invisibilecoccinella Mary

Até onde você lutaria por aquilo que chama de amor? Quais seriam seus limites? Do que você abriria mão? Você seria capaz de abrir mão de quem você é para o "novo"? E se esse amor não passar de uma ilusão, você acredita ter coragem para se reconstruir, por mais que nunca mais volte a ser quem era outrora? Porque lutar por amor suscita uma infinidade de questionamentos, as respostas não são julgadas de modo binário. E lutar por amor, querida leitora, querido leitor, é para pessoas de muita coragem. A maioria tem medo de entrar no mar e mal uma pequena onda toca os pés, foge sem olhar para trás. Amar é para os fortes. Os demais, que sigam fingindo, até que aprendam com dor que coração não é brinquedo.


Poetry Romantic All public.

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Lutar por amor

Curitiba, 24 de março de 2016.


Toda luta precisa de um pretexto que a sustente quando a sombra encobrir os gloriosos raios de sol, quando os olhos precisarem sustentar a escuridão de um modo nunca pensado. Uma batalha sem estratagemas decreta-se fracassada antes de qualquer mobilização.

Meu coração bate pelo amor. Sinto-o ressurgir nos instantes de fraqueza quando não há ninguém além de mim que possa tomar partido da situação...

Porque, acima de quaisquer juramentos, a luta é o meu compromisso, eu devo honrá-lo.

Permita-me dizer, eu luto para nunca me alimentar do comodismo, para ser aquilo que não fui ontem, e para que a crença no verdadeiro amor nunca morra.

Eu poderia lutar por alguém que se dispusesse, com o mesmo engaje, a lutar por mim. Perderíamos algumas batalhas, com o álibi da imperfeição, visto que o caminho mais correto e digno para se aperfeiçoar como pessoa é o amor. Só se aprende a amar, amando. Desconheço meio mais simples de descomplicar o indizível.

Qual é o fundamento de enganar ao próprio coração, afinal?

Será inclinação para deleitar-se do fel incontestável provocado pela intensidade do sofrer, colhido na sua profundidade verbal, em seu estado bruto, sílaba a sílaba?

Não tenho respostas até o presente momento, no entanto estou consciente de que não gosto de sofrer. Nem sempre disponho da prerrogativa de evitar, o destino me deixa ser livre até certo ponto, mas intervém quando é da sua vontade.

Posso não ser mais aquela garota romântica e inocente de outrora. As decepções foram retalhando as minhas esperanças, a espontaneidade, o sorriso, foi me moldando conforme as exigências do mundo, para que eu aprendesse a mentir — não deliberadamente, apenas em casos formais — e sacramentasse o cinismo com a indiferença.

As pessoas a nossa volta estão se munindo do ódio para lutarem pelo que chamam de "bem maior", todavia o motivo pelo qual se enfurecem não despontará nenhuma semente próspera. O empreendimento, por mais que tenha alguma justiça em seus fundamentos básicos, não obstante, é a própria derrota.

Não quero que esse ódio me torne amarga. Não almejo ser alheia ao que se passa em outros lugares, entretanto pratico a paz fazendo silêncio em troca de me arrepender em razão de uma palavra mal interpretada.

A luta pelo amor é certamente aquela em que eu sempre perco, porque não sei se amo, porque no fim das contas não sou amada, não conheço ninguém que se dispusesse a chorar comigo e encarar todos os medos de gente grande para contrariar a tese de que nos "tempos modernos", o amor está fora de jogada.

Tanta luta para dividir a minha nudez com alguém que desnudasse também o coração, me colocasse nos braços e me beijasse com suavidade, vontade; simplesmente alguém que pudesse ter a mulher mais desejada do mundo exterior e escolhesse a mim.

Eu lutaria por alguém que não desistisse de mim, que perdoasse a minha fraqueza, as minhas inseguranças, a minha vontade de ter um pouquinho de solidão para colocar o que resta de angústia no lugar.

Meu pretexto para viver é acreditar no amor porque mesmo sendo ferida por quem não sabe amar, não amo menos do que posso, amo por completo e mesmo que dedique todo meu amor, nunca me falta um bocadinho. Faz-se ilimitado esse recurso em meu peito.

Às vezes tanto amor se transborda em abnegação, colocando os sentimentos dos outros acima dos meus, embalsamando a impossibilidade pela graça de saber que fiz aquilo que era certo para todos, não para ganhar estrelinha de boa moça.

Meu amor sempre soube fazer silêncio, mesmo quando meus versos gritaram e imploraram para que alguém fosse capaz de me enxergar.

A ideia de partir o coração de alguém como retaliação por ter sido magoada já me acometeu, mas pensei bem e cheguei à conclusão de que estaria cometendo uma fraude, escrevendo sentimentos sem verdade neles, não se faz com os outros àquilo que não se quer para si. Partindo dessa interessante linha de raciocínio, me aproprio das minhas próprias divagações e ilustro quão grande é a dor de ter que dizer adeus a um sonho. Sem dúvida, um inconsolável martírio.

Será o tempo um senhor benevolente com todos aqueles que não sabem para onde vão?

Talvez, saibam. Saibam, sim. Talvez estejam com medo.

Crescer no sentido explorado aqui assusta até mesmo aquela pessoa que jurava ter todas as respostas na ponta da língua, de cor e salteado.

O receio da insegurança, esse assombra os desprevenidos (ou nem tanto), tudo de repente parece incerto, lutar é uma heresia, porque quando se luta contra os próprios instintos, uma revolução é certa. O que virá dela, deixo para outra ocasião, quando eu puder pelo menos falar de mim, quando as coisas ficarem mais claras e eu não sentir medo daquilo que não posso controlar.

April 8, 2020, 11:25 p.m. 0 Report Embed Follow story
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Meet the author

Mary uma joaninha itinerante que atende por Maria, Mary, Marisol, que ama previsão do tempo e também contar histórias. na maior parte do tempo, invisível.

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