leo-melvine 𝕤𝕞𝕚𝕝𝕖 𝕠𝕟 𝕞𝕪 𝕗𝕒𝕔𝕖 ⁹⁹

As fadas vendo como suas casas eram desmatadas pelos seres humanos de forma desenfreada, decidem agir, infiltrando-se entre eles e garantindo sua existência através do que os humanos mais se interessam, dinheiro e negócios. E tudo se mantém seguro e correndo bem, até um estagiário humano ser contratado.


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 21 (adultos).

#chanbaek #fairy #yaoi #exo #nonbinary #queer #chanyeol #baekhyun
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A diferença entre nós e os humanos, é que não temos ganância

Sentado confortavelmente em sua cadeira, Baekhyun digitava a papelada do dia, e a uma boa distância seu colega fazia o mesmo, bem mais concentrado do que ele e alheio a tudo que acontecia ao seu redor, que era basicamente fadas voando para lá e para cá calmamente resolvendo e organizando tudo relacionado a empresa, uma multinacional com sede no que chamavam de pulmão do mundo, a Amazônia.

Foi bem fácil convencer o governo, extremamente corrupto e que parecia falar apenas um idioma que não era o português, e sim o dinheiro. Em apenas uma reunião já tinham decidido tudo, bastavam apenas construir, conversaram sinceramente com os indígenas que permitiram que continuassem e até lhes deram apoio, guardando o segredo, e até servindo de guarda externa caso o CEO precisasse e sempre lhes fornecendo todo o material que precisavam de maneira sustentável. Não só na Amazônia, mas em todos os países do globo, afinal, os povos nativos eram os únicos pareciam realmente respeitar a natureza e usufruir dela sem causar desequilibrio e os únicos que podiam confiar para uma aliança, em troca, a empresa lhes fornecia ajuda através de ONGs disfarçadas,as fadas fingiam ser humanos voluntários para não levantarem suspeitas e as doações vinham exclusivamente da empresa. Uma troca mútua. Claro que isso sempre levantava suspeitas, os humanos de fora e com inveja dessa ligação que não conseguiam entender, sempre tentavam manchar a imagem da empresa, intervir, proibir, censurar, tentar de alguma forma prejudicar, mas eles nunca conseguiam, porquê elas eram boas no que faziam e estavam a séculos, senão milênios observando cada passo daquela espécie e seu progresso que só tinha um caminho caso não os parassem, o fim de toda a vida na terra. Não foi do dia para a noite que eles decidiram intervir, demoraram muito tempo em discussões e reuniões intermináveis, achavam que não era justo com a espécie que ainda estava aprendendo, crescendo, mas conforme eles passaram a desmatar cada vez mais e a extinguir espécies desequilibrando o planeta, se viram obrigados achando ou não certo, a colocar ordem e parar aquela destruição em massa. A cada cem anos, que era o tempo que cada fada vivia, trocavam o CEO da empresa em pelo menos metade do tempo, assim não levantavam suspeitas dos humanos, mas continuavam trabalhando em conjunto longe das vistas dos mesmos, se havia uma coisa que dominavam e muito bem era a aparência, não era atoa que foram premiados inúmeras vezes em marketing e publicidade, além do prêmio mais cobiçado entre os humanos por fazerem o que era apenas obrigação dos mesmos, mas que eles pareciam se esquecer isso, o Nobel. Mas eles não eram seres perfeitos, tinham suas falhas, seus problemas, mas sempre resolviam fora da empresa, dentro dela eram todos profissionais, gentis e bem educados, trabalhando em harmonia focando no objetivo em comum.

— Baekhyun, o Sr. Lee está o chamando na sala dele. — disse o secretário Sehun, era alto e bem magro, sua cintura as vezes confundida com modelos humanas femininas e já usou a seu favor em alguns comerciais para a empresa em campanhas publicitárias. Não precisavam usar terno e gravata, então todos usavam tecidos leves e transparentes, em geral coloridos e holográficos, uma forma moderna de manter os trajes tradicionais de seus antepassados. Alguns humanos poderiam dizer que lembrava vestimentas romanas.

