u15681118701568111870 Lívia Paixão

Nota: baseado em factos reais. Ao longo do ano de 2018 até ao presente, tem sido uma luta constante contra a minha depressão crónica. Neste livro irei descrever os meus sentimentos, sensações e momentos que me afectaram psicologicamente. Irei escrever em texto narrativo na primeira pessoa usando o género de fantasia e metáforas. O objectivo deste livro é demonstrar e ajudar a entender o que se passa dentro das mentes depressivas. Mas refiro algo importante, as depressões não são iguais para todos, porque cada um tem os seus motivos ou não para ter esta doença mental. Nota: baseado em factos reais.


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#depressão #vida #real #factos #sentimentos #sensações #monstro
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A minha vida é como um filme em câmara lenta e a cena que decorre neste preciso segundo é o mais lento. Tudo à minha volta explode...

Vidros das janelas estalam e os estilhaços voam para ao pé de mim, cortam a minha frágil e suave pele...

A tinta seca da parede voa em pequenos bocados pelo quarto.... Ficou esburacada e mostra agora partes cinzentas escuras.

As almofadas explodem na cama e delas penas brancas voam por todos os lados, embatem no meu corpo e espalham-se à minha volta.

Acima de mim o candeeiro rebenta, cada lâmpada que despedaça cai sobre minha cabeça. Fecho os olhos e subo as mãos para sentir o toque fino do vidro cair sobre mim. Não me corta a fundo, mas faz pequenas fissuras na minha pele.

As portas do armário abrem e num estrondo a roupa voa de dentro deste e espalha-se pelo chão e pela cama.

As gavetas das mesas de cabeceira vão contra a parede à minha frente, deixando buracos do embate.

Sacudo a cabeça e faço o cabelo dançar de um lado para o outro. As mãos agarram os lençóis desesperadamente e lágrimas caiem uma a uma.

E se eu disser que não quero ficar e que não sou capaz de continuar a lutar. Dizem que este mundo por onde caminho, não é fácil ou difícil de viver nele, porém porque lamento a minha existência.

Cada minuto que passa mais desesperante é sentir esta expiração e inspiração, respirar sem motivo, sem qualquer objetivo. A única coisa que eu sei é que nada mais me interessa.

E eu não penso muito nisto.... Evito entrar numa roda, num pensamento circular sem princípio e sem fim. Sem perceber onde vou buscar tais palavras negativas e como as descubro sem querer.

Mas como é que tu és capaz de te esconder atrás da porta, cruzar os braços e sem lamentos, afirmar com desprezo que eu não luto porque desisto facilmente.

É desta forma que lá se vai o sentimento de esperança, esta última réstia de luz que me tenta puxar para primeiro lugar, pois em segundo lugar é o buraco negro.

Não quero continuar a combater, a trepar com todas as garras que tenho e fazer de tudo para não escorregar e tombar. Não quero cair para um vácuo escuro, onde sei que a minha alma vai-se perder.

Embora não haja compromisso ou obrigação, não consigo debater a sensação infeliz. Estou sempre triste apesar de pousar com um sorriso nos lábios.

E seu disser que não dá... Que tudo o que dou nunca chega...

Não me julguem por viver neste jogo em que as conversas são comigo mesma... Já não falo para as paredes ou para os espelhos, mas existe um interior que comunica comigo e tem uma pistola. Está sempre carregada e pronta.

As vozes dentro da cabeça não param, dizem sempre que nunca sou suficiente. E todas as palavras seguintes são para dizer que sou mais uma fraca no meio da multidão. Não vale a pensa subir pelas escadas invisíveis, pois no cimo está a corda para o pescoço à minha espera.

Preciso de... Parar... De respirar... Preciso que... O meu coração pare...

Antidepressivos... Calmantes... Relaxantes... Já não sinto nada. O corpo torna-se num objeto oco e ao mesmo tempo dormente.

Cai tudo sobre mim, vidros, penas, roupa, estilhaços de madeira e tinta seca. Deixo-me cair para trás e sem compromisso, perante os pensamentos, observo as caixas da medicação saltar quando caiu sobre a cama.

Uma caixa. Duas caixas. Três caixas. Quatro caixas. Todas cheias.

Param de dançar e ficam ao meu lado...

Tentação.

Sept. 12, 2019, 6:24 p.m. 0 Report Embed Follow story
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