornasse minucioso, ela nunca deixava as coisas passarem despercebidas, ela já havia notado que os dedos de Joane estavam com pequenas marcas de sangue, provavelmente de Haiden, viu que Alyssa sorria ao ver o pé furado de Luke Potter e lambia os lábios como se fosse a refeição mais bela já vista em sua vida.

Ela entendia que a amiga via beleza na morte, mas sabia que havia algo sombrio dentro dela. Havia algo sombrio dentro de todas.

O tilintar do alicate dentro da bacia esterilizada assustou Potter, Rake analisava o instrumento minuciosamente e fechava os olhos, deixando a canção penetrar em seus ouvidos e sentindo-se inspirada para prorrogar aquilo o máximo possível. Jade nunca ficava para ver o que iria acontecer, por isso saiu dali logo após Martha, ela não era capaz de aguentar encarar o resultado do monstro que criou, e Rake sabia disso.

— Agora você me dirá o que fez com Polly Cardena. — o alicate reluzia contra a luz que estava posicionada acima da cadeira.

— Eu não sei de quem está falando! — Potter gritou em frente ao rosto de Rake.

Rake odiava gritos.

— Acho que serei obrigada a começar a fazê-lo lembrar. — ela corre os dedos pela ponta do alicate e se aproxima de Potter. — Não tenha medo, prometo que vai doer só um pouco, o melhor eu deixo para o fim. — a garota sorria como criança quando ganha um doce.

O alicate se fincou na unha de Potter, que foi arrancada lentamente enquanto Rake repetia o nome da recruta desaparecida.

— Polly Cardena... — os sulcos se desgrudavam da película de queratina em cima dos dedos. — Polly Cardena...

O homem soltava gemidos presos enquanto suas unhas eram arrancadas uma a uma, ele pedia para que Rake parasse, mas não haveria progresso sem consistência, sua mãe havia a ensinado isso.

— Polly Cardena... — o sangue se misturava com o alicate, tornando-o vermelho claro.

— P-Pare... — o homem desfalecia em cima da cadeira.

Quando não possuía mais unhas para arrancar, uma confissão não havia sido feita ainda, isso surpreendia Rake, que por mais que tivesse tido desafios na vida, sempre acabava conseguindo as respostas nas primeiras horas de tortura. Poucos aguentaram os lados mais pesados.

— Então você é um garotinho forte? — o homem sorria com deboche para Rake. — Tudo bem, tenho outras maneiras de te fazer falar, isso foi um aquecimento. — ela o lança um olhar sombrio que o faz emudecer.

As agulhas colocadas na mesa lado a lado são grossas, há muitos anos a mãe de Rake a ensinara que a ponta dos dedos eram os trunfos que poucos sabiam, mas que tornavam tudo muito mais interessante. Rake empurrava as agulhas nas pontas de cada dedo, fazendo com que o homem implorasse pela morte no meio do processo, mas ela não pararia por ali, na verdade, ela estava apenas começando.

— Sabe, as agulhas atingiram nervos sensíveis demais, eles aumentam toda a experiência sensorial, fazendo com que você sinta tudo muito mais intensamente. — Rake pega uma agulha maior, feita especialmente para atingir um ponto especial no corpo de Potter. — Está vendo o tamanho da nossa amiguinha? — ela mostra ao homem, que sua em bicas e mal consegue abrir os olhos. — Eu vou colocá-la aqui, e ela vai te causar uma dor excruciante. — ela sussurra no ouvido do homem. — A menos que me diga o que fez com Polly Cardena.

O homem encara Rake com medo, mas não diz nada para a felicidade da garota.

— Quero fazer, você já pegou um dos meus favoritos. — Alyssa toma a agulha da mão de Rake. — Você vai falar, e acredite quando eu digo que não há outra escolha. Se não disser, iremos te recuperar, depois quebrar outra vez, e assim em um loop sem fim. — as mãos de Alyssa apertavam as bochechas de Luke.

— Vá s-se foder! — o cuspe de Luke no rosto de Alyssa não melhorava em nada as coisas para o homem.

A agulha entrou acima da clavícula de Luke, perfurando o interior de seu peito e fazendo todo seu corpo tremer compulsivamente, os gritos do homem preenchiam cada pedaço do lugar, fazendo o trio de garotas sorrir descaradamente.

Na cabeça de Rake só se passava que ele merecia estar ali, ele merecia o que estava recebendo.

— Vai falar ou prefere que eu comece a realmente jogar pesado? — O rosto de Rake era tomado pela calma, mas havia fogo dentro de seu peito.

— Eu não sei quem é essa garota! — o homem gritava alto enquanto Alyssa arrancava cada uma de suas unhas do pé.

— Não é essa a resposta que querermos, bastardo. — Alyssa cantarola enquanto puxa o alicate com raiva.

Um baque seco na porta faz com quem todas elevem seus olhares para a porta, Martha e Jade estão paradas na frente delas, tão brancas quanto papéis, o olhar amedrontado para o corpo de Luke Potter era totalmente diferente do que Rake esperava.

Rake entrou em desespero, porque sabia o que toda aquela reação significava.

O homem era inocente.

Rake torturara um inocente.




*Pequena Nota*


Caros leitores;

Sou completamente nova nessa plataforma, por isso talvez eu não dure muito aqui, sei como é árduo crescer em plataformas de leitura, mas digamos que estou sendo otimista dessa vez.

Espero que vocês gostem deste pequeno pedaço da vida de Rake, e espero que abracem a personangem tanto quanto eu tenho feito desde que iniciei esta história no meu caderno azul surrado.

Agradeceria muito se vocês dissessem através dos comentários o que estão achando, significaria o mundo para mim!


Com amor;

Autora.

13 de Octubre de 2020 a las 23:37 0 Reporte Insertar Seguir historia
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