Todos tinham os fios longos, alguns mantinham presos em rabos de cavalo ou cóquis, alguns meio soltos e outros totalmente soltos, afinal os fios eram uma extensão de seus neurônios sensoriais, por meio deles conseguiam sentir tanto informações, como sentimentos alheios e dependendo do nível hierárquico, a energia elementar da natureza, mantendo-se assim sempre saudável e poderoso o suficiente para governar os demais. Os de Sehun por exemplo, viviam presos em um rabo de cavalo, sua vestimenta era sempre um azul marinho em degradê ao azul turquesa, apesar do sorriso gentil e olhar compreensivo, ele era de longe uma das fadas mais duras que existiam ali, e para não ter que lidar com problemas alheios que não tinha obrigação de saber, mantinha sempre seus fios bem presos e soltos o suficiente para atender as necessidades do chefe. Baekhyun por sua vez tinha os fios curtos, serviu como voluntário em uma das ONGs quando era mais novo, assim como todas as fadas entre os cinco e os quarenta e nove anos, ali tinham liberdade para cortar, descolorir, pintar, raspar, para que ficassem os mais próximo possível de um humano. E em nenhuma circunstância podiam se envolver amorosamente com os humanos, cruzar espécies era um dos crimes mais, senão o maior, graves desde os tempos mais antigos, a união entre eles poderia causar desequilíbrio e guerras, como as duas que houveram.

— Achei que deixaria crescer. — disse Sehun de repente enquanto iam para o elevador, só era permitido voar dentro dos andares, por questão de segurança.

Não queriam que as fadas se ferissem ao cansar em tentar chegar ao último andar, além de manterem sempre a organização, o prédio era um enorme cilindro de cento e vinte andares, então cada andar seguia esse modelo rodeando a enorme árvore centenária de forma harmoniosa. O elevador ficava na divisão entre o prédio e a árvore, a uma distância de poucos centímetros, quase sendo capaz de sentir o cheiro da madeira e a sua textura. Existiam dois elevadores, os de grande carga e os de menor carga. O elevador SKY como foi apelidado, servia exclusivamente para o CEO e funcionários dos três primeiros andares, que ficavam no topo e tinham uma enorme exigência de tempo e função, já que eram responsáveis por tudo. Já o elevador apelidado EARTH servia aos demais funcionários, cabia bem mais do que o anterior, oito fadas ao mesmo tempo, enquanto que o outro apenas duas, mas ambas tinham o mesmo tempo de viagem, dois minutos para cada andar, a diferença era que a SKY subia sem parar apenas até centésimo andar até chegar ao último. Baekhyun nunca andou no elevador SKY, nunca se imaginou entrando nele por nenhum motivo, então estava levemente nervoso.

— Eu estou deixando, só que demora um pouco. — respondeu e olhou para os dedos, se sentindo minúsculo comparado a ele em tantos sentidos.

As portas foscas de cristal se abriram e surgiu ali um cubículo transparente com um chão que imitava as folhagens de uma árvore com os seus galhos, idêntico ao EARTH mas com menor largura. Todas as fadas eram não binárias, não tinham uma regra social de gêneros como os humanos desde o início dos tempos, achavam que isso os limitava de alguma forma e preferiam apenas ser eles mesmos, afinal eles eram parentes mais próximos das plantas do que os humanos e elas próprias não seguiam a ideia que os humanos impuseram depois. Mas para que se comunicassem com os humanos e mantivessem tudo fora de suspeita, adotavam um gênero específico quando atingiam graus mais altos que exigiam contato direto com os humanos. Por conta disso, Baekhyun desde sempre se tratava no masculino e ainda estava no processo de aprendizagem de linguagem neutra para se portar com os colegas, mas grande parte deles não se importava de serem chamados por ele ou ela.

— Existem alguns chás que ajudam a crescer mais rápido, depois do expediente posso te apresentar um deles. — disse enquanto olhava o próprio reflexo um pouco a mostra no cristal transparente, para Baekhyun, Sehun lembrava e muito os humanos e tinha medo de estar certo.

— Agradeço. — respondeu timidamente e ajeitou o óculos.

Por não ter os fios longos como os demais, ele usava óculos específicos que mantinham a mesma função, uma tecnologia criada para os novatos que assim como ele estavam temporariamente limitados, assim que os fios chegassem aos ombros não precisaria mais dos óculos. O silêncio no elevador ao lado do maior era extremamente incômodo, ainda mais quando o mesmo cruzava um pouco a perna com os braços cruzados, levemente impaciente, deixando a mostra sua bota transparente de plástico biodegradável que deve ter comprado de alguma grife europeia. Baekhyun por sua vez usava apenas o básico, chinelo slide de madeira com acolchoado de couro sintético para as palmas dos pés e o traje em tons de cinza com extremidade branca na ponta. Ninguém dos andares inferiores se preocupava com a aparência, no máximo conforto e praticidade, para que pudessem cumprir suas tarefas. Ao fundo tocava uma música tradicional instrumental regional, mas baixo o suficiente para que conseguissem conversar se quisessem, mas não era o caso. Então chegaram ao andar, as portas foscas deram lugar a um corredor de mais ou menos dois metros de largura, que separava duas portas simples de madeira que cobriam toda a parede, ou pelo menos essa era a impressão que passava.

