– Como está a comida? – Ansiedade escorria nas palavras de minha noiva.
– Melhor do que eu imaginava. – Respondeu Amanda visivelmente satisfeita.
– Matheus é um excelente cozinheiro. – Continuou Alice olhando-me orgulhosa.
– O segredo é misturar tudo que tem gosto bom. – Respondi. – Então colocar sal.
– E pimenta. – Comentou Fernando, bebendo todo seu copo de vinho. Sorri.
Jantávamos comemorando minha promoção, eu acabara de me tornar sócio no escritório de advocacia onde trabalhava a mais de dez anos.
– O que acontece agora? – Perguntava Amanda.
– Agora eu ganho mais responsabilidades. – Respondi. – Posso escolher os casos que eu quiser e tenho opinião no andamento e no futuro da empresa.
– Além de um aumento de salário. – Continuou Alice sorrindo.
– Amém. – Fernando levantou sua taça. Sorri.
– Apesar de tudo, meus parabéns. – A voz de Amanda era doce. – Você merece.
Quando acabamos de comer, Alice os guiou até a sala enquanto eu colocava a louça na pia. Escutei um barulho, seguido de gargalhadas e quando cheguei os encontrei esparramados no sofá, rindo.
– Perdi alguma coisa? – Sentei-me ao lado de Alice.
– Fernando... – Ela não conseguia responder.
– Fernando não fez nada. – Respondeu Fernando.
– Ele tropeçou no tapete. – Respondeu Amanda gargalhando. – Meus Deus, eu estou muito bêbada. – Vi como seu rosto avermelhou-se enquanto sorria.
– Está parecendo que ninguém aqui nunca viu ninguém tropeçar, né.
– Como assim bêbada? você mal bebeu dois copos.
– Desde Diego minha tolerância a álcool foi para o chão. – Ela ainda sorria de uma maneira infantil.
– É a maternidade, homens nunca entenderão. – Continuou Alice.
– Segundo elas, nós nunca entenderemos nada. – Respondeu Fernando. Sorri.
Continuamos ali conversando durante horas. Amanda contou o que planejava para o aniversario de seis anos de Diego; Alice, da viagem que planejava para nós; Fernando, da vontade que tinha de ir morar no interior.
– Fernando é um rapaz do interior. – Zombava Amanda fazendo sotaque. – Não aguenta a vida na cidade grande.
– Eu cresci numa cidade pequena. – Justificava. – Onde tudo é perto, rápido e não existe trânsito. Nós demoramos quase meia hora para chegar aqui, em meia hora é possível ir até outra cidade onde eu cresci.
– Bobagem. – Respondeu Alice. – Aqui você não precisa ir a outra cidade, porque tem tudo que você precisa.
– Hoje existe internet, Alice. Em qualquer lugar tem tudo que você precisa.
– Mesmo assim... ah, não sei.
– Por que você iria querer se mudar? Sua vida toda está aqui. – Perguntei.
– É isso que eu falo para ele. – Continuou Amanda, ela virou-se para seu esposo. – O seu e o meu emprego estão aqui, minha família, nossos amigos estão todos aqui, sua vida toda está aqui. Nossa vida está aqui.
Fernando não argumentou mais. Lentamente fomos mudando de assunto, mas o clima não recuperou sua ingenuidade, se tornou adulto. Acabamos a noite conversando separados, Fernando e eu discutíamos política enquanto Alice e Amanda, maternidade. Eram quase uma da manhã quando Amanda chamou Fernando para irem embora. Alice acabou insistindo que ficassem um pouco mais, mas era tarde.
Os acompanhamos até o elevador onde nos despedimos calorosamente.
– Consegue dirigir? – Perguntei a Fernando.
– Não se preocupe. – Disse Amanda. – Chegaremos seguros.
– O próximo jantar é por nossa conta. – Anunciou Fernando.
– Só não vale comprar a comida. – Alice respondeu. Sorri.
A porta do elevador fechou e voltamos para nosso apartamento.
Thank you for reading!
We can keep Inkspired for free by displaying Ads to our visitors. Please, support us by whitelisting or deactivating the AdBlocker.
After doing it, please reload the website to continue using Inkspired normally.