As nuvens avermelhadas e carregadas deixavam o céu noturno, no mínimo, assustador. O vento balançava os galhos das árvores constantemente, muitas vezes batendo contra a janela do segundo andar daquela casa. Trovejava e relampeava, porém, nenhuma gota caía do céu. O que era uma dádiva, afinal, Mason não poderia chegar todo encharcado à casa de sua amada.
Naquela noite, eles fugiriam. Fugiriam de todos os seus problemas; de todas as pessoas que eram contra aquele amor, pois o jovem rapaz, de acordo com os pais esnobes da moça, não passava de um 'pobretão', alguém 'não digno' para sua filha. Que tremendo absurdo! Logo ele, que a amava com todas as forças e era capaz de mover o mundo por ela.
Sorrateiramente, Mason abriu a porta de sua casa. Já era tarde da noite, todos já dormiam e aquela era a hora certa. Levava consigo apenas uma quantia em dinheiro para se manterem até que ele arranjasse um emprego em seja-lá-onde iam. Deixara uma carta de despedida sobre a cama, tendo plena certeza de que seus pais — mas principalmente sua irmã — ficariam magoados pela partida do filho.
Era necessário, eles precisavam entender que sua felicidade dependia disso.
Após sair do imóvel, o rapaz fitou a casa onde crescera, deixando um sorriso se abrir. Por um minuto, sentira um frio na barriga e um sentimento quase sufocante. Faria aquilo mesmo? Embarcaria naquela loucura e ainda levaria uma moça consigo?
Sim. Totalmente. E com toda certeza.
Ela não era só uma moça, era Pacífica. Pacífica Northwest. Sua amada para toda uma vida e por ela, faria tudo.
Mason foi até o celeiro e abriu as portas. Viu seu cavalo — que nomeara de Bill — levantar-se da 'cama' de palha. Parecia até que ele já lhe esperava. Também viu o porquinho de estimação da irmã ali, dormindo de barriga para cima. Sentia falta daquele animalzinho.
— Vamos, Bill. — Sussurrou para o animal, então o fez um carinho no focinho. — Chegou a hora.
—x X x—
A casa de Pacífica ficava no topo mais alto da cidade. Era uma mansão realmente bonita, grande e luxuosa. Seus pais eram aristocratas, pessoas da alta sociedade que faziam questão de esbanjar o quão eram poderosos. Mason detestava esse tipo de gente, porém, por ventura do destino, acabara se apaixonando perdidamente por Pacífica. Conheceram-se por acaso, ironicamente, na festa de aniversário de Mabel. Elas tinham amigos em comum, por essa razão, Pacífica acabou indo parabenizar a menina.
No momento em que a vira, seus sentidos se apuraram quase que automaticamente. Tão linda, tão bela, tão reluzente, tão... ela. Poderia passar horas lhe dando diversos adjetivos e nunca conseguiria descrever sua perfeição.
Mason sentia respingos de chuva caírem sobre o rosto. Por sorte, estava fraca, então ainda daria tempo de correr antes que a tempestade desabasse.
Ao chega em frente à mansão dos Northwest, desceu do cavalo e aproximou-se do portão. Fitou o jardim muito bem cuidado, as flores fechadas, esperando pela manhã para desabrocharem. Mason mordeu o lábio inferior sutilmente. Só demorara alguns minutos para que uma menina chegasse correndo na ponta dos pés pelo jardim, com um vestido branco. Os cabelos longos e loiros balançavam de um lado para o outro, as bochechas coradas — provavelmente pela emoção do momento — e os olhos azuis, como um oceano profundo no qual Mason fazia questão de se afundar. Ele nunca se cansaria de contemplar aquela verdadeira obra de arte humana.
— Dipper. — Pacífica sussurrou, bem baixinho, com um casto sorriso nos lábios avermelhados. — Ajude-me aqui.
Ela destrancou o cadeado pesado e Mason rapidamente o segurara, para que não houvesse o infortúnio de um barulho se ocasionar por conta de sua queda. Pacífica abriu os portões afoita; ela estava tão ansiosa, nervosa, feliz e quase explodindo pelo o que fariam. Nem se preocupou em fechar a entrada, praticamente se jogou nos braços do amado, beijando seu rosto diversas vezes.
— Estou com medo. — Pacífica afastou-se minimamente, fitando os olhos verdes do outro. — E se nos descobrirem?
— Não vão. — Mason beijou a testa dela, lhe assegurando com um sorriso. — Ficará tudo bem, você verá.
Ela também sorriu, então deixando-se ser conduzida até o cavalo. Pacífica gostava de cavalos e já conhecia aquele muito bem, então não teve dificuldade para subir. Mason foi logo atrás, e assim que se sentou, sentiu os braços delicados lhe abraçarem por trás.
— Está tão bonito, Mason. — Ela murmurou, encostando seu rosto nas costas largas. — Nem acredito que vamos fazer isso.
— Se ainda tiver dúvidas...
— Não tenho nenhuma. — Pacífica afirmou de forma convicta. — Não ouse pensar isso, pois tenho absoluta certeza de que é você com quem quero estar.
— Eu te amo, Pacífica. — Mason sorriu, mesmo que ela não pudesse ver, entretanto, fez carinho nas mãos finas que lhe apertaram ainda mais.
— Eu também te amo. — Ela riu baixo e suspirou. — Mason, a chuva vai engrossar! Desse jeito vou me molhar!
Ah, mandona como sempre. Pacífica podia ser muitas vezes doce e delicada, porém, tinha uma personalidade tão forte quanto.
Mas não importava de que maneira ela agisse, pois Mason sempre a amaria intensamente.
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