— Deve estar curioso. — disse o maior. — A direita é a sala do CEO e a esquerda a minha sala. — disse e caminhou para fora, o menor o seguiu. — Secretários da nossa espécie não executam apenas uma função, são responsáveis por muito mais coisas que envolvem todas as filiais, o CEO normalmente é apenas o nosso porta-voz com os humanos nas reuniões, mas quem comanda tudo realmente são os secretários e os vice-presidentes. — o menor arregalou os olhos surpresos. — Só estou te contando porquê terá uma função importante agora, ele irá lhe explicar melhor. — assentiu e o maior sorriu.

Seus fios loiros quase platinados o deixavam ainda mais pálido do que já era, mas a luz do sol conseguia ser tão assustador quanto uma bruxa do lago ou uma ninfa da floresta, essas que por muito tempo reinaram soberanas em manter os humanos com medo, devorando-os sempre que podiam, a principal característica das ninfas eram seus fios loiros quase platinados e das bruxas a pele pálida, enquanto que as fadas tinham tons de pele e de fios que variavam de acordo com as regiões em que viviam. O maior caminhou até a porta e a abriu, realmente era metade de toda aquela parede, o menor agradeceu baixo e entrou.

— Se precisarem de mim estarei na minha sala. — disse e saiu deixando-os a sós.

A sala lembrava realmente a de um CEO de empresa humana, a mesa, a cadeira, a prateleira de livros, um mini bar, quadro de arte de algum país, um relógio em forma de gota e um sofá confortável de couro, camurça e madeira. Logo atrás daquela sala, separada por uma parede de cristal estava uma varanda com uma bela vista para o ambiente daquela região, e era grande o suficiente para cobrir metade daquele andar.

— Sr. Byun, sente-se. — disse o idoso em pé com a expressão de cansaço estampada e sorriso gentil.

Obedeceu e sentou na cadeira acolchoada, olhando curioso e ansioso para o ser a sua frente usando roupa social humana.

— Creio que Sehun já tenha lhe explicado um pouco sobre como trabalhamos aqui em cima. — disse ele e o mais novo assentiu. — Como ele é muito ocupado, não poderá fazer algo que fui cobrado… Então terá de fazer isso. — parou sentindo como se o que acabou de ouvir não fosse real e sim imaginação sua. — Deve saber que os humanos sempre tentam nos espionar e nos prejudicar, e dessa vez fui pressionado por uma organização importante porquê segundo denúncias, não empregamos ninguém de fora e para abafar tais problemas, decidimos empregar um um humano. — seu coração acelerou de preocupação e medo, não achava seguro mas não podia mudar a decisão que já tinha sido tomada. — Você irá ser responsável por ele, por mantê-lo o mais longe possível das nossas reais funções, nem que pra isso tenha que se passar por um falso secretário. — assentiu ainda assustado com a revelação. — Ele chegará amanhã, já avisei ao Jongdae para avisar a todos sobre isso.

— Mas Sr… Por quê eu?

— Andamos olhando seu mapa astral tanto chinês quanto o que usam no mundo ocidental, além da numerologia, — explicou e tirou de dentro de uma pasta seis folhas, cada uma com dados específicos tanto dele quanto do humano que viria. — tipo sanguíneo, etnia e idade. — o mais novo então comparou todos os dados, ficando extremamente espantado.

— Somos praticamente…

— Compatíveis. — sorriu minimamente. — Foi o único entre todas as fadas de todas as filias, sabe o quanto isso é importante e que exigirá muita responsabilidade, não é?

— Sei sim. — estava em pânico, mas não transparecia.

— Saia mais cedo hoje, assim consegue se preparar melhor para recebê-lo. — disse e segurou nas mãos do mais novo. — Fique com os papéis, e não precisa se cobrar tanto, só precisa mantê-lo o mais ocupado que puder e distraído.

— Farei isso Sr., obrigado pela confiança. — sorriu como pôde e o mais velho o soltou virando a cadeira e levantando-se. — Com licença e obrigado mais uma vez.

A porta se abriu o assustando, era Sehun que parecia que nem sequer tinha saído dali, aquela mesma expressão e aura que deixava o menor assustado, saiu então da sala e o maior fechou a porta atrás dele. Não fez nenhuma pergunta, nem exigência, apenas o guiou até o elevador e entraram nele.

— O Sr. Lee me dispensou mais cedo. — disse olhando para os papéis para tentar se acalmar, mas aquilo apenas o deixava mais nervoso.

— Certo, nos vemos no estacionamento. — respondeu e logo chegaram ao andar em que Baekhyun trabalhava.

Assim que as portas se abriram e ele saiu, as portas se fecharam e ele jurou ter visto os olhos do maior brilharem como ágatas de fogo, isso o fez estremecer da cabeça aos pés. Seguiu andando até a sua área de trabalho, olhares curiosos sobre si, até Jongdae surgir em um holograma e exigir a atenção de todos. O Byun começou a guardar as coisas dele e desligar o computador, em seguida caminhou até o elevador EARTH e aguardou escondendo as folhas na mochila, seu coração parecendo que correu uma maratona, fazia apenas uma semana que começou a trabalhar lá. Os nativos do local que trabalhou eram muito reservados, então tinha muito pouco contato com eles, apenas lhes dando o necessário, como vacinas e proteção, seria a primeira vez que teria contato mais direto com um humano de verdade, e isso o deixava em pânico total, até mais do que Sehun. As portas se abriram e ele entrou, alheio ao comunicado de Jongdae, virou-se para a árvore pensativo e refletiu sobre as palavras do CEO, o único entre todas as fadas de todas as filiais, parecia até destino.

“Um cabeça de fogo cruzará seu caminho, irá fazer o seu lago tornar-se rio e levá-lo até o oceano, mas tome cuidado com o cabeça de ar, ele pode secar seu rio.”

Lembrou-se daquela frase que ouviu antes de ir embora vindo de uma anciã, acreditou que ela se referia a alguma outra fada, já que a Senhora apenas disse isso repentinamente e ele não estava sozinho, mas comparando com a situação atual era bastante suspeito, afinal só conhecia um ser que tinha fios tão brancos quanto o ar e esse lhe causava arrepios, mas cabeça de fogo? Aquilo tudo só podia dizer uma coisa, alguém o faria crescer e enxergar além do que já conhecia, mas um outro alguém iria tentar impedir, mas ainda parecia meio vago. Despertou dos pensamentos e viu as portas se abrirem para o andar que desejava, o estacionamento, cheio de bicicletas dos mais variados modelos, desde elétricos até os mais simples movidos apenas a movimento manual, alguns tinham mais lugares, outros tinham até uma cabine que lembrava uma carruagem com a parte traseira exclusiva para o passageiro.

— Sr. Byun? — uma fada o chamou pelo nome e ele sorriu timidamente. — me acompanhe por favor. — assentiu e foram até um da das bicicletas com cabine, com a ajuda dessa fada ele subiu e sentou-se ali assustando-se ao ver Sehun já sentado mexendo no celular.

— Terei de voltar rápido, se importa de ir pra casa sozinho depois? — disse guardando o celular na bolsa que parecia ser grife, transparente e de plástico como sua bota, mas cheia de símbolos de letras entrelaçadas, o menor negou com a cabeça e abraçou a própria mochila simples de algodão verde musgo.

A fada que o chamou começou a pedalar e de forma automática a cabine os cobriu totalmente, com um tecido que lembrava couro preto e internamente luzes de LED os iluminava em forma de estrela. Conseguia enxergar tudo lá fora, mas quem estava fora não conseguia vê-los, achava bem interessante tal tecnologia que parecia mesclar conhecimento antigo com tecnologia atual.

— Já leu a ficha dele? — perguntou sem olhar para o menor, já sabendo que ele estava desconfortável.

— Sim.

— Irei te enviar o endereço em que deve buscar ele, tem algum celular ou bloco de notas? — perguntou e o menor logo abriu a mochila tirando de dentro seu simples bloco de notas biodegradável tão verde quanto a mochila e do tamanho da palma da sua mão, o maior apenas sorriu. — Certo, anote. — o pequeno tirou a pequena caneta em forma de galho e esperou que o maior falasse, o mesmo informou direitinho.

— Anotei. — disse e o maior assentiu.

— Sei que fará um bom trabalho. — não era um pedido nem afirmação, era uma ordem sutil dita gentilmente.

A bicicleta saía da zona de natureza e das casas mais afastadas da grande metrópole, em direção a floresta cinzenta que cheirava a capitalismo puro, e quanto mais perto chegavam dela, mais o menor notava que o maior parecia sorrir mais, mesmo que disfarçasse. Depois de mais ou menos uma hora ou duas de viagem, chegaram a uma espécie de farmácia alternativa, que os humanos costumavam frequentar muito pouco e que as fadas sempre entravam por ter tudo o que precisavam, o dono era um tritão que largou os mares para ficar na terra firme depois de se apaixonar por uma fada, ficaram juntos por muitos anos mas logo ela faleceu e ele permaneceu sozinho. Desceram e o menor olhou para os lados, tantos humanos passando por aqui e por ali totalmente alheios a presença deles, quase como se fossem invisiveis.

— Eles não nos enxergam como nós somos e sim como fazemos parecer, para eles sou uma grandalhona de roupas de grife e você um jovem hippie. — explicou e o menor assentiu, abrindo a porta e entrando, o menor passou em seguida segurando a porta.

O lugar cheirava a tantas ervas juntas harmoniosamente, que sentia que estava em casa, quanto mais próximo passava de uma prateleira e outra, ele notava que cada uma era de uma região específica do planeta, tornando-se uma verdadeira volta ao mundo sensorial. O Senhor pouco maior que Sehun surgiu atrás do balcão, ele não parecia ter a idade que tinha, os fios azul lagoa naturais longos que chegavam até a cintura, com alguns fios branco perolados, os olhos azuis e a pele negra como avelã, um sorriso charmoso e convidativo, capaz de seduzir qualquer um e o corpo levemente musculoso para ter tanquinho, que ficava visivel pelo top cropped branco que usava estampado “Sea everywhere”.

— Hunnie-ah, no que posso ajudar? — perguntou parecendo ter bastante intimidade com a fada, sorrindo largo ao vê-los ali.

— Preciso de um chá e algumas vitaminas capilares. — respondeu apontando o indicador, com a unha longa e pontuda de acrílico transparente e pontas azuis claras em forma de lua crescente, para o menor que estava mais atrás totalmente distraído com as ervas da Oceania.

— Mas quantos anos tem? — perguntou enquanto ambos olhavam para o menor.

— Vinte.

— Ele é meio novo, então vou passar alguns bem leves. — respondeu e digitou algo no computador.

— Confie em mim Tobias, ele tem idade suficiente pra muita coisa. — disse e o maior riu fazendo o platinado rir também, e o menor os olhar confuso. — Ele aguenta a dosagem.

— Não se esqueça que ele não é como você. — disse baixo.

— Sei o que estou fazendo. — tamborilou as unhas no balcão olhando as prateleiras de quadros, cada uma tirada em um país diferente ao lado do seu grande amor. — Ainda não superou?

— Sei que já fazem vinte anos, mas não é fácil. — respondeu e olhou o monitor. — Deu sorte, tem bastante estoque do que você quer aqui, veio um carregamento na semana passada.

— Então quero pra mim também, pra hidratar. — disse sorrindo. — Sei que logo vai superar, você é forte. — deu uma piscadela e o maior sorriu agradecendo, saindo do balcão e indo até uma porta em direção ao estoque. — Como você é meio novo, então vai ter que seguir rigorosamente o cronograma pra não prejudicar a sua saúde.

— É droga?!

— Não. — semicerrou os olhos. — Só que pra crescer mais rápido precisa ser algo mais intenso, pra quem tem mais idade, comer alimentos roxos são altamente recomendados.

— Certo… — o maior então voltou trazendo as caixas e as colocando nas sacolas de pano. — Muito obrigado Tobias, quanto ficou?

O menor voltou sua atenção para as ervas, até que seu olhar acabou seguindo para a rua e ele se deparou com um rapaz alto usando roupas pretas, maquiagem pesada tão sombria quanto, unhas pintadas de preto e fios vermelho sangue. Por um segundo seu coração falhou uma batida, não por estar apaixonado e sim assustado.

— Toma, agora preciso ir. — entregou a sacola para o menor o tirando do transe e o rapaz de fios vermelhos apenas seguia seu caminho rua acima.

— Obrigado… — olhou para as caixas de madeira que poderiam ser utilizadas depois para decoração, e depois para Sehun que saía elegante como sempre.

Virou-se agradecendo ao tritão e depois saiu porta a fora, teria uma boa caminhada até chegar em casa, já que sua bicicleta ficou no prédio. Suspirou vendo a bicicleta seguir seu rumo em direção aos prédios, e ele seguiu para o caminho contrário em direção a natureza.

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Chegou em casa depois de ter voado um pouco e o restante do caminho foi andando, sua casa ficava na copa de uma árvore escondida entre as folhagens, como a da maioria das fadas, só conseguia chegar nela voando, e era ótima pra uma fada que morava sozinha, uma cozinha, um quarto, uma sala e um banheiro, um design que imitava as cabanas humanas porquê tinham gostado do estilo das mesmas. Assim que passou pela porta, acendeu a luz da sala e colocou o pote sobre a mesa de centro que nada mais era que um tronco de uma árvore que tinha caído, e apenas com ela ele conseguiu construir toda a sua casa e o restante transformou nos móveis. O sofá era acolchoado harmoniosamente um colchão que encontrou jogado por aí, e depois de uma boa limpeza e cuidado, se transformou em um ótimo estofado, coberto com uma colcha que ganhou de uma tribo que as ONGs ajudavam, os utensílios teve de comprar e pegou os mais ecológicos possíveis, dependendo exclusivamente de energia, que vinha do sol através de placas no telhado e do vento que eram captadas pelas paredes externas. Sentou-se no sofá e olhou o bloco de notas, pensando se deveria comprar um celular para facilitar, já que agora teria que fazer bem mais do que antes e logo sua mente voltou para o rapaz, que seus óculos denunciaram em um grito escandalizador que era problema puro e devia manter distância.

— Tomara que o humano não seja um monstro… — murmurou e seu gato que resgatou da rua, Donatella apareceu miando. — Dormindo na minha cama de novo Donatella? — um siamês que pegou adulto, provavelmente algum humano maldoso o abandonou sem mais nem menos, o gato miou. — É, eu sei que cheguei cedo, e boa tarde pra você também.

— Miau?

— Não, é pra mim e pra ajudar o meu cabelo a crescer. — não sabia o que o gato falava, mas o que sentia e com base nisso sabia mais ou menos o que ele queria dizer, e assim se comunicavam. — Vou tomar um banho, se prepare para o festival da lua!! — disse e foi para o banheiro, o gato só piscou os olhos e começou a se lamber.

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Já devidamente vestido e maquiado, ele não precisava dos óculos, estava descalço e apenas usando uma saia de folhas, uma tiara de flores roxas e uma gargantilha de folhas com uma lua de prata presa a ela. Seus fios curtos e rosados seguravam a tiara, mas ele estava ansioso para vê-los longos, sem precisar de óculos, percebeu então que esqueceu de perguntar em quanto tempo eles iriam crescer.

— Amanhã pergunto, não é Donatella? — o gato com tiara de flores miou e se esfregou em suas pernas. — Isso aí, agora vamos que vai começar.

Em poucos minutos iria anoitecer, e o evento iria começar, era um evento que acontecia todas as noites em celebração a vida, mais precisamente quando todos, exceto os humanos foram concebidos a esse mundo, os primeiros sendo considerados e chamados de filhos da lua. Pegou o gato no colo e voou para fora da árvore, aterrissando e vendo as fadas caminhando até o centro da floresta, onde teria uma enorme fogueira os esperando, crianças, adultos, idosos, de todos os povos, ninfas, bruxas, sereias, fadas, trolls, e entre outros seres ligados diretamente a natureza sem serem os animais. Donatella miava e ronronava feliz no colo do rapaz, que carinhosamente esfregava os dedos em seus pelos enquanto caminhava em direção a fogueira. Assim que chegaram, sentaram-se no chão, alguns cantavam, outros dançavam felizes e logo a frente da fogueira estava o ancião mais antigo entre todos, um troll com nome de fruta, Laranja, a frente dele as crianças ansiosas para ouvir a história, mesmo que algumas já tenham ouvido e sabiam de trás pra frente de frente pra trás. Donatella miou e pulou do colo dele indo brincar com algum animal, deixando Baekhyun sozinho praticamente junto as crianças, já que os adultos estavam mais preocupados em comemorar bebendo vinho, alguns aos beijos e outros dançando sob efeito de alucinógenos preparados pelas bruxas.

— Tudo começou quando o planeta natal dos nossos antepassados estava morrendo, um desespero bateu, não havia mais o que fazer, a não ser fugir. — começou o ancião cego apontando para cada criança e passando a ilustrar por gestos tudo o que dizia. — E como não tinham muito tempo e não eram um povo muito avançado como somos hoje, enviaram apenas seus filhos e ficaram para trás. — Baekhyun amava ouvir aquela história, por mais trágica que fosse, gostava de saber sobre sua origem, pelo menos parte dela, já que ainda não sabia sobre seus pais. — Eles vieram a terra quando não havia nada, apenas alguns animais perigosos, enormes! — inclinou a cabeça para a fogueira que passou a ilustrar tudo o que ele mostrava, era uma novidade aquele ano. — Nossas crianças não sabiam o que fazer, tinham medo, frio, e saudade de seus pais, então as crianças maiores decidiram cuidar das mais novas e enfrentar seus medos, enfrentando os animais e defendendo sua existência. — pegou o copo servido por uma bruxa e agradeceu, era uma bebida roxa e então viu do outro lado fogueira Sehun e Tobias rindo, o olhar do platinado encontrou o dele e o mesmo estendeu o copo como em um brinde e o menor fez o mesmo sorrindo fraco, já sabendo que ele tinha feito questão de entregá-lo. — Logo nossas crianças cresceram e se tornaram grandes, fortes e um grupo de homens vindo dos céus apareceu e levou com eles os rapazes, enquanto que acabaram se amando com nossas moças. — o ancião estava tão empolgado de contar que praticamente saltitava. — Eles precisaram ir embora mas prometeram voltar, e enquanto isso nossas moças carregavam em vossos ventres aqueles que viriam a ser nossos antepassados, durante uma rotação da terra em volta do grandioso sol inteiro, e no primeiro dia do começo da rotação seguinte, em meio a uma grandiosa lua cheia… As vossas moças começaram a trazer ao mundo nossos antepassados, primeiro vieram as bruxas, depois as fadas, e então as ninfas e assim foi seguindo, a cada hora… — as crianças recém-nascidas brilhavam nas chamas. — Até a última criança nascer no começo do primeiro raio de sol, uma sereia. — Baekhyun terminou de beber o líquido roxo e sentiu uma leveza, já passando a ver tudo que o ancião contava ao seu redor. — Os homens dos céus voltaram como prometeram, viram os nossos antepassados e trouxeram mais, iguaizinhos aos dos nascidos aqui e levaram as mães com eles. — O rosado já se via dançando em meio aos bebês dos antepassados. — Os bebês aquáticos foram para a água, os bebês plantas foram para as árvores, os bebês terra criaram seus reinos junto aos bebês ar que foram para as cavernas. Logo eles cresceram e vieram mais e mais entre eles, formando povos inteiros! — foi derrubado por um grupo de sereias que nadaram ao lado dele, o fazendo rir, já sabendo que eram apenas ilusão. — E de repente o povo dos céus apareceu, trazendo um tipo diferente, pareciam idênticos a eles, completamente diferente dos nossos antepassados, e chamaram-nos de homens. — o ancião nesse momento sentou-se no tronco caído. — Mas diferente dos povos que vieram antes, eles não sabiam viver em paz com a natureza, tudo queriam destruir, achavam-se os donos daqui e quase destruíram tudo. — as crianças ouviam horrorizadas. — Então todos os seres se uniram e tentaram contatar os homens dos céus, implorando para que ele levasse embora aqueles destruidores, então eles prometeram que iriam resolver tudo aquilo. — fez movimentos de ondas e Baekhyun sentia a água o engolindo, o fazendo afundar cada vez mais. — Tudo virou água, e as fadas junto as bruxas levaram os povos para o alto da montanha mais alta que os homens dos céus deixaram para eles, e os animais ficaram seguros em um enorme barco que mesmo a contragosto de alguns povos, alguns humanos considerados merecedores pelos homens dos céus foram salvos junto a esses animais. E choveu tanto durante tantos dias, as ninfas ficaram assistindo aliviadas enquanto os homens começavam a se desesperar e afogar, as sereias aproveitaram esse momento para se tornarem mais fortes e se multiplicar, mas elas sabiam tanto quanto os demais que não duraria muito tempo e logo teriam de dividir a terra de novo com seus irmãos. — o ancião então olhou para o céu. — Depois de muitos dias a água voltou ao seu lugar, e os povos decidiram se dividir para impedir que os humanos voltassem a destruir tudo outra vez. Começou então nossa era de ouro, em que éramos considerados deuses e recebíamos oferendas, mas as bruxas e ninfas ainda não os aceitavam, então os devoravam e tiravam suas vidas sempre que podiam, nem que fosse por meio de sacrificios. — deitou na grama sentindo o efeito passando. — Mas logo os humanos voltaram ou talvez nunca tenham deixado, a ser destruidores e dominadores, mataram muitas bruxas, fadas, ninfas, trolls e caçaram sereias… Ainda mais naquele tempo que chamam de idade média, idade das trevas, mas felizmente as fadas surgiram com uma ideia de contra-ataque muito bom e é por isso que estamos sobrevivendo desde então, e celebrando todas as noites.

— HUMANOS SÃO MAUS! — gritou uma criança com raiva.

— Sim minha criança, eles são. — disse ele.

— Como está o pulso dele? — perguntou Sehun bebendo algo amarelo, seus olhos queimavam como ágata por causa de todo o evento, em seu braço dormia Donatella calmamente.

— Ele está bem, só precisa descansar. — respondeu Minseok, o colega concentrado e que tinha uma quedinha por Sehun. — Quer que eu o leve?

— Não, ele sabe o caminho de casa, logo vai acordar. — levantou o gato no ar que acordou confuso. — Continue cuidando dele Donatella. — o gato miou baixinho e ele então colocou o mesmo ao lado do dono. — Vamos, vai começar a festa dos adultos.

Minseok ficou todo bobinho e feliz, assentindo e seguindo Sehun, todas as fadas usavam o mesmo traje, Minseok por exemplo estava com seus fios meio soltos com uma trança que segurava a tiara, enquanto que Sehun estava com os fios totalmente soltos que chegavam na cintura, as bruxas usavam vestidos longos e transparentes que imitavam as sombras das chamas e chapéus de palha, as ninfas usavam apenas uma raiz de arvore envolta das partes íntimas, coxas e tronco, enquanto que as sereias estavam com um véu que imitavam redes de pesca ao redor de suas tiaras de concha.

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Acordou e já estava na cama dele, com seu gato o encarando como se o julgasse silenciosamente, olhou para o relógio de ponteiro em forma de girassol ao lado da mesa de cabeceira e suspirou, tinha que ir buscar o humano no endereço que Sehun tinha mencionado e a distância não era lá muito pequena.

— Donatella, acha que ele é muito ruim? — o gato miou. — Esqueci que estou sem óculos mas vou considerar um sim. — levantou-se e olhou no espelho, estava aceitável e seus fios tinham crescido um pouco em algumas horas, um mullet. — ESTÁ CRESCENDO! — saltitou e notou que estava ainda com a roupa do festival. — É melhor eu trocar de roupa, devo me vestir como uma fada ou como um humano? — perguntou colocando o óculos e o gato miou o seguindo. — Ok, está certo, vou como fada mesmo.

Seguiu para tomar banho e o gato ficou do lado de fora, atento.

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Quando aterrissou no chão, notou que a bicicleta o aguardava, a mesma que tinha deixado no trabalho e sorriu mais aliviado, até achar o bilhete.

— Vai ter que levá-lo na garupa da bicicleta. — leu em voz alta e suspirou, tinha apenas uma grade metálica ali nada confortável, e colocar sua mochila lá não era opção. — Ok, é o que temos pra hoje. — olhou para o alto e acenou para o gato se despedindo, subindo na bicicleta e passando a pedalar até o endereço.

O ar puro o deixava feliz, tranquilo, seu lugar era na natureza, mas assim que começou a chegar na metrópole sentiu-se tenso, as pessoas apressadas, a floresta cinzenta sem vida, sentia-se sufocado. Mas logo chegou ao ponto de ônibus que encontraria o tal humano, era começo do dia e o sol ainda estava nascendo, portanto os ônibus estavam longe e não apareceriam ainda, mas os carros apareciam aos montes o tempo todo. Assim que parou a bicicleta e olhou para o ponto de ônibus, estremeceu, o rapaz o olhou de volta com uma sobrancelha arqueada.

— Por quê você tá pelado? — ele perguntou, agora em trajes sociais mas ainda totalmente neutros, a camisa social deixando a mostra as tatuagens que cobriam inteiramente seus braços e costas das mãos, além do pescoço.

O pequeno demorou um pouco para entender o que ele quis dizer, então olhou para baixo e notou que ele era capaz de ver a roupa de fada, ficando completamente vermelho, já tinha começado ruim.

— Não tô…

— Estou brincando. — disse ele e o menor riu de nervoso enquanto o outro ria. — Sério que não mandaram um carro?

— Não usamos carro pra nos locomover, é poluente. — respondeu e o maior revirou os olhos sentando ali, estava estampado que os grandes empresários escolheram o rapaz mais problemático de propósito.

— E aguenta pedalar até lá?

— Estou acostumado. — disse e deu a volta com a bicicleta, o maior quase caiu e por isso segurou na cintura dele o deixando extremamente vermelho e nervoso, mas nenhum deles disse nada.

9 de Septiembre de 2020 a las 03:11 0 Reporte Insertar Seguir historia
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